Reproduzo artigo de Maurício Caleiro, publicado no blog Cinema & Outras Artes:
Ao final da dupla presidência de George W. Bush, a popularidade dos EUA se encontrava em seu momento mais baixo. As mentiras sobre as armas de destruição em massa, a manipulação da opinião pública, o desrespeito à ONU e a mortandade de civis no Iraque levaram o anti-americanismo a alastrar-se como nunca pelo mundo, levando-o a pontos incandescentes entre os povos do Oriente Médio - indignados pelo apoio incondicional dos EUA ao agravamento das políticas opressivas de Israel contra os palestinos e estigmatizados em bloco como fanáticos religiosos e terroristas.
A eleição de Obama, com o simbolismo da questão racial, a mobilização de jovens e internautas e a euforia utópica do “Yes, we can!”, trouxe a esperança de que tal quadro se reverteria e o obscurantismo da Era Bush seria uma página virada da história. Afinal, embora a relação com Israel devesse permanecer intacta, o programa de governo incluía o diálogo com lideranças árabes, o fechamento da prisão de Guantánamo e, no âmbito interno, as reformas das leis de imigração e do calamitoso sistema de saúde.
Decepções em série
Quase tudo isso ficou no mero marketing. O descontentamento do governo, Hillary à frente, ante os levantes populares contra as ditaduras árabes foi evidente (só não o seria se fosse no Irã). No último dia 7, Obama recuou em relação a Guantánamo, que continua mantendo presos, em condições desumanas, suspeitos sem julgamento, numa afronta à Justiça internacional. “A reforma da política nacional de imigração foi inviabilizada no Congresso e tem sido substituída por selvagens leis estaduais anti-imigrantes”, como aponta Luiz Antonio M. C. Costa.
Para Maria da Conceição Tavares – que concedeu ótima entrevista à Carta Maior -, Obama “exerce um presidencialismo muito vulnerável, descarnado de bases efetivas, pois a juventude e os negros que o elegeram não teriam poder institucional nem assento em postos chaves”. Ela aponta o que chama de “conservadorismo de bordel”, representado pela aliança entre o moralismo republicano e a farra da finança especulativa, como uma camisa-de-força conservadora para o exercício da presidência nos EUA atuais.
Deslumbre entusiasmado
Foi para receber esse presidente pato manco que o Brasil se perfilou. Mídia deslumbrada e acrítica à frente, prometia-se um show de democracia e afagos no ego nacional, com direito a comício na Cinelândia e Obama anunciando à massa que reservara um assento para o país no Conselho de Segurança da ONU.
Como sói acontecer quando se trata de Obama, houve uma grande frustração de expectativas. Primeiro, a Cinelândia foi vetada, após monitoramento das redes sociais, por receio de protestos populares.
Depois, uma manifestação corriqueira em frente ao Consulado dos EUA no Rio termina com treze cidadãos brasileiros detidos - a maioria estudantes e professores - e outro, um vigilante, com ferimentos provocados pelo que a polícia fluminense alega ser uma explosão de coquetel molotov. No dia seguinte, para espanto de muitos, os treze detidos são mandados para a prisão em Bangu, para aguardar julgamento por penas que podem chegar a doze anos.
Muito anos 70
Além de inédito nos anais recentes das manifestações públicas brasileiras, é, para dizer o mínimo, pouco crível que um grupo heterogêneo de militantes, predominantemente do PSOL, mas com um menor de idade e uma senhora de 69 anos, lançasse mão de coquetéis molotov, socos ingleses e pedras (material alegadamente apreendido, mostrado pela Globo) em um ato de protesto - ainda mais contra a superprotegida embaixada dos EUA.
É fato documentado que pertence ao universo dos grupos neonazistas - cujas ligações com setores da extrema-direita militar são evidentes - o hábito de carregar tal parafernália, para descarregar seu ódio contra gays, nordestinos e demais minorias.
E, embora pertença ao âmbito da especulação o que realmente teria acontecido, convém, como sempre, se perguntar a quem interessaria tal conflito aberto. As respostas parecem evidentes: aos grupos paramilitares de direita e seus militares de pijama, que alimentam ódio ao governo “de esquerda” e “revanchista” de Dilma e às próprias forças de segurança dos EUA em conluio com a PM carioca, que ao reprimir violentamente o protesto e prender 13 pessoas desencorajaria a participação popular em novas manifestações. Esta última hipótese é reforçada por dois fatores: a alegação de partidários do PSTU de que havia pessoas infiltradas entre o grupo e repetição de um modus operandi tantas vezes utilizado pela CIA.
