Reproduzo artigo de Umberto Martins, publicado no sítio Vermelho:
A esta altura a oligarquia financeira deve estar soltando gargalhadas. Motivos não faltam. O setor público brasileiro consolidado (governos federal, estaduais e municipais) registrou superávit primário de R$ 17,748 bilhões em janeiro, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (25) pelo Banco Central (BC). O valor é bem maior do que o orçamento de um ano do Bolsa Família (cerca de R$ 12 bilhões). No primeiro mês de 2010, o superávit foi de R$ 16,084 bilhões.
O superávit em tela é uma economia que os governos fazem para bancar o pagamento dos juros da dívida pública. Para obtê-la, as autoridades são induzidas a cortar gastos com saúde, educação e aposentadorias (salário mínimo), entre outros. Tudo é feito sob o manto da austeridade e responsabilidade fiscal.
Redistribuição da renda
Opera-se por este meio uma chocante transferência de renda do conjunto do povo brasileiro para os bolsos dos credores da dívida interna, especialmente banqueiros e investidores estrangeiros. O Brasil paga as maiores taxas reais de juros do mundo e é um verdadeiro paraíso para os especuladores que dominam o mercado financeiro.
Fixada em 11,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa básica de juros (Selic), base da remuneração dos títulos públicos, atrai capital especulativo de curto prazo de todo o mundo. Pega-se dinheiro emprestado nos EUA a juros que variam entre 0 a 0,25%, bem como em outros países do dito 1º Mundo, para comprar títulos públicos que rendem 11,25%.
É um ganho fácil, preguiçoso e seguro, já que os especuladores adquirem títulos da chamada dívida soberana, bancada pelo Estado nacional. O ingresso de recursos desta natureza no balanço de pagamentos brasileiro contribui decisivamente para a valorização do real, que provoca notórios estragos na indústria nacional.
Salário mínimo
É em nome do superávit primário que se negou um aumento de 50 centavos de reais por dia às famílias que vivem de salário mínimo, um contingente estimado em mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras.
Faz-se muito alarde em torno do déficit público, mas omite-se sua origem financeira. Se descontarmos os juros, o Estado gasta menos do que arrecada. A diferença, por sinal, é o superávit primário. As despesas financeiras, ou seja, o pagamento dos juros, é que provocam o denominado déficit fiscal nominal.
Debate interditado
Mas o debate em torno do tema é marginal, pois foi praticamente interditado pela ideologia dominante, que orienta a linha editorial da mídia empresarial. O que prevalece é a concepção de que há uma orgia de gastos públicos e os governos devem cortar os investimentos em saúde, educação, salário mínimo, infra-estrutura e Previdência. Os juros extorsivos que alimentam a especulação financeira não contam, são sagrados.
A mera comparação entre o valor do superávit primário apurado no primeiro mês do ano e o orçamento anual do programa Bolsa Família revela um fato escandaloso. Ambos constituem transferência de renda produzida pela sociedade e apropriada pelo governo através de uma carga tributária que ultrapassa 35% do PIB.
A diferença é que os juros fazem a riqueza de poucos, enquanto as modestas verbas do Bolsa Família resgatam milhões da miséria absoluta. Mas, embora poucos, os privilegiados credores abocanham por mês muito mais do que é repassado aos miseráveis em um ano.
Juros em alta
Aos olhos ávidos do “mercado” (ente de aparência metafísica, todo poderoso e onipresente), o superávit é um colírio. A notícia da façanha dos governos é festejada. Moderam-se as críticas na mídia, ao mesmo tempo em que se exige mais. É preciso, alardeiam, impor novos sacrifícios ao povo, economizar ainda mais.
Quanto aos juros que estão na origem da dívida pública e do déficit nominal e são, de longe, os mais altos do mundo, já é dado como favas contadas um novo aumento da taxa Selic. O mercado financeiro agita o fantasma da inflação e pressiona por um reajuste mais gordo, de 0,70%, mas não ficará descontente com 0,50%. Segundo cálculos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), cada meio ponto percentual de aumento da Selic acrescenta R$ 9 bilhões às despesas financeiras do Estado e aos lucros dos credores.
Política macroeconômica
No mês passado, o governo central (União, Previdência e Banco Central) teve superávit primário de R$ 13,807 bilhões. Os governos regionais contribuíram com R$ 4,503 bilhões de superávit. O resultado das estatais foi negativo em R$ 562 milhões.
Em 12 meses, o superávit primário do setor público ficou em R$ 103,360 bilhões, ou 2,81% do Produto Interno Bruto (PIB). O pagamento de juros, porém, é maior, pois compreende o superávit primário mais o déficit nominal (dado pela parte dos juros que o governo paga emitindo novos títulos públicos).
