A Justiça Federal determinou que a TV Globo deverá apresentar hoje, no último programa do deplorável Big Brother Brasil, esclarecimentos sobre as formas de contágio do vírus HIV. Ela acatou pedido do Ministério Público Federal, que responsabilizou a emissora por divulgar falsas informações sobre o tema. Num dos capítulos do BBB, o figurante Marcelo Dourado afirmou que “hetero não pega AIDS” e que todo aidético “em algum momento teve relação com outro homem”. Pura besteira homofóbica, que a TV Globo difundiu para milhões de telespectadores.
O juiz Paulo Cezar Neves, titular em exercício da 3ª Vara Civil Federal de São Paulo, considerou que tais opiniões causam dano à sociedade, desinformando-a sobre as várias formas de contágio do vírus e reforçando os preconceitos. Ele ainda fixou multa de R$ 1 milhão caso a emissora não cumpra a decisão. Desde que o caso veio à tona, a TV Globo esperneia. Num primeiro momento, ela alegou que não é responsável pelas opiniões dos participantes do BBB – uma excrescência, em se tratando de uma concessão pública que tem obrigações legais com a população.
Baixarias da televisão “privada”
Diante a repercussão do caso, o patético Pedro Bial, que considera o BBB uma expressão maior da cultura, ainda justificou. “As opiniões e batatadas emitidas pelos participantes deste programa são de responsabilidade exclusiva dos participantes do programa. Para ter acesso a informações corretas sobre como é transmitido o vírus HIV, acesse o site do Ministério da Saúde”, despistou. A Justiça, porém, rejeitou a desculpa e a arrogante resposta da TV Globo, que se jactou da sua “liberalidade” nas escusas de Bial. Agora, ou ela presta os esclarecimentos ou será multada.
Como alegou o juiz, “num país em que a AIDS cresce entre as mulheres casadas e os idosos, a declaração de Dourado, exibida pela TV Globo, é ainda mais perigosa e é preciso a intervenção do Ministério Público Federal”. Ele lembrou que o artigo 13 da Constituição garante a liberdade de expressão, mas que as concessionárias públicas de radiodifusão têm responsabilidades quando suas opiniões prejudicam a sociedade, em especial quando se trata de saúde pública.
“A emissora atentou contra os programas de prevenção de doenças adotados pelo poder público, constituindo verdadeira contrapropaganda, diante do seu poder de convencimento”. Ainda para o juíz do MPF, “há que se considerar a condição de verdadeiras celebridades a que são alçados os participantes dos chamados reality shows sendo, por isso, de grande peso suas declarações sobre boa parte da sociedade”. Pena que se contem nos dedos os casos em que a Justiça adota punições contra os preconceitos e as baixarias bombardeados diariamente pelas emissoras “privadas” de televisão.
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