Por Rodrigo Savazoni, no sítio NovaE:
Steve Jobs morreu, após anos lutando contra um câncer que nem mesmo todos os bilhões que ele acumulou foram capazes de conter. Desde ontem, após o anúncio de seu falecimento, não se fala em outra coisa. Panegíricos de toda sorte circulam pelos meios massivos e pós-massivos. Adulado em vida por sua genialidade, é alçado ao status de ídolo maior da era digital. É inegável que Jobs foi um grande designer, cujas sacadas levaram sua empresa ao topo do mundo. Mas há outros aspectos a explorar e sobre os quais pensar neste momento de sua morte.
Jobs era o inimigo número um da colaboração, o aspecto político e econômico mais importante da revolução digital. Nesse sentido, não era um revolucionário, mas um contra-revolucionário. O melhor deles.
Com suas traquitanas maravilhosas, trabalhou pelo cercamento do conhecimento livre. Jamais acreditou na partilha. O que ficou particularmente evidente após seu retorno à Apple, em 1997. Acreditava que para fazer grandes inventos era necessário reunir os melhores, em uma sala, e dela sair com o produto perfeito, aquele que mobilizaria o desejo de adultos e crianças em todo o planeta, os quais formam filas para ter um novo Apple a cada lançamento anual.
A questão central, no entanto, é que o design delicioso de seus produtos é apenas a isca para a construção de um mundo controlado de aplicativos e micro-pagamentos que reduz a imensa conversação global de todos para todos em um sala fechada de vendas orientadas.
O que é a Apple Store senão um grande shopping center virtual, em que podemos adquirir a um clique de tela tudo o que precisamos para nos entreter? A distopia Jobiana é a do homem egoísta, circundado de aparelhos perfeitos, em uma troca limpa e “aparentemente residual”, mediada por apenas uma única empresa: a sua. Por isso, devemos nos perguntar: era isso que queríamos? É isso que queremos para o nosso mundo?
Essa pergunta torna-se ainda mais necessária quando sabemos que existem alternativas. Como escreve o economista da USP, Ricardo Abramovay, em resenha sobre o novo livro do professor de Harvard Yochai Benkler The Penguin and the Leviathan, a cooperação é a grande possibilidade deste nosso tempo.
“Longe de um paroquialismo tradicionalista ou de um movimento alternativo confinado a seitas e grupos eternamente minoritários, a cooperação está na origem das formas mais interessantes e promissoras de criação de prosperidade no mundo contemporâneo. E na raiz dessa cooperação (presente com força crescente no mundo privado, nos negócios públicos e na própria relação entre Estado e cidadãos) estão vínculos humanos reais, abrangentes, significativos, dotados do poder de comunicar e criar confiança entre as pessoas.”
Colaboração: essa, e não outra, é a palavra revolucionária. E Jobs não gostava dela.
Steve Jobs morreu, após anos lutando contra um câncer que nem mesmo todos os bilhões que ele acumulou foram capazes de conter. Desde ontem, após o anúncio de seu falecimento, não se fala em outra coisa. Panegíricos de toda sorte circulam pelos meios massivos e pós-massivos. Adulado em vida por sua genialidade, é alçado ao status de ídolo maior da era digital. É inegável que Jobs foi um grande designer, cujas sacadas levaram sua empresa ao topo do mundo. Mas há outros aspectos a explorar e sobre os quais pensar neste momento de sua morte.
Jobs era o inimigo número um da colaboração, o aspecto político e econômico mais importante da revolução digital. Nesse sentido, não era um revolucionário, mas um contra-revolucionário. O melhor deles.
Com suas traquitanas maravilhosas, trabalhou pelo cercamento do conhecimento livre. Jamais acreditou na partilha. O que ficou particularmente evidente após seu retorno à Apple, em 1997. Acreditava que para fazer grandes inventos era necessário reunir os melhores, em uma sala, e dela sair com o produto perfeito, aquele que mobilizaria o desejo de adultos e crianças em todo o planeta, os quais formam filas para ter um novo Apple a cada lançamento anual.
A questão central, no entanto, é que o design delicioso de seus produtos é apenas a isca para a construção de um mundo controlado de aplicativos e micro-pagamentos que reduz a imensa conversação global de todos para todos em um sala fechada de vendas orientadas.
O que é a Apple Store senão um grande shopping center virtual, em que podemos adquirir a um clique de tela tudo o que precisamos para nos entreter? A distopia Jobiana é a do homem egoísta, circundado de aparelhos perfeitos, em uma troca limpa e “aparentemente residual”, mediada por apenas uma única empresa: a sua. Por isso, devemos nos perguntar: era isso que queríamos? É isso que queremos para o nosso mundo?
