Por Altamiro Borges
Ainda lambendo as feridas da derrota do seu candidato, a mídia demotucana já afia as suas armas para “torturar” a presidenta Dilma Rousseff. No seu arsenal, ela não vacila em utilizar os arquivos da ditadura, dando voz aos torturadores e carrascos. Com base num processo movido pela Folha, o Superior Tribunal Militar liberou nesta semana alguns documentos deste sombrio período. O STM bem poderia liberar também os relatórios sobre a cumplicidade da mídia com os golpistas.
Jogo sujo e combinado
Na sexta-feira, 19, o jornal O Globo – pertencente à famíglia Marinho, que ergueu o seu império com o apoio dos golpistas – foi o primeiro a explorar o arquivo. Pareceu até jogo combinado. A ávida Folha conseguiu os papéis e O Globo deu a largada com o título “Documentos da ditadura dizem que Dilma 'assessorou' assaltos a bancos”. O jornal informa que os dezesseis volumes de anotações liberados pelo STM “descrevem a ex-militante como figura de expressão nos grupos em que atuou, que chefiou greves e ‘assessorou assaltos a bancos’, e nunca se arrependeu”.
Com base nas opiniões dos carrascos, O Globo diz que Dilma era chamada de “Joana D’Arc da subversão” e que seria “uma figura feminina de expressão tristemente notável”. Ele ainda destaca o relatório sobre os militantes da VAR-Palmares escrito pelo delegado Newton Fernandes. Em 12 linhas, ele traça o “perfil” de Dilma: “Uma das molas mestras e um dos cérebros dos esquemas revolucionários postos em prática pelas esquerdas radicais... É antiga militante de esquemas subversivo-terroristas... Trata-se de uma pessoa de dotação intelectual bastante apreciável”.
O rótulo de “terrorista”
No sábado, 20, foi a vez de a Folha fazer escarcéu com os documentos. Sem contextualizar a luta de resistência à ditadura – inclusive reconhecendo que a famíglia Frias apoiou o golpe e até ajudou a transportar presos políticos para a tortura –, o jornal estampou na capa: “Dilma tinha o código de acesso a arsenal usado por guerrilha”. A matéria informa que a “revelação foi feita em 1970 sob tortura por ex-colega da petista na luta armada”. Nas entrelinhas, fica implícito o seu objetivo de carimbar em Dilma Rousseff o rótulo de “terrorista”.
“A presidente eleita zelava, junto com outros dois militantes, pelo arsenal da VAR-Palmares... Entre os armamentos, havia 58 fuzis Mauser, 4 metralhadoras Ina, 2 revólveres, 3 carabinas, 3 latas de pólvora, 10 bombas de efeito moral, 100 gramas de clorofórmio, 1 rojão de fabricação caseira, 4 latas de ‘dinamite granulada’ e 30 frascos com substâncias para ‘confecção de matérias explosivas’, como ácido nítrico. Além de caixas com centenas de munições”. Noutro trecho, diz que este arsenal foi usado em assaltos a bancos e mercados e que Dilma Rousseff era informada destas “operações armadas” com três dias de antecedência.
Enfrentar os saudosos da ditadura
As duas primeiras “reporcagens” com base nos arquivos da ditadura liberados pelo STM comprovam que a mídia demotucana não dará trégua à presidenta eleita. O objetivo é enquadrá-la, ameaçando com seu arsenal de baixarias, e desgastá-la. Neste esforço, a mídia oligárquica, que clamou pelo golpe militar de 1964 e que apoiou ativamente os generais-carrascos, tentará omitir os seus próprios crimes. É preciso firmeza para enfrentar os saudosos da ditadura militar. Dilma Rousseff foi uma heroína da luta pela democracia; já a mídia golpista foi cúmplice das torturas e assassinatos.
É preciso manter a mesma coragem que a ex-ministra demonstrou quando foi “interrogada” pelo senador Agripino Maia, em 2008. Na ocasião, diante do demo, ela relatou as bárbaras torturas que sofreu e reafirmou a sua luta contra a ditadura. “Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira... Eu tinha 19 anos. Fiquei três anos na cadeia. E fui barbaramente torturada, senador... E isso, senador, faz parte e integra a minha biografia, de que tenho imenso orgulho”.
