Por Altamiro Borges
De repente, não mais que de repente, a famiglia Frias resolveu levar os militares, que patrocinaram golpe de 1964 e a sanguinária ditadura, ao banco dos réus. Logo ela que usou o jornal Folha para clamar pelo golpe, que cedeu suas peruas para o transporte de presos políticos à tortura e que se aliou ao setor “linha dura” dos generais. Logo ela que, no início de 2009, gerou atos de protesto ao qualificar a ditadura de “ditabranda”. Logo ela que fez coro com a direita das Forças Armadas e com outros setores fascistóides da sociedade contra o Plano Nacional de Direitos Humanos, satanizando o ex-ministro Paulo Vanucchi.
O que deflagrou esta estranha conversão foi a declaração abominável e repugnante do general José Elito Carvalho, que acaba de assumir o posto de chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Na sua posse, o militar afirmou que “não há motivo para vergonha no fato de o país ter desaparecidos políticos”. Dilma Rousseff, que foi presa e torturada e que perdeu vários companheiros nas masmorras da ditadura – homenageados por ela em seu discurso de posse –, não gostou do que ouviu do seu subordinado e, segundo a própria mídia, deu-lhe uma dura. O general teve que morder a língua e pedir desculpas.
A “indecente” atuação na ditadura
Mas a convertida ou travestida Folha agora não se dá por satisfeita. Ela quer sangue. Quer a imediata exoneração do milico. O seu colunista Clóvis Rossi, que teve um papel de relevo na luta pela redemocratização do país, aproveitou o episódio para já fustigar o novo governo. “Começa muito mal a gestão Dilma Rousseff: deveria ter demitido no ato o general José Elito Carvalho... O general produziu a mais indecente declaração que ouvi até hoje em 40 anos”. Será que Clóvis Rossi, membro do conselho editorial da Folha que mantém íntimas relações com os donos da empresa, consultou a famiglia sobre sua “indecente” atuação na ditadura?
Para manter o fogo aceso, o jornal também revelou que o “general José Elito Carvalho Siqueira, 64, novo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), graduou-se na mesma época e na mesma brigada de paraquedistas que combateu a Guerrilha do Araguaia (1972-1975)... Procurado pela Folha, Elito não esclareceu se atuou ou não no combate à guerrilha. O currículo de Elito divulgado pelo GSI omite a data da passagem do oficial pela brigada que combateu no Araguaia”. A reportagem não comprova se ele participou da bárbara repressão aos guerrilheiros, mas também faz escarcéu contra a sua nomeação.
A insanidade da famiglia Frias
É preciso ficar esperto diante desta estranha conversão da famiglia Frias. As verdadeiras forças democráticas da nação repudiam as declarações asquerosas do general José Elito e, caso seja comprovada sua participação nos assassinatos no Araguaia, deveriam exigir sua exonerado. Os militares, que bateram continência para a Dilma Rousseff no dia da sua posse – num gesto emocionante e impensável há algum tempo atrás – devem obediência à presidenta eleita democraticamente. A ditadura foi derrotada e seus crimes devem ser reparados. Daí a urgência da criação da Comissão da Verdade, reafirmada pela nova ministra dos Direitos Humanos.
Mas as verdadeiras forças democráticas da nação não devem ser ingênuas. A Folha não dá ponto sem nó. Ela nunca se preocupou com os presos, mortos e desaparecidos na ditadura. Quando José Serra, seu candidato, se aliou aos generais de pijama do Clube Militar, ela não se mostrou tão indignada com a cena “indecente”. A Folha é um partido da direita. Ela fez de tudo para sangrar o governo Lula e fará o mesmo com Dilma. Nesta insanidade, pode apostar, inclusive, na eclosão de uma crise militar logo no início do novo governo. É bom nunca se esquecer do Cabo Anselmo, o agente infiltrado da CIA, que preparou o clima do golpe de 1964 com suas provocações na área militar.
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De repente, não mais que de repente, a famiglia Frias resolveu levar os militares, que patrocinaram golpe de 1964 e a sanguinária ditadura, ao banco dos réus. Logo ela que usou o jornal Folha para clamar pelo golpe, que cedeu suas peruas para o transporte de presos políticos à tortura e que se aliou ao setor “linha dura” dos generais. Logo ela que, no início de 2009, gerou atos de protesto ao qualificar a ditadura de “ditabranda”. Logo ela que fez coro com a direita das Forças Armadas e com outros setores fascistóides da sociedade contra o Plano Nacional de Direitos Humanos, satanizando o ex-ministro Paulo Vanucchi.
