Reproduzo artigo enviado por Anderson Campos, assessor da Secretaria Nacional de Juventude da CUT e autor do livro "Juventude e Ação Sindical: crítica ao trabalho indecente":
“Eu vou no bloco dessa mocidade/
Que não tá na saudade e constrói/
A manhã desejada”. Gonzaguinha.
O governo Lula e Dilma foi um marco histórico para consolidar a juventude como sujeito de direitos no Brasil. Hoje, a juventude consta na Constituição Federal ao lado de crianças e idosos. Devem possuir direitos garantidos por lei.
A juventude foi tratada durante o governo Lula/Dilma de forma completamente diferente do governo FHC/Serra. É mais um motivo para demonstrar de que lado a juventude está.
Durante o governo FHC/Serra, a juventude era caso de polícia. Era um problema relacionado à violência nos centros urbanos e às drogas.
No governo Lula/Dilma, foi instituído o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Mais de 11 mil jovens estão sendo formados como multiplicadores da cultura de paz, atingindo mais de 400 mil jovens.
Durante o governo FHC/Serra, foi criada apenas uma universidade pública. No governo Lula/Dilma, foram criadas 14 novas universidades e 117 campi/unidades. O número de vagas em graduação presencial aumentou de 106,8 mil em 2003 para 195.3 mil em 2009.
Durante o governo FHC/Serra, acelerou-se o processo segundo o qual só poderia ter acesso à universidade quem pudesse pagar por ela. Os tucanos privatizaram, assim, o ensino superior brasileiro.
No governo Lula/Dilma, mais de 700 mil jovens entraram na universidade via ProUni, fecharemos 2010 com 214 novas Escolas Técnicas, com 500 mil vagas em todo o país. As vagas nas universidades públicas federais deve atingir um crescimento de 100%, chegando a 250 mil esse ano.
Durante o governo FHC/Serra, foi criada Desvinculação das Receitas da União (DRU), que retirava cerca de R$ 10 bilhões de reais por ano do orçamento do Ministério da Educação (MEC).
No governo Lula/Dilma, acabou a DRU da educação e o orçamento do MEC representa hoje o equivalente a três programas Bolsa-Família.
Durante o governo FHC/Serra, a juventude foi responsabilizada por sua própria situação de desemprego e pobreza. O individualismo foi promovido como única alternativa.
No governo Lula/Dilma, foram criados diversos programas sociais voltados para a inclusão social não limitada à questão do emprego. Os programas de transferência de renda estão relacionados ao acesso à educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à participação cidadã. O Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem) é hoje o principal programa de articulação entre o combate ao desemprego juvenil, a elevação da escolaridade e a participação cidadã.
Durante o governo FHC/Serra, a precarização do trabalho juvenil atingiu recordes. Os salários dos jovens é, em média, metade dos adultos. As suas jornadas de trabalho semanais impedem a possibilidade de estudar. Os jovens são maioria entre os que não possuem previdência social nem qualquer direito trabalhista garantido pela carteira assinada. Por exemplo, houve um crescimento recorde no número de estagiários no país, que são estudantes contratados precariamente como mão-de-obra barata.
No governo Lula/Dilma, foi iniciada a formulação de uma Agenda Nacional de Promoção do Trabalho Decente para a Juventude e foi convocada a realização da I Conferência Nacional de Trabalho Decente e Emprego. É a oportunidade que a juventude brasileira tem de dizer onde e como quer mudar a sua situação no mercado de trabalho no país.
Durante o governo FHC/Serra, não existia política pública para juventude rural. Os movimentos do campo eram tratados como criminosos e duramente reprimidos. No governo Lula/Dilma, a juventude rural tem uma política nacional de acesso à terra e ao crédito e investimento na participação nos movimentos. Mais de 40 mil jovens são donos da própria terra, via Programa Nossa Primeira Terra e mais de 24 mil jovens são beneficiados pelo crédito produtivo do Pronaf Jovem.
Durante o governo FHC/Serra, a juventude foi afastada do acesso aos bens culturais e apenas os empreendimentos comerciais recebiam incentivo público. No governo Lula/Dilma, foi criado o programa Cultura Viva, que hoje conta com mais de mil Pontos de Cultura em todo o país.
Durante o governo FHC/Serra, a juventude era recebida em Brasília com balas de borracha, cães e tropa de choque. No governo Lula/Dilma, foram realizadas conferências e encontros, instituído o Conselho Nacional de Juventude, a Secretaria Nacional de Juventude e hoje Brasília tem sido sede dos principais eventos de juventude do país e da América Latina.
Durante o governo FHC/Serra, foi estimulado o voluntarismo de jovens como alternativa ao sucateamento da educação pública, promovida pelos próprios tucanos. No governo Lula/Dilma, houve investimento público na participação popular para elevar a capacidade de formulação, organização e mobilização social da juventude em busca de direitos. Exemplo é o investimento feito pelo governo Lula/Dilma na criação dos Coletivos de Juventude e Meio Ambiente, espalhados pelo Brasil e que veio a constituir a Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA), um movimento autônomo.
Nos anos 1990, a juventude balança as bandeiras nas campanhas eleitorais. Em 2010, a juventude elabora sua própria plataforma, o Pacto pela Juventude, e vai às ruas, mostrando sua cara e sua posição política na disputa entre os dois projetos: queremos que o Brasil siga mudando, com Dilma Presidenta. Avante juventude brasileira!
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domingo, 24 de outubro de 2010
Aparelhos clandestinos da campanha Serra
Reproduzo editoral do jornal Brasil de Fato:
Foi exatamente isto o que ocorreu no final de semana, dias 16 e 17. O primeiro dos aparelhos clandestinos estourados foi uma gráfica no bairro do Cambuci (São Paulo- SP), onde já estavam rodados dois milhões de panfletos contra a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, encomendados por integralistas e monarquistas, além de membros do comitê de campanha do candidato da aliança DEM-Tucanos-TFP-CCC-Integralistas-Monarquistas, José Serra.
O segundo, foi o jantar e a reunião (secretos) em dois hotéis de Foz de Iguaçu (PR), financiados pela Globo e organizados pelo senhor Raphael Eckmann, atualmente Investor Relations at Tarpon Investment Group São Paulo e região – Brasil, e que, durante quatro anos (2003 e 2007), foi Commercial Manager da Globosat (setor serviços financeiros). O encontro reuniu 130 investidores de todo o mundo. A cereja deste bolo foi Fernando Henrique Cardoso.
O príncipe dos sociólogos, ali, presidia o leilão do Brasil, provavelmente para a venda de novas estatais, como fez em sua gestão: dinheiro podre e financiamento do BNDES. Certamente por isto, naquele mesmo momento, no debate entre os presidenciáveis na Rede TV, quando perguntado, pela candidata Dilma, se iria privatizar as empresas de energia, o candidato tucano não tenha conseguido responder: a reunião em Foz, que acontecia naquele mesmo momento, ainda estava em curso. Ele, portanto, não sabia dos acertos a que havia chegado o senhor Cardoso.
Questionados sobre estes fatos, os dois tucanos encontraram as piores justificativas, regadas de uma overdose de cinismo. De acordo com Serra, ele não sabia de nada sobre os panfletos. Acontece que, como é público, o candidato tucano, há uns dez dias, esteve reunido com representantes e militantes do grupo paramilitar e fascista Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e da organização ultradireitista Tradição Família e Propriedade (TFP).
Estas organizações participaram da conspiração e do golpe de 1964 e foram dos mais ferozes defensores da ditadura, opondo-se até o final a qualquer abertura. No caso, o CCC, aliado aos esquadrões da morte e aos mais violentos aparelhos de repressão (Oban, Doi-Codi, Cenimar, Deops, etc.), participou diretamente dos sequestros, prisões em cárcere clandestino, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres de militantes da resistência contra a ditadura. Além de ter sido responsável por vários atentados a bomba, invasão de teatros, livrarias etc.
No caso de FHC, impossibilitado de negar sua presença nos hotéis Cataratas e Internacional de Foz de Iguaçu, admitiu que lá esteve, mas “fazendo uma palestra”. Em seguida, tentou desmentir e desqualificar o que os jornalistas independentes e blogueiros divulgaram sobre seu encontro com os tais investidores internacionais. Ou seja, que FHC funcionava como um corretor de venda do nosso país e de nossas empresas públicas.
Mas o que o ilustre palestrante não conseguirá jamais explicar é o fato de que, na véspera de sua chegada ao local da conferência, desembarcou em Foz um grupo de seus assessores, que se reuniram com os investidores para preparar a reunião do dia seguinte. Ou seja, as informações dos jornalistas independentes e blogueiros são absolutamente corretas.
Disso tudo, ressaltamos duas evidências. Primeiro: caso o senhor José Serra seja eleito (do que duvidamos), formará um governo em que estarão necessariamente representados a TFP, o CCC, os integralistas e monarquistas – além, é claro, do DEM – do senhor Bornhausen (ex-PFL e ex-Arena); do PPS – do senhor Roberto Freire, e outros assemelhados. Descontados o Estado Novo e a ditadura pós- 1964, será o primeiro caso de um gabinete fascista puro-sangue que conheceremos. Um gabinete formado pelas mais arraigadas forças golpistas do nosso país, com comprovada prática de montar e fazer funcionar eficientemente o terror de Estado.
Segundo: fica evidente o importante papel que tem a militância, no corpo a corpo da campanha, sobretudo nesta reta final. Tanto a gráfica, quanto a reunião em Foz, foram descobertas por militantes. No caso da gráfica, foi possível a articulação imediata com a coordenação da campanha do PT, em São Paulo, que, juntamente com a militância, organizou o estouro do aparelho. No caso de Foz, embora a coordenação nacional da campanha houvesse sido imediatamente comunicada, a urgência da ação e as distâncias a serem percorridas – somadas ao fato da reunião ter ocorrido no mesmo momento do debate dos candidatos na Rede TV, acabaram por impedir uma ação mais articulada.
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Foi exatamente isto o que ocorreu no final de semana, dias 16 e 17. O primeiro dos aparelhos clandestinos estourados foi uma gráfica no bairro do Cambuci (São Paulo- SP), onde já estavam rodados dois milhões de panfletos contra a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, encomendados por integralistas e monarquistas, além de membros do comitê de campanha do candidato da aliança DEM-Tucanos-TFP-CCC-Integralistas-Monarquistas, José Serra.
O segundo, foi o jantar e a reunião (secretos) em dois hotéis de Foz de Iguaçu (PR), financiados pela Globo e organizados pelo senhor Raphael Eckmann, atualmente Investor Relations at Tarpon Investment Group São Paulo e região – Brasil, e que, durante quatro anos (2003 e 2007), foi Commercial Manager da Globosat (setor serviços financeiros). O encontro reuniu 130 investidores de todo o mundo. A cereja deste bolo foi Fernando Henrique Cardoso.
O príncipe dos sociólogos, ali, presidia o leilão do Brasil, provavelmente para a venda de novas estatais, como fez em sua gestão: dinheiro podre e financiamento do BNDES. Certamente por isto, naquele mesmo momento, no debate entre os presidenciáveis na Rede TV, quando perguntado, pela candidata Dilma, se iria privatizar as empresas de energia, o candidato tucano não tenha conseguido responder: a reunião em Foz, que acontecia naquele mesmo momento, ainda estava em curso. Ele, portanto, não sabia dos acertos a que havia chegado o senhor Cardoso.
Questionados sobre estes fatos, os dois tucanos encontraram as piores justificativas, regadas de uma overdose de cinismo. De acordo com Serra, ele não sabia de nada sobre os panfletos. Acontece que, como é público, o candidato tucano, há uns dez dias, esteve reunido com representantes e militantes do grupo paramilitar e fascista Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e da organização ultradireitista Tradição Família e Propriedade (TFP).
Estas organizações participaram da conspiração e do golpe de 1964 e foram dos mais ferozes defensores da ditadura, opondo-se até o final a qualquer abertura. No caso, o CCC, aliado aos esquadrões da morte e aos mais violentos aparelhos de repressão (Oban, Doi-Codi, Cenimar, Deops, etc.), participou diretamente dos sequestros, prisões em cárcere clandestino, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres de militantes da resistência contra a ditadura. Além de ter sido responsável por vários atentados a bomba, invasão de teatros, livrarias etc.
No caso de FHC, impossibilitado de negar sua presença nos hotéis Cataratas e Internacional de Foz de Iguaçu, admitiu que lá esteve, mas “fazendo uma palestra”. Em seguida, tentou desmentir e desqualificar o que os jornalistas independentes e blogueiros divulgaram sobre seu encontro com os tais investidores internacionais. Ou seja, que FHC funcionava como um corretor de venda do nosso país e de nossas empresas públicas.
Mas o que o ilustre palestrante não conseguirá jamais explicar é o fato de que, na véspera de sua chegada ao local da conferência, desembarcou em Foz um grupo de seus assessores, que se reuniram com os investidores para preparar a reunião do dia seguinte. Ou seja, as informações dos jornalistas independentes e blogueiros são absolutamente corretas.
Disso tudo, ressaltamos duas evidências. Primeiro: caso o senhor José Serra seja eleito (do que duvidamos), formará um governo em que estarão necessariamente representados a TFP, o CCC, os integralistas e monarquistas – além, é claro, do DEM – do senhor Bornhausen (ex-PFL e ex-Arena); do PPS – do senhor Roberto Freire, e outros assemelhados. Descontados o Estado Novo e a ditadura pós- 1964, será o primeiro caso de um gabinete fascista puro-sangue que conheceremos. Um gabinete formado pelas mais arraigadas forças golpistas do nosso país, com comprovada prática de montar e fazer funcionar eficientemente o terror de Estado.
Segundo: fica evidente o importante papel que tem a militância, no corpo a corpo da campanha, sobretudo nesta reta final. Tanto a gráfica, quanto a reunião em Foz, foram descobertas por militantes. No caso da gráfica, foi possível a articulação imediata com a coordenação da campanha do PT, em São Paulo, que, juntamente com a militância, organizou o estouro do aparelho. No caso de Foz, embora a coordenação nacional da campanha houvesse sido imediatamente comunicada, a urgência da ação e as distâncias a serem percorridas – somadas ao fato da reunião ter ocorrido no mesmo momento do debate dos candidatos na Rede TV, acabaram por impedir uma ação mais articulada.
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Manifesto dos psicólogos em apoio a Dilma
Reproduzo manifesto enviado pela amiga Roseli Goffman:
Ao longo dos últimos oito anos, assistimos e participamos de muitas transformações na sociedade brasileira. Um impressionante crescimento da atenção do Aparelho de Estado às necessidades da população brasileira, permitiu um fortalecimento das políticas públicas que ocorreu de forma clara, tanto na construção do Sistema Unificado de Assistência Social (SUAS), quanto no combate à fome, assim como nas mais diferentes formas de apoio ao desenvolvimento cultural do povo brasileiro. Em suma, a máquina estatal passou a ser reconhecedora e produtora de direitos da cidadania.
Os psicólogos foram chamados e se apresentaram.
No processo de construção do SUAS foram contratados mais de oito mil psicólogos. O fortalecimento do SUS conta com cerca de vinte mil psicólogos. Psicólogos, hoje, participam dos processos relacionados a habitação de interesse social, ao fortalecimento do turismo, iniciativas de redução da privação de liberdade de adolescentes, no trabalho com idosos, na defesa civil, em vários espaços e âmbitos do sistema de saúde, na justiça, nas iniciativas voltadas à implantação da Reforma Psiquiátrica (cujo futuro está ameaçado pelo concorrente de Dilma).
Os resultados dessas políticas já são perceptíveis para muito além do sucesso econômico tão propalado na mídia. Houve queda acentuada (e maior do que era esperado) na incidência de desnutrição da infância brasileira. Os livreiros estão comemorando a multiplicação da média de leitura de livros por parte dos brasileiros. Serviços antes restritos aos cidadãos mais abastados são estendidos a enorme número de brasileiros.
Nesse contexto, é praticamente impossível imaginar que as mulheres sujeitas a aborto sejam deixadas fora da atenção das políticas públicas. É praticamente impossível imaginar que o tema da orientação sexual seja utilizado como forma de redução do acesso de cidadãos aos direitos garantidos a todos os brasileiro.
O estado brasileiro vive momentos sem precedentes de abertura à participação da sociedade em suas decisões.
Diante do exposto, os psicólogos abaixo assinados querem ver Dilma presidente da República. O projeto político colocado em curso pelo Presidente Lula precisa continuar a ser implantado. Queremos que o Brasil continue a mudar, conquistando condições mais dignas de vida e superando a histórica dominação/humilhação a que o povo brasileiro esteve submetido.
Novas adesões: http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/7285
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Ao longo dos últimos oito anos, assistimos e participamos de muitas transformações na sociedade brasileira. Um impressionante crescimento da atenção do Aparelho de Estado às necessidades da população brasileira, permitiu um fortalecimento das políticas públicas que ocorreu de forma clara, tanto na construção do Sistema Unificado de Assistência Social (SUAS), quanto no combate à fome, assim como nas mais diferentes formas de apoio ao desenvolvimento cultural do povo brasileiro. Em suma, a máquina estatal passou a ser reconhecedora e produtora de direitos da cidadania.
