sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Antídoto à peçonha e à vilania

Reproduzo artigo de Lula Miranda, publicado no sítio Carta Maior:

Tenho recebido, assim como, imagino, inúmeros dos leitores, diversos e-mails contendo infâmias, aleivosias contra a candidata Dilma Rousseff, o presidente Lula e o seu partido, o PT. São mensagens contaminadas pela peçonha do ódio, do preconceito de classe, de gênero, de todo tipo enfim. Mensagens vindas de um mundo subterrâneo (o submundo da política e da moral), que imaginávamos, em nossa pureza, boa índole e tranqüilidade desatenta, já não existir em nossa sociedade. Palavras e pensamentos que escorrem como o chorume de uma ideologia inconfessável, espúria, pois repleta de “baixarias”, torpezas e vilanias.

Ao jogo político se impõe certos limites; o exercício da política deve ser balizado pelo respeito inequívoco ao adversário e à ética. Por isso devemos fazer um debate respeitoso com os outros candidatos, seus eleitores. Daí ser contraproducente e indevido brigar com os “verdes” – devemos sim conquistá-los, seduzi-los, trazê-los para a nossa companhia.

Porém, tal qual a fábula do sapo e do escorpião, parece que esses “boateiros” de hoje, que são os reacionários de sempre, pretenderam subir em nossos ombros e assim nos utilizar para fazer uma suposta e limitada “travessia”, aquela perene/determinada travessia que hoje resultou, de modo inequívoco, em avanços significativos. E agora, impelidos pelo instinto, pela sua “natureza”, tentam nos ferroar com sua peçonha. Ou ainda, melhor dizendo, tal qual a famosa “fábula da maledicência”, aquela do espalhador de boatos, que, do alto de seus castelos em ruínas, destrói o travesseiro de plumas de ganso que embalava o sono tranqüilo (e os sonhos) dos justos, espalhando-os – os sonhos e as penas – ao vento. As penas, num simbolismo eloqüente, seriam os boatos, as mentiras.

Ao final serão condenados a catar, passado o tempestuoso vendaval, pena por pena, uma por uma, espalhadas irremediavelmente pelo forte vento – num esforço gratuito que nos remete ao mito de Sísifo. E perceberão, envergonhados, humilhados e derrotados, o desastre e o horror de perceber valores e sentimentos tão caros e nobres a escorrer pela sarjeta imunda.

Segue abaixo, a título de ilustração e antídoto, resposta que dei a um desses agents provocateurs que estão, infelizmente, entre nós, alguns deles, lobos em pele de cordeiro inseridos no meio de estudantes universitários, disfarçados de jovens “descontentes” com a política nas redes sociais, insidiosamente infiltrados em igrejas, em cultos religiosos. Reflitam e procurem entender quem é essa gente, seu modus operandi, a quem eles servem e o que pretendem.

No lugar do possível nome, que identificaria o “sujeito” dessa história, uso... [reticências]. Pois, vocês sabem, muitos desses abjetos “missivistas”, tal qual meliantes anônimos, covardes, usam pseudônimos e falsas identidades.


“Pelo visto Sr ... agora você assume a pele de lobo e deixa, de uma vez, a fantasia de lado. Então, quer dizer que você não era tão bem-intencionado e "inofensivo” assim, como nos fez pensar originalmente? Sei...

Veio, na semana passada [do 1º turno da eleição], com um discurso enviesado e capcioso de "verde" (pró-Marina) e agora assume de vez a sua "identidade secreta": um “tucano”; na verdade, tirando-lhe das sombras, um conservador empedernido, um reacionário. Ou seja: encheu o cesto de votos da outra candidata, para assim o seu candidato passar para o 2º turno. Muito arguto da sua parte.

Porém, covarde, como todos "os seus", volta novamente escondendo-se. Fala/escreve através da palavra de outrem. Ou seja, destila seu veneno, sua torpeza, tal ventríloquo maldito, utilizando-se de certos bonecos "de ocasião” na imprensa – isso, segundo a sua “brilhante” e ardilosa estratégia, teria o poder de auferir alguma legitimidade e credibilidade às suas mentiras. Sim, lhe serei duro, enfático – procurarei ser rígido, mas sem perder a elegância e a ternura jamais. Não tratarei lobos como se cordeiros fossem.

