sexta-feira, 22 de abril de 2011

Nassif e o direito de resposta no Estadão

Reproduzo resposta de Luis Nassif publicada na seção de Cartas do Estadão e no seu blog:

Em nome da objetividade com que O Estado de S. Paulo trata as informações, solicito a publicação dos seguintes esclarecimentos em relação à matéria TV Brasil contrata blogueiro por R$ 660 mil sem licitação (15/4).



Tenho 40 anos de carreira jornalística. Faço parte da história do jornalismo econômico brasileiro, ao lado de colegas como Biondi, Joelmir, Ming, Rocha, Mirian e outros. Ajudei a criar o jornalismo voltado para o consumidor, aí mesmo, no Jornal da Tarde, nas seções Seu Dinheiro e Jornal do Carro. Introduzi o jornalismo eletrônico no País.

Quem acompanha meu blog sabe que tenho posição crítica em relação a muitos pontos da mídia e também a pontos centrais da política econômica - em especial as políticas de juros e de câmbio. Quem acompanha meus comentários pela TV Brasil sabe que tenho feito críticas sistemáticas à timidez da Fazenda e do Banco Central em tratar da questão do câmbio.

Uma TV se faz com conteúdo e com cast - nomes conhecidos pelo público. É isso que levou a Record a contratar Heródoto Barbeiro, o SBT a contratar Marília Gabriela, a Globo News a contratar colunistas de outros jornais. E levou a nova Rede Eldorado a anunciar como estrelas comentaristas renomados do próprio Estadão.

Se a essência de uma emissora é o conteúdo produzido e o grau de conhecimento público de seus jornalistas, como tratar como desperdício de dinheiro público minha contratação pela EBC?

Pela própria natureza do trabalho, não existe licitação para contratar jornalistas ou artistas. Não é previsto na Lei de Licitações nem no uso do bom senso. Pela direção de conteúdo, pesquisas, manutenção de uma equipe para transbordar as discussões para a internet e apresentação do programa semanal, receberei R$ 35 mil (R$ 20 mil referem-se a comentários para o jornal da rede, Repórter Brasil).

Para efeito de comparação, a TV Cultura contratou grandes personagens, para tarefas mais restritas, por R$ 150 mil mensais.

Louvo o acompanhamento que o Estadão faz dos gastos do governo. Mas sugiro cautela para não transformar qualquer gasto em ato criminoso.

LUIS NASSIF
luis.nassif@gmail.com
São Paulo

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