Os psicólogos foram chamados e se apresentaram.
No processo de construção do SUAS foram contratados mais de oito mil psicólogos. O fortalecimento do SUS conta com cerca de vinte mil psicólogos. Psicólogos, hoje, participam dos processos relacionados a habitação de interesse social, ao fortalecimento do turismo, iniciativas de redução da privação de liberdade de adolescentes, no trabalho com idosos, na defesa civil, em vários espaços e âmbitos do sistema de saúde, na justiça, nas iniciativas voltadas à implantação da Reforma Psiquiátrica (cujo futuro está ameaçado pelo concorrente de Dilma).
Os resultados dessas políticas já são perceptíveis para muito além do sucesso econômico tão propalado na mídia. Houve queda acentuada (e maior do que era esperado) na incidência de desnutrição da infância brasileira. Os livreiros estão comemorando a multiplicação da média de leitura de livros por parte dos brasileiros. Serviços antes restritos aos cidadãos mais abastados são estendidos a enorme número de brasileiros.
Nesse contexto, é praticamente impossível imaginar que as mulheres sujeitas a aborto sejam deixadas fora da atenção das políticas públicas. É praticamente impossível imaginar que o tema da orientação sexual seja utilizado como forma de redução do acesso de cidadãos aos direitos garantidos a todos os brasileiro.
O estado brasileiro vive momentos sem precedentes de abertura à participação da sociedade em suas decisões.
Diante do exposto, os psicólogos abaixo assinados querem ver Dilma presidente da República. O projeto político colocado em curso pelo Presidente Lula precisa continuar a ser implantado. Queremos que o Brasil continue a mudar, conquistando condições mais dignas de vida e superando a histórica dominação/humilhação a que o povo brasileiro esteve submetido.
Novas adesões: http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/7285
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A memória de um Brasil privatizado
Reproduzo artigo do jornalista Tiago Soares:
Imagine que você trabalhou toda uma vida para adquirir um patrimônio. E que, em meio a dívidas, tenha decidido vender uma ou outra coisa para colocar as contas em dia.
Agora imagine que o comprador, durante a negociação, tenha lhe confidenciado que anda meio sem grana. E que então você, ansioso/a para bater o martelo, resolva emprestar para o interessado o dinheiro com o qual seu patrimônio será comprado. O comprador te pagaria de volta a perder de vista, assim que começasse a lucrar com o que acaba de adquirir. Detalhe: você teria vendido justamente os bens com os quais gerava parte de sua renda. E por um preço bastante abaixo do valor de mercado.
Pois foi justamente assim que se deu boa parte das privatizações realizadas no Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso, de meados da década de 1990 até 2002. Empresas públicas produtivas, como a Vale do Rio Doce e a Light, vendidas a preços muito abaixo do que realmente valiam, com financiamento público a perder de vista.
Tendo como argumentos o abatimento da dívida, a atração de capital estrangeiro, o aumento da produtividade e a melhoria dos serviços aos cidadãos e cidadãs, o patrimônio brasileiro foi colocado à venda e oferecido a alguns poucos grupos econômicos internacionais, financiados por bancos estrangeiros e com ajuda do próprio governo brasileiro. O que se escondia, porém, é que na antesala da privatização a infraestrutura das empresas era sucateada, numa política de depreciação do patrimônio nacional, jogando no desemprego dezenas de milhares de profissionais qualificados.
E não foi só isso. Para tornar o negócio atraente, o governo abateu as dívidas das empresas com a União e realizou ajustes de tarifas, puxando para cima os preços dos serviços e garantindo enorme lucro futuro aos investidores. Para se ter uma ideia, o reajuste nas tarifas telefônicas chegou a 500%; no caso da energia alétrica, a coisa ficou na faixa de 150%. E ao contrário de outros países, nos quais os processos de privatização exigiam que as companhias baixassem gradualmente as taxas cobradas pelos seus serviços, o combinado pelo governo FHC foi que os novos donos das empresas estatais poderiam seguir ajustando os preços anualmente, segundo a taxa de inflação.
Para convencer a opinião pública, governo e meios de comunicação defendiam que a venda das estatais atrairia dinheiro do exterior, reduzindo as dívidas externa e interna do Brasil. E, na verdade, ocorreu o contrário: além de “engolir” as dívidas de todas as estatais vendidas (o que aumentou a dívida interna), parte razoável do dinheiro levantado pelos investidores vinha de bancos estrangeiros. O que significou que, no fim das contas, as companhias recém privatizadas, já comprometidas com dívidas junto a grupos financeiros internacionais, seriam obrigadas a enviar grande parte do dinheiro que fizessem para o exterior. Algo que não aliviou – na verdade, piorou – a dívida externa nacional.
Para complicar ainda mais a situação, o próprio governo financiou parte da compra, oferecendo empréstimos do BNDES e trocando crédito pela aquisição de títulos da dívida pública. Medidas que acabaram se tornando um contrasenso, já que, ao oferecer no Brasil parte do dinheiro a ser investido nos leilões, os potenciais compradores acabaram sem estímulo para trazer dólares de fora para o país. Dólares que, justamente, eram alardedados desde o início como um dos motivos para a privatização.
No fim das contas, foi o seguinte: o Brasil entregou boa parte de seu patrimônio a preço de banana para uns poucos grupos econômicos; a dívida pública aumentou assustadoramente (de cerca de 30% do PIB, em 1995, para quase 60% do PIB em 2002); e a política de investimentos do BNDES, que estimulava a remessa de dólares para o exterior, acabou provocando uma recessão que atingiu as famílias do país, numa quebradeira generalizada que levou a enormes índices de desemprego.
Ao fim, foram privatizadas, entre 1990 e 1999, 166 empresas, com 546 mil postos de trabalho extintos diretamente. O que, comparado ao número de privatizações ocorridas desde meados da década de 1980 (19 companhias, entre 1985 e 1990) apenas prova a sanha privatista do projeto do PSDB. Um negócio que, muito bom para alguns poucos lobistas e umas poucas empresas estrangeiras, se mostrou, em pouquíssimo tempo, péssimo para o povo brasileiro.
Só pra se ter uma ideia, alguns casos:
BNDES
Um dos principais responsáveis pela rápida saída do Brasil da crise econômica mundial de 2008, o BNDES quase foi privatizado no governo do PSDB. O banco, que nos últimos anos vem garantindo o crédito e o investimento no país, foi listado em 2000, a pedido do ministério da Fazenda, numa avaliação de possíveis privatizações do setor bancário. A iniciativa foi uma imposição do FMI.
Quem diz é o site do Ministério da Fazenda:
“Com determinação o governo dará continuidade à sua política de modernização e redução do papel dos bancos públicos na economia. O Banco Meridional uma instituição federal foi privatizado em 1998 e em 1999 o sexto maior banco brasileiro o BANESPA agora sob administração federal será privatizado. Ademais o Governo solicitou à comissão de alto nível encarregada do exame dos demais bancos federais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, BNB e BASA) a apresentação até o final de outubro de 1999 de recomendações sobre o papel futuro dessas instituições tratando de questões como possíveis alienações de participações (grifo do autor) nessas instituições fusões vendas de componentes estratégicos ou transformação em agências de desenvolvimento ou bancos de segunda linha. Essas recomendações serão analisadas e decisões serão tomadas pelo Governo antes do final do ano sendo que as determinações serão implementadas no decorrer do ano 2000.”
Banespa
Privatizado em 2000 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) foi adquirido pelo espanhol Santander por R$ 7 bi. Para se ter uma ideia, entre meados e o fim da década de 1990 o Estado brasileiro havia injetado R$ 50 bi na instituição. R$ 15 bi destes, apenas nos esforços de saneamento prévios ao processo de privatização: o que, descontado o dinheiro conseguido nos leilões, acabou num prejuízo de, no mínimo, R$ 8 bi aos cofres públicos.
Mais que isso: para tornar o negócio atraente, o governo brasileiro liberava o novo (e privado) dono do banco de qualquer contrapartida social (como financiamentos para a agricultura familiar, por exemplo).
Ou como disse ao portal Terra o presidente do Banco Central na época, Armínio Fraga, sobre a privatização do banco paulista: “Fraga explicou que o Banespa privatizado não terá de manter sua atuação em “políticas públicas”, como financiamento a pequenos agricultores, por exemplo. “A privatização deixa clara a separação entre o negócio privado e uma política pública”, disse.”
Vale do Rio Doce
Considerada a segunda maior mineradora do mundo, a Vale do Rio Doce (hoje, Vale S. A.) foi privatizada pelo governo do PSDB em 1997, por R$ 3,3 bi. O valor, muito abaixo de mercado, equivale a menos que ela obtinha por ano em 1995 – e, hoje, a algo em torno do feito em apenas um trimestre.
Mais que isso, o processo de privatização esteve envolto em graves suspeitas de corrupção, com acusações de cobrança de propinas milionárias por Ricardo Sérgio, lobista encarregado da montagem do consórcio vencedor. Causou polêmica, ainda, a intervenção do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na composição dos grupos que concorriam pela companhia, numa ação vista como decisiva para o resultado final do leilão.
Petrobrás
Recentemente alçada ao posto de segunda maior petrolífera do mundo, a Petrobrás foi, ao longo de toda a era tucana, sondada quanto à sua possível privatização. Numa declaração recente, o atual presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, chegou a afirmar que “Para o governo FHC, a Petrobras morreria por inanição. Os planos do governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso eram para desmontar a Petrobras e vendê-la”.
Com a descoberta do pré-sal, a Petrobrás oferece ao país a oportunidade de tornar-se uma das maiores potências globais na área de energia. Pelo projeto proposto pelo governo Lula, boa parte dos rendimentos futuros do governo com pré-sal, na casa dos trilhões de dólares, deverão ser investidos num fundo soberano para investimentos em educação e ciência e tecnologia.
Além disso, o processo de capitalização da Petrobrás, no qual foi dada ao público a possibilidade de adquirir participação na empresa pela aquisição de ações, foi aberto a toda a população brasileira – ao contrário do processo de privatização defendido pelos tucanos, restrito a alguns poucos grupos econômicos internacionais.
A respeito das intenções de um hipotético governo tucano para a gestão do pré-sal, especula-se a retomada de uma agenda fortemente privatista para o setor. Em declaração recente ao jornal Valor Econômico, o principal assessor de José Serra para a área de enrgia, David Zylberstajn, afirmou que “Não tem que existir estatal comprando ou vendendo petróleo”. Vale lembrar que David Zylberstajn foi, no governo FHC, presidente da Agência Nacional do Petróleo, e um dos principais entusiastas da privatização da Petrobrás. Para se ter uma ideia, numa sondagem de mercado hoje reduzida ao anedotário histórico, chegou-se a especular que, num esforço para torná-la mais palatável a possíveis compradores estrangeiros, a companhia fosse rebatizada como “Petrobrax”.
Privatizações no governo José Serra
Quando governador de São Paulo pelo PSDB, José Serra foi fiel ao projeto privatista, e pediu avaliações referentes à possível privatização de pelo menos 18 empresas pertencentes ao estado. Entre as companhias oferecidas ao setor privado, estariam nomes tradicionais como a Nossa Caixa, a Sabesp, o Metrô, CPTM, a Dersa e a CDHU.
E o banco Nossa Caixa, na verdade, escapou por pouco – posta em leilão, a instituição financeira acabou arrematada pelo Banco do Brasil, num esforço do Governo Federal para impedir que a companhia caísse nas mãos de grupos privados.
Em seu meio (porque até a metade) mandato à frente do estado, José Serra foi, no fim das contas, apenas fiel ao que defendia quando ministro do planejamento do governo FHC. Quem o diz é o proprio ex-presidente, que ressaltou, em conversa recente com a revista Veja, o entusiasmado papel desempenhado por Serra nas privatizações da década passada.
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Imagine que você trabalhou toda uma vida para adquirir um patrimônio. E que, em meio a dívidas, tenha decidido vender uma ou outra coisa para colocar as contas em dia.
Agora imagine que o comprador, durante a negociação, tenha lhe confidenciado que anda meio sem grana. E que então você, ansioso/a para bater o martelo, resolva emprestar para o interessado o dinheiro com o qual seu patrimônio será comprado. O comprador te pagaria de volta a perder de vista, assim que começasse a lucrar com o que acaba de adquirir. Detalhe: você teria vendido justamente os bens com os quais gerava parte de sua renda. E por um preço bastante abaixo do valor de mercado.
Pois foi justamente assim que se deu boa parte das privatizações realizadas no Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso, de meados da década de 1990 até 2002. Empresas públicas produtivas, como a Vale do Rio Doce e a Light, vendidas a preços muito abaixo do que realmente valiam, com financiamento público a perder de vista.
Tendo como argumentos o abatimento da dívida, a atração de capital estrangeiro, o aumento da produtividade e a melhoria dos serviços aos cidadãos e cidadãs, o patrimônio brasileiro foi colocado à venda e oferecido a alguns poucos grupos econômicos internacionais, financiados por bancos estrangeiros e com ajuda do próprio governo brasileiro. O que se escondia, porém, é que na antesala da privatização a infraestrutura das empresas era sucateada, numa política de depreciação do patrimônio nacional, jogando no desemprego dezenas de milhares de profissionais qualificados.
E não foi só isso. Para tornar o negócio atraente, o governo abateu as dívidas das empresas com a União e realizou ajustes de tarifas, puxando para cima os preços dos serviços e garantindo enorme lucro futuro aos investidores. Para se ter uma ideia, o reajuste nas tarifas telefônicas chegou a 500%; no caso da energia alétrica, a coisa ficou na faixa de 150%. E ao contrário de outros países, nos quais os processos de privatização exigiam que as companhias baixassem gradualmente as taxas cobradas pelos seus serviços, o combinado pelo governo FHC foi que os novos donos das empresas estatais poderiam seguir ajustando os preços anualmente, segundo a taxa de inflação.
Para convencer a opinião pública, governo e meios de comunicação defendiam que a venda das estatais atrairia dinheiro do exterior, reduzindo as dívidas externa e interna do Brasil. E, na verdade, ocorreu o contrário: além de “engolir” as dívidas de todas as estatais vendidas (o que aumentou a dívida interna), parte razoável do dinheiro levantado pelos investidores vinha de bancos estrangeiros. O que significou que, no fim das contas, as companhias recém privatizadas, já comprometidas com dívidas junto a grupos financeiros internacionais, seriam obrigadas a enviar grande parte do dinheiro que fizessem para o exterior. Algo que não aliviou – na verdade, piorou – a dívida externa nacional.
Para complicar ainda mais a situação, o próprio governo financiou parte da compra, oferecendo empréstimos do BNDES e trocando crédito pela aquisição de títulos da dívida pública. Medidas que acabaram se tornando um contrasenso, já que, ao oferecer no Brasil parte do dinheiro a ser investido nos leilões, os potenciais compradores acabaram sem estímulo para trazer dólares de fora para o país. Dólares que, justamente, eram alardedados desde o início como um dos motivos para a privatização.
No fim das contas, foi o seguinte: o Brasil entregou boa parte de seu patrimônio a preço de banana para uns poucos grupos econômicos; a dívida pública aumentou assustadoramente (de cerca de 30% do PIB, em 1995, para quase 60% do PIB em 2002); e a política de investimentos do BNDES, que estimulava a remessa de dólares para o exterior, acabou provocando uma recessão que atingiu as famílias do país, numa quebradeira generalizada que levou a enormes índices de desemprego.
Ao fim, foram privatizadas, entre 1990 e 1999, 166 empresas, com 546 mil postos de trabalho extintos diretamente. O que, comparado ao número de privatizações ocorridas desde meados da década de 1980 (19 companhias, entre 1985 e 1990) apenas prova a sanha privatista do projeto do PSDB. Um negócio que, muito bom para alguns poucos lobistas e umas poucas empresas estrangeiras, se mostrou, em pouquíssimo tempo, péssimo para o povo brasileiro.
Só pra se ter uma ideia, alguns casos:
BNDES
Um dos principais responsáveis pela rápida saída do Brasil da crise econômica mundial de 2008, o BNDES quase foi privatizado no governo do PSDB. O banco, que nos últimos anos vem garantindo o crédito e o investimento no país, foi listado em 2000, a pedido do ministério da Fazenda, numa avaliação de possíveis privatizações do setor bancário. A iniciativa foi uma imposição do FMI.
Quem diz é o site do Ministério da Fazenda:
“Com determinação o governo dará continuidade à sua política de modernização e redução do papel dos bancos públicos na economia. O Banco Meridional uma instituição federal foi privatizado em 1998 e em 1999 o sexto maior banco brasileiro o BANESPA agora sob administração federal será privatizado. Ademais o Governo solicitou à comissão de alto nível encarregada do exame dos demais bancos federais (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, BNB e BASA) a apresentação até o final de outubro de 1999 de recomendações sobre o papel futuro dessas instituições tratando de questões como possíveis alienações de participações (grifo do autor) nessas instituições fusões vendas de componentes estratégicos ou transformação em agências de desenvolvimento ou bancos de segunda linha. Essas recomendações serão analisadas e decisões serão tomadas pelo Governo antes do final do ano sendo que as determinações serão implementadas no decorrer do ano 2000.”
