sexta-feira, 11 de março de 2011

A ditadura está bem viva

Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:

As reações de chefes militares à instalação da Comissão Nacional da Verdade por meio de projeto de lei que o Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional são apenas a ponta do iceberg que torna imperativa tal Comissão, ainda que os otimistas perguntem por que devemos revolver um passado que é mais confortável olvidar.

O resgate histórico do período de sombras que vai de 1964 a 1985, com a eleição (indireta) do primeiro civil após 21 anos de ditadura militar, não objetiva tão-somente preservar a memória do passado para evitar que se repita no futuro. Objetiva, sobretudo, combater ameaças contemporâneas.

Por doloroso que seja, é preciso constatar que a ditadura não está morta. Ela vive e paira sobre a nação.

A ditadura vive nas notas ameaçadoras que chefes militares publicam reiteradamente em desafio a presidentes como Lula e, agora, Dilma, comandantes-em-chefe das Forças Armadas. Durante a eleição do ano passado, militares cansaram de fazer ameaças diante da possibilidade de eleição da ex-guerrilheira Dilma Rousseff, por exemplo.

Mas não é só nos delírios de militares de pijama – e de outros paramentados com fardas sujas de sangue – que a ditadura subsiste.

A ditadura vive nos jovens riquinhos que espancam e discriminam homossexuais na avenida Paulista ou em qualquer outra parte do país.

A ditadura vive nos brancos de classe alta que espancam e discriminam nordestinos negros no Sul e no Sudeste.

A ditadura vive em Mayara Petruzo, a patricinha do interior de São Paulo que pregou que nordestinos e negros não tivessem direito a voto e que fossem assassinados, e nas dezenas de jovens que a apoiaram em redes sociais da internet.

A ditadura vive nos jovens que, através do Twitter, pregaram que a presidenta da República fosse assassinada por um franco-atirador no dia de sua posse.

A ditadura vive nos comentaristas da Globo como Luiz Carlos Prates, que não se conforma com a distribuição de renda que permite que “qualquer miserável” tenha um carro.

A ditadura vive em tantas delegacias de polícia em que a tortura é exatamente a mesma que a usada nos porões da ditadura militar.

A ditadura vive nos que mantém sites de extrema-direita que exaltam torturadores, estupradores e assassinos e que, não contentes em criar sites como o Ternuma, ainda saem fazendo ameaças contra os que execram o golpe de 1964.

Vejam só, logo abaixo, a ameaça que um tal de “General Azevedo”, que se diz ligado ao site de extrema-direita Ternuma (Terrorismo Nunca Mais), postou ontem neste blog. Vale refletir sobre suas palavras.

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General Azevedo
ternuma.com.br/
gazevedo@hotmail.com
189.0.16.176
Enviado em 10/03/2011 às 18:47

Os comunistóides de bosta deste blogezinho de quinta categoria estão bastante alegres e agitadinhos.

O que tenho pra dizer é que continuamos bem alertas. Não duvidem do que somos capazes. Em 1964 quanto tentaram transformar esse país numa imensa Cuba tivemos que mostrar nossa força.

Vão brincado. Uma hora a palhaçada pode acabar mal para toda cambada de energúmenos adoradores das múmias soviéticas e dos dinossauros de Cuba. Não perdem por esperar.


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Então: quem continua achando que a ditadura está morta? Mortos não editam blogs e não fazem ameaças, não espancam negros e homossexuais, não fazem comentários fascistas na televisão, meus caros leitores.

A ditadura vive, respira e age. Nas sombras, no mais das vezes. Mas, de quando em quando, sai à luz do sol nas notas de chefes militares, nos atos de violência e em nosso próprio cotidiano, quando, em nosso meio social, ouvimo-lhes ou lhes lemos as idéias hediondas até em grandes meios de comunicação.

Desde o fim da ditadura que os sucessivos presidentes da República fazem de conta que não vêem militares da ativa e da reserva – e até parlamentares representantes da extrema direita, como o tal de Jair Bolsonaro – esbofeteando a nação que torturaram por duas décadas e tripudiando de suas vítimas.

A Comissão da Verdade, pois, é imperativa. Só a verdade sobre aquele período de horror permitirá que seja desmascarado em sua completude. Essa Comissão é imperativa para combater a ameaça que seus agentes fazem reiteradamente não só à democracia, mas a mentes jovens que passam a crer em suas mentiras.

O preço da acomodação é vivermos sob liberdade condicional. A própria democracia ainda é mera concessão dos golpistas sobreviventes e dos adeptos dos criminosos de 1964, que continuam envenenando mentes suscetíveis com a “solução” golpista para barrar a justiça social que o povo brasileiro tenta fazer prevalecer através do voto.

Como blogueiro e ativista político, assumo o compromisso de não tergiversar nessa questão. A ditabranda não será reinstalada neste país enquanto pessoas como eu e como os que prestigiam esta página com sua leitura permanecermos vigilantes e dispostos até a ir às ruas em defesa da democracia e do Estado de Direito.

4 comentários:

  1. Ótimo artigo, Miro. A Comissão Nacional da Verdade é de extrema necessidade e vai ser uma punhalada nos crimes cometidos durante a ditadura. Essa comissão não só vai de encontro com os interesses do Grupo Tortura Nunca Mais, como também vai de encontro com os anseios da sociedade brasileira, com tantas famílias que até hoje não puderam enterrar seus entes desaparecidos.
    Abçs!
    Me sigam no Twitter: @LucasBiancatto

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  2. Concordo com o companheiro, hj somos uma nação soberana graças ao Ilmo. Ex-presidente Lula, homem que não tinha medo de bater no peito e dizer sou brasileiro.Muito diferente destes tais entreguista, vendilhões da pátria, tais como este tal Reinaldo Azevedo, ops, General Azevedo. Ops novamente não seria Gen. ou Gal Azevedo. Será que este tal 'General' (ou seria Gen. ou Gal) Azevedo sabe quantas estrelas tem a insígnia de oficial general?

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  3. Prezado Miro

    Obrigado por seus textos, sou mais um cidadão que caminha em busca da verdadeira democracia nesse país. Desde que comecei a me embrenhar pelos ares da blogosfera "suja" já angariei e esclareci alguns tantos para lutar ao nosso lado.

    Parabéns pele blog.
    Fiquemos de olhos abertos.

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  4. Mas o que esse milico covarde ta falando. Força? Que força seu nazista de merda? Uns bundoes que mostraram sua "força" contra uma oposição debilitada. Força contra prisioneiros amarrados? Agiram a mando do tio san e com o apoio da quarta frota para o caso de alguma coisa dar errado.Covardes que se borravam nas calças ao se deparar com algum gerrilheiro mal armado e esfarrapado no Araguaia(como o Osvaldão e Helenira ou o Comandante Lamarca, esses sim hérois).Donde esses milicos tem tantas medalhas? A unica guerra que participaram foi aquela: alguns nazistas covardes contra prisioneiros amarrados. Sempre em maioria pra garantir né.Te liga bundão,olha o que acontece no oriente e mesmo o o guerreiro povo cubano que mesmo cercado por terroristas resiste!

    Leonel-Alvorada RS

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