Do sítio da Rede Brasil Atual:
Demitir funcionários que ganham mais para contratar outros com rendimentos menores é uma prática recorrente adotada pelas empresas no Brasil e se acentuou mesmo nos últimos anos de crescimento econômico. A conclusão de estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em estudo realizado em convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego, sugere que a rotatividade de mão de obra passou de 45% em 2001 para 53,8% em 2010. A pesquisa mostra ainda que o fenômeno afeta rendimento e tempo de permanência no emprego.
A rotatividade é calculada pela relação entre contratações e demissões em comparação ao estoque médio de empregos do ano. Os dados do estudo são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. A rotatividade apresentou declínio apenas em 2009 em relação ao ano anterior, mas voltou a crescer. O cenário contrasta com outros indicadores positivos sobre o mercado de trabalho. De 2003 a 2009, o número de vínculos de emprego aumento 49,5%. Isso quer dizer que o país tinha 41,9 milhões de empregos formais (entre registro em carteira e estatutários, no serviço público) e alcançou 61,1 milhões.
A construção civil e a agricultura aparecem como setores que mais promovem a rotatividade de mão de obra. Os desligamentos superaram as admissões entre operários de 2001 a 2009 (de 115,3% a 108,2%). Considerando a taxa descontados casos relacionados a transferências, aposentadorias, mortes e demissões voluntárias, a variação é de 97,4% para 86,2%.
No caso dos trabalhadores da agricultura, foi apenas em 2009 que o número de desligamentos foi inferior ao de contratações e, mesmo assim, ficou em 98,3%. Em 2001, a rotatividade era de 100,2%, alcançando 108,3% em 2008. A taxa descontada indica que as dispensas representam 74% das contratações. Em setores como a indústria de transformação, serviço e comércio, as taxas giram em torno de 50%.
Política de RH
Se considerada a taxa de rotatividade descontada, os percentuais são mais baixos, mas apresentam a mesma trajetória ascendente – de 34,5% em 2001 para 37,3% no ano passado – com a mesma exceção em 2009, com redução da prática. Na prática, segundo o Dieese, a demissão por iniciativa empresarial responde a mais da metade do total dos desligamentos, embora tenha ocorrido ligeira queda proporcional das dispensas sem justa causa de 2001 a 2009 (de 54,8% para 52,1%).
Um dos efeitos reais da rotatividade é expressa em um aspecto específico da pesquisa do Dieese. Das 19,9 milhões de pessoas que perderam o emprego em 2009, 7,4 milhões tinham passado por isso em 2008 e 6 milhões em 2007. São trabalhadores que saíram e retornaram à busca por vagas durante durante até três anos seguidos.
A média de tempo de serviço dos demitidos era de 3,9 anos em 2009, seis meses a menos do que a média de 2000 (4,4 anos). Considerando-se os trabalhadores que permaneciam empregados no dia 31 de dezembro de cada ano, a permanência no mesmo emprego caiu de 5,5 anos em 2000 para 5 anos em 2009. Comparando-se a 25 países desenvolvidos, apenas os Estados Unidos possuem média inferior de tempo no mesmo emprego.
O Dieese mostra ainda que o salário médio dos trabalhadores contratados é, em média, menor do que o dos demitidos. O rendimento médio de ambos os grupos sofreu queda em 2002. Depois disso, teve elevações contínuas até 2010. O ganho médio de recém-admitidos correspondia, no ano passado, a 92,5% do dos desligados. Essa diferença diminuiu no período, com exceção de 2009, já que chegou a 83,5% em 2002.
Mais de 60% dos desligamentos sem justa causa nos últimos quatro anos foram concentradas em 3,5% das empresas cadastradas no Rais – pouco mais de 5% das que demitiram.
Demitir funcionários que ganham mais para contratar outros com rendimentos menores é uma prática recorrente adotada pelas empresas no Brasil e se acentuou mesmo nos últimos anos de crescimento econômico. A conclusão de estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em estudo realizado em convênio com o Ministério do Trabalho e Emprego, sugere que a rotatividade de mão de obra passou de 45% em 2001 para 53,8% em 2010. A pesquisa mostra ainda que o fenômeno afeta rendimento e tempo de permanência no emprego.