Banespa
Privatizado em 2000 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) foi adquirido pelo espanhol Santander por R$ 7 bi. Para se ter uma ideia, entre meados e o fim da década de 1990 o Estado brasileiro havia injetado R$ 50 bi na instituição. R$ 15 bi destes, apenas nos esforços de saneamento prévios ao processo de privatização: o que, descontado o dinheiro conseguido nos leilões, acabou num prejuízo de, no mínimo, R$ 8 bi aos cofres públicos.
Mais que isso: para tornar o negócio atraente, o governo brasileiro liberava o novo (e privado) dono do banco de qualquer contrapartida social (como financiamentos para a agricultura familiar, por exemplo).
Ou como disse ao portal Terra o presidente do Banco Central na época, Armínio Fraga, sobre a privatização do banco paulista: “Fraga explicou que o Banespa privatizado não terá de manter sua atuação em “políticas públicas”, como financiamento a pequenos agricultores, por exemplo. “A privatização deixa clara a separação entre o negócio privado e uma política pública”, disse.”
Vale do Rio Doce
Considerada a segunda maior mineradora do mundo, a Vale do Rio Doce (hoje, Vale S. A.) foi privatizada pelo governo do PSDB em 1997, por R$ 3,3 bi. O valor, muito abaixo de mercado, equivale a menos que ela obtinha por ano em 1995 – e, hoje, a algo em torno do feito em apenas um trimestre.
Mais que isso, o processo de privatização esteve envolto em graves suspeitas de corrupção, com acusações de cobrança de propinas milionárias por Ricardo Sérgio, lobista encarregado da montagem do consórcio vencedor. Causou polêmica, ainda, a intervenção do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na composição dos grupos que concorriam pela companhia, numa ação vista como decisiva para o resultado final do leilão.
Petrobrás
Recentemente alçada ao posto de segunda maior petrolífera do mundo, a Petrobrás foi, ao longo de toda a era tucana, sondada quanto à sua possível privatização. Numa declaração recente, o atual presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, chegou a afirmar que “Para o governo FHC, a Petrobras morreria por inanição. Os planos do governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso eram para desmontar a Petrobras e vendê-la”.
Com a descoberta do pré-sal, a Petrobrás oferece ao país a oportunidade de tornar-se uma das maiores potências globais na área de energia. Pelo projeto proposto pelo governo Lula, boa parte dos rendimentos futuros do governo com pré-sal, na casa dos trilhões de dólares, deverão ser investidos num fundo soberano para investimentos em educação e ciência e tecnologia.
Além disso, o processo de capitalização da Petrobrás, no qual foi dada ao público a possibilidade de adquirir participação na empresa pela aquisição de ações, foi aberto a toda a população brasileira – ao contrário do processo de privatização defendido pelos tucanos, restrito a alguns poucos grupos econômicos internacionais.
A respeito das intenções de um hipotético governo tucano para a gestão do pré-sal, especula-se a retomada de uma agenda fortemente privatista para o setor. Em declaração recente ao jornal Valor Econômico, o principal assessor de José Serra para a área de enrgia, David Zylberstajn, afirmou que “Não tem que existir estatal comprando ou vendendo petróleo”. Vale lembrar que David Zylberstajn foi, no governo FHC, presidente da Agência Nacional do Petróleo, e um dos principais entusiastas da privatização da Petrobrás. Para se ter uma ideia, numa sondagem de mercado hoje reduzida ao anedotário histórico, chegou-se a especular que, num esforço para torná-la mais palatável a possíveis compradores estrangeiros, a companhia fosse rebatizada como “Petrobrax”.
Privatizações no governo José Serra
Quando governador de São Paulo pelo PSDB, José Serra foi fiel ao projeto privatista, e pediu avaliações referentes à possível privatização de pelo menos 18 empresas pertencentes ao estado. Entre as companhias oferecidas ao setor privado, estariam nomes tradicionais como a Nossa Caixa, a Sabesp, o Metrô, CPTM, a Dersa e a CDHU.
E o banco Nossa Caixa, na verdade, escapou por pouco – posta em leilão, a instituição financeira acabou arrematada pelo Banco do Brasil, num esforço do Governo Federal para impedir que a companhia caísse nas mãos de grupos privados.
Em seu meio (porque até a metade) mandato à frente do estado, José Serra foi, no fim das contas, apenas fiel ao que defendia quando ministro do planejamento do governo FHC. Quem o diz é o proprio ex-presidente, que ressaltou, em conversa recente com a revista Veja, o entusiasmado papel desempenhado por Serra nas privatizações da década passada.
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Vote na melhor frase da bolinha de papel
Reproduzo coletânea enviada por Erik Haagensen das melhores sacadas no Twitter sobre a bolinha de papel que feriu "gravemente" o coitadinho do Serra. Escolha qual a melhor ou envie outras:
- Del_Pozzo Gilberto Del’ Pozzo
Folha de S. Paulo:Polícia encontra pacote com 500 folhas de papel A4 em comitê de Dilma
- caio_feitosa Caio Feitosa
BOMBA: Serra diz que cidadão que for pego portando papel será indiciado por porte ilegal de arma
- mozartfaggi mozart
Ultimo boletim médico: Serra não tem nada na cabeça.
- livino Livino
Militante que atirou bolinha de papel em Serra é condenado a uma semana sem recreio.
- fabconde Fabricio Condé
Bolinha de papel: R$0,50. Tomografia em Clinica Particular R$700,00. Ver a Verdade vencer a Mentira: Não tem preço.
- caiocard Caio Cardoso
Nunca antes na história desse país se viu uma bola de papel derrubar uma máscara tão perfeitamente.
- DanielCruz733 Daniel Cruz
Na bolinha de papel tava escrito: “Não se larga um líder ferido na estrada” Ass: Paulo Preto
- ironjr Iron Júnior
Quem nunca errou que atire a 1ª bolinha de papel!
- Rafael_213 ‘_Rafael_’
Serra disse que se ganhar, vai proibir a venda de papel A4.
- livino Livino
Globo: Serra promete tomógrafos em todas as escolas do país.
- carlac_gomes @carlagomes
Ibope confirma! Bolinha de papel é mais popular que o Serra!!! PSDB analisa a possibilidade de substituir o candidato!
- Del_Pozzo Gilberto Del’ Pozzo
Em 2002 a esperança venceu o medo, agora a bolinha de papel desmascarou a mentira,a mídia e o Serra e juntos.
- kristian_pascoa Kristian Páscoa
ALERTA: Quando a criançada descobrir que bolinha de papel dá 24h de repouso as escolas ficarão vazias.
- livino Livino
Pedra vence tesoura, tesoura vence papel, papel vence Serra.
- ozeguerra José Guerra
Bolinha de papel pesando 2k (500 folhas de papel A4). Se Índio da Costa estiver falando a verdade, Serra foi atingido pelo dossiê do Aécio.
- rodolfomarconi Rodolfo Marconi
Isso porque a bolinha de papel era branca, porque se fosse preta já iam falar que foi o Paulo ..
- kmahayri Kalil Mahayri
Se uma bolinha de papel fez Serra ir ao hospital … Uma borracha provavelmente o faria fingir-se de morto!!!
- livino Livino
Mas lembrem-se: nada de tentar embarcar em avião com bolinha de papel, hein?
- peteroliveira17 Peter Oliveira
Eu sou contra este ato de violência. Hoje foi uma bolinha de papel, e amanhã? Confetes, serpentinas? Onde esse mundo vai parar?
- eulerdn Euler
A bala de prata era uma bolinha de papel
- livino Livino
Serra vai denunciar o governo brasileiro à ONU por programa secreto de enriquecimento de celulose.
- deozita Deo Gabiatti / by cyber2010cybele
É, ainda bem que foi uma bolinha de papel. Se fosse um aviãozinho iam dizer que foi um ataque terrorista.
- caiocard Caio Cardoso
Nunca antes na história desse país se viu uma bola de papel derrubar uma máscara tão perfeitamente.
- NarleyResende Narley Neto / by Tiago_Rossini
Fita crepe nega envolvimento e diz não conhecer bolinha de papel.
- JoaoCarlos2010 João Carlos / by bafhell
Serra é lerdo mesmo. Bush escapou de sapatada. Serra é atingido por bolinha de papel
- Lais_MD Laís Meireles Duarte
A Chamex está sendo investigada pela Polícia Federal por dar suporte para ataques terroristas.
- opetista O Petista / by ayeshaluc
De olho no apoio de Marina, PT promete que de agora em diante, só bolinhas de papel reciclado.
- thiago_yure thiago yure / by sfsteiger
Dilma enfrentou a ditadura e agüentou tortura. Serra não agüenta nem bolinha de papel. Frouxo...
- thiagocarames Thiago Caramês / by giliate
O Globo: ”Agressor é preso portando uma bola de papel calibre A4. O homem é vizinho do primo do cunhado da filha da Dilma”
- ErikaABL Erika Lima / by vieira707
“O exame de ‘bolística’ determinou que o projétil saiu de um chumaço de Maxprint, calibre A4.”
- ary_jr ary jr. / by AMMIRaMIL
Iranianos lançam projeto de enriquecimento de celulose.
- FabiaPessoa Pessoa
Após ser atingido por bola de papel, Serra recupera a memória e lembra quem é o Paulo Preto.
- criscarreiro Cris Carreiro / by caiocard”
Vídeo absolve rolo de fita e acusa bola de papel que nega vinculo partidário!
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- Del_Pozzo Gilberto Del’ Pozzo
Folha de S. Paulo:Polícia encontra pacote com 500 folhas de papel A4 em comitê de Dilma
- caio_feitosa Caio Feitosa
BOMBA: Serra diz que cidadão que for pego portando papel será indiciado por porte ilegal de arma
- mozartfaggi mozart
Ultimo boletim médico: Serra não tem nada na cabeça.
- livino Livino
Militante que atirou bolinha de papel em Serra é condenado a uma semana sem recreio.
- fabconde Fabricio Condé
Bolinha de papel: R$0,50. Tomografia em Clinica Particular R$700,00. Ver a Verdade vencer a Mentira: Não tem preço.
- caiocard Caio Cardoso
Nunca antes na história desse país se viu uma bola de papel derrubar uma máscara tão perfeitamente.
- DanielCruz733 Daniel Cruz
Na bolinha de papel tava escrito: “Não se larga um líder ferido na estrada” Ass: Paulo Preto
- ironjr Iron Júnior
Quem nunca errou que atire a 1ª bolinha de papel!
- Rafael_213 ‘_Rafael_’
Serra disse que se ganhar, vai proibir a venda de papel A4.
- livino Livino
Globo: Serra promete tomógrafos em todas as escolas do país.
- carlac_gomes @carlagomes
Ibope confirma! Bolinha de papel é mais popular que o Serra!!! PSDB analisa a possibilidade de substituir o candidato!
- Del_Pozzo Gilberto Del’ Pozzo
Em 2002 a esperança venceu o medo, agora a bolinha de papel desmascarou a mentira,a mídia e o Serra e juntos.
- kristian_pascoa Kristian Páscoa
ALERTA: Quando a criançada descobrir que bolinha de papel dá 24h de repouso as escolas ficarão vazias.
- livino Livino
Pedra vence tesoura, tesoura vence papel, papel vence Serra.
- ozeguerra José Guerra
Bolinha de papel pesando 2k (500 folhas de papel A4). Se Índio da Costa estiver falando a verdade, Serra foi atingido pelo dossiê do Aécio.
- rodolfomarconi Rodolfo Marconi
Isso porque a bolinha de papel era branca, porque se fosse preta já iam falar que foi o Paulo ..
- kmahayri Kalil Mahayri
Se uma bolinha de papel fez Serra ir ao hospital … Uma borracha provavelmente o faria fingir-se de morto!!!
- livino Livino
Mas lembrem-se: nada de tentar embarcar em avião com bolinha de papel, hein?
- peteroliveira17 Peter Oliveira
Eu sou contra este ato de violência. Hoje foi uma bolinha de papel, e amanhã? Confetes, serpentinas? Onde esse mundo vai parar?
- eulerdn Euler
A bala de prata era uma bolinha de papel
- livino Livino
Serra vai denunciar o governo brasileiro à ONU por programa secreto de enriquecimento de celulose.
- deozita Deo Gabiatti / by cyber2010cybele
É, ainda bem que foi uma bolinha de papel. Se fosse um aviãozinho iam dizer que foi um ataque terrorista.
- caiocard Caio Cardoso
Nunca antes na história desse país se viu uma bola de papel derrubar uma máscara tão perfeitamente.
- NarleyResende Narley Neto / by Tiago_Rossini
Fita crepe nega envolvimento e diz não conhecer bolinha de papel.
- JoaoCarlos2010 João Carlos / by bafhell
Serra é lerdo mesmo. Bush escapou de sapatada. Serra é atingido por bolinha de papel
- Lais_MD Laís Meireles Duarte
A Chamex está sendo investigada pela Polícia Federal por dar suporte para ataques terroristas.
- opetista O Petista / by ayeshaluc
De olho no apoio de Marina, PT promete que de agora em diante, só bolinhas de papel reciclado.
- thiago_yure thiago yure / by sfsteiger
Dilma enfrentou a ditadura e agüentou tortura. Serra não agüenta nem bolinha de papel. Frouxo...
- thiagocarames Thiago Caramês / by giliate
O Globo: ”Agressor é preso portando uma bola de papel calibre A4. O homem é vizinho do primo do cunhado da filha da Dilma”
- ErikaABL Erika Lima / by vieira707
“O exame de ‘bolística’ determinou que o projétil saiu de um chumaço de Maxprint, calibre A4.”
- ary_jr ary jr. / by AMMIRaMIL
Iranianos lançam projeto de enriquecimento de celulose.
- FabiaPessoa Pessoa
Após ser atingido por bola de papel, Serra recupera a memória e lembra quem é o Paulo Preto.
- criscarreiro Cris Carreiro / by caiocard”
Vídeo absolve rolo de fita e acusa bola de papel que nega vinculo partidário!
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Segredos da “revolução do ódio” no Brasil
Reproduzo artigo enviado por Mauro Carrara:
O PSDB, o partido neoliberal de José Chirico Serra e Fernando Henrique Cardoso, montou ainda em outubro de 2009 um eficiente sistema capaz de disparar diariamente mais de 152 milhões de e-mails para brasileiros de todas as regiões.
Esse sistema é preferencialmente utilizado para disseminar peças de calúnia e difamação contra Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e qualquer figura pública que ouse tomar partido do projeto da esquerda no Brasil. Funcionando também nas redes sociais, essa é uma das principais frentes da "revolução do ódio" em curso no país.
Até o primeiro turno da eleição presidencial, havia mais de 650 militantes, quase todos bem remunerados, para difundir material venenoso contra o governo federal. Neste segundo turno, essa super tropa de terrorismo virtual, recrutada por Eduardo Graeff, conta com mais de 1.000 militantes.
Esse, no entanto, é apenas um braço do movimento de golpismo midiático financiado por entidades ultra-conservadoras, sobretudo norte-americanas, empenhadas em desestabilizar movimentos de esquerda pelo mundo e assumir o controle das fontes de riqueza nos países emergentes.
O enigma das “revoluções coloridas”
Há 15 anos, a Internet vem sendo utilizada como ferramenta de sabotagem por esses grupos. Dentre eles, destacam-se o poderoso National Endowment for Democracy (NED), a United States Agency for International Development (USAID) e inúmeras entidades parceiras, como a Fundação Soros.
O NED, por exemplo, financia várias organizações-satélite, como o World Movement for Democracy, o International Fórum for Democratic Studies e o Reagan-Fascell Fellowship Program, que atuam direta ou indiretamente em todos os continentes.
Grupos ligados ao NED, por exemplo, tiveram comprovada atuação nos episódios políticos que desestabilizaram a coalizão de centro-esquerda na Itália, em 2007 e 2008. Acabaram derrubando o primeiro-ministro Romano Prodi e, em seguida, reconduziram ao poder o magnata Silvio Berlusconi.
A ação envolveu treinamento de jornalistas, divulgação massiva de boatos na Internet, dirigidos sobretudo aos jovens, e distribuição seletiva de caríssimos “estímulos” a senadores de centro.
Mas, afinal, o que é o NED?
Criada em 1983, por iniciativa do presidente estadunidense Ronald Reagan, trata-se oficialmente de uma entidade privada, mas abastecida de forma majoritária por fundos públicos.
Ainda que seus dirigentes a qualifiquem como um centro de incentivo à democracia, trabalha sempre no apoio a movimentos de direita, com forte ênfase no liberalismo, no individualismo, no privatismo e no pressuposto de que os interesses do mercado devem prevalecer sobre os interesses sociais.
Segundo o conceituado escritor e ativista norte-americano Bill Berkowitz, do movimento Working for Change, o objetivo do NED tem sido “desestabilizar movimentos progressistas pelo mundo, principalmente aqueles de viés socialista ou socialista democrático”.
O NED e suas entidades parceiras figuram na origem das chamadas “revoluções coloridas” que se espalharam pelo mundo nesta década. A primeira operação virtual-midiática de grandes proporções foi a chamada Revolução Bulldozer, em 2000, no que ainda restava da Iugoslávia.
