quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"Vingaremos Assange e seremos milhões"

Reproduzo artigo enviado pela combativa Luana Bonone:

Os documentos revelados pelo site WikiLeaks alarmaram os chefes de Estado das nações mais poderosas e a solução óbvia foi a melhor que o imperialismo consegue desempenhar: a criminalização daquele identificado como o líder ou o responsável público pelo transtorno às relações diplomáticas.

Não conseguiram prender Julian Assange pelo que realmente incomodou, que foi a publicação de informações sigilosas, visto que este tem o direito de não revelar as fontes da informação veiculada. Arranjaram, então, outro motivo. E estão aliviados. “É uma boa notícia”, comemora o secretário de Defesa dos EUA, Roberts Gates.

Mas este não é o fim desta história, é apenas o começo de uma disputa que ninguém havia ousado pautar às nações imperialistas: a guerra da informação. “A primeira guerra da informação começou. Envie por Twitter e poste isso em qualquer site”, proclamam os hackers.

A propósito, antes que se confundam os talentosos profissionais que alimentam o WikiLeaks com larápios virtuais, fomos buscar uma definição do termo hacker na enciclopédia mais lida da rede: a Wikipedia. “Os hackers utilizam todo o seu conhecimento para melhorar softwares de forma legal. Eles geralmente são de classe média ou alta, com idade de 12 a 28 anos... A verdadeira expressão para invasores de computadores é denominada Cracker e o termo designa programadores maliciosos e ciberpiratas que agem com o intuito de violar ilegal ou imoralmente sistemas cibernéticos”, define a enciclopédia construída pelos próprios usuários da internet.

Mas o que o secretário estadunidense Robert Gates não contava era com o caráter coletivo das ações do WikiLeaks. O próprio nome do site já dá dicas a respeito do seu caráter coletivo. Wiki é o termo utilizado para descrever atividades colaborativas, em que várias pessoas ao redor do mundo, conectadas pela rede mundial de computadores, desenvolvem conteúdos, programas, jogos e uma infinidade de outras informações de forma simultânea e constante. Os programas de código aberto, por exemplo, conhecidos como software livre, são desenvolvidos desta forma, e apresentam alto nível de segurança, além de um desenvolvimento aprimorado de programas e sistemas, o que os coloca como preferenciais para utilização das mega empresas que atuam em âmbito global. O Google, por exemplo, utiliza plataforma livre.

Leaks também é um termo bastante apropriado para o site, não pelo seu caráter colaborativo, mas pelo seu caráter... bombástico, pois, na tradução literal, leak significa “vazamento”.

O fato do WikiLeaks ser wiki, ou seja, colaborativo, o posiciona de forma destacada na trincheira dos que lutam pela liberdade de expressão e de imprensa para todos, e não para as empresas de comunicação. E, mais, transforma este site em trincheira da luta antiimperialista, à medida que revela os bastidores das disputas políticas entre as nações capitalistas. E olha que o site ainda nem revelou os segredos mais cabeludos, acerca de como são constituídas e derrubadas democracias, de como as nações poderosas influenciam nos rumos de outras nações, ou como promovem guerras e conflitos.

Em resposta à prisão de Assange, flagrantemente política, hackers de todo o mundo reagem, como ouvissem o chamado de um ex-combatente da ditadura militar brasileira, o presidente da UNE desaparecido em 1973, Honestino Guimarães: “podem nos prender, podem nos matar, mas um dia voltaremos e seremos milhões...”.

Se os poderosos temiam Julian Assange, terão que enfrentar, após sua desastrosa manobra de criminalização do ativismo político e da liberdade de expressão, milhões de Assange, indignados e ansiosos por revelar informações cada vez mais comprometedoras dos objetivos nefastos de dominação global dos recursos econômicos e naturais, da cultura e do mercado de consumo de diversas nações por parte dos países mais poderosos.

Tio Sam, após a sede de vingança que ajudou a promover, ponha suas barbas de molho, pois um novo movimento se consolidou. Ele tem raízes em todos os países, não tem nome e nem face e não pode ser criminalizado, pois a cada baixa efetivada, um novo exército surgirá, com maior gana de pôr fim ao conforto da sala oval, sustentado pela fome e pela miséria de milhões.

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