Por Cris Rodrigues, no blog Somos andando:
Fazia 8ºC na City, o coração do mercado financeiro inglês, em Londres, na tarde de quarta-feira, 19 de outubro. Ainda assim, cerca de 150 pessoas continuavam nas barracas montadas desde sábado, 15, em frente à Catedral de St. Paul’s, e não pareciam pretender sair de lá tão cedo. Em Londres, a repercussão do movimento americano Occupy Wall Street está sendo chamada de Occupy the London Stock Exchange, ou Ocupem a Bolsa de Londres (página no Facebook e no Twitter), e segue na mesma linha do que se vê nos Estados Unidos. Não há um líder ou um porta-voz, sequer uma proposta clara do que pode ser feito para mudar o mercado financeiro ou o sistema político-econômico.
“Pergunte a 100 pessoas aqui e você vai ter 100 diferentes respostas”, disse Ben, um jovem de 22 anos que recém terminou a faculdade de história e política e agora trabalha em um bar, mas não quis ser fotografado nem dar o sobrenome. “A polícia nesse país usa um monte de artifícios pra tentar pegar alguém”, justificou. A sensação não é incomum por aqui. A instituição que deveria dar segurança geralmente é motivo de medo. Mas a relação com o movimento anda amistosa, apesar de um pequeno confronto no começo.
Apesar de estar na frente da catedral há apenas cerca de 24 horas, Ben não pensa em sair de lá. Diz que vão continuar acampados, sem prazo definido de retirada. Assim como tantos outros que circulavam por lá, ele tinha um pedaço de papel rosa pendurado na roupa com a inscrição “Info”. Apesar do sinal, ele diz não ser parte de nenhuma organização e explica que a experiência do acampamento é uma democracia direta: “nós não elegemos líderes para tomar decisões; todo o mundo discute tudo o que precisa ser discutido”.
“Dizer que esse é um movimento anti-capitalista não está exatamente certo”, afirma, pois alguns não defendem uma transformação radical. Não é o caso de Ben, que acredita que o governo também é parte do problema – “tanto conservadores quanto trabalhistas” –, por manter e incentivar o sistema econômico. “Eu diria que sim, é preciso mudar o sistema político.” Sua proposta é mais democracia, de forma mais direta. “As coisas não podem continuar do jeito que estão. Quando os bancos vão bem, eles ficam com todo o dinheiro. Quando eles vão mal, todas as pessoas pagam.” Mas ressalva que “cada pessoa tem uma razão para estar aqui”.
De fato. A não muitos passos de Ben, um iraquiano que vive há 10 anos em Londres falava de suas razões para estar na frente da catedral, e elas não eram exatamente iguais às do colega de acampamento. Enquanto o primeiro era contra os bancos e a forma como o mercado financeiro está estruturado, ele afirmava que não é contra nada nem ninguém, apenas quer viver em comunidade e mostrar para as pessoas que isso é possível. “Nós não queremos consertar nada, porque é impossível. Nós queremos uma coisa nova, e uma coisa nova é todo o mundo vivendo bem”, embora não saiba como isso possa ser feito. Ele diz representar os 99% do mundo, em alusão a uma das chamadas do movimento, que opõe a imensa maioria ao 1% que está nos bancos e faz as coisas andarem errado.
Ao mesmo tempo, o inglês Dub, 26 anos, questionava o sentido da vida e as razões da desigualdade no mundo, propondo solidariedade de uma forma bastante genérica, mas ao mesmo tempo muito consciente da importância da internet para fazer o movimento explodir.
O Occupy the London Stock Exchange tem suas raízes no movimento americano, que questiona o mercado financeiro e o sistema econômico mundial. As palavras de ordem e a maioria das manifestações seguem a mesma linha, embora as motivações sejam de fato muito amplas e às vezes desconexas. Os jovens acampados no centro de Londres podem não estar muito seguros do que querem, mas eles sabem que alguma coisa está errada. Se estivessem sozinhos ali, com as mesmas ideias e os mesmos discursos, talvez não chamassem muita atenção. Mas eles fazem parte de um movimento mundial que já não se permite ser ignorado.