O nome do movimento se deve ao ato violento de um certo “Joe” (na verdade, Ljubisav Dokic) que atacou uma emissora de rádio e TV com uma escavadeira. Logo, foi transformado num emblema da sedição.
Na época, especialistas em mobilização de entidades financiadas pelo NED concederam apoio técnico e treinamento intensivo aos membros do Otpor, grupo estudantil se tornaria fundamental na campanha de desestabilização do governo central.
Talvez o melhor exemplo desse trabalho de corrosão política tenha ocorrido em 2003, na Geórgia, na chamada Revolução das Rosas, que culminou com a derrubada do presidente Eduard Shevardnadze.
Novamente, havia uma organização juvenil envolvida na disseminação de boatos, denúncias e incitações, a Kmara (Basta!), além de várias ONGs multinacionais como o Liberty Institute.
A Revolução das Rosas não teria ocorrido sem o apoio das associações ligadas ao bilionário húngaro-americano George Soros. A Foundation for the Defense of Democracies, instituto neoconservador com sede em Washington D.C., revelou que Soros investiu cerca de US$ 42 milhões nas operações para derrubar Shevardnadze.
O roteiro se repetiu em vários outros movimentos, como a Revolução Laranja, na Ucrânia, em 2004, e a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, no ano seguinte.
Levantes dessa natureza ainda têm sido estimulados por esses grupos e seus agentes, que visitam os países-alvo em épocas de crise ou durante processos eleitorais.
Observadores internacionais estimam, por exemplo, que NED e USAID investiram US$ 50 milhões anuais no suporte às entidades que desestabilizaram e derrubaram o governo de Manuel Zelaya, em Honduras.
Nem sempre, porém, as “revoluções“ patrocinadas por essas entidades são coroadas de pleno êxito. É o caso da chamada “Revolução Twitter”, ocorrida na Moldávia, em 2009, e das frequentes operações de terrorismo midiático e virtual desenvolvidas pela oposição venezuelana.
Em todos esses episódios, há um procedimento estratégico que vem sendo seguido pelos grupos de sabotagem. Podemos sintetizá-lo em dez mandamentos operativos:
1. Difunda o ódio. Ele é mais rápido que o amor.
2. Comece pela juventude. Ela está multiconectada e pode ser mais facilmente mobilizada para destruir do que para construir.
3. Perceba que destruir é “divertido”, ao passo que “construir” pode ser cansativo e chato.
4. A veracidade do conteúdo é menos relevante do que o potencial impacto de uma mensagem construída a partir da aparência ou do senso comum.
5. Trabalhe em sintonia com a mídia tradicional, mas simule distanciamento dos partidos tradicionais.
6. Utilize âncoras “morais” para as campanhas. Criminalize diariamente o adversário. Faça-o com vigor e intensidade, de forma a reduzir as chances de defesa.
7. Gere vítimas do oponente. Questões como carga tributária, tráfico de drogas e violência urbana servem para mobilizar e indignar a classe média.
8. Eleja sempre um vilão-referência em cada atividade. Cole nele todos os vícios e defeitos morais possíveis.
9. Utilize referências sensoriais para a campanha. Escolha uma cor ou um objeto que sirva de convergência sígnica para a operação.
10. Trabalhe ativamente para incompatibilizar o político-alvo com os grupos religiosos locais.
Várias dessas agências internacionais de desestabilização enviaram emissários ao Brasil, especialmente a partir do ano passado.
A ação-teste no Brasil foi desencadeada por meio do movimento “Fora Sarney”, organizado pelo movimento denominado “Rir para Não Chorar”, ou simplesmente RPNC.
Os "indignados moralistas" de direita escolheram o político maranhense como alvo, mesmo depois de tolerá-lo durante 45 anos em instâncias decisórias do país.
O líder da vez era um certo Sérgio Morisson, que se dizia consultor de ONGs e “fashionista”. Na época, vivia na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atuando no Comitê de Jovens Executivos.
Na verdade, Sarney serviu apenas como um pretexto de ensaio golpista. O objetivo do grupo era canalizar o ódio da jovem classe média contra o governo Lula.
Distribuíram 50 mil narizes de palhaço, seguindo disciplinadamente a cartilha de simbologia dos movimentos patrocinados pelo NED.
Na verdade, muitos dos “palhacentos” já tinham atuado em outro levante do tipo, o famigerado “Cansei”, que dois anos antes tentara se aproveitar do acidente com o avião da TAM para fomentar uma revolta popular contra o governo federal.
Na presente eleição presidencial brasileira, todo o receituário estratégico e simbólico das revoluções coloridas foi empregado no fortalecimento da candidatura da ex-petista Marina Silva.
A chamada “onda verde”, que impediu a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, foi vigorosamente apoiada por expressivos setores da direita brasileira, inclusive com suporte mal disfarçado de parte da militância oficial do PSDB.
A direita estrangeira e o golpe em curso no Brasil
A principal entidade articuladora da “revolução do ódio” no Brasil é o Instituto Millenium (IM), que dispensa apresentações ao leitor da blogosfera.
O IM tem uma fixação especial por Ayn Rand, uma escritora, roteirista e pseudo-filósofa russa que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos.
Rand defendia fanaticamente o uso de uma suposta razão objetiva, o individualismo, o egoísmo e o capitalismo. Segundo a base de sua “filosofia”, o homem deve viver por amor a si próprio, sem se sacrificar pelos demais e sem deles esperar qualquer solidariedade.
Para os seguidores de Rand, o espírito altruísta cooperativo é visto como fraqueza e como destruidor da energia humana empreendedora.
Rezam pela cartilha de Rand, por exemplo, o articulista de Veja Reinaldo Azevedo e o economista Rodrigo Constantino, membro do Conselho de Fundadores e Curadores do IM, autor de livros barra-pesada como “Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT” e “Egoísmo Racional – o Individualismo de Ayn Rand”.
O conselho editorial do instituto é liderado por Eurípedes Alcântara, diretor da revista Veja, tão conhecido pela barriguda matéria do Boimate (o anúncio da fusão genética do boi com o tomate) quanto por sua devoção fanática pelos Estados Unidos e pelo neoliberalismo radical.
Participante ativo de programas de entidades financiadas pelo NED, Alcântara frequenta simpósios e atividades de treinamento destinadas a impor na América Latina o pensamento da direita corporativa norte-americana.
A Internet ainda exibe uma conversa tão estranha quando reveladora entre o executivo da Editora Abril e Donald “Tamiflu” Rumsfeld, ex-secretário do Departamento de Defesa dos EUA. Segue aqui uma fala entusiasmada do entrevistador.
QUESTION (Alcântara): Yeah, that would be my pleasure. I have been watching close your role in the United States and I must say that I admire you. You are so firm since the beginning. When they said they were going there for the oil and then they said you were going there for your own interests, and then, well, we see democracy spreading throughout the Arab world. This is not a small thing, right?
As relações entre o Millenium e entidades estrangeiras seguem diversas rotas de financiamentos e apadrinhamentos, mas um pouco dessa complexa malha de articulações pode ser visualizada aqui: http://obicho.wordpress.com/2010/03/08/o-anti-foro-de-sao-paulo-e-o-instituto-millenium-afinidades-electivas/
Hoje, os apoiadores estrangeiros do Instituto Millenium e dos partidos da direita brasileira têm um olho ansioso na eleição e outro faminto na compensação exigida. O principal balconista desse negócio é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recentemente, em Foz do Iguaçu (PR), tentou acalmar sua inquieta freguesia.
Caso José Serra vença o pleito em 31 de Outubro, o pagamento prometido está garantido: a entrega do Banco do Brasil, da Petrobrás e de Itaipu aos patrocinadores da “revolução do ódio”. Mais estarrecedor que esse acordo é o silêncio até agora das forças progressistas.
O que falta para se revelar esse segredo ao povo brasileiro?
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O PSDB, o partido neoliberal de José Chirico Serra e Fernando Henrique Cardoso, montou ainda em outubro de 2009 um eficiente sistema capaz de disparar diariamente mais de 152 milhões de e-mails para brasileiros de todas as regiões.
Esse sistema é preferencialmente utilizado para disseminar peças de calúnia e difamação contra Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e qualquer figura pública que ouse tomar partido do projeto da esquerda no Brasil. Funcionando também nas redes sociais, essa é uma das principais frentes da "revolução do ódio" em curso no país.
Até o primeiro turno da eleição presidencial, havia mais de 650 militantes, quase todos bem remunerados, para difundir material venenoso contra o governo federal. Neste segundo turno, essa super tropa de terrorismo virtual, recrutada por Eduardo Graeff, conta com mais de 1.000 militantes.
Esse, no entanto, é apenas um braço do movimento de golpismo midiático financiado por entidades ultra-conservadoras, sobretudo norte-americanas, empenhadas em desestabilizar movimentos de esquerda pelo mundo e assumir o controle das fontes de riqueza nos países emergentes.
O enigma das “revoluções coloridas”
Há 15 anos, a Internet vem sendo utilizada como ferramenta de sabotagem por esses grupos. Dentre eles, destacam-se o poderoso National Endowment for Democracy (NED), a United States Agency for International Development (USAID) e inúmeras entidades parceiras, como a Fundação Soros.
O NED, por exemplo, financia várias organizações-satélite, como o World Movement for Democracy, o International Fórum for Democratic Studies e o Reagan-Fascell Fellowship Program, que atuam direta ou indiretamente em todos os continentes.
Grupos ligados ao NED, por exemplo, tiveram comprovada atuação nos episódios políticos que desestabilizaram a coalizão de centro-esquerda na Itália, em 2007 e 2008. Acabaram derrubando o primeiro-ministro Romano Prodi e, em seguida, reconduziram ao poder o magnata Silvio Berlusconi.
A ação envolveu treinamento de jornalistas, divulgação massiva de boatos na Internet, dirigidos sobretudo aos jovens, e distribuição seletiva de caríssimos “estímulos” a senadores de centro.
Mas, afinal, o que é o NED?
Criada em 1983, por iniciativa do presidente estadunidense Ronald Reagan, trata-se oficialmente de uma entidade privada, mas abastecida de forma majoritária por fundos públicos.
Ainda que seus dirigentes a qualifiquem como um centro de incentivo à democracia, trabalha sempre no apoio a movimentos de direita, com forte ênfase no liberalismo, no individualismo, no privatismo e no pressuposto de que os interesses do mercado devem prevalecer sobre os interesses sociais.
Segundo o conceituado escritor e ativista norte-americano Bill Berkowitz, do movimento Working for Change, o objetivo do NED tem sido “desestabilizar movimentos progressistas pelo mundo, principalmente aqueles de viés socialista ou socialista democrático”.
O NED e suas entidades parceiras figuram na origem das chamadas “revoluções coloridas” que se espalharam pelo mundo nesta década. A primeira operação virtual-midiática de grandes proporções foi a chamada Revolução Bulldozer, em 2000, no que ainda restava da Iugoslávia.
O nome do movimento se deve ao ato violento de um certo “Joe” (na verdade, Ljubisav Dokic) que atacou uma emissora de rádio e TV com uma escavadeira. Logo, foi transformado num emblema da sedição.
Na época, especialistas em mobilização de entidades financiadas pelo NED concederam apoio técnico e treinamento intensivo aos membros do Otpor, grupo estudantil se tornaria fundamental na campanha de desestabilização do governo central.
Talvez o melhor exemplo desse trabalho de corrosão política tenha ocorrido em 2003, na Geórgia, na chamada Revolução das Rosas, que culminou com a derrubada do presidente Eduard Shevardnadze.
Novamente, havia uma organização juvenil envolvida na disseminação de boatos, denúncias e incitações, a Kmara (Basta!), além de várias ONGs multinacionais como o Liberty Institute.
A Revolução das Rosas não teria ocorrido sem o apoio das associações ligadas ao bilionário húngaro-americano George Soros. A Foundation for the Defense of Democracies, instituto neoconservador com sede em Washington D.C., revelou que Soros investiu cerca de US$ 42 milhões nas operações para derrubar Shevardnadze.
O roteiro se repetiu em vários outros movimentos, como a Revolução Laranja, na Ucrânia, em 2004, e a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, no ano seguinte.
Levantes dessa natureza ainda têm sido estimulados por esses grupos e seus agentes, que visitam os países-alvo em épocas de crise ou durante processos eleitorais.
Observadores internacionais estimam, por exemplo, que NED e USAID investiram US$ 50 milhões anuais no suporte às entidades que desestabilizaram e derrubaram o governo de Manuel Zelaya, em Honduras.
Nem sempre, porém, as “revoluções“ patrocinadas por essas entidades são coroadas de pleno êxito. É o caso da chamada “Revolução Twitter”, ocorrida na Moldávia, em 2009, e das frequentes operações de terrorismo midiático e virtual desenvolvidas pela oposição venezuelana.
Em todos esses episódios, há um procedimento estratégico que vem sendo seguido pelos grupos de sabotagem. Podemos sintetizá-lo em dez mandamentos operativos:
1. Difunda o ódio. Ele é mais rápido que o amor.
2. Comece pela juventude. Ela está multiconectada e pode ser mais facilmente mobilizada para destruir do que para construir.
3. Perceba que destruir é “divertido”, ao passo que “construir” pode ser cansativo e chato.
4. A veracidade do conteúdo é menos relevante do que o potencial impacto de uma mensagem construída a partir da aparência ou do senso comum.
5. Trabalhe em sintonia com a mídia tradicional, mas simule distanciamento dos partidos tradicionais.
6. Utilize âncoras “morais” para as campanhas. Criminalize diariamente o adversário. Faça-o com vigor e intensidade, de forma a reduzir as chances de defesa.
7. Gere vítimas do oponente. Questões como carga tributária, tráfico de drogas e violência urbana servem para mobilizar e indignar a classe média.
8. Eleja sempre um vilão-referência em cada atividade. Cole nele todos os vícios e defeitos morais possíveis.
9. Utilize referências sensoriais para a campanha. Escolha uma cor ou um objeto que sirva de convergência sígnica para a operação.
10. Trabalhe ativamente para incompatibilizar o político-alvo com os grupos religiosos locais.
Várias dessas agências internacionais de desestabilização enviaram emissários ao Brasil, especialmente a partir do ano passado.
A ação-teste no Brasil foi desencadeada por meio do movimento “Fora Sarney”, organizado pelo movimento denominado “Rir para Não Chorar”, ou simplesmente RPNC.
Os "indignados moralistas" de direita escolheram o político maranhense como alvo, mesmo depois de tolerá-lo durante 45 anos em instâncias decisórias do país.
O líder da vez era um certo Sérgio Morisson, que se dizia consultor de ONGs e “fashionista”. Na época, vivia na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atuando no Comitê de Jovens Executivos.
Na verdade, Sarney serviu apenas como um pretexto de ensaio golpista. O objetivo do grupo era canalizar o ódio da jovem classe média contra o governo Lula.
Distribuíram 50 mil narizes de palhaço, seguindo disciplinadamente a cartilha de simbologia dos movimentos patrocinados pelo NED.
Na verdade, muitos dos “palhacentos” já tinham atuado em outro levante do tipo, o famigerado “Cansei”, que dois anos antes tentara se aproveitar do acidente com o avião da TAM para fomentar uma revolta popular contra o governo federal.
Na presente eleição presidencial brasileira, todo o receituário estratégico e simbólico das revoluções coloridas foi empregado no fortalecimento da candidatura da ex-petista Marina Silva.
A chamada “onda verde”, que impediu a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, foi vigorosamente apoiada por expressivos setores da direita brasileira, inclusive com suporte mal disfarçado de parte da militância oficial do PSDB.
A direita estrangeira e o golpe em curso no Brasil
A principal entidade articuladora da “revolução do ódio” no Brasil é o Instituto Millenium (IM), que dispensa apresentações ao leitor da blogosfera.
O IM tem uma fixação especial por Ayn Rand, uma escritora, roteirista e pseudo-filósofa russa que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos.
Rand defendia fanaticamente o uso de uma suposta razão objetiva, o individualismo, o egoísmo e o capitalismo. Segundo a base de sua “filosofia”, o homem deve viver por amor a si próprio, sem se sacrificar pelos demais e sem deles esperar qualquer solidariedade.
Para os seguidores de Rand, o espírito altruísta cooperativo é visto como fraqueza e como destruidor da energia humana empreendedora.
Rezam pela cartilha de Rand, por exemplo, o articulista de Veja Reinaldo Azevedo e o economista Rodrigo Constantino, membro do Conselho de Fundadores e Curadores do IM, autor de livros barra-pesada como “Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT” e “Egoísmo Racional – o Individualismo de Ayn Rand”.
O conselho editorial do instituto é liderado por Eurípedes Alcântara, diretor da revista Veja, tão conhecido pela barriguda matéria do Boimate (o anúncio da fusão genética do boi com o tomate) quanto por sua devoção fanática pelos Estados Unidos e pelo neoliberalismo radical.
Participante ativo de programas de entidades financiadas pelo NED, Alcântara frequenta simpósios e atividades de treinamento destinadas a impor na América Latina o pensamento da direita corporativa norte-americana.
A Internet ainda exibe uma conversa tão estranha quando reveladora entre o executivo da Editora Abril e Donald “Tamiflu” Rumsfeld, ex-secretário do Departamento de Defesa dos EUA. Segue aqui uma fala entusiasmada do entrevistador.
