Reproduzo matéria de Brizola Neto, publicada no blog Tijolaço:
Ontem, mergulhado nessa reta final de campanha eleitoral aqui no Rio, não pude estar em São Paulo no ato organizado pelos blogueiros, representantes dos movimentos sociais, centrais e partidos – coordenados pelo recém fundado Centro de Estudos Barão de Itararé de defesa da imprensa alternativa, presidido pelo jornalista Altamiro Borges.
Mas esteve lá, em nome do PDT, o jornalista Osvaldo Maneschy, um grande coladorador de meu avô, editor do site do PDT e meu amigo e representante onde quer que esteja. Dele, esta madrugada, recebi um e-mail que transcrevo aqui:
“Brizolinha, como você me pediu, além de representar o PDT, fiquei satisfeito em representar você ontem, no ato em São Paulo. Acho que seria ocioso descrever o encontro, que, à esta altura, está narrado em todos os blogs progressistas – e eram muitos – que estavam lá com seus próprios autores. Além disso, já está no youtube o discurso de encerramento – brilhante – da deputada Luiza Erundina que diz tudo que se poderia dizer.
Só quero te dizer o seguinte: não há nada de mais reconfortante para minha geração do que ver tanta gente jovem participando de um encontro como muitos dos quais participei, então jovem, no final dos anos 70, início dos 80.
A causa da liberdade era a mesma, a causa da democracia era igual, mas agora – que diferença – temos a proteção de um Estado de Direito e as armas da comunicação pela internet, que tão cedo despertaram a atenção de seu avô, ainda nos anos 90.
Por ironia, ontem na coluna do Merval Pereira – o que este sujeito já fez contra Brizola é inacreditável – um dirigente daquele famigerado Instituto Millenium, Paulo Uebel, referindo-se ao encontro num clube militar do qual Merval e Reinaldo Azevedo participariam, disse que “por ironia do destino, os militares organizaram um evento para defender a liberdade de imprensa no mesmo dia em que os sindicatos e os movimentos sociais organizaram uma manifestação para atacar a liberdade de imprensa. Os tempos mudaram”.
Sim, senhor Uebel, os tempos mudaram. Não fomos atacar a liberdade de imprensa, porque por ela demos os melhores anos de nossas juventudes, nossas liberdades e alguns, a própria vida. Nem mesmo fomos atacar as empresas de comunicação, pois não há um jornalista que não ame aqueles empreendedores que transformaram sonhos em papel impresso, que penduraram “papagaios” para mantê-los vivos, que enfrentaram aventuras e desventuras que os tornaram referências para gerações de jornalistas como eu.
Os tempos mudaram, senhor Uebel, porque o Brasil excludente, autoritário, censurado e triste que os anos pós 64 criaram não vai se repetir. Porque agora há liberdade, há regras institucionais que são sagradas, inclusive para os próprios militares, há um povo mais informado e as empresas e interesses representados por estas vozes que falam, hipocritamente, na democracia que mataram, naqueles tempo, já não são as únicas que se pode ouvir.
Lembro-me de uma frase de seu avô: nós, sermos contra a propriedade? De jeito nenhum, achamos a propriedade uma coisa tão boa que queremos que todos tenham direito a ela. O mesmo pode-se dizer da liberdade de informação e de imprensa. Nós a achamos tão boa, mas tão boa, que não queremos que ela seja privilégio dos donos das empresas de comunicação e dos jornalistas que os servem, antes de servirem ao povo brasileiro.
Queremos liberdade de imprensa para todos, não apenas para alguns; assim como queremos liberdade com emprego, com salário, com comida, com dignidade para todo ser humano e não apenas para uma parte deles.
Deste sonho de liberdade de informação – escute este veterano jornalista - nada nos aproximou tanto quanto a internet. Não pude pensar, pelos mais de 20 anos de convívio que tivemos, em como o velho Briza estaria feliz ali, naquele encontro. E como é bom ver o seu neto como um dos ponta-de-lança deste combate limpo, aberto e valente que a blogosfera trava, todos os dias, contra as trevas da desinformação e a perversidade da manipulação”
Um grande abraço e espero ter sido, nesta hora em que você, compreensivelmente, não pôde estar lá, o teu coração naquele encontro”.
.
Me emociono ao ler o seu texto e são pessoas como vocês que me fazem ter orgulho de ser brasileira. Saudações corinthianas!
ResponderExcluirO PIG fez da palavra “jornalista” um palavrão dos mais cabeludos; exatamente como a ditadura fez com “militar” e o “empresário PC Farias” fez com “empresário”... E os advogados fizeram com... "advogado”... Pensando bem essa turma quase sempre está no mesmo ramo de negocio não é?
ResponderExcluir