Essa pergunta torna-se ainda mais necessária quando sabemos que existem alternativas. Como escreve o economista da USP, Ricardo Abramovay, em resenha sobre o novo livro do professor de Harvard Yochai Benkler The Penguin and the Leviathan, a cooperação é a grande possibilidade deste nosso tempo.
“Longe de um paroquialismo tradicionalista ou de um movimento alternativo confinado a seitas e grupos eternamente minoritários, a cooperação está na origem das formas mais interessantes e promissoras de criação de prosperidade no mundo contemporâneo. E na raiz dessa cooperação (presente com força crescente no mundo privado, nos negócios públicos e na própria relação entre Estado e cidadãos) estão vínculos humanos reais, abrangentes, significativos, dotados do poder de comunicar e criar confiança entre as pessoas.”
Colaboração: essa, e não outra, é a palavra revolucionária. E Jobs não gostava dela.
E sem falar que ajudou e muito a aumentar absurdamente o lixo tecnologico. Com essa frescura de lançar o mesmo dispositivo com apenas uma minima modificacao a cada 3 meses,fazia essa legiao de zumbis idiotas do consumo a trocar de aparelho;os mesmo idiotas que fazem fila,como se esperar 2 meses fosse fatal. E haja lixo na Africa;e haja exploracao de recurso naturais e degradaçao ambiental.
ResponderExcluirJustiça seja feita: ele é um dos responsaveis por essa juventude idiota que desaprendeu a pensar(Afinal,com meu tablet e o google...) e consequentemente nao questiona nada!!
Nada como ler um artigo como este e lembrar-se dos ensinamentos de um Kenneth Robinson(pesquisem no Youtube com o nome).
ResponderExcluirQuando ouvimos um Ken Robinson dizendo que hoje as pessoas se sentem mais recompensadas colaborando e ajudando aos outros, os menos favorecidos, em trabalhos comunitários e sem a recompensa do dinheiro, mais acredito que existe realmente a chamada "humanidade" na existência humana.
E ainda bem, que elas não estão em trabalhos voluntários de crápulas como temos aos montes, hordas de vagabundos a povoarem a política e economia destes tempos!
Vou comentar mas sei que nem vai valer as palavras. Sua visão é típica de quem não conhece o sistema por dentro. Comprar ou não aplicativos ou um lançamento da Apple é uma decisão do consumidor, e a Apple só chegou onde chegou devido a uma política de qualidade rigorosa, e um sistema de parceria inédito com nós desenvolvedores. Conheço muita gente como eu que se sustenta apena vendendo seu trabalho na forma de programas para o cliente final da empresa. Nesse modelo, o programador fica com 70% do que for vendido e a Apple com 30%. Se isso, por exemplo, não é colaboração eu não sei o que é.
ResponderExcluirA sua visão é típica de um cético que conhece o sistema por fira e o acha exploratório e contra o compartilhamento, mas você está errado!
Vou comentar mas sei que nem vai valer as palavras. Sua visão é típica de quem não conhece o sistema por dentro. Comprar ou não aplicativos ou um lançamento da Apple é uma decisão do consumidor, e a Apple só chegou onde chegou devido a uma política de qualidade rigorosa, e um sistema de parceria inédito com nós desenvolvedores. Conheço muita gente como eu que se sustenta apena vendendo seu trabalho na forma de programas para o cliente final da empresa. Nesse modelo, o programador fica com 70% do que for vendido e a Apple com 30%. Se isso, por exemplo, não é colaboração eu não sei o que é.
ResponderExcluirA sua visão é típica de um cético que conhece o sistema por fira e o acha exploratório e contra o compartilhamento, mas você está errado!
Pode ser, mas as demais empresas de tecnologia, que sim, não passa de uma ferramenta de côntrole, fazem a mesma coisa com mais problemas de resolução, design ou aplicativos burros. Não sou fã e nem fico nessa babação de ovo do cara da Apple, mas profissionalmente, em determinadas áreas, como música ou artes gráficas, só usando um Mac, a diferença é muito grande pro trabalho, talvez o que era a Apple até há poucos anos atrás onde havia um espírito mais comunitário entre os usuários.
ResponderExcluirImpressionante como tem gente tentando aparecer. Não tem criatividade pra criar produtos revolucionários mas tem pra inventar uma matéria sem fundamento.
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