Por Laurindo Lalo Leal Filho, no sítio Carta Maior:
Década de 1980, lá pelo meio: o Sindicato dos Jornalistas do Paraná faz campanha salarial e coloca nas ruas cartazes com a frase: “a nossa dor não sai no jornal”. Era um momento de abertura política e parte da mídia, ainda que a contragosto, abria espaço para demandas de alguns sindicatos de trabalhadores, menos, é óbvio, para aquelas apresentadas pelos jornalistas, seus empregados.
O mote foi retomado na campanha deste ano e a frase retirada de um antigo samba de Luis Reis e Haroldo Barbosa, regravado nos anos 70 por Chico Buarque, voltou às ruas.
É a mais perfeita tradução da censura imposta pela mídia aos temas que não lhe interessam. O silêncio em torno das reivindicações dos jornalistas é apenas um exemplo.
Outro, atingindo toda a sociedade, diz respeito a forma como a comunicação é controlada no país. Os grandes meios só falam desse assunto para desqualificar qualquer proposta de debate.
Situação que subtrai dos cidadãos a possibilidade de, no mínimo, obter um pouco de informação sobre um tema que diz respeito a todos. Estamos falando de algo fundamental para o aprofundamento da democracia e, exatamente por isso, altamente sensível, aqui e no mundo.
Dois exemplos: os Estados Unidos acabam de cortar sua cota de subvenção à Unesco em represália ao ingresso da Palestina na organização. Atitude semelhante só havia ocorrido antes uma vez, por conta da comunicação.
Na virada dos anos 1970/1980 a Unesco promovia amplo debate sobre a necessidade de uma nova ordem mundial da comunicação e da informação, conhecida pela sigla NOMIC. Buscava formular políticas visando um equilíbrio maior da circulação de informações pelo mundo.
Chegou até a constituir uma comissão de alto nível, formada por intelectuais de vários países para estudar o assunto. Trabalho que resultou no livro “Um mundo, múltiplas vozes”, assinado, entre outros, por Gabriel Garcia Marquez.
Sentido-se ameaçado em sua hegemonia os EUA deixaram a organização, logo seguidos por Reino Unido e Japão. Não foi o fim da Unesco, mas ela nunca mais enfrentou o desequilíbrio informativo global como naquela época.
O outro exemplo é daqui mesmo e nos remete aos debates prévios à Constituinte de 1988. De todas as comissões temáticas criadas para sistematizar as propostas vindas da sociedade só a que tratava da comunicação não obteve consenso. A intransigência empresarial era absoluta.
Há inúmeros outros exemplos para ilustrar o grau dos interesses em jogo e a brutalidade da disputa. Na busca de uma sustentação ideológica na sociedade, aqueles que controlam os grandes meios não titubeiam em esconder o debate e, quando necessário, mostrá-lo apenas segundo os pontos de vista que lhes interessam.
Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrentou essa batalha e conquistou bela vitória aprovando no Congresso a Lei de Meios. Em pronunciamento recente foi muito feliz ao dizer que “a lei não é para controlar ninguém, mas para impedir que o povo seja controlado”.
A aprovação foi obtida graças a um forte respaldo popular. Movimentos e organizações sociais foram às ruas estabelecendo o necessário contraponto à doutrinação contrária exercida pelos grandes meios. E venceram.
Por aqui, o movimento cresceu nos últimos anos, mas ainda não é forte o suficiente para sustentar um amplo movimento social em defesa da democratização das comunicações. Ainda estamos na etapa de ruptura do cerco midiático estabelecido em torno do tema.
Dai a importância da convocação feita pela direção nacional do PT para discussão pública das suas propostas para a comunicação. Elas foram aprovadas como moção no último Congresso nacional do partido e logo rotuladas de censura pela mídia.
Como não é possível desfazer a mentira através dos mesmos canais, o PT optou por discutir as propostas diretamente com a sociedade. O encontro está previsto para o próximo dia 25, em São Paulo.
Claro que o impacto de uma conversa não se compara com a força de persuasão dos grandes meios. Mas é um passo importante para difundir idéias democráticas, censuradas pela mídia e que terão nos participantes do encontro, novos agentes capazes de multiplicá-las pela sociedade.
