Por André Barrocal, no sítio da Carta Maior:
Quase três semanas depois da publicação de uma reportagem noticiando que havia ficado rico como deputado a ponto de conseguir comprar um apartamento de mais de R$ 6 mihões, o ministro Antonio Palocci deu a primeira entrevista para se defender. Escolheu o produto jornalístico de maior penetração no país, o Jornal Nacional, da TV Globo, para negar a suspeita de que a consultoria empresarial que ele diz ter sido a fonte do seu enriquecimento seria, na verdade, uma fachada para defender interesses privados perante órgãos públicos. “Não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas”, disse.
Palocci falou de forma genérica sobre os clientes da sua consultoria, a Projeto. Não quis dar nomes porque, argumentou, seria expor as empresas à possibilidade de exploração política por parte dos adversários do governo Dilma Rousseff. Citou um caso concreto em que isso ocorreu, envolvendo a incorporadora WTorre, que o PSDB afirmou ter sido beneficiada numa restituição de imposto de renda que, na verdade, fora determinada pela Justiça.
Palocci disse ter tido clientes “renomados” entre bancos, fundos de investimento, indústrias de áreas diversas e serviços em geral. “É um conjunto de empresas que pouco tem a ver, por exemplo, com obras públicas, com investimentos públicos. São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica”, declarou, de novo tentando afastar a hipótese de tráfico de influência.
O ministro procurou também desfazer o vínculo que adversários do governo tentam estabelecer entre o alto faturamento da consultoria dele durante a eleição do ano passado e a campanha de Dilma Rousseff, que ele coordenou. De acordo com Palocci, a Projeto faturou muito no fim de 2010 (cerca de R$ 20 milhões) porque contratos de pagamento a prazo tiveram de ser liquidados de uma vez só. Motivo: ele tinha de encerrar as atividades de consultor para entrar no governo. “Não existe nenhum centavo [da Projeto] que se refira à política ou à campanha eleitoral, nenhum centavo.”
Na entrevista, Palocci afirmou que o caso “tem forte conteúdo político”, dirigido especificamente contra ele, mas sem mencionar quem seriam os interessados em atacá-lo. Declarou-se “seguro” e “tranquilo”, disse que não conversou com a presidenta Dilma Roussef para colocar o cargo à disposição porque o cargo de todos os ministros já é dela e arrematou. “Não há crise no governo, crise no país (…). O governo toca sua vida, trabalha intensamente.”
Segundo Carta Maior apurou, Palocci deu entrevista depois de muita resistência e de Dilma ter mandado recados de que seria melhor o ministro se explicar diretamente. Ela mesma já havia se comentado o assunto. Ele queria evitar o que considerava uma amplificação do caso. Mas teve de ceder depois que, nos últimos dias, ficou claro que a classe política aliada do governo estava à espera de explicações públicas.
Em reunião da Executiva Nacional do PT na véspera da entrevista, por exemplo, o partido do ministro recusou-se a produzir qualquer documento em defesa dele.
Na defesa que fizera de Palocci, a presidenta, segundo um auxiliar próximo, escolheu cuidadosamente as palavras para ter uma porta de saída que permita justificar a demissão do ministro, caso as circunstâncias políticas empurrem-na para essa decisão. Na ocasião, ela dissera que o chefe da Casa Civil “iria explicar tudo”, mas sem falar que confiava nele, por exemplo.
A presidenta, de acordo com o mesmo auxiliar, está convencida de que o tiro disparado contra Palocci partiu de adversários do PSDB encrustados dentro da prefeitura de São Paulo. Nos bastidores, Palocci acredita que o tiro foi dado por algum aliado do governo interessado em enfraquecê-lo, o chamado fogo amigo.
Daqui para frente, o futuro de Palocci dependerá da reação da classe política à entrevista e, também, da decisão da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre um pedido de adversários do governo para que seja aberta uma investigação da vida empresarial do ministro.
A PGR recebeu dois conjuntos de representações contra Palocci, já obteve resposta do ministro para um primeiro lote e agora aguarda o complemento até a próxima quarta-feira, 8 de junho. Daí decidirá por abrir um inquérito ou engavetar o assunto.
Um dia antes de vencer o prazo de envio de explicações de Palocci à PGR, a Câmara dos Deputados deverá decidir se convoca mesmo o ministro ou não para depor. Nos últimos dias, os adversários do governo conseguiram aprovar a convocação dele para falar na Comissão de Agricultura, reduto de inimigos de Palocci por causa da atuação dele contra os ruralistas na votação do Código Florestal.
Mas o governo conta com a boa-vontade do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para reverter a decisão no plenário da Casa.
