Por Altamiro Borges
Deu na Folha de hoje:
Em pé de guerra com o ala alckmista do partido, sete dos 13 vereadores do PSDB de São Paulo ameaçam anunciar hoje seu desligamento rumo ao PSD, do prefeito Gilberto Kassab.
O grupo - que brigava pelo controle do PSDB de São Paulo - deve anunciar sua saída em bloco após assistir ao vídeo de uma reunião do diretório do partido. No vídeo, os aliados teriam feito ataques ao grupo quando discutiam a disputa de cargos no diretório do partido. O constrangimento poderia justificar a saída sem risco de perda de mandato.
O grupo está em choque com aliados de Geraldo Alckmin desde a eleição municipal de 2008, quando apoiou a candidatura de Kassab. Entre os descontentes está o presidente da Câmara Municipal, José Police Neto, o Netinho. Antes de anunciar a decisão, prometida para as 15h, a bancada pretende fazer uma última reunião.
Avisado da decisão, o líder do PSDB na Câmara, Floriano Pesaro, tenta reverter o cenário. "Falei com todos eles. Mas está difícil. Pelo menos seis vereadores avisaram que vão sair", reconheceu. O vereador Ricardo Teixeira é um dos que devem migrar para o PSD. "Comunicamos ao Serra que não há mais condições de diálogo. A atual direção do partido está tirando todo o espaço dos vereadores", diz. "Não agüentamos mais essa atitude de desprezo e ódio", diz Gilberto Natalini, outro descontente.
*****
Duas conclusões imediatas:
A primeira é que a crise da oposição demotucana é mais grave do que se imaginava. Ela não sofreu apenas uma derrota eleitoral em 2010. A candidatura de José Serra, sem programa, sem discurso e aliada ao que há de mais reacionário no país – da TFP e Opus Dei aos milicos de pijama –, representou um duro revés político. A sangria, até o momento, não foi estancada.
Não é só o DEM que está afundando – onze demos já migram para a legenda de Kassab e outros ameaçam tomar o mesmo rumo, o que pode inviabilizar este partido oligárquico da direita. O PPS de Roberto Freire também parece com os dias contados – três já abandonaram o barco furado. Para complicar, as sangrentas bicadas entre serristas e alckmistas, com Aécio Neves barrado numa blitz, apavoram os tucanos. Há até quem brinque que a múmia de FHC disputará a eleição em 2014. A piada é boa!
Qual o papel do partido de Kassab
A segunda conclusão é que o PSD, que muitos na mídia julgavam inviável, vai se tornando o refúgio dos descontentes da direita com os rumos da oposição. Temendo pela corrosão das suas bases eleitorais, eles rumam para o novo “partido-ônibus” – sem programa e sem perfil definido. Kassab já teorizou que sua legenda “não é de direita, nem de esquerda ou de centro”! Por enquanto, a migração principal é de notórios direitistas, como Índio da Costa e a ruralista Kátia Abreu.
A provável revoada de tucanos para o PSD deixa, inclusive, aberta as portas para que o novo partido cobre caro por suas futuras definições. O mesmo Kassab inclusive ameaçou numa recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura: “Se o Serra for candidato a prefeito, eu o apóio; a governador, eu o apóio; a presidente da República, eu o apóio”.
Jogo político mais complexo
O jogo político fica mais complexo. A oposição de direita está batida, fraturada e ferida. O governo Dilma comemora o revés dos demotucanos e amplia sua base de apoio – mas, nem com uma correlação de forças mais favorável, toma atitudes mais ousadas para aprofundar as mudanças no país. Já o centro – do PMDB ao novo PSD – toma a iniciativa política e reforça seu cacife. E cadê as forças políticas e sociais de esquerda?
Deu na Folha de hoje:
Em pé de guerra com o ala alckmista do partido, sete dos 13 vereadores do PSDB de São Paulo ameaçam anunciar hoje seu desligamento rumo ao PSD, do prefeito Gilberto Kassab.
O grupo - que brigava pelo controle do PSDB de São Paulo - deve anunciar sua saída em bloco após assistir ao vídeo de uma reunião do diretório do partido. No vídeo, os aliados teriam feito ataques ao grupo quando discutiam a disputa de cargos no diretório do partido. O constrangimento poderia justificar a saída sem risco de perda de mandato.
O grupo está em choque com aliados de Geraldo Alckmin desde a eleição municipal de 2008, quando apoiou a candidatura de Kassab. Entre os descontentes está o presidente da Câmara Municipal, José Police Neto, o Netinho. Antes de anunciar a decisão, prometida para as 15h, a bancada pretende fazer uma última reunião.
Avisado da decisão, o líder do PSDB na Câmara, Floriano Pesaro, tenta reverter o cenário. "Falei com todos eles. Mas está difícil. Pelo menos seis vereadores avisaram que vão sair", reconheceu. O vereador Ricardo Teixeira é um dos que devem migrar para o PSD. "Comunicamos ao Serra que não há mais condições de diálogo. A atual direção do partido está tirando todo o espaço dos vereadores", diz. "Não agüentamos mais essa atitude de desprezo e ódio", diz Gilberto Natalini, outro descontente.
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Duas conclusões imediatas:
A primeira é que a crise da oposição demotucana é mais grave do que se imaginava. Ela não sofreu apenas uma derrota eleitoral em 2010. A candidatura de José Serra, sem programa, sem discurso e aliada ao que há de mais reacionário no país – da TFP e Opus Dei aos milicos de pijama –, representou um duro revés político. A sangria, até o momento, não foi estancada.
Não é só o DEM que está afundando – onze demos já migram para a legenda de Kassab e outros ameaçam tomar o mesmo rumo, o que pode inviabilizar este partido oligárquico da direita. O PPS de Roberto Freire também parece com os dias contados – três já abandonaram o barco furado. Para complicar, as sangrentas bicadas entre serristas e alckmistas, com Aécio Neves barrado numa blitz, apavoram os tucanos. Há até quem brinque que a múmia de FHC disputará a eleição em 2014. A piada é boa!
Qual o papel do partido de Kassab
A segunda conclusão é que o PSD, que muitos na mídia julgavam inviável, vai se tornando o refúgio dos descontentes da direita com os rumos da oposição. Temendo pela corrosão das suas bases eleitorais, eles rumam para o novo “partido-ônibus” – sem programa e sem perfil definido. Kassab já teorizou que sua legenda “não é de direita, nem de esquerda ou de centro”! Por enquanto, a migração principal é de notórios direitistas, como Índio da Costa e a ruralista Kátia Abreu.
A provável revoada de tucanos para o PSD deixa, inclusive, aberta as portas para que o novo partido cobre caro por suas futuras definições. O mesmo Kassab inclusive ameaçou numa recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura: “Se o Serra for candidato a prefeito, eu o apóio; a governador, eu o apóio; a presidente da República, eu o apóio”.
Jogo político mais complexo
O jogo político fica mais complexo. A oposição de direita está batida, fraturada e ferida. O governo Dilma comemora o revés dos demotucanos e amplia sua base de apoio – mas, nem com uma correlação de forças mais favorável, toma atitudes mais ousadas para aprofundar as mudanças no país. Já o centro – do PMDB ao novo PSD – toma a iniciativa política e reforça seu cacife. E cadê as forças políticas e sociais de esquerda?
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