Reproduzo artigo de Miguel do Rosário, publicado no blog Gonzum:
Há tempos venho procurando um pretexto para citar o Antigo Testamento. Eis minha chance. Com essa entrevista, não apenas o DEM, mas sobretudo a Veja - por ter ocultado a entrevista, que aliás foi concedida ao xodó do Instituto Millenium, Diego Escosteguy -, precipitaram-se "no mais profundo abismo", "como um aborto que causa horror". O DEM, assim como profetizava Isaías, tornou-se uma "terra devastada, inteiramente pilhada, porque o Senhor assim o decidiu. A terra [o DEM] está na desolação, murcha, o mundo definha e esmorece, e os chefes do povo estão aterrados. A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna. Por isso a maldição devora a terra e seus habitantes expiam suas penas; os habitantes da terra são consumidos, um pequeno número de homens sobrevive."
Agora, falando sério, Arruda terá que provar suas acusações. A mídia, que se torna ultraprudente sempre que seus amigos envolvem-se em falcatruas, tentará neutralizar de alguma maneira o depoimento do ex-governador do Distrito Federal, o qual só terá efeito jurídico se vier acompanhado de provas. Quanto ao efeito político, porém, representa um verdadeiro terremoto, seguido de tsunami e vazamento nuclear.
Não custa nada a base governista entrar em ação e criar uma CPI para investigar o caso. Por muito menos, fizeram-se CPIs contra o governo Lula. Afinal, não se trata de um bandido comum e sim o único governador do DEM, o sujeito cotado para ser o vice de José Serra nas eleições presidenciais de 2010. O povo brasileiro não aceita compaixão. Uma CPI permitirá a quebra de sigilos bancários e telefônicos, fornecendo dados para esclarecer de vez o tamanho da podridão de um partido que nos últimos tempos tem investido pesadamente no moralismo como uma de suas principais plataformas políticas.
Ressalte-se, todavia, que faltam provas, e não quero emular o comportamento irresponsável de setores da imprensa, que julgam e condenam antes de qualquer investigação mais séria. A prudência neste caso é necessária sobretudo porque Arruda envolveu o nome de ao menos uma pessoa até então considerada imune a esse tipo de pilantragem, o senador pedetista Cristóvão Buarque.
O mais grave nisso tudo é o fato de Arruda ter concedido a entrevista em setembro do ano passado e a revista ter divulgado só agora. O depoimento aconteceu antes das eleições. Era uma notícia fundamental para o brasileiro entender os bastidores da política partidária. Se a rede Globo deu sete minutos no Jornal Nacional para um ex-presidiário pé-de-chinelo inventar que pediu emprestado 9 bilhões ao BNDES, teria que dar tempo para Arruda dizer o que sabia na TV sobre as lideranças do DEM. Era um fato relevante, que certamente mudaria o rumo da campanha. Mais uma vez, vemos que a democracia brasileira apenas será completa quando possuir uma imprensa ética e não esse conglomerado de golpistas sem-vergonhas, situação que talvez só conseguiremos alcançar através de uma legislação mais adequada para a comunciação social no país. Será que a mídia, agora, dará a publicidade condizente ao caso? Será que a Globo vai botar o Arruda falando no Jornal Nacional?
Sobre as razões que teriam levado a Veja a publicar a entrevista agora, dias depois do DEM eleger seu novo presidente, a hipótese mais plausível é que Arruda deve ter ameaçado dar o "furo" para outra revista. O ex-governador diz, na entrevista, que o mais hipócrita de seu partido foi Agripino Maia (agora o novo presidente), que lhe pediu dinheiro, sabendo de onde vinha, e depois, quando a bomba estourou, foi o primeiro a lhe apontar o dedo acusatório. Ao ver Agripino ganhando destaque na mídia como novo chefe do partido, Arruda deve ter sentido o sangue subir-lhe às têmporas e decidiu usar as cartas que tinha na manga para se vingar.
