Por Altamiro Borges
Nas manchetes dos jornalões e nos monólogos da televisão, a direita tenta forçar a candidatura Dilma Rousseff a discutir unicamente o tema do aborto. A mídia evita tratar dos grandes temas nacionais, das diferenças abissais de projetos entre os dois concorrentes no segundo turno, e se esforça para impor uma pauta carregada de ignorância, preconceitos e dogmas religiosos.
A armadilha é visível. Na campanha, Dilma tratou o tema como uma questão de saúde pública, evitando visões simplistas. Já o demotucano Serra até poderia ser mais facilmente prejudicado pelos preconceitos. Como ministro da Saúde de FHC, ele liberou o uso da “pílula do dia seguinte”. Em 1998, ele também foi demonizado pela cúpula da Igreja Católica por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei. Agora, ele simplesmente foi poupado pela direita e sua mídia.
A demonização de Dilma
Entre as baixarias da campanha da direita, muitos avaliam que este tema foi um dos responsáveis pelas surpresas nos últimos dias do primeiro turno – queda de Dilma Rousseff, identificada com as lutas feministas, e crescimento de Marina Silva, evangélica e conservadora. Serra, blindado pela mídia, acabou se beneficiando da polêmica travada entre as duas candidatas mulheres.
O jogo sujo foi pesado. A Regional Sul da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que contempla São Paulo, divulgou documentonas missas em que “recomenda encarecidamente” que não se vote em Dilma por ser “contra a vida”. Pela internet, um culto da Igreja Batista de Curitiba, visto por quase 3 milhões de pessoas, mostra cenas fortes de fetos mortos e despedaçados e o pastor pedindo que não se vote na petista, que “defende o aborto e o casamento gay”.
Campanha fascista de boataria
O impacto desta boataria foi corrosivo. Marcelo Déda, reeleito em Sergipe, garante que “a queda de Dilma e o crescimento de Marina no final se deveu ao recrudescimento do fundamentalismo religioso. É o efeito do púlpito nas igrejas”. No mesmo rumo, Eduardo Campos, reeleito em Pernambuco, afirma que “nos últimos 15 dias, especialmente, houve uma campanha fascista de boataria”. O senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, lembra que “o pastor pode ter dificuldade para conseguir votos dos fiéis. Para tirar voto, o efeito é inverso”.
Apesar de vários alertas – o blogueiro Rodrigo Vianna foi um dos primeiros a advertir sobre os estragos nas bases católicas e evangélicas –, a comando de campanha de Dilma, sempre muito hermético, não percebeu o efeito nefasto da onda de boatos. Agora, finalmente ele reconhece que subestimou o tema. “Foi uma campanha perversa, com inverdades sobre o que penso, o que digo. Vamos fazer um movimento no sentido de esclarecer com muita tranqüilidade nossas posições... A gente percebeu tarde, mas percebeu”, explica a candidata.
Da cegueira ao exagero
O comando de campanha afirma agora que a reconquista destes votos passou a ser prioridade no segundo turno. Ou seja, de um extremo ao outro – da cegueira ao exagero. De fato, é necessário esclarecer a sociedade, principalmente os setores religiosos mais conservadoras. Mas este não é o principal tema da campanha, nem sequer para os movimentos feministas mais lúcidos. Deve-se evitar a armadilha imposta pela direita. O que está em debate na sucessão é o futuro do Brasil.
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Perfeito, isso é o que chamo "jogar no campo do adversário"...
ResponderExcluirNosso espaço é a continuidade e aprofundamento das conquistas históricas da base da pirâmide social.
Saúdo-o. Paz e Pão, Alex Prado.
Miro .. sobre os "Oax" que circulam pela Rede, olha que artigo legal.
ResponderExcluirProvavelmente, vc já leu. Mas se possível coloque ele aqui.
É um recado pro PT. Tem que neutralizar, o "boato" se esparrama pela Internet como vento.
O PT está preparado para atuar na WEB?
O mundo em rede é instantâneo; o PT, jurássico
por Luiz Carlos Azenha - 4/10/2010`às 20:23
Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses.
E aqui, no 2º turno, será diferente?
leiam: http://www.viomundo.com.br/
Que dificuldade as pessoas tem em diferenciar a Descriminalização, que é diferente de ser a favor!
ResponderExcluir"O aborto é uma violência, nenhuma mulher quer passar por isso", mas aquelas que fizeram, pelo momento psicológico e financeiro, não podem ser julgadas, tão pouco descriminadas. Descriminação é crime?
Tirar a vida de um inocente também é, mas a hipocrisia impera, e não vejo ninguém tratar da política de fertilidade, de modo à prevenir, que as mulheres submetam-se à isso.
A Oposição no Brasil, hoje não serve para nada, a não ser olhar a vida dos outros e falar mal!
É para usar o aborto na campanha ? Ministro Serra autorizou muito aborto
ResponderExcluirSerra é o único candidato que já assinou medidas para fazer ABORTOS no SUS, quando ministro da saúde
Isso não é boato, é fato, está documentado abaixo. Repasse essa verdade adiante, em suas listas de email, nas redes sociais, responda a quem criticar Dilma sobre o assunto, imprima e mostre a amigos, na igreja, para recolocar esse assunto no seu devido lugar.
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/10/05/e-para-usar-o-aborto-na-campanha-ministro-serra-autorizou-muito-aborto/
A impressão que se tem é que no próximo dia 31 haverá um plebiscito sobre o aborto quando o referendum é outro
ResponderExcluirVou votar SIM para o Brasil seguir mudando
Dilma na cabeça