A recusa de Lula
Mas não para por aí. A seguir, a novidade do evento foi o anúncio da não-participação de Lula no almoço com Obama. Muitos atribuem tal ausência ao esforço do popular ex-presidente para preservar intacto o protagonismo de Dilma Rousseff.
De minha parte, nunca comprei essa versão, pois, se assim fosse, Lula não deixaria para anunciar sua ausência na última hora, criando um fato jornalístico que traz de volta os holofotes a ele e gera uma série de especulações. Se deixar o palco para Dilma fosse o caso, seria mais lógico que ele assumisse, com bastante antecedência, um compromisso internacional que fizesse que ele sequer estivesse no país por ocasião da visita do mandatário estadunidense.
Portanto, o anúncio abrupto, de última hora, de sua ausência evidencia insatisfação ou desaprovação. A o quê? Não é preciso ser Nostradamus para se aperceber de que, com a ONU tendo aprovado, dois dias antes da visita de Obama, a decretação de zona de exclusão aérea na Líbia, seria uma questão de tempo para que os EUA seguissem os passos da França e anunciassem o ataque ao país - o que muito possivelmente viria a acontecer no Brasil, como efetivamente ocorreu.
Em solo brasileiro
E o fato de Obama fazer tal anúncio no Brasil repercutiu muito mal para nosso país no Oriente Médio e, como demonstra Maria Fro, na América Latina. Neste exato momento, Dilma Rousseff está sendo muito criticada tanto pela abstenção na votação na ONU quanto, sobretudo, por dar a impressão de endossar o anúncio de guerra ianque, por este ter se dado aqui e em meio a recepções calorosas a Obama.
Trata-se, evidentemente, no caso das últimas acusações, de uma injustiça, pois a presidenta nada poderia fazer em sentido contrário, em meio ao mais importante encontro internacional de seu mandato, organizado com grande antecedência.
Mas se Lula tivesse ido ao encontro, certamente sobrariam para ele acusações de incongruência entre, de um lado, a política Sul-Sul e de aproximação com o Oriente Médio que promoveu e, de outro, o fato de prestigiar o banquete para o mais novo senhor da guerra contra a região, inexplicavelmente laureado com o Nobel da Paz. Estrategista exímio como reconhecidamente é, Lula deve certamente ter prefigurado tais desdobramentos. Como se já não bastassem as idas e vindas de Obama quando incentivou que Lula mediasse um acordo com o Irã.
Humilhação oficial
Para completar o triste espetáculo que foi a visita de Obama, ministros foram obrigados, em território nacional, a tirar o sapato para revista pelas forças de segurança dos EUA, as quais revistaram até viatura da Polícia Federal. É o cúmulo da subserviência, de um lado, e do desrespeito à soberania, do outro.
Que alguns ministros tenham se recusado a tirar os sapatos, preferindo perder o almoço com Obama, traz o alento de saber que alguma dignidade foi preservada. Mas me recuso a acreditar que o cerimonial e as agências brasileiras de segurança não sabiam que seria assim – afinal, esse encontro vem sendo preparado há meses. Trata-se, portanto, de humilhação consentida, de vassalagem ao soberano. Há de se denunciar o ímpeto imperialista do visitante, mas não dá para fingir não notar a leniência submissa do governo brasileiro.
É o comércio, estúpido!
Com tantos transtornos, a visita de Obama ao Brasil evidenciou, uma vez mais, toda a truculência e arrogância imperialista que impregna, há décadas, a política externa dos EUA. O único evento a destoar positivamente do programa foi o discurso de Dilma Rousseff: firme, consistente, deixando claros os limites e as discordâncias do Brasil para com as demandas estadunidenses, foi reconhecido até por empedernidos conservadores.
Obama, em contraposição, além de lento e pouco articulado, não garantiu, no discurso oficial, o apoio à candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança da ONU – menção que só veio a fazer no almoço, o que é diplomaticamente muito menos significativo. Deixou claro que o negócio dele é fazer aumentar o comércio a favor dos EUA - e o resto é secundário.
Ou seja: os colonizados se humilharam e se abaixaram até "pagar cofrinho", mas desta vez nem espelhinhos ganharam...
