Por Altamiro Borges
Na coluna Painel da Folha, a jornalista Renata Lo Prete publicou nesta semana preocupantes informações sobre o controle político na programação da emissora católica TV Canção Nova:
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21/11
Despejados da tela. A rede Canção Nova, emissora de TV e rádio ligada ao movimento católico Renovação Carismática, resolveu tirar do ar os programas comandados pelos deputados federais Gabriel Chalita (PMDB-SP) e Eros Biondini (PTB-MG), pelos estaduais Edinho Silva (PT-SP), Paulo Barbosa (PSDB-SP) e Myriam Rios (PDT-RJ), e pela primeira-dama paulista, Lu Alckmin.
Embora a decisão tenha sido tomada no atacado, o elemento precipitador foram as reações negativas de fiéis e lideranças da igreja à recente incorporação de Edinho, presidente do diretório estadual petista, ao quadro de apresentadores da Canção Nova.
Conexões "Justiça e Paz", o programa de Edinho, estreou em 3 de novembro tendo como convidado Gilberto Carvalho. Principal mentor político do deputado petista, o secretário-geral da Presidência foi também articulador da aproximação entre a campanha de Dilma Rousseff e a Canção Nova no segundo turno da eleição presidencial. Até então, a candidata vinha sendo duramente combatida por religiosos da Renovação Carismática.
Doutrina. O programa de Edinho deu origem, nas redes sociais, ao movimento #CançãoNovaSemPT. Um panfleto traz em vermelho o nome do partido e as expressões "aborto", "casamento gay" e "Teologia da Libertação".
Tenho dito. Procurado pelo Painel, o Conselho Deliberativo da Fundação João Paulo 2º, mantenedora da Canção Nova, confirmou a decisão de suspender os programas, tomada na sexta-feira passada. Em nota, agradeceu "a dedicação e o empenho" dos seis apresentadores e manifestou "respeito às suas atuações públicas".
22/11:
Genuflexório. Foi o bispo de Lorena, d. Benedito Beni, quem comunicou a Edinho Silva a decisão da TV Canção Nova de tirar do ar o programa do presidente do PT-SP, lançado em 3 de novembro. Durante a campanha eleitoral, d. Beni defendeu a divulgação de folhetos que pregavam boicote à candidata Dilma Rousseff, a quem os religiosos atribuíam posição dúbia em relação ao aborto.
“Ele disse ter sofrido pressões”, relata Edinho. Fiéis contrários à incorporação do petista ao quadro de apresentadores da Canção Nova promoveram movimento que incluiu, além de protestos, o estímulo à suspensão das doações que ajudam a financiar a emissora.
Sem-tela 1. Edinho diz ter sido convidado pela Canção Nova, em 2010, a comandar um talk-show que aproximasse as pastorais sociais da Igreja Católica e a Renovação Carismática, mais conservadora. “Lamento que esse espaço tenha sido suprimido”.
*****
Crimes numa concessão pública
As informações da colunista da Folha são gravíssimas. Elas confirmam que houve o veto e que ele foi político, o que já caracteriza crime numa emissora de televisão – que é concessão pública. Mais do que isso: o veto visou atingir um setor da sociedade, ligado à igreja progressista, e um partido de esquerda, o que corrobora a tese de que não qualquer pluralidade na televisão brasileira.
A programação só foi censurada após a estréia do presidente do PT. Antes, vários “políticos” usavam aquele palanque eletrônico para se projetar politicamente. Entre eles, dois pré-candidatos a prefeito – Gabriel Chalita, que deixou o PSDB, bicou no PSB e hoje é um nome forte do PMDB na capital paulista; e o tucano Paulo Barbosa, secretário de Geraldo Alckmin, cotado para a disputa em Santos.
Ausência de instâncias democráticas
Os outros três “apresentadores” também são ligados a forças conservadoras – inclusive a primeira-dama Lu Alckmin. Seu marido, o governador tucano Geraldo Alckmin, tem fortes vínculos com a seita Opus Dei, nascida durante a ditadura franquista na Espanha. Há relatos de que vários líderes da Renovação Carismática são adeptos desta corrente ultra-direitista.
A censura da TV Canção Nova poderia resultar em punições e propiciar rico debate sobre as distorções na televisão brasileira. Mas a ausência de qualquer canal de participação democrática da sociedade, como os Conselhos de Comunicação Social previstos na Constituição, impede essa reflexão. Quem manda nas concessões públicas são entes privados, como objetivos “privados”.
