Reproduzo matéria de Maurício Thuswohl, publicada na Rede Brasil Atual:
Entrevistado por colunistas do jornal O Globo em sabatina realizada nesta sexta-feira (10) no auditório da sede do jornal, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, negou que já soubesse da quebra do sigilo fiscal de sua filha Verônica Serra antes da campanha eleitoral. O tucano, no entanto, entrou em contradição ao admitir que falou sobre o caso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro, quando ainda não havia sequer sido escolhido candidato por seu partido.
Indagado sobre o caso pelo jornalista Ricardo Noblat, Serra afirmou: “Eu só tive consciência do caso agora. A minha primeira reação não foi de divulgar, você geralmente não quer envolver familiar, só que me pareceu inevitável. Eu, por mim, não teria nem divulgado. Não estou dando muita importância a isso, é uma crítica”, disse Serra.
Minutos antes, no entanto, o candidato tucano havia admitido que sabia da quebra de sigilo há pelo menos sete meses. “Em janeiro, aniversário de São Paulo, eu disse ao Lula que seria candidato. A conversa girou em torno disso. No final eu passei cópias do blog dele e da Dilma (Rousseff). O blog tinha coisas sujas a respeito da minha família. Eu dei pra eles as cópias e disse: se a gente vai começar a falar de família... Isso ocupou 5% do tempo da conversa”.
Serra acusou o PT de bancar “blogs sujos” na internet que teriam vazado dados obtidos com a quebra dos sigilos de Verônica e do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira. O tucano voltou a citar a TV Brasil, criada pelo atual governo como parte do que ele considera uma trama contra ele. “Tem uma industria de blogs mantida pelo PT. Por exemplo, a TV Brasil que paga blogs que se dedicam à difamação. Você pode ter quebras de sigilos e tal, mas no caso deles, do Eduardo Jorge, foi em função de campanha”, disse.
Antes, o candidato tucano já havia feito esse tipo de acusação. Em agosto, ele usou o termo "blogs sujos" para qualificar páginas na internet que fazem campanha pela candidata governista. Segundo o oposicionista, os autores são remunerados pelo governo federal, usando inclusive a TV pública criada em 2006.
Indagado pelo jornalista Jorge Bastos Moreno sobre uma eventual união política entre petistas e tucanos no futuro, Serra demonstrou que, com a polarização desta campanha, trata-se de uma possibilidade remota. “Não conheço esses tucanos (que desejam a aliança com o PT), devem ser mais exóticos que o natural. Tem uma diferença entre PT e PSDB muito grande”, disse.
O tucano garantiu que, se eleito presidente, “a parte política estará bem conduzida” mesmo que tenha que governar com minoria no Congresso. “Conheço a vida parlamentar e tenho certeza que conseguirei elevar satisfatoriamente a questão política no Congresso, embora as forças majoritárias sejam deles. O Congresso no governo Lula foi o mais fraco desde (o governo) Collor. (Para) tudo lá tem que compor a maioria e isso fica mais caro. Acho que levo de outra maneira”, projetou.
Outra promessa de Serra foi fazer a reforma política e implantar o voto distrital nos municípios com mais de 200 mil habitantes. “Começaria por aí, já na próxima eleição. Eleito, vou me jogar a partir de janeiro para fazer isso. Deputados em geral são ligados a prefeitos de cidades médias e pequenas. Prefiro um tipo de voto distrital misto porque uma coisa é uma cidade mais homogênea”, disse o tucano.
Ainda no tema da reforma política, Serra também defendeu o voto em lista, em que os votos são dados aos partidos ou coligações, que definem a ordem de entrada dos candidatos conforme o número de cadeiras conquistadas. “A campanha eleitoral seria muito mais a questão da chapa e haveria um debate maior. Resolve o problema de oligarquia partidária? Não, mas melhora o custo da campanha”, disse.
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