Por Altamiro Borges
Reportagem da Folha de terça-feira (5) serve de alerta aos ambientalistas que votaram em Marina Silva no primeiro turno. Caso queiram evitar um grave desastre ecológico, eles devem desde já cerrar fileiras contra José Serra. Com base no mapa eleitoral, a matéria mostra que o tucano foi o mais bem votado entre os ruralistas. A sua maior votação no país ocorreu em Marcelândia (MT), com 75,1% dos votos. “O município é reduto pecuarista e tem altos índices de desmatamento”.
Como já alertou Flávio Aguiar, correspondente da Agência Carta Maior, numa mensagem “aos meus amigos verdes”, há uma “distância de anos-luz” entre os demotucanos e a causa ambiental. “É bom lembrar que Serra ganhou nos estados do chamado ‘espinhaço do agro-business’, que vai de Santa Catarina a Rondônia. Isso permite uma bela previsão do que vai ser seu governo, muito mais do que as suas frases sem cabeça nem pé”, adverte o jornalista.
O ódio de classe dos latifundiários
A exemplo do que ocorreu na eleição de 2006, os barões do agronegócios investiram pesado para evitar a continuidade do atual governo – não pelo que ele teve de limitação na reforma agrária ou na política ambiental, mas sim pelo pouco que avançou nestas áreas. Naquela época, os ruralistas imprimiram milhares de adesivos com o slogan “Lula é a praga da agricultura”. Agora, no pleito de 2010, eles fizeram coletas escancaradas de recursos financeiros para a campanha de Serra.
Numa ação ilegal, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), enviou ofícios aos latifundiários de todo o país solicitando doações para os candidatos “comprometidos com o setor”. Em anexo, a demo enviou também um boleto bancário para depósito na conta do Diretório Estadual do DEM. A campanha financeira, que visa ajudar José Serra e os candidatos ruralistas, faz parte do movimento batizado de “Agricultura Forte”.
Recursos suspeitos do agronegócio
Como relatou o Portal Terra, a legislação eleitoral obriga a abertura de conta bancária específica para doações a candidatos e “proíbe que sejam feitas em contas preexistentes, como é o caso”. No final de setembro, liminar expedida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/TO) tirou do ar o site www.agriculturaforte.com.br, usado para coletar doações, solicitou o bloqueio dos recursos arrecadados pelo DEM e exigiu informações sobre o volume de dinheiro arrecadado. A liminar acatou ação da coligação Força do Povo, que acusou a senadora de realizar “caixa dois”.
É essa grana, bastante suspeita, que serve à campanha de José Serra. É o dinheiro dos ruralistas – parte dele extraído da exploração do trabalho escravo e infantil ou da devastação ilegal de nossas florestas – que turbina o candidato demotucano. Os barões do agronegócio têm consciência de classe. Sabem que uma vitória de Serra permitiria retroceder no pouco que se avançou nos temas agrário e ambiental, inclusive abortando o diálogo com os movimentos sociais e ecológicos.
Kátia será ministra do Meio Ambiente?
A demo Kátia Abreu, que se tornou o símbolo maior do atraso e da devastação do campo, está no comando de finanças do presidenciável tucano. Ela coleta e distribui o dinheiro. A senadora, que chegou a ser cogitada para ser vice de José Serra, talvez sonhe agora em virar ministra. Poderá ser da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário ou até do Meio Ambiente. Como se observa, o risco é enorme e não há tempo a perder. É urgente cerrar fileiras para evitar o desastre ecológico!
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As ponderações eriam úteis se os "verdes" tivessem algo a ver com Ecologia. Eles têm mais a ver com os contratos oferecidos por Kassab e Serra, a começar do lamentável Penna. Marina está cercada de malandros que usam sua imagem positiva, construída no PT.
ResponderExcluirSeus eleitores já estão percebendo que votaram na flor e deram força aos espinhos.
Graciliano, seu comentário foi simplesmente maravilhoso. Assino embaixo sem mudar uma vírgula.
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