sábado, 12 de fevereiro de 2011

Chávez pendura FHC no pescoço da oposição

Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:

Estou na Venezuela, para gravar uma série de reportagens que toca marginalmente na política.

O clima de polarização por aqui cedeu um pouco, diante do fato de que a oposição agora canaliza boa parte de seu ódio ao governo de Hugo Chávez à Assembleia Nacional.

A oposição cometeu erros graves no passado, dos quais ainda não se recuperou: apoiar o golpe de estado contra Chávez em 2002 e boicotar as eleições de 2005.

A inflação em alta e a criminalidade oferecem oportunidades políticas aos opositores, que prometem lançar candidato único para enfrentar Chávez em dezembro de 2012.

A oposição controla sete governos estaduais, a prefeitura de Caracas e tem 67 deputados.

Como vocês devem saber, o povo venezuelano é muito politizado. E a democracia venezuelana se fortaleceu muito nos últimos anos.

É uma delícia acordar e ver nas bancas uma dúzia de jornais de diferentes linhas políticas. O mesmo se dá no rádio e na TV. O ambiente é riquíssimo, refletindo pontos-de-vista variados.

Como resultado disso, enquanto no Brasil caminhamos para um debate político pautado pelo discurso único — PT e PSDB aderiram, em graus distintos, ao neoliberalismo –, na Venezuela há uma grande variedade de opiniões na mídia, o que enriquece o debate e fortalece a democracia.

Para vocês terem uma ideia, o ministério de Chávez tem prestado contas à Assembleia Nacional nos últimos dias, com transmissão ao vivo por pelo menos quatro redes de TV do país. As pessoas assistem e debatem de forma acalorada sempre que o assunto é política.

Na Assembleia Nacional, os representantes do governo tratam de fazer comparações entre o antes e o depois da era Chávez. Um exemplo: o ministro da Educação lembrou que quando Chávez assumiu havia apenas 700 mil estudantes universitários no país, número que hoje chega a mais de 2 milhões e 300 mil (nos últimos 12 anos foram criadas 23 universidades no país). Ou seja, Chávez decidiu pendurar FHC no pescoço da oposição.

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