QUESTION (Alcântara): Yeah, that would be my pleasure. I have been watching close your role in the United States and I must say that I admire you. You are so firm since the beginning. When they said they were going there for the oil and then they said you were going there for your own interests, and then, well, we see democracy spreading throughout the Arab world. This is not a small thing, right?
As relações entre o Millenium e entidades estrangeiras seguem diversas rotas de financiamentos e apadrinhamentos, mas um pouco dessa complexa malha de articulações pode ser visualizada aqui: http://obicho.wordpress.com/2010/03/08/o-anti-foro-de-sao-paulo-e-o-instituto-millenium-afinidades-electivas/
Hoje, os apoiadores estrangeiros do Instituto Millenium e dos partidos da direita brasileira têm um olho ansioso na eleição e outro faminto na compensação exigida. O principal balconista desse negócio é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recentemente, em Foz do Iguaçu (PR), tentou acalmar sua inquieta freguesia.
Caso José Serra vença o pleito em 31 de Outubro, o pagamento prometido está garantido: a entrega do Banco do Brasil, da Petrobrás e de Itaipu aos patrocinadores da “revolução do ódio”. Mais estarrecedor que esse acordo é o silêncio até agora das forças progressistas.
O que falta para se revelar esse segredo ao povo brasileiro?
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PNBL, Telebrás e o salto para o futuro
Reproduzo entrevista concedida a Carlos Lopes e Caio Plessman, publicada no jornal Hora do Povo:
A entrevista que hoje publicamos a primeira parte, com o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, foi realizada pelo cineasta Caio Plessman e pelo diretor de redação da Hora do Povo, Carlos Lopes. Não temos dúvida em afirmar que trata-se de uma das mais lúcidas – e, antes de tudo, profundas, bem fundamentadas – entrevistas que já publicamos. Seu tema, evidentemente, é um dos maiores avanços estratégicos do governo Lula, somente comparável, desse ponto de vista, ao novo modelo para a exploração petrolífera do pré-sal: o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e a consequente - e necessária- reativação da Telebrás.
No momento em que existe candidato tucano que tem o desplante de propalar que a privatização das telecomunicações foi um sucesso espetacular, a entrevista de Santanna é especialmente oportuna. Pois nada mostra com tanta clareza o fracasso da entrega das empresas de telecomunicações a um monopólio, em boa parte externo, do que a necessidade de reativar a Telebrás para alcançar a universalização da banda larga – da Internet, da telefonia sobre IP e da TV digital. Nada demonstra de forma tão cristalina o caráter predatório daquela privatização, do que a incapacidade e a falta completa de vontade das teles privatizadas de efetuar essa universalização, concentrando-se nas faixas mais ricas da população, oferecendo um serviço de péssima qualidade, a preços extorsivos. Com isso, lançaram-nos no atraso. Na verdade, as teles, por várias razões que o leitor poderá perceber, são um obstáculo à universalização, que só começa a ser superado com a atuação pública da Telebrás.
Rogério Santanna – ele não diria isso, mas é fato, e é nossa opinião - foi o principal idealizador do PNBL. Como ele mesmo ressalta, não foi o único, e sem a participação coletiva de outros no governo Lula – em especial a então ministra Dilma Rousseff e o próprio presidente da República – não se teria chegado à sua consecução. Nascido em Porto Alegre, engenheiro de software, Rogério Santanna dos Santos, entre outros cargos, foi presidente da Procempa, empresa de processamento de dados da Prefeitura de Porto Alegre e secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Para a nova Telebrás, não temos dúvida de que é a pessoa certa no lugar certo.
Por que foi necessário reativar a Telebrás para fazer o Plano Nacional de Banda Larga?
Se olharmos os dados do Brasil, veremos que 90%, 95% dos acessos de Internet vendidos no país estão na mão de cinco empresas, sendo que 85% na mão de três – a Telefónica, a Oi e a Net/Embratel. Se colocarmos a GVT e a CTBC, chegamos a 94,6%, praticamente 95% dos acessos vendidos no Brasil.
No entanto, na Anatel, até junho deste ano, existiam 2.026 provedores registrados. Só que eles não conseguem vender. Por que eles não vendem? Porque não conseguem comprar linhas de transporte a preço barato. O provedor precisa comprar da operadora a linha industrial, a chamada EILD (Exploração Industrial de Linhas Dedicadas), a exploração de linha de transporte industrial. Mas os provedores não conseguem comprar essa linha a um preço competitivo para vender o acesso ao usuário a um preço aceitável.
O que é mais comum, e o que eu ouço de centenas de provedores com que tenho conversado, é que o provedor entra numa cidadezinha que ninguém quer, vai lá, consegue uma linha industrial por um preço alto - e começa a vender para os seus usuários. À medida que vende sua capacidade, ele volta lá na operadora - e a operadora cobra mais caro ainda pela linha industrial. Ainda assim, ele consegue começar a vender. Porém, depois que ele chega numa certa massa crítica de acessos, a operadora entra naquela cidade vendendo muito mais barato – e retira o provedor do negócio. Ele não consegue comprar mais capacidade, porque a operadora não vende. E não é só o pequeno provedor, isso acontece até com empresas grandes como a Copel, que entrou vendendo com os preços de mercado que nós estamos nos propondo a vender e não está conseguindo comprar saída para Internet, porque as operadoras não vendem para ela.
O que fizeram os outros países do mundo quando se depararam com esse problema? Vejamos o caso da Inglaterra, que aqui é considerado o paradigma da privatização. A Inglaterra fez o seguinte: quem vende no varejo, não vende no atacado. Separou a infraestrutura toda, criou uma empresa nova, a Open Reach, e deu a essa empresa a capacidade de vender só o acesso industrial. Quem está no atacado, não está no varejo. E a Open Reach tem transparência, você compra tudo pelo site, não precisa ligar para ninguém.
A Austrália fez uma coisa parecida com o que nós estamos fazendo. O caso deles é até pior do que o nosso. Eu estive na Austrália, conversei com o departamento de banda larga australiano e eles contaram que lá o monopólio é de 95% dos acessos na mão de uma única empresa, a Telstra, que vende a preços mais exorbitantes ainda do que aqueles praticados aqui.
O que fez a Austrália? Pegou suas linhas de transmissão de energia elétrica e fez um plano próprio. Primeiro, fez uma chamada para ver se alguém no mercado se interessava. Não apareceu ninguém. Então, o país criou uma empresa pública e regras para que ninguém volte a controlar 95% do negócio.
Vários países concluíram que esse negócio de “monopólio natural” não dava certo. Quem tem as linhas de transporte acaba eliminando os outros.
As operadoras vão ficar com esse discursinho de que Estado não funciona, empresa pública não funciona - uma discussão maluca, porque o que interessa mesmo é se a empresa é bem ou mal administrada. Veja-se o caso da Petrobrás, hoje a segunda do mundo. É uma empresa pública. E há empresas privadas mal administradas. As campeãs de reclamações são as teles, que conseguiram superar os bancos e os cartões de crédito, que há anos eram imbatíveis.
Por que não se pensou, no Brasil, em separar a venda no atacado da venda no varejo?
Há alguns anos, quando Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Ziller eram conselheiros da Anatel, tentaram aprovar a separação estrutural que fizeram os ingleses. O Plínio esteve na Inglaterra, estudou o caso e propôs que se fizesse algo semelhante aqui. Mas, apesar do seu esforço e do Ziller, a separação estrutural foi derrotada na Anatel por 3 votos contra e 2 a favor.
No fim de 2003, comecei a estudar a questão de utilizar a rede de fibras ópticas do governo. Inicialmente, propus só um backbone [“espinha dorsal” de um sistema de transmissão de dados] para atender ao governo. Depois, essa discussão foi aumentando e participaram do debate o Cezar Alvarez [coordenador dos programas de inclusão digital do governo], a Dilma e outros.
Vislumbramos, então, a seguinte proposta: ao invés de insistir na separação estrutural que tinha sido derrotada na Anatel, que aproveitássemos essa rede para fazer uma rede de nova geração. Em lugar de carregar o passado, o cabo de cobre, todas as tecnologias antigas, nós podíamos usar essa infraestrutura para criar uma rede independente – deixar as teles com a rede delas e criar uma rede neutra, pública. A partir de uma tecnologia mais nova, mais barata, gerar essa rede neutra e vender serviços só no atacado.
Por que usar uma infraestrutura que já existia para criar uma rede com nova tecnologia?
Nos ocorreu fazer o que a Coreia [do Sul] fez. Pegar um problema do país, que era massificar a banda larga, e fazê-lo usando a infraestrutura que nós dispúnhamos, que estava ociosa. É uma espécie de custo “afundado”, um dinheiro que nós já gastamos. Eu sempre usava o exemplo daquele jantar e da champanhe que você guardou para receber a namorada na sexta a noite e ela ligou dizendo que não podia ir - você ficou com o jantar, não tem jeito, você tem que comer, não vai deixar estragar, vai beber a champanhe. É o chamado custo “afundado”. Nós temos um custo “afundado” altíssimo, de 21 mil quilômetros de fibras ópticas, que praticamente estão ociosas ou subutilizadas. Hoje já são 21 mil e chegarão a 30 mil, 31 mil quilômetros – 30.803 km, para ser mais preciso. E isso é só o que está sob total governabilidade federal. Tem as estaduais, que não estão incluídas ainda.
Como isso poderá contribuir para o desenvolvimento nacional na própria área de telecomunicações?
A ideia era usar essa infraestrutura de fibras ópticas ociosa para introduzir uma rede neutra mais moderna - e fazer isso promovendo o desenvolvimento da indústria nacional, como fez a Coreia. Vamos resolver o nosso problema, mas não só com as empresas chinesas, americanas, europeias ou coreanas. Vamos fazer o máximo que nós pudermos fazer com a indústria nacional. Há empresas competitivas, como no caso dos rádios enlaces - empresas produtoras de enlaces de microondas - e empresas fabricantes da tecnologia de DWDM para iluminação da fibra óptica.
O senhor está se referindo a empresas de capital nacional?
Sim. E com tecnologia gerada no Brasil. Existem 13 empresas. Eram 60 na época da privatização das telecomunicações, sobraram 13 empresas. Por exemplo, os roteadores de borda – há empresas brasileiras que fabricam. No meu Estado, o Rio Grande do Sul, há três. Há três em São Paulo, algumas no Paraná, outras em Minas, em todo o Brasil. Algumas dessas empresas, nós podemos fazer com que ganhem uma escala maior, como fez a China, que, a partir de duas, fez empresas que agora estão quebrando as multinacionais de porte nessa área.
No Brasil, fizeram uma coisa que nos matou - destruíram as indústrias de componentes. Nós tínhamos fabricação de componentes. Os coreanos continuaram a fabricação de componentes e nós saímos do negócio.
Em verdade, nessa questão há muito mais do que a banda larga. Banda larga é a pequena coisa para fazer uma mudança radical do futuro das plataformas. Nós podemos dar um salto, em vez de ficar brigando com as teles sobre redes de cabo de cobre. Vamos fazer uma rede nova e saltar lá na frente. Podemos juntar gente e começar a pensar sobre que modelo fazer. O que mais atacaram na mudança do estatuto da Telebrás foi a única coisa que nós não mudamos, que é a possibilidade da Telebrás ser sócia minoritária, no Brasil e no exterior, ou majoritária, como ela quiser, de empreendimentos nessa área de tecnologia.
Quem não produz tecnologia nessa área é refém do resto. Temos que começar a produzir, não ser copiador. Fazer o que os chineses fizeram. Começaram copiando, mas a Huawei, no ano passado, registrou 1.880 patentes, dez vezes mais do que a Apple, que registrou 180 patentes. Os chineses investiram nesse negócio e quebraram várias empresas tradicionais, que não aguentaram a concorrência deles em inovações, aplicações.
Mas, quanto à banda larga, houve um último questionamento à nossa ideia: o custo maior é a “última milha” [a chegada da Internet à casa do usuário].
Realmente é verdade que o custo maior localiza-se na “última milha”?
Sim, é verdade, mas esse não é o problema. A “última milha” sempre foi tida pelas operadoras como um diferencial de controle do mercado. Como era muito difícil levar um cabinho de cobre na casa de cada um, as operadoras, em cima dessa vantagem de terreno, ficaram tranquilas, dizendo: aqui ninguém entra. É muito difícil fazer uma rede encabeada do porte que elas têm. Só que a vida lhes foi cruel, porque desenvolveram-se as tecnologias sem fios, que trouxeram também mobilidade. Se antigamente era importante você ter a banda larga na sua casa, agora mais importante é ter a banda larga junto com você. Com o acesso sem fio, você se desloca e leva sua banda larga. Para quem trabalha, para boa parte das aplicações, isso é uma vantagem até mais importante do que tê-la em casa. Com o desenvolvimento da tecnologia sem fio, aquele diferencial competitivo de deter a “última milha”, que era praticamente imbatível, diminuiu significativamente. E com a melhoria das tecnologias de compressão e transmissão de dados, as limitações que essa tecnologia tinha, de transportar larguras de bandas mais baixas, estão desaparecendo.
A esse argumento de que a “última milha” é cara, nós dissemos: não precisamos fazer a “última milha”, porque os pequenos provedores associados podem fazê-la, e nós vamos gerar milhares de oportunidades de negócios que hoje são reprimidos, porque há uma contradição nas operadoras.
Contradição nas operadoras?
As operadoras enxergam o mercado assim: “voz - um mercado que ainda vamos perder, que bom que não seja agora”.
No Japão, onde a banda larga tem penetração cinco vezes maior que a nossa e o preço é cinco vezes menor, o mercado de voz é 30% e o de dados é 70%. No Brasil, o mercado de voz é 90% e o de dados é 10%. No mercado de dados, a rentabilidade não é tão alta como no mercado de voz. Então, reduzir o mercado de voz a 30% significa sair de R$ 150 milhões para um mercado de R$ 50 milhões.
Por isso, as teles, embora façam o discurso do “nós faremos [a universalização da banda larga]”, não vão realizá-la, porque não vão canibalizar o seu próprio negócio. Só quando alguém começar a tirar os clientes delas - de livre e espontânea vontade elas não vão fazer.
O que estão tentando? No fundo, querem que a regulação proteja a indústria deles da concorrência.
Não é que elas não dominem as tecnologias que permitem preços mais baixos. Por exemplo, em Voz sobre IP [VoIP - telefonia via Internet], com a mesma capacidade de banda, podemos passar cinco vezes mais, porque o silêncio não é mais transmitido. Todas as operadoras já transformaram a sua rede numa rede VoIP, só que não deram nenhuma vantagem para o usuário final. Apenas aumentaram sua margem de lucro e se apropriaram de toda a margem. Os ganhos com a tecnologia, elas usaram só para si mesmas, tanto que as operadoras brasileiras são bastante rentáveis - 50% do lucro da Telefónica vem do Brasil. As margens de rentabilidade são altíssimas, porque o nosso preço é um dos mais altos do mundo. Entre 77 países, o nosso é o mais caro - em tudo, telefone celular, banda larga. A nossa conta média é US$ 28 nas duas coisas, quando a média no mercado internacional é em torno de US$ 10, na Índia é US$ 5 e na China é menos que isso.
A conta média no Brasil é quase três vezes a média internacional?
Isso é um dado de um estudo da Nokia, realizado em 77 países sobre o telefone celular - e há um estudo similar que mostra que essa situação se repete também na banda larga. As operadoras reclamam: mas o imposto é 43%! Se tirar o imposto, vira 16 dólares. Os outros países têm 17% de imposto. Se tirar o imposto, teríamos 8 dólares. Portanto, mesmo sem o imposto, o preço continuaria o dobro da média internacional. E não estamos comparando com as concorrentes delas, como a Índia, a China e a África do Sul. O preço daqui é 2,7 vezes mais caro que na Rússia e 2,5 vezes o preço do México. A banda larga, aqui, é uma banda caríssima.
[Continua na próxima edição].
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A entrevista que hoje publicamos a primeira parte, com o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, foi realizada pelo cineasta Caio Plessman e pelo diretor de redação da Hora do Povo, Carlos Lopes. Não temos dúvida em afirmar que trata-se de uma das mais lúcidas – e, antes de tudo, profundas, bem fundamentadas – entrevistas que já publicamos. Seu tema, evidentemente, é um dos maiores avanços estratégicos do governo Lula, somente comparável, desse ponto de vista, ao novo modelo para a exploração petrolífera do pré-sal: o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e a consequente - e necessária- reativação da Telebrás.
No momento em que existe candidato tucano que tem o desplante de propalar que a privatização das telecomunicações foi um sucesso espetacular, a entrevista de Santanna é especialmente oportuna. Pois nada mostra com tanta clareza o fracasso da entrega das empresas de telecomunicações a um monopólio, em boa parte externo, do que a necessidade de reativar a Telebrás para alcançar a universalização da banda larga – da Internet, da telefonia sobre IP e da TV digital. Nada demonstra de forma tão cristalina o caráter predatório daquela privatização, do que a incapacidade e a falta completa de vontade das teles privatizadas de efetuar essa universalização, concentrando-se nas faixas mais ricas da população, oferecendo um serviço de péssima qualidade, a preços extorsivos. Com isso, lançaram-nos no atraso. Na verdade, as teles, por várias razões que o leitor poderá perceber, são um obstáculo à universalização, que só começa a ser superado com a atuação pública da Telebrás.