Quase três semanas depois da publicação de uma reportagem noticiando que havia ficado rico como deputado a ponto de conseguir comprar um apartamento de mais de R$ 6 mihões, o ministro Antonio Palocci deu a primeira entrevista para se defender. Escolheu o produto jornalístico de maior penetração no país, o Jornal Nacional, da TV Globo, para negar a suspeita de que a consultoria empresarial que ele diz ter sido a fonte do seu enriquecimento seria, na verdade, uma fachada para defender interesses privados perante órgãos públicos. “Não fiz tráfico de influência, não fiz atuação junto a empresas públicas representando empresas privadas”, disse.
Palocci falou de forma genérica sobre os clientes da sua consultoria, a Projeto. Não quis dar nomes porque, argumentou, seria expor as empresas à possibilidade de exploração política por parte dos adversários do governo Dilma Rousseff. Citou um caso concreto em que isso ocorreu, envolvendo a incorporadora WTorre, que o PSDB afirmou ter sido beneficiada numa restituição de imposto de renda que, na verdade, fora determinada pela Justiça.
Palocci disse ter tido clientes “renomados” entre bancos, fundos de investimento, indústrias de áreas diversas e serviços em geral. “É um conjunto de empresas que pouco tem a ver, por exemplo, com obras públicas, com investimentos públicos. São empresas que vivem da iniciativa privada e que consideraram útil o fato de eu ter sido ministro da Fazenda, de ter acumulado uma experiência na área econômica”, declarou, de novo tentando afastar a hipótese de tráfico de influência.
O ministro procurou também desfazer o vínculo que adversários do governo tentam estabelecer entre o alto faturamento da consultoria dele durante a eleição do ano passado e a campanha de Dilma Rousseff, que ele coordenou. De acordo com Palocci, a Projeto faturou muito no fim de 2010 (cerca de R$ 20 milhões) porque contratos de pagamento a prazo tiveram de ser liquidados de uma vez só. Motivo: ele tinha de encerrar as atividades de consultor para entrar no governo. “Não existe nenhum centavo [da Projeto] que se refira à política ou à campanha eleitoral, nenhum centavo.”
Na entrevista, Palocci afirmou que o caso “tem forte conteúdo político”, dirigido especificamente contra ele, mas sem mencionar quem seriam os interessados em atacá-lo. Declarou-se “seguro” e “tranquilo”, disse que não conversou com a presidenta Dilma Roussef para colocar o cargo à disposição porque o cargo de todos os ministros já é dela e arrematou. “Não há crise no governo, crise no país (…). O governo toca sua vida, trabalha intensamente.”
Segundo Carta Maior apurou, Palocci deu entrevista depois de muita resistência e de Dilma ter mandado recados de que seria melhor o ministro se explicar diretamente. Ela mesma já havia se comentado o assunto. Ele queria evitar o que considerava uma amplificação do caso. Mas teve de ceder depois que, nos últimos dias, ficou claro que a classe política aliada do governo estava à espera de explicações públicas.
Em reunião da Executiva Nacional do PT na véspera da entrevista, por exemplo, o partido do ministro recusou-se a produzir qualquer documento em defesa dele.
Na defesa que fizera de Palocci, a presidenta, segundo um auxiliar próximo, escolheu cuidadosamente as palavras para ter uma porta de saída que permita justificar a demissão do ministro, caso as circunstâncias políticas empurrem-na para essa decisão. Na ocasião, ela dissera que o chefe da Casa Civil “iria explicar tudo”, mas sem falar que confiava nele, por exemplo.
A presidenta, de acordo com o mesmo auxiliar, está convencida de que o tiro disparado contra Palocci partiu de adversários do PSDB encrustados dentro da prefeitura de São Paulo. Nos bastidores, Palocci acredita que o tiro foi dado por algum aliado do governo interessado em enfraquecê-lo, o chamado fogo amigo.
Daqui para frente, o futuro de Palocci dependerá da reação da classe política à entrevista e, também, da decisão da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre um pedido de adversários do governo para que seja aberta uma investigação da vida empresarial do ministro.
A PGR recebeu dois conjuntos de representações contra Palocci, já obteve resposta do ministro para um primeiro lote e agora aguarda o complemento até a próxima quarta-feira, 8 de junho. Daí decidirá por abrir um inquérito ou engavetar o assunto.
Um dia antes de vencer o prazo de envio de explicações de Palocci à PGR, a Câmara dos Deputados deverá decidir se convoca mesmo o ministro ou não para depor. Nos últimos dias, os adversários do governo conseguiram aprovar a convocação dele para falar na Comissão de Agricultura, reduto de inimigos de Palocci por causa da atuação dele contra os ruralistas na votação do Código Florestal.
Mas o governo conta com a boa-vontade do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para reverter a decisão no plenário da Casa.
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