quarta-feira, 16 de março de 2011

Evento discute cerco midiático a Cuba

Reproduzo matéria de André Cintra, publicada no sítio Vermelho:

O debate sobre “O cerco midiático contra Cuba”, nesta terça-feira (15), no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, foi além da denúncia. Ao lado do cônsul geral de Cuba no Brasil, Lázaro Méndez, os jornalistas Mario Augusto Jakobskind e Fernando Morais relataram detalhes de seus mais recentes livros-reportagens — ambos a respeito da ilha caribenha.
O evento foi promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, em parceira com o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), o site Opera Mundi e o Comitê dos Cinco Patriotas Cubanos.

Jakobskind é autor de Apesar do Bloqueio — Um Repórter Carioca em Cuba, lançado em 1984, após a primeira visita do jornalista a Havana e nos 25 anos da Revolução Cubana. Passaram-se 26 anos, ele refez a viagem e decidiu reeditar o livro, com devidos acréscimos e necessárias atualizações. A iniciativa resultou em Cuba: Apesar do Bloqueio (Book Link, 2010), que teve noite de autógrafos após o debate no sindicato.

“Estive pela primeira vez em Cuba nos estertores da ditadura brasileira”, conta Jakobskind. “Fui preso ao desembarcar no aeroporto e foram confiscados alguns exemplares da edição em espanhol do livro”, lembra.

Segundo o jornalista, a vigilância passou, mas não a manipulação jornalística da grande mídia. “O cerco midiático que Cuba sofre desde o início de sua revolução, antes mesmo da declaração de que o país optaria pelo socialismo, é um fato concreto. Quase diariamente, os principais jornais do eixo Rio-São Paulo só referem a Cuba como uma ditadura onde o povo não tem direito de escolher seus dirigentes”, diz Jakobskind.

O livro reeditado pelo autor traz, entre os relatos adicionais, a história dos cinco contraterroristas cubanos que, por meio de espionagem, ajudaram a evitar a ação de grupos extremistas de Miami. Os “cinco patriotas”, presos desde 1998 nos EUA, depois de um processo à margem da lei, são tratados como heróis em Cuba.

É este o tema do próximo livro de Fernando Morais, a ser lançado em maio pela Cia. das Letras, com o sugestivo título de Os Últimos Soldados da Guerra Fria. Morais, autor de A Ilha (1976) — um clássico brasileiro sobre a Revolução Cubana — voltou ao país dos irmãos Fidel e Raúl Castro para pesquisar a história dos cinco patriotas. Foi também à Flórida, nos Estados Unidos, onde leu as páginas do processo fraudulento contra os cubanos e entrevistou dezenas de pessoas envolvidas com o caso.

Sua conclusão é inequívoca: os Estados Unidos, com a colaboração da imprensa anticastrista da Flórida, violaram as leis para prender os cinco contraterroristas. “Em nome do patriotismo, todos eles viviam modestamente em Miami e tinham de lutar por sua sobreviência”, explica Morais, que foi mais de 15 vezes a Miami.

Em sua opinião, é hora de a luta pela libertação dos cinco cubanos deixar de ser uma causa restrita a entidades progressistas. “A esquerda não precisa ser informada sobre a brutalidade contra os cinco cubanos, porque já sabe. É preciso informar e ganhar a opinião pública. Por isso é que fiz questão de ouvir os dois lados da história e ir atrás da verdade”, diz o escritor.

Já Lázaro Méndez afirmou que outra batalha atual de Cuba é fortalecer a rede em defesa do socialismo cubano. “Estamos mudando e atualizando o socialismo para sermos melhores. O socialismo cubano será adaptado à realidade de hoje”, afirmou o cônsul, que agradeceu às entidades brasileiras pela “valorosa solidariedade”.

Para José Reinaldo Carvalho, diretor do Cebrapaz, Cuba cumpre um “papel internacional de bastião da resistência” contra os ataques imperialistas. “Nossa geração aprendeu com Fidel que, quando nada pode ser feito, pelo menos devemos resistir — pelo menos devemos protestar.”

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