Rogério Santanna – ele não diria isso, mas é fato, e é nossa opinião - foi o principal idealizador do PNBL. Como ele mesmo ressalta, não foi o único, e sem a participação coletiva de outros no governo Lula – em especial a então ministra Dilma Rousseff e o próprio presidente da República – não se teria chegado à sua consecução. Nascido em Porto Alegre, engenheiro de software, Rogério Santanna dos Santos, entre outros cargos, foi presidente da Procempa, empresa de processamento de dados da Prefeitura de Porto Alegre e secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Para a nova Telebrás, não temos dúvida de que é a pessoa certa no lugar certo.
Por que foi necessário reativar a Telebrás para fazer o Plano Nacional de Banda Larga?
Se olharmos os dados do Brasil, veremos que 90%, 95% dos acessos de Internet vendidos no país estão na mão de cinco empresas, sendo que 85% na mão de três – a Telefónica, a Oi e a Net/Embratel. Se colocarmos a GVT e a CTBC, chegamos a 94,6%, praticamente 95% dos acessos vendidos no Brasil.
No entanto, na Anatel, até junho deste ano, existiam 2.026 provedores registrados. Só que eles não conseguem vender. Por que eles não vendem? Porque não conseguem comprar linhas de transporte a preço barato. O provedor precisa comprar da operadora a linha industrial, a chamada EILD (Exploração Industrial de Linhas Dedicadas), a exploração de linha de transporte industrial. Mas os provedores não conseguem comprar essa linha a um preço competitivo para vender o acesso ao usuário a um preço aceitável.
O que é mais comum, e o que eu ouço de centenas de provedores com que tenho conversado, é que o provedor entra numa cidadezinha que ninguém quer, vai lá, consegue uma linha industrial por um preço alto - e começa a vender para os seus usuários. À medida que vende sua capacidade, ele volta lá na operadora - e a operadora cobra mais caro ainda pela linha industrial. Ainda assim, ele consegue começar a vender. Porém, depois que ele chega numa certa massa crítica de acessos, a operadora entra naquela cidade vendendo muito mais barato – e retira o provedor do negócio. Ele não consegue comprar mais capacidade, porque a operadora não vende. E não é só o pequeno provedor, isso acontece até com empresas grandes como a Copel, que entrou vendendo com os preços de mercado que nós estamos nos propondo a vender e não está conseguindo comprar saída para Internet, porque as operadoras não vendem para ela.
O que fizeram os outros países do mundo quando se depararam com esse problema? Vejamos o caso da Inglaterra, que aqui é considerado o paradigma da privatização. A Inglaterra fez o seguinte: quem vende no varejo, não vende no atacado. Separou a infraestrutura toda, criou uma empresa nova, a Open Reach, e deu a essa empresa a capacidade de vender só o acesso industrial. Quem está no atacado, não está no varejo. E a Open Reach tem transparência, você compra tudo pelo site, não precisa ligar para ninguém.
A Austrália fez uma coisa parecida com o que nós estamos fazendo. O caso deles é até pior do que o nosso. Eu estive na Austrália, conversei com o departamento de banda larga australiano e eles contaram que lá o monopólio é de 95% dos acessos na mão de uma única empresa, a Telstra, que vende a preços mais exorbitantes ainda do que aqueles praticados aqui.
O que fez a Austrália? Pegou suas linhas de transmissão de energia elétrica e fez um plano próprio. Primeiro, fez uma chamada para ver se alguém no mercado se interessava. Não apareceu ninguém. Então, o país criou uma empresa pública e regras para que ninguém volte a controlar 95% do negócio.
Vários países concluíram que esse negócio de “monopólio natural” não dava certo. Quem tem as linhas de transporte acaba eliminando os outros.
As operadoras vão ficar com esse discursinho de que Estado não funciona, empresa pública não funciona - uma discussão maluca, porque o que interessa mesmo é se a empresa é bem ou mal administrada. Veja-se o caso da Petrobrás, hoje a segunda do mundo. É uma empresa pública. E há empresas privadas mal administradas. As campeãs de reclamações são as teles, que conseguiram superar os bancos e os cartões de crédito, que há anos eram imbatíveis.
Por que não se pensou, no Brasil, em separar a venda no atacado da venda no varejo?
Há alguns anos, quando Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Ziller eram conselheiros da Anatel, tentaram aprovar a separação estrutural que fizeram os ingleses. O Plínio esteve na Inglaterra, estudou o caso e propôs que se fizesse algo semelhante aqui. Mas, apesar do seu esforço e do Ziller, a separação estrutural foi derrotada na Anatel por 3 votos contra e 2 a favor.
No fim de 2003, comecei a estudar a questão de utilizar a rede de fibras ópticas do governo. Inicialmente, propus só um backbone [“espinha dorsal” de um sistema de transmissão de dados] para atender ao governo. Depois, essa discussão foi aumentando e participaram do debate o Cezar Alvarez [coordenador dos programas de inclusão digital do governo], a Dilma e outros.
Vislumbramos, então, a seguinte proposta: ao invés de insistir na separação estrutural que tinha sido derrotada na Anatel, que aproveitássemos essa rede para fazer uma rede de nova geração. Em lugar de carregar o passado, o cabo de cobre, todas as tecnologias antigas, nós podíamos usar essa infraestrutura para criar uma rede independente – deixar as teles com a rede delas e criar uma rede neutra, pública. A partir de uma tecnologia mais nova, mais barata, gerar essa rede neutra e vender serviços só no atacado.
Por que usar uma infraestrutura que já existia para criar uma rede com nova tecnologia?
Nos ocorreu fazer o que a Coreia [do Sul] fez. Pegar um problema do país, que era massificar a banda larga, e fazê-lo usando a infraestrutura que nós dispúnhamos, que estava ociosa. É uma espécie de custo “afundado”, um dinheiro que nós já gastamos. Eu sempre usava o exemplo daquele jantar e da champanhe que você guardou para receber a namorada na sexta a noite e ela ligou dizendo que não podia ir - você ficou com o jantar, não tem jeito, você tem que comer, não vai deixar estragar, vai beber a champanhe. É o chamado custo “afundado”. Nós temos um custo “afundado” altíssimo, de 21 mil quilômetros de fibras ópticas, que praticamente estão ociosas ou subutilizadas. Hoje já são 21 mil e chegarão a 30 mil, 31 mil quilômetros – 30.803 km, para ser mais preciso. E isso é só o que está sob total governabilidade federal. Tem as estaduais, que não estão incluídas ainda.
Como isso poderá contribuir para o desenvolvimento nacional na própria área de telecomunicações?
A ideia era usar essa infraestrutura de fibras ópticas ociosa para introduzir uma rede neutra mais moderna - e fazer isso promovendo o desenvolvimento da indústria nacional, como fez a Coreia. Vamos resolver o nosso problema, mas não só com as empresas chinesas, americanas, europeias ou coreanas. Vamos fazer o máximo que nós pudermos fazer com a indústria nacional. Há empresas competitivas, como no caso dos rádios enlaces - empresas produtoras de enlaces de microondas - e empresas fabricantes da tecnologia de DWDM para iluminação da fibra óptica.
O senhor está se referindo a empresas de capital nacional?
Sim. E com tecnologia gerada no Brasil. Existem 13 empresas. Eram 60 na época da privatização das telecomunicações, sobraram 13 empresas. Por exemplo, os roteadores de borda – há empresas brasileiras que fabricam. No meu Estado, o Rio Grande do Sul, há três. Há três em São Paulo, algumas no Paraná, outras em Minas, em todo o Brasil. Algumas dessas empresas, nós podemos fazer com que ganhem uma escala maior, como fez a China, que, a partir de duas, fez empresas que agora estão quebrando as multinacionais de porte nessa área.
No Brasil, fizeram uma coisa que nos matou - destruíram as indústrias de componentes. Nós tínhamos fabricação de componentes. Os coreanos continuaram a fabricação de componentes e nós saímos do negócio.
Em verdade, nessa questão há muito mais do que a banda larga. Banda larga é a pequena coisa para fazer uma mudança radical do futuro das plataformas. Nós podemos dar um salto, em vez de ficar brigando com as teles sobre redes de cabo de cobre. Vamos fazer uma rede nova e saltar lá na frente. Podemos juntar gente e começar a pensar sobre que modelo fazer. O que mais atacaram na mudança do estatuto da Telebrás foi a única coisa que nós não mudamos, que é a possibilidade da Telebrás ser sócia minoritária, no Brasil e no exterior, ou majoritária, como ela quiser, de empreendimentos nessa área de tecnologia.
Quem não produz tecnologia nessa área é refém do resto. Temos que começar a produzir, não ser copiador. Fazer o que os chineses fizeram. Começaram copiando, mas a Huawei, no ano passado, registrou 1.880 patentes, dez vezes mais do que a Apple, que registrou 180 patentes. Os chineses investiram nesse negócio e quebraram várias empresas tradicionais, que não aguentaram a concorrência deles em inovações, aplicações.
Mas, quanto à banda larga, houve um último questionamento à nossa ideia: o custo maior é a “última milha” [a chegada da Internet à casa do usuário].
Realmente é verdade que o custo maior localiza-se na “última milha”?
Sim, é verdade, mas esse não é o problema. A “última milha” sempre foi tida pelas operadoras como um diferencial de controle do mercado. Como era muito difícil levar um cabinho de cobre na casa de cada um, as operadoras, em cima dessa vantagem de terreno, ficaram tranquilas, dizendo: aqui ninguém entra. É muito difícil fazer uma rede encabeada do porte que elas têm. Só que a vida lhes foi cruel, porque desenvolveram-se as tecnologias sem fios, que trouxeram também mobilidade. Se antigamente era importante você ter a banda larga na sua casa, agora mais importante é ter a banda larga junto com você. Com o acesso sem fio, você se desloca e leva sua banda larga. Para quem trabalha, para boa parte das aplicações, isso é uma vantagem até mais importante do que tê-la em casa. Com o desenvolvimento da tecnologia sem fio, aquele diferencial competitivo de deter a “última milha”, que era praticamente imbatível, diminuiu significativamente. E com a melhoria das tecnologias de compressão e transmissão de dados, as limitações que essa tecnologia tinha, de transportar larguras de bandas mais baixas, estão desaparecendo.
A esse argumento de que a “última milha” é cara, nós dissemos: não precisamos fazer a “última milha”, porque os pequenos provedores associados podem fazê-la, e nós vamos gerar milhares de oportunidades de negócios que hoje são reprimidos, porque há uma contradição nas operadoras.
Contradição nas operadoras?
As operadoras enxergam o mercado assim: “voz - um mercado que ainda vamos perder, que bom que não seja agora”.
No Japão, onde a banda larga tem penetração cinco vezes maior que a nossa e o preço é cinco vezes menor, o mercado de voz é 30% e o de dados é 70%. No Brasil, o mercado de voz é 90% e o de dados é 10%. No mercado de dados, a rentabilidade não é tão alta como no mercado de voz. Então, reduzir o mercado de voz a 30% significa sair de R$ 150 milhões para um mercado de R$ 50 milhões.
Por isso, as teles, embora façam o discurso do “nós faremos [a universalização da banda larga]”, não vão realizá-la, porque não vão canibalizar o seu próprio negócio. Só quando alguém começar a tirar os clientes delas - de livre e espontânea vontade elas não vão fazer.
O que estão tentando? No fundo, querem que a regulação proteja a indústria deles da concorrência.
Não é que elas não dominem as tecnologias que permitem preços mais baixos. Por exemplo, em Voz sobre IP [VoIP - telefonia via Internet], com a mesma capacidade de banda, podemos passar cinco vezes mais, porque o silêncio não é mais transmitido. Todas as operadoras já transformaram a sua rede numa rede VoIP, só que não deram nenhuma vantagem para o usuário final. Apenas aumentaram sua margem de lucro e se apropriaram de toda a margem. Os ganhos com a tecnologia, elas usaram só para si mesmas, tanto que as operadoras brasileiras são bastante rentáveis - 50% do lucro da Telefónica vem do Brasil. As margens de rentabilidade são altíssimas, porque o nosso preço é um dos mais altos do mundo. Entre 77 países, o nosso é o mais caro - em tudo, telefone celular, banda larga. A nossa conta média é US$ 28 nas duas coisas, quando a média no mercado internacional é em torno de US$ 10, na Índia é US$ 5 e na China é menos que isso.
A conta média no Brasil é quase três vezes a média internacional?
Isso é um dado de um estudo da Nokia, realizado em 77 países sobre o telefone celular - e há um estudo similar que mostra que essa situação se repete também na banda larga. As operadoras reclamam: mas o imposto é 43%! Se tirar o imposto, vira 16 dólares. Os outros países têm 17% de imposto. Se tirar o imposto, teríamos 8 dólares. Portanto, mesmo sem o imposto, o preço continuaria o dobro da média internacional. E não estamos comparando com as concorrentes delas, como a Índia, a China e a África do Sul. O preço daqui é 2,7 vezes mais caro que na Rússia e 2,5 vezes o preço do México. A banda larga, aqui, é uma banda caríssima.
[Continua na próxima edição].
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O que quer a direita e porque conspira
Reproduzo artigo de Paulo Vinícius, secretário da Juventude Trabalhadora da CTB, publicado no blog Coletivizando:
A capacidade de ter a ofensiva na construção da agenda política é fundamental para o êxito ou o fracasso de qualquer disputa, e mesmo de uma discussão qualquer. Os acontecimentos da última quinzena do segundo turno da eleição de 2010 deixam clara a capacidade e os objetivos da direita em manipular a agenda política. Eleitoras e eleitores de Dilma precisam entender o que está em jogo para assumirem seu papel de liderança nessa vitória do povo.
A elevação do tom da campanha no sentido da agressividade artificial é um factóide do PIG - Partido da Imprensa Golpista, em estreita colaboração com a campanha tucana. É assustadora a sua inconformidade com a maioria da opinião dos brasileiros e sua determinação em contrariar a vontade do povo.
Seus objetivos são:
- Ocultar o debate programático e de projeto: A filósofa Marilena Chaui , em brilhante análise, desmascara Serra, que recusa debater o seu projeto neoliberal para o país. É disso, e não das bolinhas de papel, que Serra foge como da cruz. Por que? Porque os tucanos e os demos representam o interesse antinacional, ora!
Por isso a baixaria a eles interessa, tanto quanto nos interessa a mobilização. Como corretamente pontuou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo: "A luta deve ser decidida no terreno político, com explicação nítida e comparativa de projetos e denúncias perante o povo do jogo sujo perpetrado pela oposição e a elite conservadora desesperada. Portanto, é na luta política";
- Criminalizar a ida às ruas da militância no momento decisivo da eleição. Eles sabem que se o povo vai às ruas, o jogo muda de qualidade. Percebam como a mídia pró-Serra teme e vocifera contra a mobilização popular. Exatamente quando o povo vai à defesa de Dilma, essa farsa surge para tentar iludir e constranger a legítima mobilização democrática e cidadã. Assim, um dado claro e normal da democracia, a povo na rua, para as elites é a mais grave ameaça à democracia deles.
- Amedrontar Dilma, inclusive fisicamente, manobra claramente machista. A encenação montada e a atitude temerária e ingênua dos que aceitaram as provocações tucanas, tudo visou a criar um clima que justifique atitudes hostis a Dilma. Observem claramente as sucessivas provocações e os factóides plantados no caminho de Dilma nas atividades públicas. Assim, criam-se preventivamente justificativas para quaisquer provocações e intimidações a Dilma, talvez ainda com ilusões quanto a uma suposta fragilidade. Não sabem quem é a destemida Dilma.
E, de sobra, tentam criar ambiente negativo às verdadeiras celebrações que tem mostrado um reencontro da esquerda brasileira com setores chave da opinião pública e da classe média. É preciso entender isso: vivemos um momento de reunificação de amplos setores de esquerda e progressistas que estavam dispersos mas que se reencontram embandeirados do que significa a candidatura de Dilma Roussef e a frente que a apoia. Vivemos esse reencontro importante, de unir a esquerda, os verdadeiros(as) democratas e patriotas para sepultar o neoliberalismo e fazer dar certo o Brasil!
Uma saída para a desmoralização do PIG, de Serra e da Globo: A bolinha de papel abateu o tucano em pleno vôo de galinha, mas não apenas a ele. Quando ocorre a queda constante da audiência da Globo e da venda de grandes e tradicionais jornais; nessa hora em que o PIG se desmoraliza por sua parcialidade e falta de qualidade jornalística; no alvissareiro momento em que imprensa alternativa se une e avança; é nesses dias em que a Globo pisou na jaca mole - e abriu os dedos, diga-se de passagem.
Ridicularizada pelo SBT, deseperada, a vênus platinada tira o controverso Molina da cartola para validar a tese da bolinha de papel de meio quilo, mas não convence... Pior, perde a condição de atuar na reta finalíssima da campanha. Desmoralizando-se tão cedo, como poderá criar mais factóides que interfiram na cena eleitoral?