A rotatividade é calculada pela relação entre contratações e demissões em comparação ao estoque médio de empregos do ano. Os dados do estudo são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. A rotatividade apresentou declínio apenas em 2009 em relação ao ano anterior, mas voltou a crescer. O cenário contrasta com outros indicadores positivos sobre o mercado de trabalho. De 2003 a 2009, o número de vínculos de emprego aumento 49,5%. Isso quer dizer que o país tinha 41,9 milhões de empregos formais (entre registro em carteira e estatutários, no serviço público) e alcançou 61,1 milhões.
A construção civil e a agricultura aparecem como setores que mais promovem a rotatividade de mão de obra. Os desligamentos superaram as admissões entre operários de 2001 a 2009 (de 115,3% a 108,2%). Considerando a taxa descontados casos relacionados a transferências, aposentadorias, mortes e demissões voluntárias, a variação é de 97,4% para 86,2%.
No caso dos trabalhadores da agricultura, foi apenas em 2009 que o número de desligamentos foi inferior ao de contratações e, mesmo assim, ficou em 98,3%. Em 2001, a rotatividade era de 100,2%, alcançando 108,3% em 2008. A taxa descontada indica que as dispensas representam 74% das contratações. Em setores como a indústria de transformação, serviço e comércio, as taxas giram em torno de 50%.
Política de RH
Se considerada a taxa de rotatividade descontada, os percentuais são mais baixos, mas apresentam a mesma trajetória ascendente – de 34,5% em 2001 para 37,3% no ano passado – com a mesma exceção em 2009, com redução da prática. Na prática, segundo o Dieese, a demissão por iniciativa empresarial responde a mais da metade do total dos desligamentos, embora tenha ocorrido ligeira queda proporcional das dispensas sem justa causa de 2001 a 2009 (de 54,8% para 52,1%).
Um dos efeitos reais da rotatividade é expressa em um aspecto específico da pesquisa do Dieese. Das 19,9 milhões de pessoas que perderam o emprego em 2009, 7,4 milhões tinham passado por isso em 2008 e 6 milhões em 2007. São trabalhadores que saíram e retornaram à busca por vagas durante durante até três anos seguidos.
A média de tempo de serviço dos demitidos era de 3,9 anos em 2009, seis meses a menos do que a média de 2000 (4,4 anos). Considerando-se os trabalhadores que permaneciam empregados no dia 31 de dezembro de cada ano, a permanência no mesmo emprego caiu de 5,5 anos em 2000 para 5 anos em 2009. Comparando-se a 25 países desenvolvidos, apenas os Estados Unidos possuem média inferior de tempo no mesmo emprego.
O Dieese mostra ainda que o salário médio dos trabalhadores contratados é, em média, menor do que o dos demitidos. O rendimento médio de ambos os grupos sofreu queda em 2002. Depois disso, teve elevações contínuas até 2010. O ganho médio de recém-admitidos correspondia, no ano passado, a 92,5% do dos desligados. Essa diferença diminuiu no período, com exceção de 2009, já que chegou a 83,5% em 2002.
Mais de 60% dos desligamentos sem justa causa nos últimos quatro anos foram concentradas em 3,5% das empresas cadastradas no Rais – pouco mais de 5% das que demitiram.
2 comentários:
Este artigo só confirma uma tese que
eu relato em comentarios em vários
blogs e sites progressistas:
A área de recursos humanos é um dos
setores que menos vejo sendo comenta-
dos pelos ditos "blogs sujos" e sites
progressistas.Gostaria de saber o mo-
tivo disso. Talvez porque parte do
"sistema", já esteja incorporado ao
cabedal de críticas. Todavia, esse
pessoal de recursos humanos precisa
ser posto na berlinda sim,até pelo
que prega e as práticas.
Essa prática é usual no meio empresarial brasileiro fazem anos.
Como o Brasil nunca teve governo, esperamos que a Presidenta apoiada pelos sindicatos, imponha a norma que em caso de demissão, o novo ocupante, deverá perceber remuneração igual ao último mes de pagamento ao que foi demitido. Deverá ainda, impedir que o cargo vago tenha as tarefas diminuídas, com objetivo de redução da remuneração para o novo ocupante.
Outro detalhe que vem me chamando atenção é, a "falta de mão de obra", principalmente na área de engenharia.
Sabemos que muitos engenheiros acabaram buscando trabalho em outras atividades, depois de muito procurar emprego em sua área,i.é, foram trabalhar como taxistas, condutores de vans e outras atividades.
Se o Governo, através do MTE, tivesse um mínimo de organização e preocupação com os trabalhadores, deveria urgentemente, criar cursos de atualização para os que se desviaram de suas áreas.
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