Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
A Folha teve acesso a alguns documentos do WikiLeaks, o melhor fruto da história da internet.
A Folha até que tentou ajudar o ministro serrista Nelson Jobim – tirou-lhe do título – , mas não conseguiu.
Os documentos revelam um escândalo.
O ministro da defesa (dos EUA) espinafra a política externa do Brasil, num almoço com o embaixador americano.
E reforça a impressão do embaixador de que o Itamaraty é antinorte-americano.
Jobim é textual: a política externa brasileira tem “inclinação anti-norte-americana”.
Um escândalo!
Não à toa que o embaixador americano considera Jobim “íntegro e confiável”.
Mas o próprio embaixador se assusta com o aliado Jobim: acha que se trata de um Ministro da Defesa “inusualmente” enxerido: mete o bedelho onde não deve, diria esse ordinário blogueiro.
Essa é a opinião do diplomata que, em Brasília, serve aos interesses nacionais americanos.
Aquele que deveria promover a defesa dos interesses nacionais brasileiros critica a política externa do Brasil e “dá a ficha” de um colega ministro, o embaixador Samuel Pinto Guimarães, que foi vice-ministro das Relações Exteriores: é alguém que “odeia os Estados Unidos”.
O embaixador americano poderia até supor isso.
Mas, uma informação dessas, “de dentro”, vale ouro.
O ministro da defesa (dos EUA), Nelson Jobim, comete outra transgressão absurdamente inaceitável.
Veja bem, amigo navegante.
Lula sai de um encontro com Evo Morales, presidente da Bolívia, em La Paz.
E conta a Jobim (teoricamente Ministro da Defesa do Brasil) que o presidente boliviano tem um tumor muito grave na cabeça.
E ele, Lula, tinha oferecido a Morales vir ao Brasil se tratar.
O que faz o ministro da defesa (dos EUA)?
Passa essa valiosíssima informação ao embaixador dos Estados Unidos, país que vive às turras com Morales e a Bolívia.
Neste mesmo fim de semana, o New York Times, a propósito do Wikileaks, tratou da conversão a “espião” dos diplomatas americanos.
Trocaram em muitos casos a diplomacia pela reles espionagem.
O que é um erro, segundo o editorial de hoje do New York Times:
The Obama administration should definitely be embarrassed by its decision to continue a Bush administration policy directing American diplomats to collect the personal data — including credit card numbers and frequent flier numbers — of foreign officials. That dangerously blurs the distinction between diplomats and spies and is best left to the spies.
Os embaixadores americanos são agora convocados a obter o número do cartão de credito e dos cartões de milhagem de funcionários estrangeiros.
“Isso é coisa para espião”, diz o New York Times e, não, para diplomata.
Pois, não é que o ministro da defesa (dos EUA) conta ao embaixador americano que o Itamaraty “tem inclinação anti-americana”, que um ministro brasileiro odeia os Estados Unidos e que o presidente da Bolívia tem um grande tumor na cabeça?
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Esse sujeito deveria ser observado de longe,isto é,ser monitorado 24 horas para se ter a confirmação sobre o que noticiou o WikiLeaks.Confiar desconfiando deve ser a atitude do governo brasileiro.
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