As centrais sindicais estão cobertas de razão quando identificam na atual política macroeconômica a razão suprema da intransigência do atual governo com as demandas da classe trabalhadora em relação ao salário mínimo e à correção da tabela do Imposto de Renda. É uma política que serve, em primeiro lugar, à insaciável e perversa oligarquia financeira; afronta os interesses do povo trabalhador e obstrui o caminho do desenvolvimento nacional e da justiça social. É imperioso combatê-la.
A esta altura a oligarquia financeira deve estar soltando gargalhadas. Motivos não faltam. O setor público brasileiro consolidado (governos federal, estaduais e municipais) registrou superávit primário de R$ 17,748 bilhões em janeiro, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (25) pelo Banco Central (BC). O valor é bem maior do que o orçamento de um ano do Bolsa Família (cerca de R$ 12 bilhões). No primeiro mês de 2010, o superávit foi de R$ 16,084 bilhões.
O superávit em tela é uma economia que os governos fazem para bancar o pagamento dos juros da dívida pública. Para obtê-la, as autoridades são induzidas a cortar gastos com saúde, educação e aposentadorias (salário mínimo), entre outros. Tudo é feito sob o manto da austeridade e responsabilidade fiscal.
Redistribuição da renda
Opera-se por este meio uma chocante transferência de renda do conjunto do povo brasileiro para os bolsos dos credores da dívida interna, especialmente banqueiros e investidores estrangeiros. O Brasil paga as maiores taxas reais de juros do mundo e é um verdadeiro paraíso para os especuladores que dominam o mercado financeiro.
Fixada em 11,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa básica de juros (Selic), base da remuneração dos títulos públicos, atrai capital especulativo de curto prazo de todo o mundo. Pega-se dinheiro emprestado nos EUA a juros que variam entre 0 a 0,25%, bem como em outros países do dito 1º Mundo, para comprar títulos públicos que rendem 11,25%.
É um ganho fácil, preguiçoso e seguro, já que os especuladores adquirem títulos da chamada dívida soberana, bancada pelo Estado nacional. O ingresso de recursos desta natureza no balanço de pagamentos brasileiro contribui decisivamente para a valorização do real, que provoca notórios estragos na indústria nacional.
Salário mínimo
É em nome do superávit primário que se negou um aumento de 50 centavos de reais por dia às famílias que vivem de salário mínimo, um contingente estimado em mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras.
Faz-se muito alarde em torno do déficit público, mas omite-se sua origem financeira. Se descontarmos os juros, o Estado gasta menos do que arrecada. A diferença, por sinal, é o superávit primário. As despesas financeiras, ou seja, o pagamento dos juros, é que provocam o denominado déficit fiscal nominal.
Debate interditado
Mas o debate em torno do tema é marginal, pois foi praticamente interditado pela ideologia dominante, que orienta a linha editorial da mídia empresarial. O que prevalece é a concepção de que há uma orgia de gastos públicos e os governos devem cortar os investimentos em saúde, educação, salário mínimo, infra-estrutura e Previdência. Os juros extorsivos que alimentam a especulação financeira não contam, são sagrados.
A mera comparação entre o valor do superávit primário apurado no primeiro mês do ano e o orçamento anual do programa Bolsa Família revela um fato escandaloso. Ambos constituem transferência de renda produzida pela sociedade e apropriada pelo governo através de uma carga tributária que ultrapassa 35% do PIB.
A diferença é que os juros fazem a riqueza de poucos, enquanto as modestas verbas do Bolsa Família resgatam milhões da miséria absoluta. Mas, embora poucos, os privilegiados credores abocanham por mês muito mais do que é repassado aos miseráveis em um ano.
Juros em alta
Aos olhos ávidos do “mercado” (ente de aparência metafísica, todo poderoso e onipresente), o superávit é um colírio. A notícia da façanha dos governos é festejada. Moderam-se as críticas na mídia, ao mesmo tempo em que se exige mais. É preciso, alardeiam, impor novos sacrifícios ao povo, economizar ainda mais.
Quanto aos juros que estão na origem da dívida pública e do déficit nominal e são, de longe, os mais altos do mundo, já é dado como favas contadas um novo aumento da taxa Selic. O mercado financeiro agita o fantasma da inflação e pressiona por um reajuste mais gordo, de 0,70%, mas não ficará descontente com 0,50%. Segundo cálculos da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), cada meio ponto percentual de aumento da Selic acrescenta R$ 9 bilhões às despesas financeiras do Estado e aos lucros dos credores.
Política macroeconômica
No mês passado, o governo central (União, Previdência e Banco Central) teve superávit primário de R$ 13,807 bilhões. Os governos regionais contribuíram com R$ 4,503 bilhões de superávit. O resultado das estatais foi negativo em R$ 562 milhões.
Em 12 meses, o superávit primário do setor público ficou em R$ 103,360 bilhões, ou 2,81% do Produto Interno Bruto (PIB). O pagamento de juros, porém, é maior, pois compreende o superávit primário mais o déficit nominal (dado pela parte dos juros que o governo paga emitindo novos títulos públicos).