Fazia 8ºC na City, o coração do mercado financeiro inglês, em Londres, na tarde de quarta-feira, 19 de outubro. Ainda assim, cerca de 150 pessoas continuavam nas barracas montadas desde sábado, 15, em frente à Catedral de St. Paul’s, e não pareciam pretender sair de lá tão cedo. Em Londres, a repercussão do movimento americano Occupy Wall Street está sendo chamada de Occupy the London Stock Exchange, ou Ocupem a Bolsa de Londres (página no Facebook e no Twitter), e segue na mesma linha do que se vê nos Estados Unidos. Não há um líder ou um porta-voz, sequer uma proposta clara do que pode ser feito para mudar o mercado financeiro ou o sistema político-econômico.
“Pergunte a 100 pessoas aqui e você vai ter 100 diferentes respostas”, disse Ben, um jovem de 22 anos que recém terminou a faculdade de história e política e agora trabalha em um bar, mas não quis ser fotografado nem dar o sobrenome. “A polícia nesse país usa um monte de artifícios pra tentar pegar alguém”, justificou. A sensação não é incomum por aqui. A instituição que deveria dar segurança geralmente é motivo de medo. Mas a relação com o movimento anda amistosa, apesar de um pequeno confronto no começo.
Apesar de estar na frente da catedral há apenas cerca de 24 horas, Ben não pensa em sair de lá. Diz que vão continuar acampados, sem prazo definido de retirada. Assim como tantos outros que circulavam por lá, ele tinha um pedaço de papel rosa pendurado na roupa com a inscrição “Info”. Apesar do sinal, ele diz não ser parte de nenhuma organização e explica que a experiência do acampamento é uma democracia direta: “nós não elegemos líderes para tomar decisões; todo o mundo discute tudo o que precisa ser discutido”.
“Dizer que esse é um movimento anti-capitalista não está exatamente certo”, afirma, pois alguns não defendem uma transformação radical. Não é o caso de Ben, que acredita que o governo também é parte do problema – “tanto conservadores quanto trabalhistas” –, por manter e incentivar o sistema econômico. “Eu diria que sim, é preciso mudar o sistema político.” Sua proposta é mais democracia, de forma mais direta. “As coisas não podem continuar do jeito que estão. Quando os bancos vão bem, eles ficam com todo o dinheiro. Quando eles vão mal, todas as pessoas pagam.” Mas ressalva que “cada pessoa tem uma razão para estar aqui”.
De fato. A não muitos passos de Ben, um iraquiano que vive há 10 anos em Londres falava de suas razões para estar na frente da catedral, e elas não eram exatamente iguais às do colega de acampamento. Enquanto o primeiro era contra os bancos e a forma como o mercado financeiro está estruturado, ele afirmava que não é contra nada nem ninguém, apenas quer viver em comunidade e mostrar para as pessoas que isso é possível. “Nós não queremos consertar nada, porque é impossível. Nós queremos uma coisa nova, e uma coisa nova é todo o mundo vivendo bem”, embora não saiba como isso possa ser feito. Ele diz representar os 99% do mundo, em alusão a uma das chamadas do movimento, que opõe a imensa maioria ao 1% que está nos bancos e faz as coisas andarem errado.
Ao mesmo tempo, o inglês Dub, 26 anos, questionava o sentido da vida e as razões da desigualdade no mundo, propondo solidariedade de uma forma bastante genérica, mas ao mesmo tempo muito consciente da importância da internet para fazer o movimento explodir.
O Occupy the London Stock Exchange tem suas raízes no movimento americano, que questiona o mercado financeiro e o sistema econômico mundial. As palavras de ordem e a maioria das manifestações seguem a mesma linha, embora as motivações sejam de fato muito amplas e às vezes desconexas. Os jovens acampados no centro de Londres podem não estar muito seguros do que querem, mas eles sabem que alguma coisa está errada. Se estivessem sozinhos ali, com as mesmas ideias e os mesmos discursos, talvez não chamassem muita atenção. Mas eles fazem parte de um movimento mundial que já não se permite ser ignorado.
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