Por André Barrocal, no sítio Carta Maior:
Na manhã de quarta-feira (10/08), a presidenta Dilma Rousseff recebeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. O empresário fora mostrar a ela, em primeira mão, mais uma pesquisa Ibope encomendada pela entidade. A presidente viu que sua popularidade continuava alta, mas menor do que em março. E não ficou exatamente feliz, embora viesse a dizer, depois, que encarava com “muita tranquilidade”.
Era o começo de um dia que chacoalhou os alicerces políticos do Palácio do Planalto, com partidos aliados rebelados e prontos para o revanchismo, e que levaria Dilma a recorrer aos conselhos do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois de receber a pesquisa, Dilma tinha uma reunião com seu Conselho Político, formado por líderes e dirigentes partidários. Eles achavam que, enfim, teriam a oportunidade de discutir frente a frente com a presidenta os problemas de relação que se acumulam desde o início do ano. E que se acentuaram com as demissões de indicados para cargos no governo em decorrência de denúncias da imprensa. Frustraram-se com uma pauta limitada à crise econômica mundial.
Alguns aliados saíram do encontro mais azedos do que tinham entrado. Entre eles, os que possuem mandato foram ao Congresso com um sentimento revanchista. A pesquisa Ibope divulgada quase ao fim da reunião ajudou a estimular a vontade de dar o troco.
Para um ministro com gabinete do Planalto, a pesquisa mostra que o governo precisa ter mais humildade e melhorar suas relações políticas. Com Dilma popular, é fácil ser linha dura. Quando a aprovação cai, porém, o Congresso anima-se a reagir na base do “quem precisa de quem agora?”
“Essa queda de popularidade não teve uma dimensão que justifique um afastamento [entre partidos e Dilma]. Mas se houver quedas sucessivas e a Dilma mantiver esse padrão de decisão, ela pode ter problemas”, disse o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que já vê risco "real" para o governo.
Com a base aliada de Dilma estressada depois da reunião do Conselho Político, o próprio líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi obrigado a articular para que nada fosse votado naquela quarta-feira, o principal dia da semana para o Congresso. Havia risco claro de derrota. “Uns 150 deputados da base estavam dispostos a não votar nada. Achei melhor não forçar a votação. Só vale a pena forçar se for para ganhar”, diria Vaccarezza no dia seguinte.
Enquanto Vaccarezza agia na noite de quarta-feira em Brasília, longe dali, em São Paulo, Dilma encontrava-se com Lula no aeroporto de Congonhas. Ela participaria de um evento de empreiteiros, e aproveitou para aconselhar-se antes. Conversaram a sós, por mais de duas horas. Assessores presidenciais tentaram – em vão - evitar que o encontro fosse descoberto, pois isso reforçaria a sensação da classe política de que Dilma não teria estofo próprio para a lida diária da política.
Já tinha sido assim na primeira crise ministerial do governo, envolvendo o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci. Na época, Lula viajara a Brasília para conversar com senadores, e o entorno de Dilma botara na rua a versão de que a presidenta não sabia do movimento nem o aprovava.
O clima daquela quarta-feira animou os partidos adversários de Dilma a tentar uma ação ousada. No dia seguinte, decidiram tentar jogar o governo contra o Congresso, propondo a criação de uma grande CPI da Corrupção, juntando Câmara e Senado. Para isso, começaram a recolher a assinatura de senadores e de deputados.
Até agora, a oposição reconhecia a insuficiência numérica na Câmara e concentrava no Senado seus planos investigatórios. Mas já sente que há descontentamento entre deputados governistas que poderia terminar em colaboracionismo. “A postura de complacência do Congresso desestimula a investigação [de todas as denúncias]”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
O sucesso ou o fracasso da coleta de assinaturas para a CPI será um termômetro da popularidade de Dilma junto ao eleitorado dela dentro do Congresso.
Na manhã de quarta-feira (10/08), a presidenta Dilma Rousseff recebeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. O empresário fora mostrar a ela, em primeira mão, mais uma pesquisa Ibope encomendada pela entidade. A presidente viu que sua popularidade continuava alta, mas menor do que em março. E não ficou exatamente feliz, embora viesse a dizer, depois, que encarava com “muita tranquilidade”.