Na coluna Painel da Folha, a jornalista Renata Lo Prete publicou nesta semana preocupantes informações sobre o controle político na programação da emissora católica TV Canção Nova:
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21/11
Despejados da tela. A rede Canção Nova, emissora de TV e rádio ligada ao movimento católico Renovação Carismática, resolveu tirar do ar os programas comandados pelos deputados federais Gabriel Chalita (PMDB-SP) e Eros Biondini (PTB-MG), pelos estaduais Edinho Silva (PT-SP), Paulo Barbosa (PSDB-SP) e Myriam Rios (PDT-RJ), e pela primeira-dama paulista, Lu Alckmin.
Embora a decisão tenha sido tomada no atacado, o elemento precipitador foram as reações negativas de fiéis e lideranças da igreja à recente incorporação de Edinho, presidente do diretório estadual petista, ao quadro de apresentadores da Canção Nova.
Conexões "Justiça e Paz", o programa de Edinho, estreou em 3 de novembro tendo como convidado Gilberto Carvalho. Principal mentor político do deputado petista, o secretário-geral da Presidência foi também articulador da aproximação entre a campanha de Dilma Rousseff e a Canção Nova no segundo turno da eleição presidencial. Até então, a candidata vinha sendo duramente combatida por religiosos da Renovação Carismática.
Doutrina. O programa de Edinho deu origem, nas redes sociais, ao movimento #CançãoNovaSemPT. Um panfleto traz em vermelho o nome do partido e as expressões "aborto", "casamento gay" e "Teologia da Libertação".
Tenho dito. Procurado pelo Painel, o Conselho Deliberativo da Fundação João Paulo 2º, mantenedora da Canção Nova, confirmou a decisão de suspender os programas, tomada na sexta-feira passada. Em nota, agradeceu "a dedicação e o empenho" dos seis apresentadores e manifestou "respeito às suas atuações públicas".
22/11:
Genuflexório. Foi o bispo de Lorena, d. Benedito Beni, quem comunicou a Edinho Silva a decisão da TV Canção Nova de tirar do ar o programa do presidente do PT-SP, lançado em 3 de novembro. Durante a campanha eleitoral, d. Beni defendeu a divulgação de folhetos que pregavam boicote à candidata Dilma Rousseff, a quem os religiosos atribuíam posição dúbia em relação ao aborto.
“Ele disse ter sofrido pressões”, relata Edinho. Fiéis contrários à incorporação do petista ao quadro de apresentadores da Canção Nova promoveram movimento que incluiu, além de protestos, o estímulo à suspensão das doações que ajudam a financiar a emissora.
Sem-tela 1. Edinho diz ter sido convidado pela Canção Nova, em 2010, a comandar um talk-show que aproximasse as pastorais sociais da Igreja Católica e a Renovação Carismática, mais conservadora. “Lamento que esse espaço tenha sido suprimido”.
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Crimes numa concessão pública
As informações da colunista da Folha são gravíssimas. Elas confirmam que houve o veto e que ele foi político, o que já caracteriza crime numa emissora de televisão – que é concessão pública. Mais do que isso: o veto visou atingir um setor da sociedade, ligado à igreja progressista, e um partido de esquerda, o que corrobora a tese de que não qualquer pluralidade na televisão brasileira.
A programação só foi censurada após a estréia do presidente do PT. Antes, vários “políticos” usavam aquele palanque eletrônico para se projetar politicamente. Entre eles, dois pré-candidatos a prefeito – Gabriel Chalita, que deixou o PSDB, bicou no PSB e hoje é um nome forte do PMDB na capital paulista; e o tucano Paulo Barbosa, secretário de Geraldo Alckmin, cotado para a disputa em Santos.
Ausência de instâncias democráticas
Os outros três “apresentadores” também são ligados a forças conservadoras – inclusive a primeira-dama Lu Alckmin. Seu marido, o governador tucano Geraldo Alckmin, tem fortes vínculos com a seita Opus Dei, nascida durante a ditadura franquista na Espanha. Há relatos de que vários líderes da Renovação Carismática são adeptos desta corrente ultra-direitista.
A censura da TV Canção Nova poderia resultar em punições e propiciar rico debate sobre as distorções na televisão brasileira. Mas a ausência de qualquer canal de participação democrática da sociedade, como os Conselhos de Comunicação Social previstos na Constituição, impede essa reflexão. Quem manda nas concessões públicas são entes privados, como objetivos “privados”.
O CANDIDATO DELA PERDE ELEITORES, E A IGREJA CATÓLICA PERDE FIÉIS. TUDO QUE O EDIR MACEDO E O PT QUEREM. Depois reclamam de censura e ainda chamam o povo de idiota.