O que deflagrou esta estranha conversão foi a declaração abominável e repugnante do general José Elito Carvalho, que acaba de assumir o posto de chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Na sua posse, o militar afirmou que “não há motivo para vergonha no fato de o país ter desaparecidos políticos”. Dilma Rousseff, que foi presa e torturada e que perdeu vários companheiros nas masmorras da ditadura – homenageados por ela em seu discurso de posse –, não gostou do que ouviu do seu subordinado e, segundo a própria mídia, deu-lhe uma dura. O general teve que morder a língua e pedir desculpas.
A “indecente” atuação na ditadura
Mas a convertida ou travestida Folha agora não se dá por satisfeita. Ela quer sangue. Quer a imediata exoneração do milico. O seu colunista Clóvis Rossi, que teve um papel de relevo na luta pela redemocratização do país, aproveitou o episódio para já fustigar o novo governo. “Começa muito mal a gestão Dilma Rousseff: deveria ter demitido no ato o general José Elito Carvalho... O general produziu a mais indecente declaração que ouvi até hoje em 40 anos”. Será que Clóvis Rossi, membro do conselho editorial da Folha que mantém íntimas relações com os donos da empresa, consultou a famiglia sobre sua “indecente” atuação na ditadura?
Para manter o fogo aceso, o jornal também revelou que o “general José Elito Carvalho Siqueira, 64, novo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), graduou-se na mesma época e na mesma brigada de paraquedistas que combateu a Guerrilha do Araguaia (1972-1975)... Procurado pela Folha, Elito não esclareceu se atuou ou não no combate à guerrilha. O currículo de Elito divulgado pelo GSI omite a data da passagem do oficial pela brigada que combateu no Araguaia”. A reportagem não comprova se ele participou da bárbara repressão aos guerrilheiros, mas também faz escarcéu contra a sua nomeação.
A insanidade da famiglia Frias
É preciso ficar esperto diante desta estranha conversão da famiglia Frias. As verdadeiras forças democráticas da nação repudiam as declarações asquerosas do general José Elito e, caso seja comprovada sua participação nos assassinatos no Araguaia, deveriam exigir sua exonerado. Os militares, que bateram continência para a Dilma Rousseff no dia da sua posse – num gesto emocionante e impensável há algum tempo atrás – devem obediência à presidenta eleita democraticamente. A ditadura foi derrotada e seus crimes devem ser reparados. Daí a urgência da criação da Comissão da Verdade, reafirmada pela nova ministra dos Direitos Humanos.
Mas as verdadeiras forças democráticas da nação não devem ser ingênuas. A Folha não dá ponto sem nó. Ela nunca se preocupou com os presos, mortos e desaparecidos na ditadura. Quando José Serra, seu candidato, se aliou aos generais de pijama do Clube Militar, ela não se mostrou tão indignada com a cena “indecente”. A Folha é um partido da direita. Ela fez de tudo para sangrar o governo Lula e fará o mesmo com Dilma. Nesta insanidade, pode apostar, inclusive, na eclosão de uma crise militar logo no início do novo governo. É bom nunca se esquecer do Cabo Anselmo, o agente infiltrado da CIA, que preparou o clima do golpe de 1964 com suas provocações na área militar.
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Caríssimo Miro,
ResponderExcluirÉ evidente que o PiG quer promover a intriga, quer atear fogo ao circo. Será bom nós não pegarmos essa corda, muito menos a PresidentA Dilma.
Nada vindo da direitona é o que parece.
Se o governo quiser, terá como levantar a biografia do general. Por comentários a respeito da integridade dele (é, pode-se ser militar, pode-se ser da direita, e ser íntegro), bastará perguntar-lhe.
Análise lúcida e madura da questão.
ResponderExcluirEu acrescentaria a essa onda de desestabilização a demonização do Ministro da Defesa feito por alguns veículos na Internet tidos, até agora, como progressistas, e que se baseiam - até prova em contrário - única e exclusivamente na interpretação apressada - na minha opinião - sobre os já famosos almoços do Ministro com os ianques.
A demonização do Ministério da Defesa, além de contribuir para essa onda de desestabilização, parece almejar, cada vez com mais clareza, a eliminação do entrave que o atual Ministro representa aos interesses americanos.
Senão, basta analisar sem grande esforço o percurso que tem sido feito até agora pelo Ministério da Defesa:
Balanço da Política de Defesa do Governo Lula, por Jobim
Posição contrária à política intervencionista da OTAN, por Jobim
Jobim rechaça a presença dos EUA no Atlântico Sul
Novo Plano Estratégico de Defesa
Compras já realizadas pelo Ministério
Ainda as compras