sábado, 8 de outubro de 2011

Corrupção: Barbiere ameaça Alckmin

Por Altamiro Borges

A operação-abafa desencadeada pelo governo tucano de São Paulo até agora não surtiu resultado. O deputado Roque Barbiere, do PTB, partido da base aliada, fez ontem uma ameaça nada velada ao governador Geraldo Alckmin: “Por que será que o governo se manifesta com tanta veemência, se eu não o acusei, ainda, de fazer nada errado?”. Ainda!!!


Roquinho, como é conhecido, tem sido duramente pressionado a recuar nas suas denúncias de que “25% a 30%” dos deputados da Assembléia Legislativa (Alesp) estão metidos em corrupção através do uso das emendas parlamentares. Depois de desqualificar o “rebelde”, o tucanato até tentou cooptá-lo, oferecendo-lhe uma secretaria no governo estadual, segundo especulou a Folha.

Emendas consomem R$ 188 milhões

Mas as pressões e manobras não contiveram sua língua ferina. Nesta semana, ele afirmou que a Alesp é um “camelódromo” e que os deputados “têm um preço”. Intimado a delatar os corruptos, ele encaminhou depoimento à Comissão de Ética insinuando que o governo estadual está envolvido no escândalo, no que seria um caso típico de “mensalão” – de compra de votos dos deputados.

Até agora não há nada de concreto. Mas o clima na Alesp é de pânico total. Os governistas temem que, pressionado, o “maluco” abra o bico. O Palácio dos Bandeirantes também está apavorado. Afinal, as emendas parlamentares consomem R$ 188 milhões do orçamento estadual por ano. Cada deputado tem direito a distribuir R$ 2 milhões e as emendas favorecem a base governista.

Bruno Covas, a primeira vítima

O escândalo de corrupção, que não dá mais para ser ocultado nem pela mídia demotucana, já produziu a sua primeira vítima. Diante das denúncias, a Comissão de Ética da Alesp aprovou, por unanimidade, convite ao deputado licenciado Bruno Covas, atual secretário do Meio Ambiente e pré-candidato à prefeitura da capital, para explicar as suas relações com os "ladrões" das emendas.

Em agosto passado, antes das acusações de Roquinho, Bruno Covas afirmou em entrevista ao jornal Estadão que um prefeito lhe ofereceu 10% de “comissão” sobre uma emenda de R$ 50 mil para beneficiar a sua cidade. Ao invés de denunciar o esquema fraudulento, o candidato preferido de Geraldo Alckmin teria sugerido entregar o dinheiro do furto para a “Santa Casa”.

Reinado tucano sofre abalos

Agora, a Comissão de Ética quer saber o nome do prefeito e o destino do recurso público. Bruninho Covas está na berlinda e a sua candidatura, ainda no nascedouro, já sofre fortes abalos. Deputados tucanos inclusive debocham da “infantilidade” do protegido de Alckmin. José Serra, que padece da vingança maligna do atual governador, aproveita para atear fogo no ninho tucano.

As investigações sobre o mensalão em São Paulo podem não avançar – afinal, os tucanos já abortaram 91 pedidos de CPI na Alesp –, mas os estragos na base governista já se fazem sentir. O reinado do PSDB em São Paulo, que já dura quase duas décadas, pode estar terminando.

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