quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Serra e a corrupção descentralizada

Por Altamiro Borges

Isolado em seu próprio partido, o tucano José Serra não perde oportunidade para tentar aparecer. Ele encrenca com tudo e com todos. Na semana passada, bateu boca pelo twitter com o mineiro Aécio Neves, rejeitando a antecipação do debate sobre eleições presidenciais. Dias antes, ele também havia criticado a direção paulista do PSDB por não ter sido a estrela do seu programa de TV.



Para manter-se vivo politicamente, Serra inclusive radicaliza seu discurso de direita e sua postura raivosa de oposicionista – que alguns imaginavam que fosse apenas estratégia da disputa presidencial de 2010. Contra importantes chefões tucanos que, por pragmatismo ou outros motivos, procuram evitar confrontos abertos com a presidenta Dilma, ele não perde uma chance para fustigar o governo federal.

Veneno contra Orlando Silva

Nesta missão sectária, Serra tenta se travestir de ético, de puro – um santo! E atua sem qualquer princípio, que alguns pragmáticos ainda acreditavam que ele possuía. Nesta semana, em seu blog, o tucano maldoso aproveitou a artilharia pesada da mídia contra o ministro Orlando Silva para também tirar sua casquinha – sem dó nem piedade. Afirmou que o caso comprovaria que o governo virou uma “central da corrupção”.

Para comprovar sua agressão, o tucano argumenta que “a gestão federal petista... recentralizou ao máximo as ações apoiadas pelo governo federal, na ânsia de manipular e obter faturamento político-eleitoral. Mais ainda: a centralização facilita o loteamento na administração federal, pois fortalece, abre ou cria novas áreas de domínio para oferecer aos parceiros nas lambanças”.

Bravata com embrulho teórico

Numa crítica indireta ao seu próprio partido, Serra afirma que “nos bons tempos, a descentralização chegou a ser uma bandeira do PSDB”. O abandono desta “prática tucana” teria resultado na “central de corrupção” petista. Pura besteira embrulhada num pacote pretensamente teórico. Quem conhece José Serra sabe que ele é inimigo de qualquer descentralização. Ele age de forma ditatorial, centralizadora, mandonista.

Do ponto de vista político e administrativo, sua visão autoritária é motivo de revolta até de chefões tucanos. Alckmin sentiu na pele a postura exclusivista, excludente e aparelhista de Serra, ao ponto de ter sido traído na própria disputa para prefeitura da capital paulista, em 2008. Tanto que, eleito governador de São Paulo, Alckmin partiu para “vingança maligna” e deu o troco, escanteando Serra do Palácio dos Bandeirantes.

Descentralização é das emendas em SP?

Quanto à bravata contra a “central de corrupção” petista, o vampiro José Serra e seu partido não têm moral para falar em ética. É só ver a postura dos tucanos contra apuração do escândalo das propinas na transação de emenda parlamentares na Assembléia Legislativa – típico “mensalão”. Será que a descentralização que Serra defende é o das emendas para os aliados?

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