segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alckmin ataca e Serra alisa PSD de Kassab

Por Altamiro Borges

A convenção do PSDB de São Paulo terminou rachada neste final de semana. Não conseguiu eleger sequer a executiva do partido. A votação foi adiada por falta de acordo sobre o novo secretário-geral da sigla. O deputado federal Vaz de Lima, ligado a Serra, e César Gontijo, aliado do secretário José Aníbal, disputam o cargo. Serra e Aníbal são cotados para disputar a prefeitura em 2012.



A divisão, porém, não foi o fato mais curioso do evento – afinal, os tucanos se bicam desde a tragédia eleitoral do ano passado. O que chamou mais a atenção foi o tratamento diferenciado dado pelos dois caciques do partido ao prefeito Gilberto Kassab, que recentemente implodiu a oposição ao criar o PSD. A Folha, porta-voz da direita, não teve nem como esconder as divergências.

“Ação para dizimar a oposição”

De um lado do ringue, o governador Geraldo Alckmin atirou para matar no ex-demo. “Num discurso com tom acima do usual, o governador ligou a criação do PSD a uma ação para ‘dizimar a oposição’ no país... Sem citar a sigla de Kassab, Alckmin culpou sua criação pelo enfraquecimento do PSDB, DEM e PPS, partidos que mais têm sofrido com a debandada de filiados”.

Alckmin também atacou a “inconsistência ideológica” do PSD. “Partido é como religião. Não tem religião sem fé. Não tem partido sem idealismo”, afirmou o seguidor do Opus Dei. No maior cinismo, o governador do PSDB – que hegemoniza São Paulo há quase 20 anos – ainda criticou o “adesismo” do PSD. “Não é fácil fazer oposição num país onde a política é governista e se faz embaixo, sob o aparelho de Estado, como carrapato grudado na máquina pública”. Alguns presentes devem ter ficado incomodados.

“PSD não é inimigo do PSDB”

Já do outro lado do ringue, José Serra evitou criticar a sua cria na prefeitura paulistana. Pelo contrário, o ex-grão-tucano, cada vez mais isolado no PSDB, foi só afagos para Gilberto Kassab. Para ele, “o PSD não é inimigo do PSDB. Saíram para fazer seu partido, mas isso não significa que sejam contra o PSDB”.

Serra aliviou a barra até dos seis vereadores tucanos que abandonaram a sigla. “Isso é normal da vida partidária. Às vezes, há desentendimentos com desenlaces indesejáveis”. Questionado pela Folha se teria aconselhado algum dos dissidentes, o ex-governador “não quis responder”.

A incógnita Serra

A cena risível mostra que a crise no interior do PSDB é maior do que se imagina. Os tucanos não se entendem – não sabem nem definir quem são seus potenciais aliados. Neste cenário crescem as suspeitas de que José Serra teria um pé na canoa do PSD de Kassab. Ele garante que isto é intriga, visando desgastá-lo, e que seria um suicídio político qualquer migração partidária nesta altura da sua vida política.

Na semana retrasada, o ex-governador até procurou seu sucessor para desmentir que tenha incentivado a debandada tucana na capital paulista. O encontro ocorreu na calada da noite no Palácio dos Bandeirantes. Ele também teria contatado outros dirigentes do PSDB para jurar fidelidade partidária.

Apesar dos esforços do “humilde” Serra, parece que ninguém bota muita fé. Afinal, os seis dos 13 vereadores que deixaram o partido sempre foram fiéis aliados do ex-governador. O próprio Kassab foi bancado na eleição paulistana, em 2008, pelo ex-governador – que simplesmente traiu o candidato do seu partido, Geraldo Alckmin.

2 comentários:

graciliano disse...

Alckmin nomeu para a FAE, órgão que adquire materiais para a Secretaria da Educação, o ex-prefeito de Taubaté José Bernardo Ortiz. Também nomeou o filho deste, José Bernardo Ortiz Júnior, para um cargo na capital, embora o jovem esteja em Taubaté, diuturnamente, fazendo campanha para prefeito em 2012.
Barnardo pai, por sua vez, contratou pelo menos quatro de seus cabos-eleitorais (e de seu filho), com o único critério da fidelidade ao PSDB. Um deles é vereador derrotado no município de Potim, próximo a Aparecida. Outras contratações estão sendo feitas por Bernardo Ortiz, de forma cruzada, com outros órgãos do Estado. Aparelhamento escandaloso!
Bernardo Ortiz foi o superintendente do DAEE (vejam como é versátil o engenheiro: das obras para a Educação, num passe de mágica) de Alckmin que limpou o rio Tietê, ao custo de mais de um bilhão de dólares. Assim funciona a "jestão" tucano-demo em São Paulo...

Adamastor disse...

Graciliano, uma correção: o órgão a que você se refere é FDE e não FAE.