Década de 1980, lá pelo meio: o Sindicato dos Jornalistas do Paraná faz campanha salarial e coloca nas ruas cartazes com a frase: “a nossa dor não sai no jornal”. Era um momento de abertura política e parte da mídia, ainda que a contragosto, abria espaço para demandas de alguns sindicatos de trabalhadores, menos, é óbvio, para aquelas apresentadas pelos jornalistas, seus empregados.
O mote foi retomado na campanha deste ano e a frase retirada de um antigo samba de Luis Reis e Haroldo Barbosa, regravado nos anos 70 por Chico Buarque, voltou às ruas.
É a mais perfeita tradução da censura imposta pela mídia aos temas que não lhe interessam. O silêncio em torno das reivindicações dos jornalistas é apenas um exemplo.
Outro, atingindo toda a sociedade, diz respeito a forma como a comunicação é controlada no país. Os grandes meios só falam desse assunto para desqualificar qualquer proposta de debate.
Situação que subtrai dos cidadãos a possibilidade de, no mínimo, obter um pouco de informação sobre um tema que diz respeito a todos. Estamos falando de algo fundamental para o aprofundamento da democracia e, exatamente por isso, altamente sensível, aqui e no mundo.
Dois exemplos: os Estados Unidos acabam de cortar sua cota de subvenção à Unesco em represália ao ingresso da Palestina na organização. Atitude semelhante só havia ocorrido antes uma vez, por conta da comunicação.
Na virada dos anos 1970/1980 a Unesco promovia amplo debate sobre a necessidade de uma nova ordem mundial da comunicação e da informação, conhecida pela sigla NOMIC. Buscava formular políticas visando um equilíbrio maior da circulação de informações pelo mundo.
Chegou até a constituir uma comissão de alto nível, formada por intelectuais de vários países para estudar o assunto. Trabalho que resultou no livro “Um mundo, múltiplas vozes”, assinado, entre outros, por Gabriel Garcia Marquez.
Sentido-se ameaçado em sua hegemonia os EUA deixaram a organização, logo seguidos por Reino Unido e Japão. Não foi o fim da Unesco, mas ela nunca mais enfrentou o desequilíbrio informativo global como naquela época.
O outro exemplo é daqui mesmo e nos remete aos debates prévios à Constituinte de 1988. De todas as comissões temáticas criadas para sistematizar as propostas vindas da sociedade só a que tratava da comunicação não obteve consenso. A intransigência empresarial era absoluta.
Há inúmeros outros exemplos para ilustrar o grau dos interesses em jogo e a brutalidade da disputa. Na busca de uma sustentação ideológica na sociedade, aqueles que controlam os grandes meios não titubeiam em esconder o debate e, quando necessário, mostrá-lo apenas segundo os pontos de vista que lhes interessam.
Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrentou essa batalha e conquistou bela vitória aprovando no Congresso a Lei de Meios. Em pronunciamento recente foi muito feliz ao dizer que “a lei não é para controlar ninguém, mas para impedir que o povo seja controlado”.
A aprovação foi obtida graças a um forte respaldo popular. Movimentos e organizações sociais foram às ruas estabelecendo o necessário contraponto à doutrinação contrária exercida pelos grandes meios. E venceram.
Por aqui, o movimento cresceu nos últimos anos, mas ainda não é forte o suficiente para sustentar um amplo movimento social em defesa da democratização das comunicações. Ainda estamos na etapa de ruptura do cerco midiático estabelecido em torno do tema.
Dai a importância da convocação feita pela direção nacional do PT para discussão pública das suas propostas para a comunicação. Elas foram aprovadas como moção no último Congresso nacional do partido e logo rotuladas de censura pela mídia.
Como não é possível desfazer a mentira através dos mesmos canais, o PT optou por discutir as propostas diretamente com a sociedade. O encontro está previsto para o próximo dia 25, em São Paulo.
Claro que o impacto de uma conversa não se compara com a força de persuasão dos grandes meios. Mas é um passo importante para difundir idéias democráticas, censuradas pela mídia e que terão nos participantes do encontro, novos agentes capazes de multiplicá-las pela sociedade.
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