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Quando eu leio uma reporcagem dessas minha admiração pela Dilma aumenta.
ResponderExcluirNao falo por experiência pois nunca fui torturado. Mas sou da época, tenho 65 anos. Quem sabe o que foi aquilo, DOI-CODI, OBAM, etc.(nao fui torturado mas sei o que foi) tem uma gratidao enorme e um profundo respeito a todos aqueles que por lá passaram (como vítimas, é claro, nao como torturadores). Aquilo foi uma guerra. Tudo que a grande(só no sentido econômico) imprensa , que na época era totalmente pró governo, está falando, hoje deve ser entendido como evidência de que só podemos ser profundamente gratos àqueles que tiveram a coragem (eu nao tive) de lutar. Aí começou a democracia que hoje vivemos.Muitos tombaram. Quem conseguiu sobreviver seguiu em frente. Uma das que sobreviveram, foi pela maioria escolhida, democraticamente, nossa PRESIDENTE. Obrigado Dilma, por ter conseguido suportar a masmorra. Que Deus a ilumine!
ResponderExcluirEstá na hora de alguém do lado de cá, ou seja de alguem que está do lado do povo brasileiro e contra esses monstros, de fazer o contra-ponto, no sentido de mover tembém um processo junto ao Superior Tribunal Militar e liberar também os relatórios sobre a cumplicidade da mídia com os golpistas.
ResponderExcluirCaro Miro
ResponderExcluirEssas matérias da mídia corporativa trazem informações sobre a presidente Dilma que devemos encarar como positivas e repercutir comparando sua luta contra a ditadura com a de outros políticos de vários pontos do planeta como fiz em meu blog. Leia em http://alhoeolho.blogspot.com/2010/11/folha-deu-tiro-no-pe.html
Grande abraço
Edu Marcondes
As famiglias Marinho, Frias, Mesquita & Sirotsky, signatárias e mantenedoras do Instituto Millenium, também deveriam publicar que os generais Médice & Geisel chamavam a ditadura de democracia. As declarações deles são muito importante para esclarecer o contexto. Aliás, seria interessante que estes jornais republicassem as matérias e editoriais de apoio à ditadura. Tanto mais batem em Dilma, mas ela se torna digna diante deles.
ResponderExcluirDia após dia, a mídia do escracho e do esculacho, obscuras manchas nas
ResponderExcluirpáginas da história, selam sua sentença de morte.É o fim, chegamos aos ossos, não há mais nada para saciar-lhes a fome. Resta-lhes comerem a si mesmos.
Façam bom proveito de si, pois
Dilma é o presente,e se o seu passado serviu para alimentar a fome dos ca rrascos, ótimo.
Comam-se a si mesmos agora, até
que não haja mais nem carniça deles mesmos para deglutirem.
Não adianta, podem começar a se morder, porque o povo brasileiro
quando souber que 100 milhões de reais estão sendo investidos em vida digna do povo sofrido de Osasco, vai querer ir a pé a Brasilia para abraçar o Presidente e a Presidenta.
Ah,façam o favor...
Primeiro, não entendo o mecanismo da tal 'abertura' do processo militar contra Dilma para a folha. O STM deu vistas em cartório a repórteres? Entregou os autos ao jornal? Entregou ou colocou à disposição cópias de partes escolhidas desses autos? Quem escolheu tais partes, se foi o caso? Por que autos dessa natureza foram franqueados apenas à folha?
ResponderExcluirSegundo, é de supor-se que o PiG editará os documentos,já distorcidos pelo próprio berço deles, antes de publicá-los, dando-lhes, como sempre, o colorido mais prejudicial ao governo atual e à Dilma.
Terceiro, temo pela preparação da opinião pública influenciável pelo PiG, para aceitação de um golpe a la Honduras.
Rogo às pessoas de mais inteligência e mais meios do que eu que se precavenham. Há perigo no ar.