Por Altamiro Borges
A Academia Brasileira de Letras (ABL) se transformou de vez num circo midiático, sob os auspícios da famiglia Marinho. Na sexta-feira (23), o jornalista Merval Pereira, comentarista do jornal O Globo, da CBN e da GloboNews, tomou posse e assumiu a cadeira número 31, sucedendo o escritor Moacyr Scliar, falecido em fevereiro passado. Ele virou um “imortal”, na imoral decisão da ABL.
Aécio, Serra e outros “festeiros”
O evento foi dos mais badalados. Segundo a jornalista Lu Lacerda, num texto bajulatório, a posse contou com ilustres presenças. Depois da solenidade oficial, muitos seguiram para uma festança na Gávea. “A noite foi animada e com figurinos variados, já que houve imortais que compareceram com o traje da posse, direto da ABL para a pista de dança, suando o fardão”.
Entre eles, lógico, um dos chefões das Organizações Globo, João Roberto Marinho, os colunistas do império e muitos políticos – “como Aécio Neves, que estrategicamente ficou separado de José Serra”. A colunista social e o próprio O Globo se esqueceram de citar a presença na posse do senador José Sarney, que inclusive repassou a espada da ABL ao novo “imortal”. Estranho?
Bajulação do ministro da ditadura
Segundo reportagem do jornal O Globo, o discurso de boas vindas ao novo “imortal” foi feito pelo acadêmico Eduardo Portella. O jornal novamente deixou de registrar que o anfitrião foi ministro da Educação no período da ditadura militar. Em seu discurso, o ex-subordinado do general João Batista Figueiredo tentou posar de defensor da liberdade de expressão. Haja cinismo:
“Diante da ineficiência das oposições, quem segura a flama da consciência crítica no país são os jornalistas. É aí que existe um núcleo vigoroso de contestação racional do poder. É importante distinguir a consciência moral da bravata. O Merval é uma pessoa que pratica a denúncia tranqüila, na qual o vigor moral se impõe por ele mesmo, dispensando os adjetivos exaltados”, bajulou.
A democracia de Merval
Já em seu discurso de posse, Merval enfatizou que a mídia “continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático”. Talvez devido à animação da festa, ele também se esqueceu de mencionar o apoio da Rede Globo ao golpe de 1964. Nem sequer agradeceu ao ex-ministro Portella pelo apoio da ditadura à construção do império que o emprega.
*****
Leia mais:
- Merval Pereira e a "negociata" na ABL
- A boca suja de Merval Pereira
- Merval Pereira, o Freud da Globo
A Academia Brasileira de Letras (ABL) se transformou de vez num circo midiático, sob os auspícios da famiglia Marinho. Na sexta-feira (23), o jornalista Merval Pereira, comentarista do jornal O Globo, da CBN e da GloboNews, tomou posse e assumiu a cadeira número 31, sucedendo o escritor Moacyr Scliar, falecido em fevereiro passado. Ele virou um “imortal”, na imoral decisão da ABL.
Aécio, Serra e outros “festeiros”
O evento foi dos mais badalados. Segundo a jornalista Lu Lacerda, num texto bajulatório, a posse contou com ilustres presenças. Depois da solenidade oficial, muitos seguiram para uma festança na Gávea. “A noite foi animada e com figurinos variados, já que houve imortais que compareceram com o traje da posse, direto da ABL para a pista de dança, suando o fardão”.
Entre eles, lógico, um dos chefões das Organizações Globo, João Roberto Marinho, os colunistas do império e muitos políticos – “como Aécio Neves, que estrategicamente ficou separado de José Serra”. A colunista social e o próprio O Globo se esqueceram de citar a presença na posse do senador José Sarney, que inclusive repassou a espada da ABL ao novo “imortal”. Estranho?
Bajulação do ministro da ditadura
Segundo reportagem do jornal O Globo, o discurso de boas vindas ao novo “imortal” foi feito pelo acadêmico Eduardo Portella. O jornal novamente deixou de registrar que o anfitrião foi ministro da Educação no período da ditadura militar. Em seu discurso, o ex-subordinado do general João Batista Figueiredo tentou posar de defensor da liberdade de expressão. Haja cinismo:
“Diante da ineficiência das oposições, quem segura a flama da consciência crítica no país são os jornalistas. É aí que existe um núcleo vigoroso de contestação racional do poder. É importante distinguir a consciência moral da bravata. O Merval é uma pessoa que pratica a denúncia tranqüila, na qual o vigor moral se impõe por ele mesmo, dispensando os adjetivos exaltados”, bajulou.
A democracia de Merval
Já em seu discurso de posse, Merval enfatizou que a mídia “continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático”. Talvez devido à animação da festa, ele também se esqueceu de mencionar o apoio da Rede Globo ao golpe de 1964. Nem sequer agradeceu ao ex-ministro Portella pelo apoio da ditadura à construção do império que o emprega.
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Leia mais:
- Merval Pereira e a "negociata" na ABL
- A boca suja de Merval Pereira
- Merval Pereira, o Freud da Globo
DEUS DO CÈU!!! O que é isso??? É a Festa na Kripta?! È o ensaio da Escola de Samba Unidos da Transilvânia?! É a transmissão ao vivo e à cores de uma lobotomia?! Não acredito no que meus olhos vêm e meus ouvidos escutam... Estivesse Machado vivo, tenho a mais absoluta certeza de que veríamos uma cena bem parecida àquela de Jesus Cristo, possuido de ira suprema, destruindo as bancas dos cambistas que atuavam dentro do Templo, com a maior sem-cerimônia, com as próprias mãos, e admoestando-os duramente pela transformação da Casa de Deus numa réles e vil casa de câmbio & hipotecas.
ResponderExcluir"O BRASIL PARA TODOS não passa na glOBo - O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS"
Eu gostaria muito que Ariano Suassuna, por exemplo, saisse daquele antro do tea party de desocupados inexpressivos.
ResponderExcluirGo Oliveria
No mínimo uma ingratidão para com Machado de Assis, que deve estar se revirando no túmulo
ResponderExcluir"A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso."
Machado de Assis
Quando a gente pensa que a direitona e o pig conseguiram chegar ao fundo do poço, eis que a ABL se esforçou um pouco mais e transformou o Merval em imortal ... faz sentido...
ResponderExcluirMas, todos sabemos a que preço esse título foi concedido... o preço da vergonha, do ridículo, da falta de compostura e do dinheiro, muito dinheiro !
Isso demonstra ao mundo o estágio do desenvolvimento da elite em nosso país .. foi um tiro no pé, ou melhor, no que restava de respeitabilidade na ABL.. agora sim, estão todos no mesmo barco.
O ex-ministro Portella, que discursou em homenagem ao merval (em minúsculas mesmo_ foi eleito "imortal" derrotando o grande poeta Mário Quintana.
ResponderExcluirA academia adora escritores "sem livros"...