Reproduzo artigo de Júlia Nassif de Souza, publicado no sítio da revista Caros Amigos:
À véspera das eleições presidenciais no Peru, o clima de medo caracteriza as campanhas de candidatos que mostram todas suas armas para conquistar o eleitorado indeciso e contam com o apoio indiscreto de diversos meios de comunicação. Jornais, revistas e programas televisivos levantam opiniões como verdades, exageram fatos e demonstram suas preferências desesperadas em uma eleição ainda indefinida.
Esse fato se dá pela quantidade de eleitores indecisos, pela grande aproximação dos índices de votos dos cinco principais candidatos e, além disso, pelo medo criado contra a continuidade do progresso econômico capitalista do país.
No total, essa eleição apresenta 10 candidatos à presidência, dentre eles cinco que estão na disputa da liderança e mostram uma diferença pequena entre si, com uma leve vantagem de Ollanta Humala (militar presente na destituição de Fujimori), sobre Alejandro Toledo (ex-presidente), Luis Castañeda (ex-prefeito de Lima), Pedro Pablo Kuczynski (ex-ministro de Toledo) e Keiko Fujimori (a filha do ex-ditador preso). Os dois mais votados disputam o segundo turno em junho.
Enquanto que Alan Garcia, o atual presidente, não pode ser reeleito e seu partido não apresenta candidatos presidenciais, mas sim para o Congresso e para o Parlamento Andino, os outros dois cargos que são definidos nessas eleições.
Realizadas pela Ipsos Apoyo, a última pesquisa, no dia 3 de abril, antes do debate presidencial, relatava os seguintes resultados: Ollanta 27.2%; Fujimori 20.5%; Toledo 18.5%; PPK 18.1%; e Castañeda 12.8%. O que gerou um clima de desespero nos meios e na classe média limenha, pelas denúncias amedrontadoras de uma suposta aproximação e inspiração do candidato Ollanta ao Chavez da Venezuela.
A última pesquisa terminou surpreendendo não só os meios, mas os candidatos também, principalmente porque visualizando desde o centro econômico do país, não se podia imaginar que Ollanta alcançaria tanta popularidade. O candidato tem somente 16.860 admiradores na rede social Facebook, a mais popular do país, enquanto que Kuczynski, o candidato de dupla cidadania peruana/norte-americana, já passou de 215.320, naturalmente explicável quando se têm em conta que é a população das classes média e alta que tem acesso à internet no Peru, recebendo Ollanta os votos dos setores mais humildes do país.
Apesar da fama de radical, Ollanta foi muito criticado no último debate presidencial por ter ficado preso a um roteiro pré-determinado durante todo o ciclo de perguntas e respostas, e mantém um discurso tranquilo, ensaiado e familiar, assessorado pelos brasileiros Luís Favre e Valdemir Garreta, que participaram da campanha de transição do Lula sindicalista ao Lula presidente de 2002.
Por desespero, os demais candidatos e a mídia se unem para criar uma situação de medo da expropriação de empresas estrangeiras por parte do Estado, caso este seja representado por Ollanta, exagerando o término “expropriação” à generalização de toda atividade de regulamento do ingresso de capitais estrangeiros que possam estar no seu projeto de governo, entendidos como a causa do crescimento econômico que, segundo o Fundo Monetário Internacional, é o maior da América Latina e chegou a nivelar um 7% em 2010.
Ao mesmo tempo em que a população acompanha o crescimento em cifras do país, acompanha também a saída de seus recursos, ainda maiores que as entradas de inversões estrangeiras, principalmente por responsabilidade das grandes corporações de atividades mineiras e de extração de recursos naturais.
Faltam poucos dias para a eleição que poderá mudar ou manter o rumo de um país que deve mostrar se tem medo de Hugo Chavez, se não tem memória ou se se entrega de mãos beijadas ao neoliberalismo, que pode estar representado por um cidadão de interesses norte-americanos. Essa decisão está nas mãos do povo peruano.
* Colaborou Ignacio Lemus.