Ao final da dupla presidência de George W. Bush, a popularidade dos EUA se encontrava em seu momento mais baixo. As mentiras sobre as armas de destruição em massa, a manipulação da opinião pública, o desrespeito à ONU e a mortandade de civis no Iraque levaram o anti-americanismo a alastrar-se como nunca pelo mundo, levando-o a pontos incandescentes entre os povos do Oriente Médio - indignados pelo apoio incondicional dos EUA ao agravamento das políticas opressivas de Israel contra os palestinos e estigmatizados em bloco como fanáticos religiosos e terroristas.
A eleição de Obama, com o simbolismo da questão racial, a mobilização de jovens e internautas e a euforia utópica do “Yes, we can!”, trouxe a esperança de que tal quadro se reverteria e o obscurantismo da Era Bush seria uma página virada da história. Afinal, embora a relação com Israel devesse permanecer intacta, o programa de governo incluía o diálogo com lideranças árabes, o fechamento da prisão de Guantánamo e, no âmbito interno, as reformas das leis de imigração e do calamitoso sistema de saúde.
Decepções em série
Quase tudo isso ficou no mero marketing. O descontentamento do governo, Hillary à frente, ante os levantes populares contra as ditaduras árabes foi evidente (só não o seria se fosse no Irã). No último dia 7, Obama recuou em relação a Guantánamo, que continua mantendo presos, em condições desumanas, suspeitos sem julgamento, numa afronta à Justiça internacional. “A reforma da política nacional de imigração foi inviabilizada no Congresso e tem sido substituída por selvagens leis estaduais anti-imigrantes”, como aponta Luiz Antonio M. C. Costa.
Para Maria da Conceição Tavares – que concedeu ótima entrevista à Carta Maior -, Obama “exerce um presidencialismo muito vulnerável, descarnado de bases efetivas, pois a juventude e os negros que o elegeram não teriam poder institucional nem assento em postos chaves”. Ela aponta o que chama de “conservadorismo de bordel”, representado pela aliança entre o moralismo republicano e a farra da finança especulativa, como uma camisa-de-força conservadora para o exercício da presidência nos EUA atuais.
Deslumbre entusiasmado
Foi para receber esse presidente pato manco que o Brasil se perfilou. Mídia deslumbrada e acrítica à frente, prometia-se um show de democracia e afagos no ego nacional, com direito a comício na Cinelândia e Obama anunciando à massa que reservara um assento para o país no Conselho de Segurança da ONU.
Como sói acontecer quando se trata de Obama, houve uma grande frustração de expectativas. Primeiro, a Cinelândia foi vetada, após monitoramento das redes sociais, por receio de protestos populares.
Depois, uma manifestação corriqueira em frente ao Consulado dos EUA no Rio termina com treze cidadãos brasileiros detidos - a maioria estudantes e professores - e outro, um vigilante, com ferimentos provocados pelo que a polícia fluminense alega ser uma explosão de coquetel molotov. No dia seguinte, para espanto de muitos, os treze detidos são mandados para a prisão em Bangu, para aguardar julgamento por penas que podem chegar a doze anos.
Muito anos 70
Além de inédito nos anais recentes das manifestações públicas brasileiras, é, para dizer o mínimo, pouco crível que um grupo heterogêneo de militantes, predominantemente do PSOL, mas com um menor de idade e uma senhora de 69 anos, lançasse mão de coquetéis molotov, socos ingleses e pedras (material alegadamente apreendido, mostrado pela Globo) em um ato de protesto - ainda mais contra a superprotegida embaixada dos EUA.
É fato documentado que pertence ao universo dos grupos neonazistas - cujas ligações com setores da extrema-direita militar são evidentes - o hábito de carregar tal parafernália, para descarregar seu ódio contra gays, nordestinos e demais minorias.
E, embora pertença ao âmbito da especulação o que realmente teria acontecido, convém, como sempre, se perguntar a quem interessaria tal conflito aberto. As respostas parecem evidentes: aos grupos paramilitares de direita e seus militares de pijama, que alimentam ódio ao governo “de esquerda” e “revanchista” de Dilma e às próprias forças de segurança dos EUA em conluio com a PM carioca, que ao reprimir violentamente o protesto e prender 13 pessoas desencorajaria a participação popular em novas manifestações. Esta última hipótese é reforçada por dois fatores: a alegação de partidários do PSTU de que havia pessoas infiltradas entre o grupo e repetição de um modus operandi tantas vezes utilizado pela CIA.