Não foram gratuitos os elogios do Jornal da Globo de 22/10/2010 ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que corretamente afirmou orientação à militância do PT para não cair em provocações. Querem uma saída honrosa dessa bola dividida que lhes permita seguir conspirando com poder de fogo.
- Em última instância, melar o processo eleitoral. Sentindo a possibilidade de derrota, não nos iludamos, as forças de direita no Brasil apelarão para melar o processo eleitoral a qualquer preço. Daí a sua ênfase e a do PIG no tema democracia, única e desmoralizada justificativa que ensaiam há tempos. Querem a qualquer custo criar um ambiente de medo e vender a tese em que estaria ameaçada a democracia brasileira. Não é à toa que FHC, que há muito ultrapassou o rubicão de qualquer prurido ético, tem a pachorra de protagonizar, 42 anos depois, uma pálida imitação da miasmática "Marcha de Deus com a Família e pela Liberdade".
Para quem já esqueceu, os tucanos tem tanto apreço pela vontade popular que em setembro já apresentaram pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer, alegando como motivo a quebra do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB, José Serra, que agora sabemos ter sido urdida no interior do próprio PSDB!
Por outro lado, os grandes veículos a que nos referimos com especial carinho (Folha, Estadão, O Globo, a Globo, entre outros), assim como algumas de suas figuras célebres (Alexandre Gracinha, porta-voz do general Figueiredo) têm uma bela folha corrida no que se refere aos valores democráticos. Isso não deixa dúvidas sobre quem verdadeiramente ameaça a democracia. É impressionante a coerência do seu discurso em 1964 e em 2010, vejam.
Isso não é um fato extemporâneo da cena política latinoamericana. É o trajeto natural das oligarquias quando se veem perdendo os seus espaços tradicionais de poder, é sua principal reação à emergências de novos atores sociais e políticos a definir uma cena que era exclusiva sua. Daí o seu crescente desconforto com a amplitude do voto popular no Brasil, a demagógica campanha pelo voto facultativo, a repetição à exaustão de análises que abordam o ideológico conceito de "populismo", tudo para legitimar a tese de que a democracia deve se restringir às amarras clássicas do poder econômico, dos monopólios da mídia, do acordo das elites de sempre. Como lhes dói que suas empregadas domésticas tenham, votando, o mesmo poder deles...
Digo mais: os tucanos e os demos, a direita, não podem perder essa eleição estratégica sem esgrimir para seus apoiadores forâneos que no Brasil haveria riscos à democracia. Na verdade, há a ampliação da democracia, um problema de tal gravidade para os condôminos dos golpes e das ditaduras, caixeiros viajantes das riquezas do Brasil, que eles tem de fazer algo agora, urgente! Não nos iludamos com as manipulações dos imperialistas nessa hora em que está em jogo o futuro do Brasil. Estão em jogo interesses gigantescos que afetam todo o mundo: está em jogo o Pré-Sal, a Amazônia, o novo mapa geopolítico. Eles não podem perder, e a chance é essa.
Por isso, ao tempo em que avancemos como uma onda que a todos abrace, com a militância livre e voluntária, que assume para si a tarefa central de mudar o Brasil elegendo Dilma; na medida em que as iniciativas espontâneas se multiplicam para ganhar a maioria do povo para Dilma; nessa hora em que os projetos se delineiam, precisamos de cabeça fria e coração quente, foco no objetivo.
E isso exige demarcar os projetos para que o povo reconheça sob as mil máscaras de Serra o odor inescapável da decomposição do neoliberalismo, cuja putrefação só poderia ocorrer em abjeta promiscuidade com as forças fascistas.
Como remédio, só mais povo na rua, mais alegria, sem perder o foco, sem aceitar as provocações. Não podemos aceitar as armadilhas da direita que quer melar o jogo democrático. E para o avanço da democracia, como é importante para o Brasil e a América Latina a eleição de Dilma!
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A capacidade de ter a ofensiva na construção da agenda política é fundamental para o êxito ou o fracasso de qualquer disputa, e mesmo de uma discussão qualquer. Os acontecimentos da última quinzena do segundo turno da eleição de 2010 deixam clara a capacidade e os objetivos da direita em manipular a agenda política. Eleitoras e eleitores de Dilma precisam entender o que está em jogo para assumirem seu papel de liderança nessa vitória do povo.
A elevação do tom da campanha no sentido da agressividade artificial é um factóide do PIG - Partido da Imprensa Golpista, em estreita colaboração com a campanha tucana. É assustadora a sua inconformidade com a maioria da opinião dos brasileiros e sua determinação em contrariar a vontade do povo.
Seus objetivos são:
- Ocultar o debate programático e de projeto: A filósofa Marilena Chaui , em brilhante análise, desmascara Serra, que recusa debater o seu projeto neoliberal para o país. É disso, e não das bolinhas de papel, que Serra foge como da cruz. Por que? Porque os tucanos e os demos representam o interesse antinacional, ora!
Por isso a baixaria a eles interessa, tanto quanto nos interessa a mobilização. Como corretamente pontuou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo: "A luta deve ser decidida no terreno político, com explicação nítida e comparativa de projetos e denúncias perante o povo do jogo sujo perpetrado pela oposição e a elite conservadora desesperada. Portanto, é na luta política";
- Criminalizar a ida às ruas da militância no momento decisivo da eleição. Eles sabem que se o povo vai às ruas, o jogo muda de qualidade. Percebam como a mídia pró-Serra teme e vocifera contra a mobilização popular. Exatamente quando o povo vai à defesa de Dilma, essa farsa surge para tentar iludir e constranger a legítima mobilização democrática e cidadã. Assim, um dado claro e normal da democracia, a povo na rua, para as elites é a mais grave ameaça à democracia deles.
- Amedrontar Dilma, inclusive fisicamente, manobra claramente machista. A encenação montada e a atitude temerária e ingênua dos que aceitaram as provocações tucanas, tudo visou a criar um clima que justifique atitudes hostis a Dilma. Observem claramente as sucessivas provocações e os factóides plantados no caminho de Dilma nas atividades públicas. Assim, criam-se preventivamente justificativas para quaisquer provocações e intimidações a Dilma, talvez ainda com ilusões quanto a uma suposta fragilidade. Não sabem quem é a destemida Dilma.
E, de sobra, tentam criar ambiente negativo às verdadeiras celebrações que tem mostrado um reencontro da esquerda brasileira com setores chave da opinião pública e da classe média. É preciso entender isso: vivemos um momento de reunificação de amplos setores de esquerda e progressistas que estavam dispersos mas que se reencontram embandeirados do que significa a candidatura de Dilma Roussef e a frente que a apoia. Vivemos esse reencontro importante, de unir a esquerda, os verdadeiros(as) democratas e patriotas para sepultar o neoliberalismo e fazer dar certo o Brasil!
Uma saída para a desmoralização do PIG, de Serra e da Globo: A bolinha de papel abateu o tucano em pleno vôo de galinha, mas não apenas a ele. Quando ocorre a queda constante da audiência da Globo e da venda de grandes e tradicionais jornais; nessa hora em que o PIG se desmoraliza por sua parcialidade e falta de qualidade jornalística; no alvissareiro momento em que imprensa alternativa se une e avança; é nesses dias em que a Globo pisou na jaca mole - e abriu os dedos, diga-se de passagem.
Ridicularizada pelo SBT, deseperada, a vênus platinada tira o controverso Molina da cartola para validar a tese da bolinha de papel de meio quilo, mas não convence... Pior, perde a condição de atuar na reta finalíssima da campanha. Desmoralizando-se tão cedo, como poderá criar mais factóides que interfiram na cena eleitoral?
Não foram gratuitos os elogios do Jornal da Globo de 22/10/2010 ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, que corretamente afirmou orientação à militância do PT para não cair em provocações. Querem uma saída honrosa dessa bola dividida que lhes permita seguir conspirando com poder de fogo.
- Em última instância, melar o processo eleitoral. Sentindo a possibilidade de derrota, não nos iludamos, as forças de direita no Brasil apelarão para melar o processo eleitoral a qualquer preço. Daí a sua ênfase e a do PIG no tema democracia, única e desmoralizada justificativa que ensaiam há tempos. Querem a qualquer custo criar um ambiente de medo e vender a tese em que estaria ameaçada a democracia brasileira. Não é à toa que FHC, que há muito ultrapassou o rubicão de qualquer prurido ético, tem a pachorra de protagonizar, 42 anos depois, uma pálida imitação da miasmática "Marcha de Deus com a Família e pela Liberdade".
Para quem já esqueceu, os tucanos tem tanto apreço pela vontade popular que em setembro já apresentaram pedido de cassação do registro da candidatura de Dilma Rousseff e Michel Temer, alegando como motivo a quebra do sigilo fiscal da filha do candidato do PSDB, José Serra, que agora sabemos ter sido urdida no interior do próprio PSDB!
Por outro lado, os grandes veículos a que nos referimos com especial carinho (Folha, Estadão, O Globo, a Globo, entre outros), assim como algumas de suas figuras célebres (Alexandre Gracinha, porta-voz do general Figueiredo) têm uma bela folha corrida no que se refere aos valores democráticos. Isso não deixa dúvidas sobre quem verdadeiramente ameaça a democracia. É impressionante a coerência do seu discurso em 1964 e em 2010, vejam.
Isso não é um fato extemporâneo da cena política latinoamericana. É o trajeto natural das oligarquias quando se veem perdendo os seus espaços tradicionais de poder, é sua principal reação à emergências de novos atores sociais e políticos a definir uma cena que era exclusiva sua. Daí o seu crescente desconforto com a amplitude do voto popular no Brasil, a demagógica campanha pelo voto facultativo, a repetição à exaustão de análises que abordam o ideológico conceito de "populismo", tudo para legitimar a tese de que a democracia deve se restringir às amarras clássicas do poder econômico, dos monopólios da mídia, do acordo das elites de sempre. Como lhes dói que suas empregadas domésticas tenham, votando, o mesmo poder deles...
Digo mais: os tucanos e os demos, a direita, não podem perder essa eleição estratégica sem esgrimir para seus apoiadores forâneos que no Brasil haveria riscos à democracia. Na verdade, há a ampliação da democracia, um problema de tal gravidade para os condôminos dos golpes e das ditaduras, caixeiros viajantes das riquezas do Brasil, que eles tem de fazer algo agora, urgente! Não nos iludamos com as manipulações dos imperialistas nessa hora em que está em jogo o futuro do Brasil. Estão em jogo interesses gigantescos que afetam todo o mundo: está em jogo o Pré-Sal, a Amazônia, o novo mapa geopolítico. Eles não podem perder, e a chance é essa.
Por isso, ao tempo em que avancemos como uma onda que a todos abrace, com a militância livre e voluntária, que assume para si a tarefa central de mudar o Brasil elegendo Dilma; na medida em que as iniciativas espontâneas se multiplicam para ganhar a maioria do povo para Dilma; nessa hora em que os projetos se delineiam, precisamos de cabeça fria e coração quente, foco no objetivo.
E isso exige demarcar os projetos para que o povo reconheça sob as mil máscaras de Serra o odor inescapável da decomposição do neoliberalismo, cuja putrefação só poderia ocorrer em abjeta promiscuidade com as forças fascistas.
Como remédio, só mais povo na rua, mais alegria, sem perder o foco, sem aceitar as provocações. Não podemos aceitar as armadilhas da direita que quer melar o jogo democrático. E para o avanço da democracia, como é importante para o Brasil e a América Latina a eleição de Dilma!
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Comparato enfrenta a ditadura midiática
Reproduzo matéria de João Peres, publicada Rede Brasil Atual:
O jurista Fábio Konder Comparato discorda da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir a circulação da edição 52 da Revista do Brasil. O professor titular da Faculdade de Direito da USP sustenta que a publicação, como órgão de imprensa, deve ter plena liberdade de se manifestar sobre assuntos políticos. A entrevista foi concedida à repórter Thais Carrança, da Rádio Brasil Atual.
Na última segunda-feira (18), o ministro Joelson Dias acolheu pedido de liminar apresentado pela coligação “O Brasil pode mais”, encabeçada por José Serra (PSDB), determinando a proibição da distribuição da edição de outubro. O argumento da campanha tucana é de que se trata de material eleitoral – a publicação traz, em sua capa, uma foto de Dilma Rousseff (PT), adversária do ex-governador de São Paulo. O ministro acolheu este argumento, mas não aceitou outros anseios do PSDB, em especial o segredo de justiça e a expedição de mandado de busca e apreensão.
Comparato pondera que existe um princípio fundamental a ser respeitado, que é o da liberdade de expressão. “Se se levar ao pé da letra o que dispõe o Código Eleitoral de que as campanhas eleitorais só podem ser feitas pelos partidos políticos, então é preciso fechar quase todos os jornais e revistas do país.”
Nova batalha no Supremo
O veterano jurista apresentou-se esta semana a um novo desafio no Supremo Tribunal Federal. Após assinar a ação, indeferida pelo STF, pedindo a revisão da Lei de Anistia, Comparato alista-se na batalha pela democratização da comunicação.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão (Fitert) são as entidades representadas pelo professor. A ação direta de inconstitucionalidade protocolada na terça-feira (19) contesta a omissão do Congresso em relação ao cumprimento dos artigos da Constituição que dispõem sobre comunicação social.
Deputados e senadores deveriam, por exemplo, zelar pelas concessões públicas de rádio e de televisão. Mas o processo histórico mostra o contrário, ou seja, muitos parlamentares são beneficiários dessas concessões. “O Congresso vai fazer o possível para continuar lento ou omisso. De qualquer maneira, é uma vitória política do povo. É nesse sentido que a ação tem um conteúdo republicano procedente”, afirma Comparato, que entende que os donos dos veículos de comunicação se apropriaram de um espaço que é público.
O jurista cita o caso dos Estados Unidos, que em 1934 promulgaram uma lei que proibiu a formação de conglomerados. O texto foi revogado em 1996. “Qual foi a consequência? Até 1996 havia 50 grupos de rádio, TV e impressa. A partir da lei de 1996, esses grupos se concentraram e há, atualmente, apenas cinco.”
Outra questão sobre a qual o Congresso deixou de se posicionar é reformulação da Lei de Imprensa. A última, feita durante a ditadura, foi derrubada em abril de 2009 pelo STF, numa polêmica sessão em que o então presidente da Corte, Gilmar Mendes, comparou o ofício de jornalista ao de cozinheiros. A revogação deixou, na visão do jurista, uma incerteza quanto ao direito de resposta, antes assegurado pela antiga lei aos que se sentissem difamados ou ofendidos por um texto.
Em fevereiro de 2009, Comparato enviou carta à Folha de S.Paulo manifestando contrariedade pelo fato de o jornal ter chamado de “ditabranda” a ditadura militar que governou o país entre 1964 e 1985. No pé da carta, a Folha afirmou que se tratava de uma indignação “obviamente cínica e mentirosa". “Se o órgão de imprensa, como aconteceu infelizmente comigo, diz num editorial que sou cínico e mentiroso, tenho o direito de responder. E minha resposta tem de aparecer no lugar do editorial, e não num fim de página num caderno anexo”, lamenta o professor.
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O jurista Fábio Konder Comparato discorda da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir a circulação da edição 52 da Revista do Brasil. O professor titular da Faculdade de Direito da USP sustenta que a publicação, como órgão de imprensa, deve ter plena liberdade de se manifestar sobre assuntos políticos. A entrevista foi concedida à repórter Thais Carrança, da Rádio Brasil Atual.
Na última segunda-feira (18), o ministro Joelson Dias acolheu pedido de liminar apresentado pela coligação “O Brasil pode mais”, encabeçada por José Serra (PSDB), determinando a proibição da distribuição da edição de outubro. O argumento da campanha tucana é de que se trata de material eleitoral – a publicação traz, em sua capa, uma foto de Dilma Rousseff (PT), adversária do ex-governador de São Paulo. O ministro acolheu este argumento, mas não aceitou outros anseios do PSDB, em especial o segredo de justiça e a expedição de mandado de busca e apreensão.
Comparato pondera que existe um princípio fundamental a ser respeitado, que é o da liberdade de expressão. “Se se levar ao pé da letra o que dispõe o Código Eleitoral de que as campanhas eleitorais só podem ser feitas pelos partidos políticos, então é preciso fechar quase todos os jornais e revistas do país.”
Nova batalha no Supremo
O veterano jurista apresentou-se esta semana a um novo desafio no Supremo Tribunal Federal. Após assinar a ação, indeferida pelo STF, pedindo a revisão da Lei de Anistia, Comparato alista-se na batalha pela democratização da comunicação.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão (Fitert) são as entidades representadas pelo professor. A ação direta de inconstitucionalidade protocolada na terça-feira (19) contesta a omissão do Congresso em relação ao cumprimento dos artigos da Constituição que dispõem sobre comunicação social.
Deputados e senadores deveriam, por exemplo, zelar pelas concessões públicas de rádio e de televisão. Mas o processo histórico mostra o contrário, ou seja, muitos parlamentares são beneficiários dessas concessões. “O Congresso vai fazer o possível para continuar lento ou omisso. De qualquer maneira, é uma vitória política do povo. É nesse sentido que a ação tem um conteúdo republicano procedente”, afirma Comparato, que entende que os donos dos veículos de comunicação se apropriaram de um espaço que é público.
