segunda-feira, 6 de junho de 2011

Peru e a guinada à esquerda na AL

REUTERS/Pilar Olivares
Por Altamiro Borges

A vitória de Ollanta Humala nas eleições deste domingo tem um significado que transcende as fronteiras do Peru. Ela confirma a guinada à esquerda da América Latina – continente que foi laboratório da devastação neoliberal nos anos 1980/1990 e que hoje é a vanguarda mundial na luta pela superação deste modelo destrutivo e regressivo. Tariq Ali, no livro “Piratas do Caribe”, e Emir Sader, na obra “A nova toupeira”, descrevem com maestria esta virada histórica.



Esta onda progressista, marcada pela centralidade da disputa eleitoral, teve início com a vitória de Hugo Chávez, um militar rebelde, em dezembro de 1998. Na sequência, ela continuou produzindo cenas inusitadas na região – como a eleição de um líder operário no Brasil (Lula), de nacionalistas na Argentina (Néstor e Cristina Kirchner), de um líder indígena e camponês na Bolívia (Morales), de representantes de organizações guerrilheiras na Nicarágua, El Salvador e Uruguai, de um teólogo da libertação no Paraguai (Lugo), de um economista de esquerda no Equador (Correa).

A derrota dos neoliberais

O Peru expressa bem esta mudança do quadro político na região. No governo de Alberto Fujimori (1990-2000), o país foi vítima de uma cruel ditadura, que implantou a força o modelo neoliberal. Diante da resistência popular, ele deu um golpe, fechou o Congresso Nacional, interveio na Justiça e ampliou seu mandato. No final, com o país devastado – via privatizações e exclusão social –, Fujimori foi acusado de corrupção e hoje cumpre pena de 23 anos de prisão.

Os seus sucessores, Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan Garcia (2006-2011), porém, deram continuidade ao projeto neoliberal. Com base no saque das riquezas minerais, a economia até cresceu, mas não beneficiou a população mais carente. Os ricos ficaram mais ricos, e os pobres afundaram na miséria. Como afirmou Ollanta Humala, já com a vitória garantida, a sua eleição foi um recado dos peruanos que não aceitam mais as injustiças sociais.

2 comentários:

  1. Prezado Miro: Acredito que a América Latina pode vir a ser um continente onde as injustiças sociais podem diminuir com a chegada ao poder das forças de esquerda. O que faz medo e devemos ficar alerta é para que a turma da direita apoiada pelo tio SAM não venha a dar novos golpes militares com auxilio da imprensa.Um abraço, Valdir

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  2. Altamiro,

    Gosto demais do teu Blog, está de parabéns!

    Nunca fiz comentários aqui, mas o momento exige. Pois, não entendo porque os blogueiros progressistas não estão acompanhando a Revolta dos Bombeiros no RJ (movimento que, devido a truculência do governador, está parecendo com a Revolta da Chibata.

    Nem os marginais que estavam nos morros quando da investida da polícia foram tratados como os bombeiros estão sendo agora.

    Mandar policiais treinados para operações extremas coagir cidadão em luta por seus direitos, só em grande didaturas.

    Gostaria de saber tua opinião. Mas, se for aquela de que os bombeiros são militares, não podem fazer greve, erraram porque "invadiram" o quartel (a segunda casa deles)... por favor...

    Todo movimento social,seja de estudantes, sem teto, sem terra, professores,etc, quando não encontra mais expectaivas de avançar, partem para ocupações.

    Será que ninguém vai ter sensibilidade para dizer ao seu Sérgio Cabral que ele está errado?

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