A recusa de Lula
Mas não para por aí. A seguir, a novidade do evento foi o anúncio da não-participação de Lula no almoço com Obama. Muitos atribuem tal ausência ao esforço do popular ex-presidente para preservar intacto o protagonismo de Dilma Rousseff.
De minha parte, nunca comprei essa versão, pois, se assim fosse, Lula não deixaria para anunciar sua ausência na última hora, criando um fato jornalístico que traz de volta os holofotes a ele e gera uma série de especulações. Se deixar o palco para Dilma fosse o caso, seria mais lógico que ele assumisse, com bastante antecedência, um compromisso internacional que fizesse que ele sequer estivesse no país por ocasião da visita do mandatário estadunidense.
Portanto, o anúncio abrupto, de última hora, de sua ausência evidencia insatisfação ou desaprovação. A o quê? Não é preciso ser Nostradamus para se aperceber de que, com a ONU tendo aprovado, dois dias antes da visita de Obama, a decretação de zona de exclusão aérea na Líbia, seria uma questão de tempo para que os EUA seguissem os passos da França e anunciassem o ataque ao país - o que muito possivelmente viria a acontecer no Brasil, como efetivamente ocorreu.
Em solo brasileiro
E o fato de Obama fazer tal anúncio no Brasil repercutiu muito mal para nosso país no Oriente Médio e, como demonstra Maria Fro, na América Latina. Neste exato momento, Dilma Rousseff está sendo muito criticada tanto pela abstenção na votação na ONU quanto, sobretudo, por dar a impressão de endossar o anúncio de guerra ianque, por este ter se dado aqui e em meio a recepções calorosas a Obama.
Trata-se, evidentemente, no caso das últimas acusações, de uma injustiça, pois a presidenta nada poderia fazer em sentido contrário, em meio ao mais importante encontro internacional de seu mandato, organizado com grande antecedência.
Mas se Lula tivesse ido ao encontro, certamente sobrariam para ele acusações de incongruência entre, de um lado, a política Sul-Sul e de aproximação com o Oriente Médio que promoveu e, de outro, o fato de prestigiar o banquete para o mais novo senhor da guerra contra a região, inexplicavelmente laureado com o Nobel da Paz. Estrategista exímio como reconhecidamente é, Lula deve certamente ter prefigurado tais desdobramentos. Como se já não bastassem as idas e vindas de Obama quando incentivou que Lula mediasse um acordo com o Irã.
Humilhação oficial
Para completar o triste espetáculo que foi a visita de Obama, ministros foram obrigados, em território nacional, a tirar o sapato para revista pelas forças de segurança dos EUA, as quais revistaram até viatura da Polícia Federal. É o cúmulo da subserviência, de um lado, e do desrespeito à soberania, do outro.
Que alguns ministros tenham se recusado a tirar os sapatos, preferindo perder o almoço com Obama, traz o alento de saber que alguma dignidade foi preservada. Mas me recuso a acreditar que o cerimonial e as agências brasileiras de segurança não sabiam que seria assim – afinal, esse encontro vem sendo preparado há meses. Trata-se, portanto, de humilhação consentida, de vassalagem ao soberano. Há de se denunciar o ímpeto imperialista do visitante, mas não dá para fingir não notar a leniência submissa do governo brasileiro.
É o comércio, estúpido!
Com tantos transtornos, a visita de Obama ao Brasil evidenciou, uma vez mais, toda a truculência e arrogância imperialista que impregna, há décadas, a política externa dos EUA. O único evento a destoar positivamente do programa foi o discurso de Dilma Rousseff: firme, consistente, deixando claros os limites e as discordâncias do Brasil para com as demandas estadunidenses, foi reconhecido até por empedernidos conservadores.
Obama, em contraposição, além de lento e pouco articulado, não garantiu, no discurso oficial, o apoio à candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança da ONU – menção que só veio a fazer no almoço, o que é diplomaticamente muito menos significativo. Deixou claro que o negócio dele é fazer aumentar o comércio a favor dos EUA - e o resto é secundário.
Ou seja: os colonizados se humilharam e se abaixaram até "pagar cofrinho", mas desta vez nem espelhinhos ganharam...