O jurista cita o caso dos Estados Unidos, que em 1934 promulgaram uma lei que proibiu a formação de conglomerados. O texto foi revogado em 1996. “Qual foi a consequência? Até 1996 havia 50 grupos de rádio, TV e impressa. A partir da lei de 1996, esses grupos se concentraram e há, atualmente, apenas cinco.”
Outra questão sobre a qual o Congresso deixou de se posicionar é reformulação da Lei de Imprensa. A última, feita durante a ditadura, foi derrubada em abril de 2009 pelo STF, numa polêmica sessão em que o então presidente da Corte, Gilmar Mendes, comparou o ofício de jornalista ao de cozinheiros. A revogação deixou, na visão do jurista, uma incerteza quanto ao direito de resposta, antes assegurado pela antiga lei aos que se sentissem difamados ou ofendidos por um texto.
Em fevereiro de 2009, Comparato enviou carta à Folha de S.Paulo manifestando contrariedade pelo fato de o jornal ter chamado de “ditabranda” a ditadura militar que governou o país entre 1964 e 1985. No pé da carta, a Folha afirmou que se tratava de uma indignação “obviamente cínica e mentirosa". “Se o órgão de imprensa, como aconteceu infelizmente comigo, diz num editorial que sou cínico e mentiroso, tenho o direito de responder. E minha resposta tem de aparecer no lugar do editorial, e não num fim de página num caderno anexo”, lamenta o professor.
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Que a poesia sobrepuje a mediocridade
Reproduzo artigo do cronista e poeta Lula Miranda, publicado no sítio Carta Maior:
Assistimos todos, entre perplexos e enojados, a um funéreo e infame cortejo de temas miúdos, sentimentos nada edificantes e “máfias” ou “bandos” que, humanistas que somos, imaginávamos já estarem ultrapassados, enterrados no lixo do passado, da história. Obscurantismo, moralismo, intolerância, fundamentalismo religioso, ódio e preconceito (às mulheres, aos homossexuais, ao povo nordestino - de toda ordem, enfim), nazismo, fascismo, militarismo, e por aí segue essa torrente, lava medonha, que ora emerge, perigosamente, dos subterrâneos da alma e do submundo da política.
Eis que todo esse entulho odiento do passado ressurge das cinzas e se alevanta dos ínferos para assombrar esse nosso sonho de construção de um novo projeto de país, a que chamamos, com delicadeza, de “novo Brasil”. Projeto este representado pela continuidade e incremento/aperfeiçoamento das políticas públicas paulatinamente implementadas por Lula/Dilma.
Mas o ódio não vencerá o amor. O amor – fundamento de todo humanismo – prevalecerá. A nossa poesia sobrepujará essa mediocridade que tenta nos amarrar as pernas, emudecer o grito libertário e atravancar a leveza do nosso caminhar. A luz destruirá as trevas, iluminando assim o sol de um novo mundo. “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido /de amor e de esperança à terra desce...”.
E, observe bem, não queremos/desejamos muito. Queremos/desejamos pouco; “apenas” uma sociedade menos desigual. Anote ainda: apenas começamos a “amortizar” essa secular e imensurável dívida social que esse país [paradoxalmente tão injusto, pois extraordinariamente grande, rico e generoso] ainda tem para com parcela significativa do seu povo que ainda vive na pobreza: “Se o penhor dessa igualdade/conseguimos conquistar com braço forte.../ Gigante pela própria natureza/ és belo, és forte/ Impávido colosso/ e o teu futuro espelha essa grandeza...”.
Mas como derrotar, de modo definitivo, essas forças medonhas do mal e do medo que ora nos afligem/atormentam? Esses que se utilizam da infâmia, da maledicência, da manipulação, da torpeza, em suma dos meios mais baixos para ganhar essa eleição – nem que para esse fim se utilizem da fraude, da mentira e do “tapetão”. Sabemos que o que está em jogo é muito mais que uma eleição. “Mas, se ergues da justiça a clava forte/ Verás que um filho teu não foge à luta/ Nem teme, quem te adora,a
Própria morte/ Terra adorada...”.
Teremos que nos unir, todos, apesar de nossas diferenças, nossas nuances e matizes. Todas as nossas diferenças tornaram-se menores diante do inimigo que ora se alevanta diante de nossos olhares perplexos. Para tanto, de agora em diante, nos reuniremos – nas praças, auditórios, teatros e avenidas – em atenção ao chamamento que se faz inadiável e urgente: humanistas de todos os tempos, uni-vos.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Então que venha você, meu irmão, companheiro e camarada, seja você de qualquer credo (ou igreja), gênero, cor, classe, ideologia ou partido político (os nossos “irmãos” do PSOL, do PSTU, do PCO, os anarquistas, vocês também não podem estar alheios a esse processo). Pensemos em formas alternativas e criativas de intervenção urbana [flash mob (mobilizações instantâneas), teatro do oprimido, caminhadas, carreatas, “bandeiraços” etc.]. É chegada a hora da ação. Tomemos as ruas, pois! De modo pacífico, generoso e fraterno, vamos seduzir o nosso próximo, mostrar-lhe , pela palavra e pelo afeto, o valor e grandeza da nossa causa, que já é um projeto em curso. Rio que corre para o mar.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Estamos todos convocados para esse momento capital: professores, jornalistas, escritores, advogados, médicos, engenheiros, demais profissionais liberais, comerciários, bancários, operários, agricultores, cozinheiras, faxineiros, aposentados, enfim todos os brasileiros honestos, trabalhadores autêntica e abnegadamente devotados ao processo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Saiamos às ruas. Organizemo-nos em grupos de amigos e/ou familiares; conversemos uns com os outros, e com outros mais nossos concidadãos, que ainda não se aperceberam dessas forças reacionárias e atrasadas que ameaçam matar, ainda no berço, esse nosso novo projeto de país já em curso: uma nação mais justa, humana e solidária, uma nação desenvolvida e diversa como nós, com a nossa cara.
Humanistas de todas as crenças e ideologias, uni-vos! Preguemos o humanismo como fundamento de uma nova sociedade brasileira. Que a poesia sobrepuje a mediocridade.
[N.A. Utilizei-me, ad libitum, de excertos do Hino Nacional como marcadores da cadência semântica da mensagem]
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Assistimos todos, entre perplexos e enojados, a um funéreo e infame cortejo de temas miúdos, sentimentos nada edificantes e “máfias” ou “bandos” que, humanistas que somos, imaginávamos já estarem ultrapassados, enterrados no lixo do passado, da história. Obscurantismo, moralismo, intolerância, fundamentalismo religioso, ódio e preconceito (às mulheres, aos homossexuais, ao povo nordestino - de toda ordem, enfim), nazismo, fascismo, militarismo, e por aí segue essa torrente, lava medonha, que ora emerge, perigosamente, dos subterrâneos da alma e do submundo da política.
Eis que todo esse entulho odiento do passado ressurge das cinzas e se alevanta dos ínferos para assombrar esse nosso sonho de construção de um novo projeto de país, a que chamamos, com delicadeza, de “novo Brasil”. Projeto este representado pela continuidade e incremento/aperfeiçoamento das políticas públicas paulatinamente implementadas por Lula/Dilma.
Mas o ódio não vencerá o amor. O amor – fundamento de todo humanismo – prevalecerá. A nossa poesia sobrepujará essa mediocridade que tenta nos amarrar as pernas, emudecer o grito libertário e atravancar a leveza do nosso caminhar. A luz destruirá as trevas, iluminando assim o sol de um novo mundo. “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido /de amor e de esperança à terra desce...”.
E, observe bem, não queremos/desejamos muito. Queremos/desejamos pouco; “apenas” uma sociedade menos desigual. Anote ainda: apenas começamos a “amortizar” essa secular e imensurável dívida social que esse país [paradoxalmente tão injusto, pois extraordinariamente grande, rico e generoso] ainda tem para com parcela significativa do seu povo que ainda vive na pobreza: “Se o penhor dessa igualdade/conseguimos conquistar com braço forte.../ Gigante pela própria natureza/ és belo, és forte/ Impávido colosso/ e o teu futuro espelha essa grandeza...”.
Mas como derrotar, de modo definitivo, essas forças medonhas do mal e do medo que ora nos afligem/atormentam? Esses que se utilizam da infâmia, da maledicência, da manipulação, da torpeza, em suma dos meios mais baixos para ganhar essa eleição – nem que para esse fim se utilizem da fraude, da mentira e do “tapetão”. Sabemos que o que está em jogo é muito mais que uma eleição. “Mas, se ergues da justiça a clava forte/ Verás que um filho teu não foge à luta/ Nem teme, quem te adora,a
Própria morte/ Terra adorada...”.
Teremos que nos unir, todos, apesar de nossas diferenças, nossas nuances e matizes. Todas as nossas diferenças tornaram-se menores diante do inimigo que ora se alevanta diante de nossos olhares perplexos. Para tanto, de agora em diante, nos reuniremos – nas praças, auditórios, teatros e avenidas – em atenção ao chamamento que se faz inadiável e urgente: humanistas de todos os tempos, uni-vos.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Então que venha você, meu irmão, companheiro e camarada, seja você de qualquer credo (ou igreja), gênero, cor, classe, ideologia ou partido político (os nossos “irmãos” do PSOL, do PSTU, do PCO, os anarquistas, vocês também não podem estar alheios a esse processo). Pensemos em formas alternativas e criativas de intervenção urbana [flash mob (mobilizações instantâneas), teatro do oprimido, caminhadas, carreatas, “bandeiraços” etc.]. É chegada a hora da ação. Tomemos as ruas, pois! De modo pacífico, generoso e fraterno, vamos seduzir o nosso próximo, mostrar-lhe , pela palavra e pelo afeto, o valor e grandeza da nossa causa, que já é um projeto em curso. Rio que corre para o mar.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Estamos todos convocados para esse momento capital: professores, jornalistas, escritores, advogados, médicos, engenheiros, demais profissionais liberais, comerciários, bancários, operários, agricultores, cozinheiras, faxineiros, aposentados, enfim todos os brasileiros honestos, trabalhadores autêntica e abnegadamente devotados ao processo de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
“Verás que um filho teu não foge à luta”.
Saiamos às ruas. Organizemo-nos em grupos de amigos e/ou familiares; conversemos uns com os outros, e com outros mais nossos concidadãos, que ainda não se aperceberam dessas forças reacionárias e atrasadas que ameaçam matar, ainda no berço, esse nosso novo projeto de país já em curso: uma nação mais justa, humana e solidária, uma nação desenvolvida e diversa como nós, com a nossa cara.
Humanistas de todas as crenças e ideologias, uni-vos! Preguemos o humanismo como fundamento de uma nova sociedade brasileira. Que a poesia sobrepuje a mediocridade.
[N.A. Utilizei-me, ad libitum, de excertos do Hino Nacional como marcadores da cadência semântica da mensagem]
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A armação nos dias finais de campanha
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
O alerta é de um jornalista experiente, com amplos contatos na comunidade de informações, com arapongas e ex-arapongas.
Não nasce de um evento específico, mas de um encadeamento lógico de fatos: a campanha sórdida e subterrânea na internet, os panfletos apócrifos, as chamadas por robôs e a farsa de Campo Grande, onde o único ferido — realmente ferido — foi um militante petista com um corte no supercílio (que não apareceu no Jornal Nacional).
Vem da repetição de um padrão no telejornal de maior audiência: Dilma, agressiva; Serra, vítima. Um padrão que se manteve na noite deste sábado, quando a Globo omitiu o discurso do governador paulista Alberto Goldman em que ele sugeriu uma comparação entre Lula e Hitler (com menção ao incêndio do Reichstag), omitiu que militantes de PT fizeram um cordão de isolamento para que uma passeata tucana avançasse em Diadema e destacou o uso, por eleitores de Serra, de capacetes para se “proteger” das bolinhas de papel.
O colega, em seu exercício de futurologia, mencionou o Rio de Janeiro como o mais provável palco de uma armação, por dois motivos:
1) é onde fica a Globo;
2) é onde subsiste a arapongagem direitista.
Como lembrei neste espaço, anteriormente, foi assim o golpe midiático perpetrado em 2002, na Venezuela, retratado nos documentários A Revolução Não Será Televisionada e Puente LLaguno.
Parte essencial daquele golpe, que juntou militares insatisfeitos com a oposição em pânico e apoio maciço da mídia, foi a acusação de que militantes chavistas tinham atirado em civis desarmados, quando as 19 mortes registradas num confronto entre militantes das duas partes resultaram de tiros disparados por franco-atiradores e policiais de Caracas leais à oposição. Porém, foram semanas até que tudo ficasse claro para boa parte dos venezuelanos e para a opinião pública internacional.
O Brasil de 2010 não é a Venezuela de 2002, mas não custa ficar alerta.
*****
Em tempo: O blog Viomundo sofreu um ataque nas últimas horas. É coisa de direitistas contrários à liberdade de expressão. É coisa típica das milícias fascistóides que hoje militam na campanha do demotucano José Serra. Total solidariedade ao Viomundo e ao grande jornalista Luiz Carlos Azenha, que informa que as coisas já se normalizaram. Abaixo, o seu texto, publicado às 20h10 de ontem (23):
Bolinha na cabeça do Viomundo
Caros leitores, ontem passamos das 4 milhões de páginas vistas/mês.
Pelo jeito, tem gente que não gostou disso.
Leandro Guedes, Kauê Linden e uma turma de hackers estão trabalhando para esclarecer as denúncias de malware feitas contra o Viomundo.
A integridade do site está mantida, ele permanece no ar e não dissemina malware!
Contamos com todos para disseminar esta informação e para enfrentar os que querem evitar que você acesse o site.
Luiz Carlos Azenha
PS: Problema resolvido. O Google já foi informado e deve eliminar o alerta nas próximas horas. Para quem usa o Firefox, favor desconhecer o alerta ou, no Ferramentas, Opções, Segurança, desmarcar Bloquear Sites Avaliados como Focos de Ataques.
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O alerta é de um jornalista experiente, com amplos contatos na comunidade de informações, com arapongas e ex-arapongas.
Não nasce de um evento específico, mas de um encadeamento lógico de fatos: a campanha sórdida e subterrânea na internet, os panfletos apócrifos, as chamadas por robôs e a farsa de Campo Grande, onde o único ferido — realmente ferido — foi um militante petista com um corte no supercílio (que não apareceu no Jornal Nacional).
Vem da repetição de um padrão no telejornal de maior audiência: Dilma, agressiva; Serra, vítima. Um padrão que se manteve na noite deste sábado, quando a Globo omitiu o discurso do governador paulista Alberto Goldman em que ele sugeriu uma comparação entre Lula e Hitler (com menção ao incêndio do Reichstag), omitiu que militantes de PT fizeram um cordão de isolamento para que uma passeata tucana avançasse em Diadema e destacou o uso, por eleitores de Serra, de capacetes para se “proteger” das bolinhas de papel.
O colega, em seu exercício de futurologia, mencionou o Rio de Janeiro como o mais provável palco de uma armação, por dois motivos:
1) é onde fica a Globo;
2) é onde subsiste a arapongagem direitista.
Como lembrei neste espaço, anteriormente, foi assim o golpe midiático perpetrado em 2002, na Venezuela, retratado nos documentários A Revolução Não Será Televisionada e Puente LLaguno.
Parte essencial daquele golpe, que juntou militares insatisfeitos com a oposição em pânico e apoio maciço da mídia, foi a acusação de que militantes chavistas tinham atirado em civis desarmados, quando as 19 mortes registradas num confronto entre militantes das duas partes resultaram de tiros disparados por franco-atiradores e policiais de Caracas leais à oposição. Porém, foram semanas até que tudo ficasse claro para boa parte dos venezuelanos e para a opinião pública internacional.
O Brasil de 2010 não é a Venezuela de 2002, mas não custa ficar alerta.
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Em tempo: O blog Viomundo sofreu um ataque nas últimas horas. É coisa de direitistas contrários à liberdade de expressão. É coisa típica das milícias fascistóides que hoje militam na campanha do demotucano José Serra. Total solidariedade ao Viomundo e ao grande jornalista Luiz Carlos Azenha, que informa que as coisas já se normalizaram. Abaixo, o seu texto, publicado às 20h10 de ontem (23):
Bolinha na cabeça do Viomundo
Caros leitores, ontem passamos das 4 milhões de páginas vistas/mês.
Pelo jeito, tem gente que não gostou disso.
Leandro Guedes, Kauê Linden e uma turma de hackers estão trabalhando para esclarecer as denúncias de malware feitas contra o Viomundo.
A integridade do site está mantida, ele permanece no ar e não dissemina malware!
Contamos com todos para disseminar esta informação e para enfrentar os que querem evitar que você acesse o site.
Luiz Carlos Azenha
PS: Problema resolvido. O Google já foi informado e deve eliminar o alerta nas próximas horas. Para quem usa o Firefox, favor desconhecer o alerta ou, no Ferramentas, Opções, Segurança, desmarcar Bloquear Sites Avaliados como Focos de Ataques.
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