Há tempos venho procurando um pretexto para citar o Antigo Testamento. Eis minha chance. Com essa entrevista, não apenas o DEM, mas sobretudo a Veja - por ter ocultado a entrevista, que aliás foi concedida ao xodó do Instituto Millenium, Diego Escosteguy -, precipitaram-se "no mais profundo abismo", "como um aborto que causa horror". O DEM, assim como profetizava Isaías, tornou-se uma "terra devastada, inteiramente pilhada, porque o Senhor assim o decidiu. A terra [o DEM] está na desolação, murcha, o mundo definha e esmorece, e os chefes do povo estão aterrados. A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna. Por isso a maldição devora a terra e seus habitantes expiam suas penas; os habitantes da terra são consumidos, um pequeno número de homens sobrevive."
Agora, falando sério, Arruda terá que provar suas acusações. A mídia, que se torna ultraprudente sempre que seus amigos envolvem-se em falcatruas, tentará neutralizar de alguma maneira o depoimento do ex-governador do Distrito Federal, o qual só terá efeito jurídico se vier acompanhado de provas. Quanto ao efeito político, porém, representa um verdadeiro terremoto, seguido de tsunami e vazamento nuclear.
Não custa nada a base governista entrar em ação e criar uma CPI para investigar o caso. Por muito menos, fizeram-se CPIs contra o governo Lula. Afinal, não se trata de um bandido comum e sim o único governador do DEM, o sujeito cotado para ser o vice de José Serra nas eleições presidenciais de 2010. O povo brasileiro não aceita compaixão. Uma CPI permitirá a quebra de sigilos bancários e telefônicos, fornecendo dados para esclarecer de vez o tamanho da podridão de um partido que nos últimos tempos tem investido pesadamente no moralismo como uma de suas principais plataformas políticas.
Ressalte-se, todavia, que faltam provas, e não quero emular o comportamento irresponsável de setores da imprensa, que julgam e condenam antes de qualquer investigação mais séria. A prudência neste caso é necessária sobretudo porque Arruda envolveu o nome de ao menos uma pessoa até então considerada imune a esse tipo de pilantragem, o senador pedetista Cristóvão Buarque.
O mais grave nisso tudo é o fato de Arruda ter concedido a entrevista em setembro do ano passado e a revista ter divulgado só agora. O depoimento aconteceu antes das eleições. Era uma notícia fundamental para o brasileiro entender os bastidores da política partidária. Se a rede Globo deu sete minutos no Jornal Nacional para um ex-presidiário pé-de-chinelo inventar que pediu emprestado 9 bilhões ao BNDES, teria que dar tempo para Arruda dizer o que sabia na TV sobre as lideranças do DEM. Era um fato relevante, que certamente mudaria o rumo da campanha. Mais uma vez, vemos que a democracia brasileira apenas será completa quando possuir uma imprensa ética e não esse conglomerado de golpistas sem-vergonhas, situação que talvez só conseguiremos alcançar através de uma legislação mais adequada para a comunciação social no país. Será que a mídia, agora, dará a publicidade condizente ao caso? Será que a Globo vai botar o Arruda falando no Jornal Nacional?
Sobre as razões que teriam levado a Veja a publicar a entrevista agora, dias depois do DEM eleger seu novo presidente, a hipótese mais plausível é que Arruda deve ter ameaçado dar o "furo" para outra revista. O ex-governador diz, na entrevista, que o mais hipócrita de seu partido foi Agripino Maia (agora o novo presidente), que lhe pediu dinheiro, sabendo de onde vinha, e depois, quando a bomba estourou, foi o primeiro a lhe apontar o dedo acusatório. Ao ver Agripino ganhando destaque na mídia como novo chefe do partido, Arruda deve ter sentido o sangue subir-lhe às têmporas e decidiu usar as cartas que tinha na manga para se vingar.
Miro, muito bom o artigo. Veja cometeu mais uma atrocidade jornalística. Postei em meu blog um texto que também trata do assunto: "Veja, o panfleto que escondeu a entrevista de José Roberto Arruda", Eis o link: http://bit.ly/gPB10P.
ResponderExcluirAbraços!