Há alguns conflitos da esfera política internacional não haverá em tempo algum uma viabilização efetiva. O s gestores interpretam papeis. São alguns verdadeiros autores com o poder da dramatizada oratória da manipulação de massa.
ResponderExcluirDe nos alienar de forma sutil e por vezes permissível. Os mais esclarecidos sabem que muitos dos conflitos foge por completo da sua competência, E em outra situação não há um rela interesse de pacificação por partes dos governantes, por isso sempre haverá um conflito iminente para matar a sede de honra e gloria para muitos tiranos.
Uma observação sobre a votação do Brasil na CDH da ONU. Como em política externa tudo é negociado,o voto do Brasil não estaria vinculado à vaga do CS. Isso é o que se afirmam, mas não tem nada a ver. Lula é líder na América Latina, para onde ele ia, praticamente ia quase toda a região. Os americanos não tinham condição de impor sua política na região com a liderança mundial que Lula conquistou e a confluência dos principais líderes da América Latina, pelo qual ele falava em nome da região.
ResponderExcluirAliás, não falava apenas em nome da AL, mas falava em nome da África, também. A diplomacia Sul-Sul deu uma nova dimensão de força. Vir ao Brasil, melhor dizendo, á AL, não foi apenas fazer negócios, mas trazer a região novamente para a liderança política americana, isso ficou claro no discurso de Obama no Chile, quando mandou recado velado para Chávez e Castro.
Os americanos agora caminham para retomar a liderança política e comercial na região. O discurso agora, com a chegada da China e o fortalecimento de toda região financeiramente, ainda que vendendo produtos primários para à China, o fato é que fortaleceu economicamente a região, o discurso agora é que o continente é igual, eles querem uma parceria entre iguais com os países latinos.
Mas o fato é que o discurso está longe de ser real, basta ver a dificuldade para os latinos entrarem nos Estados Unidos. Não sabemos como ficarão essa situação, mas o fato é que a liderança política construída por Lula e o fortalecimento da AL, fez que os americanos se antecipassem ao Brasil, vindo logo no início do governo de Dilma, uma situação que quer a mídia vender e alguns analistas de que foi simbólica de que ele veio primeiro, mas o fato é que não é apenas a mídia tupiniquim que trabalha para tirar Lula de cena, os americanos também trabalham para que os latinos vejam nele a mesma referência que viam em Lula, ou seja, um igual.
Não há dúvida da história dele enquanto negro num país racista, mas há uma longa distância entre a sociedade americana e os povos latinos. Isto é fato. Não sabemos quais a concessões e pressões que ocorreram nos bastidores. Mas o fato é que, creio eu, será intensificada a campanha contra Chávez na região. Os americanos precisam de petróleo, veio a procura do Brasil, afirmou em investir, mas ofereceu muito pouco, se compararmos a China.
É preciso ficarmos atentos as pedras nesse tabuleiro das Relações Internacionais sempre. E não esquecendo que os interesses entre os estados convergem e divergem, mas quem é potência terá sempr condição de pressionar o outro para fazer sua vontade, isso quando usa a força para se obter o que quer.
Miro, o que eu não entendo é a falta de postura de alguns analistas de RIs, que são escalados pela imprensa para falar sobre isso, sabia, ou seja, a visita de Obama.
Eles sabem como a ONU funciona e como funciona a geopolítica do Planeta. Eles sabem que a China veta a entrada da Índia e do Japão, como bem falou o embaixador da China em palestra na Coppe.
Eles sabem que os americanos não permitirão que o Brasil emerja como potência nem que se arme além deles no hemisfério.
Eles sabem que os franceses não permitirão a entrada da Alemanha como membro permanente. Aí eles ficam falando aquilo que o PIG pede para eles dizerem e eles dizem. O que acontece? Está faltando honestidade intelectual nessa gente, sabia?
E tudo isso em nome de míseros segundos ou minutos para aparecerem. Depois, lá na academia, são ridicularizados pelos outros colegas.
Sabem que para o Brasil entrar terá de ser pela própria estratégia do país para que cada vez mais seja protagonista no sistema e que terá desavenças com os americanos.Isso faz parte das RIs.
brilhante analise do Miro.
ResponderExcluirNo mais: LULA 2014,para mais soberania, mais independência, mais atitude antiimperialista.
edmilson botequio