Era o começo de um dia que chacoalhou os alicerces políticos do Palácio do Planalto, com partidos aliados rebelados e prontos para o revanchismo, e que levaria Dilma a recorrer aos conselhos do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois de receber a pesquisa, Dilma tinha uma reunião com seu Conselho Político, formado por líderes e dirigentes partidários. Eles achavam que, enfim, teriam a oportunidade de discutir frente a frente com a presidenta os problemas de relação que se acumulam desde o início do ano. E que se acentuaram com as demissões de indicados para cargos no governo em decorrência de denúncias da imprensa. Frustraram-se com uma pauta limitada à crise econômica mundial.
Alguns aliados saíram do encontro mais azedos do que tinham entrado. Entre eles, os que possuem mandato foram ao Congresso com um sentimento revanchista. A pesquisa Ibope divulgada quase ao fim da reunião ajudou a estimular a vontade de dar o troco.
Para um ministro com gabinete do Planalto, a pesquisa mostra que o governo precisa ter mais humildade e melhorar suas relações políticas. Com Dilma popular, é fácil ser linha dura. Quando a aprovação cai, porém, o Congresso anima-se a reagir na base do “quem precisa de quem agora?”
“Essa queda de popularidade não teve uma dimensão que justifique um afastamento [entre partidos e Dilma]. Mas se houver quedas sucessivas e a Dilma mantiver esse padrão de decisão, ela pode ter problemas”, disse o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que já vê risco "real" para o governo.
Com a base aliada de Dilma estressada depois da reunião do Conselho Político, o próprio líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), foi obrigado a articular para que nada fosse votado naquela quarta-feira, o principal dia da semana para o Congresso. Havia risco claro de derrota. “Uns 150 deputados da base estavam dispostos a não votar nada. Achei melhor não forçar a votação. Só vale a pena forçar se for para ganhar”, diria Vaccarezza no dia seguinte.
Enquanto Vaccarezza agia na noite de quarta-feira em Brasília, longe dali, em São Paulo, Dilma encontrava-se com Lula no aeroporto de Congonhas. Ela participaria de um evento de empreiteiros, e aproveitou para aconselhar-se antes. Conversaram a sós, por mais de duas horas. Assessores presidenciais tentaram – em vão - evitar que o encontro fosse descoberto, pois isso reforçaria a sensação da classe política de que Dilma não teria estofo próprio para a lida diária da política.
Já tinha sido assim na primeira crise ministerial do governo, envolvendo o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci. Na época, Lula viajara a Brasília para conversar com senadores, e o entorno de Dilma botara na rua a versão de que a presidenta não sabia do movimento nem o aprovava.
O clima daquela quarta-feira animou os partidos adversários de Dilma a tentar uma ação ousada. No dia seguinte, decidiram tentar jogar o governo contra o Congresso, propondo a criação de uma grande CPI da Corrupção, juntando Câmara e Senado. Para isso, começaram a recolher a assinatura de senadores e de deputados.
Até agora, a oposição reconhecia a insuficiência numérica na Câmara e concentrava no Senado seus planos investigatórios. Mas já sente que há descontentamento entre deputados governistas que poderia terminar em colaboracionismo. “A postura de complacência do Congresso desestimula a investigação [de todas as denúncias]”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
O sucesso ou o fracasso da coleta de assinaturas para a CPI será um termômetro da popularidade de Dilma junto ao eleitorado dela dentro do Congresso.
Caro Miro
ResponderExcluirO povo Brasileiro e o governo não podem mais ficar reféns desta baldalha. É preciso que começemos a discutir de verdade a convocação de uma Constituinte Exclusiva para fazer a Reforma Política que acabe com a gandaia no parlamento, que reforce os partidos políticos com compromisso ideológico, independente de quais sejam, acabe definitivamente com o financiamento privado das campanhas e termine com esta maracutaia das tais "emandas parlamentares".
Em que lado a Presidenta tem que estar. A favor ou contra a corrupção? Vai ser sempre assim..."Pra se governar o Brasil tem que fazer vistas grossas com as patifarias! Não dá pra entender! O Lula passou quase todo seu governo defendendo Sarneys, Renans, Pallocis, Dirceus, Alfredo Nascimentos, Hélio Costas, Edson Lobões etc etc etc.Nomeou e apoiou Jobim. Levou pito do Gilmar. É assium que se governa? Ela tá fazendo o que é certo. E não jogar a m... pra baixo do tapete, em nome da "governabilidade". Temos é que apoia-lá. Deixa a Dilma trabalhar!
ResponderExcluirSeria interessante se o texto tivesse também abordado quais os mecanismos que regulam a "popularidade de Dilma junto ao eleitorado dela dentro do Congresso".
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