À véspera das eleições presidenciais no Peru, o clima de medo caracteriza as campanhas de candidatos que mostram todas suas armas para conquistar o eleitorado indeciso e contam com o apoio indiscreto de diversos meios de comunicação. Jornais, revistas e programas televisivos levantam opiniões como verdades, exageram fatos e demonstram suas preferências desesperadas em uma eleição ainda indefinida.
Esse fato se dá pela quantidade de eleitores indecisos, pela grande aproximação dos índices de votos dos cinco principais candidatos e, além disso, pelo medo criado contra a continuidade do progresso econômico capitalista do país.
No total, essa eleição apresenta 10 candidatos à presidência, dentre eles cinco que estão na disputa da liderança e mostram uma diferença pequena entre si, com uma leve vantagem de Ollanta Humala (militar presente na destituição de Fujimori), sobre Alejandro Toledo (ex-presidente), Luis Castañeda (ex-prefeito de Lima), Pedro Pablo Kuczynski (ex-ministro de Toledo) e Keiko Fujimori (a filha do ex-ditador preso). Os dois mais votados disputam o segundo turno em junho.
Enquanto que Alan Garcia, o atual presidente, não pode ser reeleito e seu partido não apresenta candidatos presidenciais, mas sim para o Congresso e para o Parlamento Andino, os outros dois cargos que são definidos nessas eleições.
Realizadas pela Ipsos Apoyo, a última pesquisa, no dia 3 de abril, antes do debate presidencial, relatava os seguintes resultados: Ollanta 27.2%; Fujimori 20.5%; Toledo 18.5%; PPK 18.1%; e Castañeda 12.8%. O que gerou um clima de desespero nos meios e na classe média limenha, pelas denúncias amedrontadoras de uma suposta aproximação e inspiração do candidato Ollanta ao Chavez da Venezuela.
A última pesquisa terminou surpreendendo não só os meios, mas os candidatos também, principalmente porque visualizando desde o centro econômico do país, não se podia imaginar que Ollanta alcançaria tanta popularidade. O candidato tem somente 16.860 admiradores na rede social Facebook, a mais popular do país, enquanto que Kuczynski, o candidato de dupla cidadania peruana/norte-americana, já passou de 215.320, naturalmente explicável quando se têm em conta que é a população das classes média e alta que tem acesso à internet no Peru, recebendo Ollanta os votos dos setores mais humildes do país.
Apesar da fama de radical, Ollanta foi muito criticado no último debate presidencial por ter ficado preso a um roteiro pré-determinado durante todo o ciclo de perguntas e respostas, e mantém um discurso tranquilo, ensaiado e familiar, assessorado pelos brasileiros Luís Favre e Valdemir Garreta, que participaram da campanha de transição do Lula sindicalista ao Lula presidente de 2002.
Por desespero, os demais candidatos e a mídia se unem para criar uma situação de medo da expropriação de empresas estrangeiras por parte do Estado, caso este seja representado por Ollanta, exagerando o término “expropriação” à generalização de toda atividade de regulamento do ingresso de capitais estrangeiros que possam estar no seu projeto de governo, entendidos como a causa do crescimento econômico que, segundo o Fundo Monetário Internacional, é o maior da América Latina e chegou a nivelar um 7% em 2010.
Ao mesmo tempo em que a população acompanha o crescimento em cifras do país, acompanha também a saída de seus recursos, ainda maiores que as entradas de inversões estrangeiras, principalmente por responsabilidade das grandes corporações de atividades mineiras e de extração de recursos naturais.
Faltam poucos dias para a eleição que poderá mudar ou manter o rumo de um país que deve mostrar se tem medo de Hugo Chavez, se não tem memória ou se se entrega de mãos beijadas ao neoliberalismo, que pode estar representado por um cidadão de interesses norte-americanos. Essa decisão está nas mãos do povo peruano.
* Colaborou Ignacio Lemus.
Estou aqui no Peru e conversando com várias pessoas. O maior medo da população é que o candidato Ollanta seja uma cópia do que é Chavez na Venezuela e Evo na Bolívia. Não se trata de receio burguês da classe média apenas, mas a nítida impressão de que uma vitória deste nacionalista colocará em xeque liberdade de expressão, comunicação, etc.
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