Conheço, muito bem, gente da sua laia, Sr... – e os que estão do seu lado. Os combato há muito. E o farei sempre. Com destemor. Com galhardia.

Já senti a dor, física e moral, de ser espancado e subjugado pelos “centuriões” que serviam a essa ideologia do medo, que você agora professa, na época da ditadura. (Humpf... Como era difícil respirar com o rosto sendo esmagado/sufocado na sarjeta por aquelas botas imundas...).Você sabe o que é ter a mandíbula e os dentes estraçalhados por um golpe certeiro de cassetete?Você dança e tripudia, nessa sua dança tresloucada e inconseqüente, sob o sangue e a dor de muitos, meu caro.

Conheci os porões onde vocês "guardaram" e "silenciaram" muitos dos nossos, os idealistas, homens e mulheres de bem, jovens, que apenas ousaram sonhar e lutar por um país mais justo – como, hoje, ainda sonham, lutam .

Vocês vivem nas sombras, silentes, como serpentes, aguardando apenas o instante oportuno, o mais apropriado, para dar o bote, o golpe traiçoeiro, quando o desavisado baixa a guarda [a atenção]. Manteremo-nos sempre alertas. Não baixaremos a nossa guarda jamais!

Não adianta vocês emergirem dos "ínferos", do submundo da política, com sua peçonha, sua vilania. Com seus boatos infames espalhados ao vento, sua maledicência, sua vileza, suas formulações “canhestras”, “toscas”, embrulhadas em supostas “verdades” e “fatos” que, em verdade, são meros sofismas e mentiras edulcoradas.

Estamos assistindo todos, pasmos e revoltados, a esse verdadeiro desfile de torpezas infamantes que vocês exibem, despudoradamente, como arma na disputa política. Existem limites éticos para essa disputa, sabia? Esqueci: vocês desconhecem qualquer limite.

Aliás, onde está a sua ética? Digo, a ética "dos seus". Onde está a honestidade? Onde ficam os seus princípios.? Os seus valores? No rés do chão; junto á lama que escorre pela sarjeta, pelos esgotos?

Diferentemente de alguns [sei que é essa sua intenção maliciosa], não cometerei a ingenuidade de repassar as suas maledicências (escondidas sob a pena do outro, um “terceiro”, um preposto bem situado, estrategicamente, na grande mídia) para toda a minha lista de contatos.

Porém – com essa, estou certo, você não contava – repasso a minha resposta para toda a minha lista de leitores, para que eles saibam dos seus/vossos ardis e para que possam, com palavras, gestos e delicadeza, prosseguir empunhando a bandeira da honradez e dos probos ideais, defender esse novo Brasil que agora se alevanta e que vocês pretendem, utilizando-se de meios/modos sub-reptícios, malévolos, arruinar.

Aliás, devo-lhe agradecer – e àqueles aos quais você(s) serve(m). Pois essa sua "provocação" deu-me inspiração para escrever esse texto, um “chamamento” e um “alerta” aos “nossos”, e assim, quem sabe, modestamente, ajudá-los a prosseguir mudando esse país para melhor, tornando-o um pouco menos desigual (só um pouco, Srs. arautos do atraso, mas nem isso vocês querem permitir). Felizmente, não carecemos da vossa permissão para fazer justiça social. Basta o voto e a confiança do povo brasileiro. Esse não nos tem faltado. Felizmente.

A sua/vossa torpeza só alimenta a nossa garra de lutar o “bom combate”. Reforça a nossa inabalável vocação democrática; a nossa inquebrantável vontade de lutar por mais igualdade e justiça social. Quando vocês falam em morte, celebramos a vida. Nós venceremos! O bem prevalecerá! Não permitiremos que vocês joguem, de novo, esse país no atraso – não voltaremos a um passado de sombras, de exclusão, de injustiças.

E, por falar em passado, vocês não passarão! Não desvirtuarão a nossa pauta; não conseguirão nos desviar do nosso caminho virtuoso. O mal não prevalecerá. Sim, sem maniqueísmos e/ou simplificações –, pois, sejamos honestos, vocês representam o que há de pior entre nós.


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Um comentário:

  1. Maravilhoso texto. Parabéns! Nós, brasileiros de verdade, nos orgulhamos de pessoas como você.
    Um grande abraço.

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