Por Mauro Malin, no Observatório da Imprensa:
Nelson de Sá escreve na Folha de S.Paulo (sexta, 23/9): “Datena explora suicídio para ter audiência ou ‘algo mais’”. Descreve a “cobertura” feita pelo apresentador sobre o suicídio de um aluno de 10 anos, depois de ter atirado numa professora em escola municipal de São Caetano:
“Repisou ontem à exaustão como ela [a criança] ‘se deu um tiro na cabeça’ e até ‘perdeu massa encefálica’, disseminando cobertura de mesmo nível pelas outras redes, inclusive telejornais nacionais.”
O crítico de mídia da Folha chama a atenção para o fato de Datena ter procurado descartar a informação de que o menino usou a arma do pai, um guarda-civil do município. Mais do que uma tomada de posição isolada, é manifestação de uma tendência, como terá percebido quem já viu o programa. O circo de horrores de Datena só funciona com a colaboração das polícias.
Depois de ouvir de um delegado que houve negligência do pai, “Datena reagiu: ‘Eu espero que a culpa não fique para o pai. É o governo que não dá segurança’. Isentou a polícia, como ele sempre faz, e atacou ‘esses políticos que não me dão ouvidos’”.
Como dizia na década de 1970 o avô francês do Pasquim (Le Canard Enchaîné), “isso começa com um grito bestial e termina em oração fúnebre”.
Cobertura da TV
O fenômeno dos apresentadores sensacionalistas que migram para a política partidária é antigo. O radialista Afanásio Jazadji, defensor da pena de morte (se fosse a plebiscito hoje, seria aprovada), elegeu-se deputado estadual paulista pela primeira vez em 1987. E estava longe de ser um pioneiro.
Agora a moda é Tiririca, mas Datena pode encenar um replay do sensacionalista-que-vira-político. Nelson de Sá informa:
“Há duas semanas, ele [Datena] confirmou à Folha.com sua ‘vontade’ de se candidatar, porque ‘como jornalista não tem adiantado’.”
É assustador? Aparentemente, sim. Reparando bem, pode ser alentador. Quando o apresentador diz que “como jornalista [sic] não tem adiantado”, significa que, a seu próprio juízo, não está conseguindo transformar em fator de mudança política retrógrada a audiência que o tornou milionário.
Ruim é constatar que, como o Aqui Agora e o Cidade Alerta em décadas passadas, o Brasil Urgente de Datena novamente contamina toda a cobertura televisiva. Mas não, felizmente, a dos jornais impressos mais influentes.
Nelson de Sá escreve na Folha de S.Paulo (sexta, 23/9): “Datena explora suicídio para ter audiência ou ‘algo mais’”. Descreve a “cobertura” feita pelo apresentador sobre o suicídio de um aluno de 10 anos, depois de ter atirado numa professora em escola municipal de São Caetano:
“Repisou ontem à exaustão como ela [a criança] ‘se deu um tiro na cabeça’ e até ‘perdeu massa encefálica’, disseminando cobertura de mesmo nível pelas outras redes, inclusive telejornais nacionais.”
O crítico de mídia da Folha chama a atenção para o fato de Datena ter procurado descartar a informação de que o menino usou a arma do pai, um guarda-civil do município. Mais do que uma tomada de posição isolada, é manifestação de uma tendência, como terá percebido quem já viu o programa. O circo de horrores de Datena só funciona com a colaboração das polícias.
Depois de ouvir de um delegado que houve negligência do pai, “Datena reagiu: ‘Eu espero que a culpa não fique para o pai. É o governo que não dá segurança’. Isentou a polícia, como ele sempre faz, e atacou ‘esses políticos que não me dão ouvidos’”.
Como dizia na década de 1970 o avô francês do Pasquim (Le Canard Enchaîné), “isso começa com um grito bestial e termina em oração fúnebre”.
Cobertura da TV
O fenômeno dos apresentadores sensacionalistas que migram para a política partidária é antigo. O radialista Afanásio Jazadji, defensor da pena de morte (se fosse a plebiscito hoje, seria aprovada), elegeu-se deputado estadual paulista pela primeira vez em 1987. E estava longe de ser um pioneiro.
Agora a moda é Tiririca, mas Datena pode encenar um replay do sensacionalista-que-vira-político. Nelson de Sá informa:
“Há duas semanas, ele [Datena] confirmou à Folha.com sua ‘vontade’ de se candidatar, porque ‘como jornalista não tem adiantado’.”
É assustador? Aparentemente, sim. Reparando bem, pode ser alentador. Quando o apresentador diz que “como jornalista [sic] não tem adiantado”, significa que, a seu próprio juízo, não está conseguindo transformar em fator de mudança política retrógrada a audiência que o tornou milionário.
Ruim é constatar que, como o Aqui Agora e o Cidade Alerta em décadas passadas, o Brasil Urgente de Datena novamente contamina toda a cobertura televisiva. Mas não, felizmente, a dos jornais impressos mais influentes.
Ontem, estava eu em uma padaria a comprar pães, e a TV do local estava sintonizada no programa deste senhor a qual não gosto nem de digitar o nome. Fique com receio de que os deliciosos pãezinhos me fizessem mal, tamanho sensacionalismo passara no ambiente.
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