Por José Dirceu, em seu blog:
Os tucanos não imaginavam que a mudança de local da estação do Metrô fosse dar tanta dor de cabeça. Cedendo aos apelos dos moradores “diferenciados” de Higienópolis e Pacaembu, vivem um imbróglio que cresce dia a dia. Cerca de 700 manifestantes participaram, neste sábado, do protesto bem humorado contra as mudanças de local da estação.
A reação foi muito maior do que esperavam os organizadores do “churrascão”, convocado em uma página do Facebook. Cerveja, batucada e ambulantes vendendo camisetas com o slogan “gente diferenciada” marcaram o ato, apoiado por jovens, moradores e pessoas indignadas com a anuência do poder tucano ao preconceito dessa pequena elite, poderosa e racista, que se sente ameaçada pela mera circulação do povo em seus bairros.
Fernando de Barros e Silva, editorialista da Folha de São Paulo, lembra que o público presente ao ato “é uma fração de classe reagindo ao sentimento ostensivamente antipovo de representantes dessa mesma classe”. Para a antropóloga Silvana Rubino, da USP, a polêmica vai muito além: “já assumiu o tom de luta de classes".
Em O Estado de São Paulo, Raquel Rolnik, comenta em “Lições do churrascão”, que há um modelo de cidade que tem orientado o desenvolvimento de São Paulo (e das cidades brasileiras) pelo menos desde o final do século 19: um urbanismo segundo o qual "qualidade" é sinônimo de "exclusividade". Para ela, no episódio de Higienópolis simplesmente “convergem de forma perversa coalizões de interesses econômicos enlaçados - por relações pessoais ou de classe - com interesses políticos”.
Indignação de muitos
Hoje, no Painel do Leitor da Folha, várias cartas comentam o assunto. “No Primeiro Mundo a maioria dos habitantes usa o metrô”, afirma Richard Zajaczkowski, estranhando a rejeição dos moradores da região pela estação.
Já Sérgio Penha Ferreira, morador próximo à estação Vila Madalena, ressalta que, na sua região, o Metrô não causou os constrangimentos alegados pelos que recusam a estação em Higienópolis ou Pacaembu. Por fim, José Carlos Sampaio traz um argumento de ordem prática: “Tivessem os parisienses temido a presença dos “diferenciados”, hoje não teriam as estações Foch, na Madeleine ou na Royale”.
É isso. As elites brancas, expressão que empresto do ex-vice governador Cláudio Lembo, não surpreendem por sua reação preconceituosa e mesquinha. Apenas se expõem perigosamente à indignação pública.
Os tucanos não imaginavam que a mudança de local da estação do Metrô fosse dar tanta dor de cabeça. Cedendo aos apelos dos moradores “diferenciados” de Higienópolis e Pacaembu, vivem um imbróglio que cresce dia a dia. Cerca de 700 manifestantes participaram, neste sábado, do protesto bem humorado contra as mudanças de local da estação.
A reação foi muito maior do que esperavam os organizadores do “churrascão”, convocado em uma página do Facebook. Cerveja, batucada e ambulantes vendendo camisetas com o slogan “gente diferenciada” marcaram o ato, apoiado por jovens, moradores e pessoas indignadas com a anuência do poder tucano ao preconceito dessa pequena elite, poderosa e racista, que se sente ameaçada pela mera circulação do povo em seus bairros.
Fernando de Barros e Silva, editorialista da Folha de São Paulo, lembra que o público presente ao ato “é uma fração de classe reagindo ao sentimento ostensivamente antipovo de representantes dessa mesma classe”. Para a antropóloga Silvana Rubino, da USP, a polêmica vai muito além: “já assumiu o tom de luta de classes".
Em O Estado de São Paulo, Raquel Rolnik, comenta em “Lições do churrascão”, que há um modelo de cidade que tem orientado o desenvolvimento de São Paulo (e das cidades brasileiras) pelo menos desde o final do século 19: um urbanismo segundo o qual "qualidade" é sinônimo de "exclusividade". Para ela, no episódio de Higienópolis simplesmente “convergem de forma perversa coalizões de interesses econômicos enlaçados - por relações pessoais ou de classe - com interesses políticos”.
Indignação de muitos
Hoje, no Painel do Leitor da Folha, várias cartas comentam o assunto. “No Primeiro Mundo a maioria dos habitantes usa o metrô”, afirma Richard Zajaczkowski, estranhando a rejeição dos moradores da região pela estação.
Já Sérgio Penha Ferreira, morador próximo à estação Vila Madalena, ressalta que, na sua região, o Metrô não causou os constrangimentos alegados pelos que recusam a estação em Higienópolis ou Pacaembu. Por fim, José Carlos Sampaio traz um argumento de ordem prática: “Tivessem os parisienses temido a presença dos “diferenciados”, hoje não teriam as estações Foch, na Madeleine ou na Royale”.
É isso. As elites brancas, expressão que empresto do ex-vice governador Cláudio Lembo, não surpreendem por sua reação preconceituosa e mesquinha. Apenas se expõem perigosamente à indignação pública.
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