Por Luis Nassif, em seu blog:
Um dos principais recursos nas campanhas midiáticas é sufocar o leitor com uma série infindável de manchetes com supostas denúncias. Mesmo que, analisadas individualmente a maioria se mostre inconsistente, atinge-se o objetivo de aumentar a marola e sufocar o alvo.
Tome-se a denúncia que acabou de ser publicada pela UOL, sobre a compra de um terreno em Campinas por Orlando Silva, que "poderia" ser desapropriado pela Petrobras.
Denúncia 1 – a Petrobras teria desapropriado parte da propriedade, antes da venda para o ministro, pagando ao proprietário um preço maior por m2 do que aquele pago ao ministro.
A petrolífera pagou R$ 5,96 pelo m², enquanto para o ministro cada m² custou cerca de R$ 4.
A desapropriação de parte do terreno foi para construir uma servidão de passagem. Não é necessário ser consultor imobiliário para saber que terreno cercado por servidões de passagem perde valor.
Denúncia 2 – Orlando fez negócio da China.
Orlando fez um negócio da China em comparação com os terrenos à disposição no mesmo condomínio. Sem dutos por perto, as propriedades custam entre R$ 15 e R$ 20 cada m², de acordo com um corretor consultado pela reportagem. Nessa área, um terreno de 20 mil m² está sendo oferecido por R$ 380 mil, quase a mesma quantia paga pelo ministro em 90.000 m².
Denúncia 3 – Orlando não fez um negócio da China
Apesar de poucas casas por perto, o lote escolhido pelo ministro não favorece quem busca tranquilidade para passar os finais de semana com a família. Fica em frente a um pesqueiro, o que provoca grande movimentação aos sábados e domingos. O local é de acesso razoavelmente difícil, com um trecho de 9 km em estrada de terra.
Ou seja, o ministro pagou menos por um terreno que vale menos, porque com servidões de passagem e em frente a um pesqueiro movimentado e com 9 km de estrada de terra para se chegar a ele. E se é princípio de todo condomínio ter as estradas internas asfaltadas, como se explica a afirmação de que o terreno está no condomínio e o acesso a ele é por 9 km de estrada de terra?
Cadê o escândalo, então, cadê o negócio da China?
Denúncia 4 - Orlando está escondendo a propriedade do terreno por não constar seu título de ministro na relação de condôminos.
Para chegar ao terreno, precisou passar pelo portão 3 do Condomínio Atibaia. Na parede da portaria, foi colocado um papel com o nome de todos os moradores. À caneta, por serem mais recentes, aparecem Silva Júnior e Ana Cristina. A patente ministerial não aparece.
Aí se envereda por um jornalismo de suposições impossível de levar a sério. Ele teria pagado menos (por um terreno que vale menos) porque no futuro, algum dia, quem sabe, a Petrobras irá desapropriar o terreno ou parte dele (que ela já desapropriou para construir a servidão de passagem) e talvez, quem sabe, pagar um preço maior pela desapropriação.
Está difícil fazer jornalismo hoje em dia.
Um dos principais recursos nas campanhas midiáticas é sufocar o leitor com uma série infindável de manchetes com supostas denúncias. Mesmo que, analisadas individualmente a maioria se mostre inconsistente, atinge-se o objetivo de aumentar a marola e sufocar o alvo.
Tome-se a denúncia que acabou de ser publicada pela UOL, sobre a compra de um terreno em Campinas por Orlando Silva, que "poderia" ser desapropriado pela Petrobras.
Denúncia 1 – a Petrobras teria desapropriado parte da propriedade, antes da venda para o ministro, pagando ao proprietário um preço maior por m2 do que aquele pago ao ministro.
A petrolífera pagou R$ 5,96 pelo m², enquanto para o ministro cada m² custou cerca de R$ 4.
A desapropriação de parte do terreno foi para construir uma servidão de passagem. Não é necessário ser consultor imobiliário para saber que terreno cercado por servidões de passagem perde valor.
Denúncia 2 – Orlando fez negócio da China.
Orlando fez um negócio da China em comparação com os terrenos à disposição no mesmo condomínio. Sem dutos por perto, as propriedades custam entre R$ 15 e R$ 20 cada m², de acordo com um corretor consultado pela reportagem. Nessa área, um terreno de 20 mil m² está sendo oferecido por R$ 380 mil, quase a mesma quantia paga pelo ministro em 90.000 m².
Denúncia 3 – Orlando não fez um negócio da China
Apesar de poucas casas por perto, o lote escolhido pelo ministro não favorece quem busca tranquilidade para passar os finais de semana com a família. Fica em frente a um pesqueiro, o que provoca grande movimentação aos sábados e domingos. O local é de acesso razoavelmente difícil, com um trecho de 9 km em estrada de terra.
Ou seja, o ministro pagou menos por um terreno que vale menos, porque com servidões de passagem e em frente a um pesqueiro movimentado e com 9 km de estrada de terra para se chegar a ele. E se é princípio de todo condomínio ter as estradas internas asfaltadas, como se explica a afirmação de que o terreno está no condomínio e o acesso a ele é por 9 km de estrada de terra?
Cadê o escândalo, então, cadê o negócio da China?
Denúncia 4 - Orlando está escondendo a propriedade do terreno por não constar seu título de ministro na relação de condôminos.
Para chegar ao terreno, precisou passar pelo portão 3 do Condomínio Atibaia. Na parede da portaria, foi colocado um papel com o nome de todos os moradores. À caneta, por serem mais recentes, aparecem Silva Júnior e Ana Cristina. A patente ministerial não aparece.
Aí se envereda por um jornalismo de suposições impossível de levar a sério. Ele teria pagado menos (por um terreno que vale menos) porque no futuro, algum dia, quem sabe, a Petrobras irá desapropriar o terreno ou parte dele (que ela já desapropriou para construir a servidão de passagem) e talvez, quem sabe, pagar um preço maior pela desapropriação.
Está difícil fazer jornalismo hoje em dia.
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