Por Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa:
A internet está perdendo cada vez mais o seu ar idílico para se aproximar cada vez mais da dura realidade do quotidiano das sociedades da era industrial. Bastou o mundo tomar conhecimento de que os manifestantes londrinos usaram intensivamente o sistema de mensagens eletrônicas dos telefones Blackberry para que a polícia britânica contra-atacasse com o Flickr, para identificar os participantes dos protestos que convulsionaram a capital inglesa.
O Blackberry foi largamente usado pelos jovens manifestantes porque é um sistema criptografado e que oferece mais segurança no tráfego de mensagens entre telefones fabricados pela empresa canadense RIM. O Blackberry tornou-se famoso por ser usado por executivos, mas depois caiu no gosto da garotada porque cria redes e é grátis para quem tem um telefone desta marca. Foi com ele que os protestos em Londres foram coordenados, surpreendendo a polícia britânica que ficou totalmente desorientada diante da rapidez com que os manifestantes mudavam de planos e de estratégias.
A resposta policial veio quando a Scotland Yard resolveu levar a repressão para o ambiente virtual ao postar no site Flickr fotografias de manifestantes e pedindo para que as pessoas os identificassem para fins de captura. É uma das primeiras vezes em que a prática do denuncismo e patrulhamento pessoal é levada para a internet de forma oficial, usando as redes sociais.
Processos sociais
Em junho passado, no Canadá, surgiu uma amostra das consequências das novas milícias cibernéticas quando sites sociais como Facebook e Twitter publicaram fotografias de suspeitos de participação nos conflitos de rua e depredações de lojas após um jogo de hóquei no gelo, o esporte mais popular do país. Surgiu então uma verdadeira caça às bruxas com postagens anônimas e acusações generalizadas, onde muitos espectadores da partida e transeuntes inocentes acabaram sob suspeita.
Dezenas de pessoas receberam ameaças – até de morte – por parte de donos de lojas saqueadas após o jogo, sem que houvesse provas concretas de participação nos distúrbios. Páginas na web se multiplicaram na área de Vancouver com acusações mútuas e ameaças recíprocas, num espetáculo de violência virtual descontrolada que levou o jornal Vancouver Sun a uma amarga confissão de culpa por ter divulgado endereços web relacionados às denúncias. A polícia canadense assistiu impotente ao salve-se quem puder virtual.
Como a internet é um território que muitos consideram sem lei, os vigilantes e milicianos online tendem a se multiplicar rapidamente. É quase impossível impor uma regulamentação estrita sobre o que pode e não pode ser feito na web. Isto coloca a sociedade diante da necessidade de buscar fórmulas inovadoras cujos resultados não são rápidos e muito menos infalíveis. É um novo desafio que começa a se delinear nesta era digital que apenas estamos começando a conhecer em detalhes.
Culpar a internet é o mesmo que responsabilizar o mensageiro por uma notícia ruim. Não resolve nada e só confunde ainda mais a questão. Impor regras draconianas também não vai impedir o surgimento de patrulhas digitais, porque o problema é de natureza social. A ausência de leis na internet apenas evidencia uma situação que é anterior à rede e que só poderá ser resolvida por processos sociais, entre os quais a autorregulação deverá jogar um papel transcendente.
A internet está perdendo cada vez mais o seu ar idílico para se aproximar cada vez mais da dura realidade do quotidiano das sociedades da era industrial. Bastou o mundo tomar conhecimento de que os manifestantes londrinos usaram intensivamente o sistema de mensagens eletrônicas dos telefones Blackberry para que a polícia britânica contra-atacasse com o Flickr, para identificar os participantes dos protestos que convulsionaram a capital inglesa.
O Blackberry foi largamente usado pelos jovens manifestantes porque é um sistema criptografado e que oferece mais segurança no tráfego de mensagens entre telefones fabricados pela empresa canadense RIM. O Blackberry tornou-se famoso por ser usado por executivos, mas depois caiu no gosto da garotada porque cria redes e é grátis para quem tem um telefone desta marca. Foi com ele que os protestos em Londres foram coordenados, surpreendendo a polícia britânica que ficou totalmente desorientada diante da rapidez com que os manifestantes mudavam de planos e de estratégias.
A resposta policial veio quando a Scotland Yard resolveu levar a repressão para o ambiente virtual ao postar no site Flickr fotografias de manifestantes e pedindo para que as pessoas os identificassem para fins de captura. É uma das primeiras vezes em que a prática do denuncismo e patrulhamento pessoal é levada para a internet de forma oficial, usando as redes sociais.
Processos sociais
Em junho passado, no Canadá, surgiu uma amostra das consequências das novas milícias cibernéticas quando sites sociais como Facebook e Twitter publicaram fotografias de suspeitos de participação nos conflitos de rua e depredações de lojas após um jogo de hóquei no gelo, o esporte mais popular do país. Surgiu então uma verdadeira caça às bruxas com postagens anônimas e acusações generalizadas, onde muitos espectadores da partida e transeuntes inocentes acabaram sob suspeita.
Dezenas de pessoas receberam ameaças – até de morte – por parte de donos de lojas saqueadas após o jogo, sem que houvesse provas concretas de participação nos distúrbios. Páginas na web se multiplicaram na área de Vancouver com acusações mútuas e ameaças recíprocas, num espetáculo de violência virtual descontrolada que levou o jornal Vancouver Sun a uma amarga confissão de culpa por ter divulgado endereços web relacionados às denúncias. A polícia canadense assistiu impotente ao salve-se quem puder virtual.
Como a internet é um território que muitos consideram sem lei, os vigilantes e milicianos online tendem a se multiplicar rapidamente. É quase impossível impor uma regulamentação estrita sobre o que pode e não pode ser feito na web. Isto coloca a sociedade diante da necessidade de buscar fórmulas inovadoras cujos resultados não são rápidos e muito menos infalíveis. É um novo desafio que começa a se delinear nesta era digital que apenas estamos começando a conhecer em detalhes.
Culpar a internet é o mesmo que responsabilizar o mensageiro por uma notícia ruim. Não resolve nada e só confunde ainda mais a questão. Impor regras draconianas também não vai impedir o surgimento de patrulhas digitais, porque o problema é de natureza social. A ausência de leis na internet apenas evidencia uma situação que é anterior à rede e que só poderá ser resolvida por processos sociais, entre os quais a autorregulação deverá jogar um papel transcendente.
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