Por Pedro Peduzzi e Roberta Lopes, na Agência Brasil:
A Polícia Federal informa que até agora não recebeu do policial militar João Dias Ferreira, autor de denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, nenhum documento ou gravação que possa resultar em prova material para embasar as investigações sobre o caso que envolve o ministro da pasta, Orlando Silva.
A informação foi confirmada hoje (21) pela Agência Brasil no Departamento de Polícia Federal, no Instituto Nacional de Criminalística e nas superintendências da PF no Distrito Federal e em São Paulo.
Ao deixar a Superintendência da Polícia Federal no DF, onde prestou depoimento por mais de sete horas na quarta-feira (19), João Dias disse ter entregue “alguns materiais, algumas provas, algumas degravações e alguns documentos fraudados emitidos pelo ministério”. Além disso, ele prometeu entregar novos documentos e áudios na segunda-feira (24).
Em matéria publicada pela revista Veja, o militar denunciou um esquema de corrupção no Programa Segundo Tempo, que repassa recursos para incentivar a prática de esportes entre crianças de baixa renda. Segundo a publicação, o próprio ministro recebeu dinheiro desviado do programa, em troca da liberação de recursos para uma organização não governamental.
Orlando cai?
ResponderExcluirCertos analistas vêm apresentando um comportamento estranho diante da fritura explícita do ministro Orlando Silva. Todos concordam que a Veja utiliza fonte inconfiável, que há falhas na denúncia, que parece orquestração da Fifa e da CBF, que é subterfúgio para desviar o foco do “mensalão da Alesp” e do eventual sucesso brasileiro nos Jogos Pan-Americanos, e por aí vai. Mas, sacumé, defendem que ele peça demissão até provar sua inocência. Ora, se essas objeções não bastam para alguém repudiar os ataques, o que seria necessário?
Pela enésima vez, parte da blogosfera cai na pauta mequetrefe da pior mídia corporativa, reproduzindo seu conteúdo em vez de checá-lo dignamente. Com a ajuda da blogosfera, o golpe baixo na reputação alheia vira um crime perfeito. O farisaísmo ético da oposição ganha ares republicanos e o jornalismo investigativo se rebaixa a publicar delações premiadas de bandidos notórios (algo que jamais serviria para envolver José Serra). Mesmo que processe os malditos, a vítima passará uma eternidade lutando contra o véu de suspeita, que a acompanhará onde estiver.
A Folha de São Paulo acaba de publicar uma retratação determinada pela Justiça para limpar uma ínfima parte do prejuízo causado a um cidadão. Foram treze anos desde a publicação do material difamatório. Há quase sete anos esperamos uma conclusão definitiva sobre o chamado “mensalão do PT” (sim, há outros), que serviu para expor dezenas de pessoas na imprensa diária.
Não sei se Orlando Silva e o PC do B são inocentes. Mas acho que deveríamos acompanhar o episódio lembrando que vai demorar um bocado para termos qualquer certeza a esse respeito. A Copa e as Olimpíadas terminarão bem antes.
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