sábado, 16 de abril de 2011

Os debates no encontro de blogueiros de SP

Reproduzo relato de Conceição Oliveira, publicado no blog Maria Frô:

Na etapa preparatória para o segundo encontro nacional dos blogueiros progressistas, blogueiros ‘sujos’ de São Paulo desde ontem realizam o 1º blogprogSP na Assesmbléia Legislativa de São Paulo.

Ontem, ocorreu a mesa de abertura com a participação de blogueiros paulistas como Renato Rovai e Eduardo Guimarães, hoje ativistas pela democratização das comunicações no Brasil e pela internet livre Sérgio Amadeu (Comitê Gestor da Internet no Brasil), Bia Barbosa (Intervozes) e Raquel Moreno (Observatório da Mulher) expuseram com clareza e qualidade os grandes problemas que envolvem a falta de compromisso social da mídia velha que estereotipa e criminaliza grupos e movimentos sociais, argumentando sobre a necessidade de um marco regulatório das comunicações do país e marco civil. Ressaltaram os riscos do controle da Banda Larga nas mãos das teles e a necessidade de o governo brasileiro por meio do Ministério das Comunicações tomarem a frente para garantir que o povo brasileiro seja soberano e a banda larga seja de fato universalizada (o que é muito diferente de massificação).

Sérgio Amadeu deu uma verdadeira aula sobre cidadania e internet, falando de legislação no Brasil e no mundo, das ações dos ativistas digitais e dos problemas no PNBL.

Comentando sobre os perigos do vigilantismo na rede disse: “a internet é uma rede de controle; sabe-se geo-referenciadamente aonde está cada máquina que acessa um streaming. O ativista defendeu a necessidade do estabelecimento do Marco Civil (mais tarde o deputado Paulo Teixeira da Frente Parlamentar pela Democratização das Comunicações informou que daqui a quinze dias chega para discussão no Congresso o projeto de Marco Civil).

Samadeu apontou ainda os problemas atuais no Plano Nacional de Banda Larga. Mostrou como no Brasil a exclusão digital é assimétrica: “para pobre é uma desgraça, para rico, tudo bem” e mandou um recado claro aos nossos gestores que estão implementando o PNBL: “precisamos de uma empresa estatal pra competir com as teles, sem isso elas não vão nos respeitar”. Amadeu nos lembra que ninguém proibiu as teles de levar banda larga a Roraima e mesmo assim o estado praticamente está apartado do acesso à rede com banda larga: ”O governo precisa ter o controle das calhas. Os cabos precisam ser nossos, do povo brasileiro.” Enfim, para Sérgio Amadeu o alcance da estrutura da Telebras para a execução do Plano Nacional de Banda Larga e universalização do acesso é fundamental e denuncia: Telecoms não trocaram fios de cobre por fibra ótica: é gambiarra. Fruto do modelo perverso de privatização.

Na mesma linha, Bia Barbosa defendeu a banda larga como um direito e não um produto de consumo no qual quem tem dinheiro compra e quem não tem fica excluído.

Rachel Moreno nos mostrou o quanto a grande mídia é irresponsável e para além do monopólio que controla os meios de comunicação no país, a velha mídia se esquiva das suas responsabilidades sociais estabelecidas na Constituição Brasileira. Responsabilidades jamais cumpridas e nem por isso os veículos da grande mídia são punidos. Em sua explanação mostrou o casamento de mídia e publicidade e seu objetivo de vender o impossível: estimulam irresponsavelmente a população a consumir alimentos calóricos e vendem ao mesmo tempo o modelo do corpo perfeito. Em relação aos movimentos sociais denuncia: a cobertura da mídia não foge ao script, quando não pode ignorar as ações dos movimentos sociais criminaliza-os ou os ridiculariza.