As centrais sindicais estão cobertas de razão quando identificam na atual política macroeconômica a razão suprema da intransigência do atual governo com as demandas da classe trabalhadora em relação ao salário mínimo e à correção da tabela do Imposto de Renda. É uma política que serve, em primeiro lugar, à insaciável e perversa oligarquia financeira; afronta os interesses do povo trabalhador e obstrui o caminho do desenvolvimento nacional e da justiça social. É imperioso combatê-la.
Não entendi nada! Mas gostaria muito de entender! Sério!
ResponderExcluirAltamiro,
ResponderExcluirTentei deixar comentário lá no Vermelho,contudo até agora a caixa de comentário está indisponível, então farei aqui.
Primeiro: Muita gente diz que a Selic não influi na inflação de demanda que está atingindo todos os países, logo tanto faz tanto fez, finja-se de morto e espere que tudo se resolva sozinho. Já li isso em vários lugares. O Brasil é grande exportador de alimentos, logo se seguramos os alimentos aqui eles ficarão mais baratos, quem segura isso, um decreto presidencial, uma pedido do presidente em rede nacional para que pelo amor de Deus os exportadores tenham compaixão das criancinhas? O Brasil ainda não é auto-suficiente na produção de trigo, ainda importa um valor razoável, logo o preço baixo de importados é o que importa, quem faz isso ? O trigo é um dos elementos primários da cesta básica. O preço do pão já fez uma revolução, a francesa e o preço dos alimentos já derrubaram ditadores entre eles, o do Egito e da Tunísia e vai derrubar o da Líbia. O que derrubou o Serra em 2002 foi o frango de 1 real do FHC, quando o FHC flexibilizou o câmbio o frango disparou foi aí que o povo percebeu a fraude do Real e não precisou de nenhum analista econômico para lhe mostrar nadica de nada.
Segundo: Se a taxa Selic não regula a inflação sobre cesta básica , por que o IPC-S deu mais uma queda? Só quem sente esse IPC-S é o pessoal do bolsa-família e aqueles que só tem um ou dois salário mínimos . O que tem de gente nessa faixa é um espanto.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=148303&id_secao=2
Terceiro. A FIESP está muito preocupada com a valorização do real não é mesmo? O Humberto Martins deveria se perguntar por quê? Quantas são as empresas multinacionais filiadas a FIESP? Faça essa pequena pesquisa Humberto e você vai entender. Só uma dica, as remessas de lucros das filiais multinacionais brasileiras para suas matrizes na Europa, Ásia e EUA deve está sendo depreciadas afinal quantos dólares são necessários para cada real ganho no Brasil, afinal a matriz só recebe em dólar. A FIESP está tão preocupada com a industria nacional não é mesmo, afinal elas podem quebrar coitadinhas? Se dependesse da FIESP elas quebrariam mesmo, agora a Dilma já cuidou disso desonerando a produção, gente isso aconteceu 2 semanas depois da posse, ninguém prestou atenção? Altamiro, você sabe quanto custa o grama da morfina? Eu não sei só sei que é muito maior do que o grama do ouro. Quantas são as multinacionais suíças, francesas, inglesas etc. farmacêuticas filiadas a FIESP ? Por que ninguém fala da especulação com a saúde que dá de 10 a 0 na especulação do mercado financeiro. POR QUE A FIESP NÃO DEIXA, NÃO QUER E FAZ OS JORNALISTAS SÉRIOS DE OTÁRIOS.
Quarto. Como a baixa do IPC-S afeta a produção ajudando as indústrias. Se com menos dinheiro o beneficiário da bolsa-familia ou o trabalhador de baixa-renda compra alimentos o que sobra vai para a compra de produtos de valor agregado , girando a roda da economia como todos pedem e querem. A taxa Selic vai ter que baixar mas não agora.
Quinto . Todo mundo é socialistas agora na hora de dividir o pão o meu primeiro. Esses 17 bi que ficou destinado aos especuladores do SF é pago por todos os contribuintes do nosso país, sabe o que mais dói é que quem critica esse pagamento não está nem aí para o miserável ou para o pobre, ou alguém acha que melhorar o poder aquisitivo dos desvalidos não tem custo?
Sexto. Eu adoraria falar de maneira detalhada sobre os cortes na educação das universidades, só que estou cansada, só digo uma coisa por que as Universidades Federais não aderem ao ENEM e economizam seus recursos na confecção e aplicação de provas , já que isso é oferecido pelo MEC de graça?
Parabéns, Miro, por denunciar a agiotagem bancada pelo governo federal e pelo banco central!
ResponderExcluirIsso é a maior vergonha e a origem de boa parte dos problemas desse país!
Eu entendi e concordo inteiramente. Por favor, prossiga.
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