Na segunda mesa da manhã, o deputado estadual do PT Antônio Mentor que luta por criar uma frente parlamentar na Assembléia Legislativa de São Paulo para democratização das comunicações, os deputados federais Paulo Teixeira (PT) e Luiza Erundina (PSB) que compõem a Frente parlamentar nacional pela democratização das comunicações no Brasil apresentaram discursos afinados e afiados.

Luiza explicitou em sua fala aquilo que alguns dos blogueiros ‘sujos’ e os ativistas pela democratização da comunicação estão carecas de repetir, roucos de tanto falar: devemos cobrar sim do governo que lutamos para eleger que ele contribua para pôr em prática as bandeiras pelas quais lutamos e elegemos Dilma Rousseff.

A tônica de seu discurso foi a defesa da democracia direta, de acordo com Luiza não avançaremos se não nos mobilizarmos. A deputada citou o exemplo dos cidadãos estadunidenses que realizaram mais de de 800 pebiscitos pelo país, argumentou, inclusive, sobre o aumento autoconcedido pelos parlamentares e de como se tivéssemos mobilização poderíamos ter sido ouvidos. Em síntese, Luiza disse: se queremos democratizar de fato a comunicação no Brasil, bóra pra rua, fortalecer a frente parlamentar que nos representa e exigir a aprovação de um Plano Nacional de Banda Larga universalizante, da nossa Ley de Medios, do nosso Marco Civil.

Durante a mesa dos parlamentares com a participação do jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim temas como PNBL, Marco Civil, Marco Regulatório das Comunicações, defesa de valores constitucionais, atenção à saúde pública (igualmente desrespeitada pela mídia como no caso da histeria que criou uma falsa epidemia de febre amarela), rádios comunitárias, lei de direitos autorais voltaram à tona.

Paulo Teixeira reconheceu o que muitos petistas governistas parecem ter esquecido: das contribuições importantes da blogosfera ‘suja’ e das redes sociais para propor e compor os debates que interessam à sociedade brasileira.

Durante esta manhã a tag #blogprogSP ficou em 3º lugar nos TTs, na frente da tag #viradacultural; mais de 2.500 internautas acompanharam as mesas desse 2º dia do blogprogSP pela @redebrasilatual que transmitiu o evento). Isso mostra o interesse que debates como os travados no encontro provocam no país e a importância que nós ativistas e blogueiros ganhamos no cenário nacional.

Como blogueira ‘suja’, quero dar os meus parabéns à Comissão Regional do blogprogSP, dá um trabalho imenso organizar e mobilizar pessoas e recursos para uma empreitada como esta, mas vale a pena, todos os que lutam pela democratização das comunicações no Brasil agradecem.

Leia também o post de Paulo Henrique Amorim no Conversa Afiada: Frente Parlamentar vai ouvir Bernardo sobre Ley de Medios.

Um comentário:

  1. Eu penso que, atualmente, BANDA LARGA é um serviço essencial. Se a o iniciativa privada coloca empecilhos par o seu fornecimento, o GOverno tem que entrar no setor e colocar ordem na casa. Ontem, o técnico da NET veio à minha casa para verificar o meu acesso de 1 mega, pelo qual pago 49,90 mensais, com contrato de fidelidade de um ano. Mesmo marcando 119 Kbps, ele me veio com uma conversa mole, de que aqueles 119 Kbps significam, na realidade, 1 mega. Ora, então porque é que a máquina não aponta 1 mega??? È praticamente impossível assistir qualquer coisa no You tube sem intermitência. OU seja, me vendem gato por lebre e ainda me obrigam a ficar uma ano inteiro com esta porcaria, sob pena de pagar uma multa pesada por rescisão contratual e eu fico impedido de contratar outro serviço... È um serviço cartelizado, está óbvio. As teles combinam entre si estas promoções, e depois que o trouxa assina o contrato está preso na ratoeira. Isso é concorrência??? Isso é um capitalismo de compadres. PNBL Já!!!!

    "O BRASIL PARA TODOS não passa na glOBo - O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS"

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