ResponderExcluirNisso que dá a Canção Nova abrir espaço para politiqueiros de toda ordem, alckmistas (como Chalita) ou anti alckmistas, lulo-dilmistas ou anti lulo-dilmistas. Como os politiqueiros só veem com bons olhos entidades católicas quando lhes são favoráveis, e baixam o porrete quando elas não lhes são favoráveis, é melhor deixar os politiqueiros de fora. Nada de transformar os carismáticos em curral eleitoral, como fazem muitas igrejas pós-pentecostais no Brasil.
ResponderExcluirOlá, Bom dia, caro Altamiro, em primeiro lugar é a primeira vez que participo do seu blog fazendo comentários.Então, eu não se você é jornalista como este quem vos fala é, mas gostaria de deixar algumas coisas bem claras.A Igreja Católica Apostólica Romana dentro do seu conjunto perfilar de doutrina, é contra o aborto, contra a união civil gay e contra a liberação e descriminalização das drogas.Todas essas informações são de conhecimento global ou mundial.É evidente que muitos consideram a Igreja, do ponto de vista doutrinal, "Conservadora", "anacrônica", "atrasada", da "Idade Média", "Reacionária", tudo isso, não há novidade nisso.Os meios de comunicação ligados a Igreja Católica precisam estar intrinsecamente ligados a doutrina da mesma.Há documentos da Igreja que encaminha para esse raciocínio, como o Evangeli Nuntiandi(Papa Paulo VI) e o Inter Mirifica(Concílio Vaticano II).Por isso, é inadmissível que, qualquer emissora católica (seja lá qual for), embora tenham concessão pública,haja participação de pessoas que, direta ou indiretamente, possuem uma postura, adesão ou inclinação a ideologias contrárias a Doutrina da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.Não cabe certa pluralidade,mas sim defender com a vida a doutrina da Igreja de Cristo.
ResponderExcluirConcluindo: A reação dos fiéis, sócios colaboradores da TV CN, é mais do que justa e, diferente de seu raciocínio, Altamiro, não é uma censura, mas sim um retorno a coerência com as letras bíblico-doutrinárias, coisas que muitas pessoas por motivos diversos não conseguem compreender, o que é lamentável.
Saudações!
Leniéverson
Só lixo.
ResponderExcluirO Bispo de Lorena já mostrou a cara dele na época das eleições, o povo católico se tiver um mínimo de visão e coerência deve perguntar a esse bispo o que ele acha dos milhares de casos de pedofilìa que aconteceram pelo mundo todo inclusive no Brasil, e que desgraçaram a vida de milhares de pessoas. A questão do aborto deve ser discutida com muito muito critério pela sociedade, e não de forma precipitada e oportunista as vésperas de uma eleição. Quanto a TV canção Nova, o que esta acontecendo é óbvio demais prá ser discutido. A propósito, qual segmento da Igreja Católica esta debatendo a questão do aborto neste momento???? Ou este debate se torna interessante apenas as vésperas de eleições, pra atacar certos candidatos, e desviar a atenção do povão ( que vota), para disseminar a confusão e levar vantagens. IGREJA CATÓLICA!!!!!! BASTA DE HIPOCRISIA......TV CANÇÃO NOVA, EU SOU APENAS UM DOS MILHÕES DE OUTORGANTES DA CONCESSÃO PÚBLICA QUE AUTORIZA A SUA EXISTÊNCIA, E NÃO CONCORDO COM AS SUAS DECISÕES NESTE CASO. QUE A IGREJA TEM SEU LADO TODOS SABEM, MAS SE FOR PRÁ AGIR COMO OPOSIÇÃO AO GOVERNO , TORNE-SE UM PARTIDO POLÍTICO!!!
ResponderExcluirÉ triste perceber que as forças obscuras da igreja ainda interferem de forma negativa... Mas nós católicos progressistas não desistiremos!!
ResponderExcluirEU ACHO MUITÍSSIMO BEM FEITO QUE O PT E O GOVERNO NÃO TENHAM NENHUM ESPACO PARA MOSTRAR E DEBATER SEU PROGRAMA DE GOVERNO NEM TENHA ESPA;O P MOSTRAR SUAS OBRAS, PORQUE O BRASIL TEM TV PUBLICA, MAS ELA É PODRE, NAO TEM EQUIPAMENTO NEM EQUIPE NEM PROGRAMACAO QUE PRESTE, SÓ REPLICA PROGRAMAS DA TUCANA TV CULTURA E REPETE COMO PAPAGAIO O NOTICIARIO DO PIG COM O VIÉS DO PIG, NAO HA CONTRADITORIO, IGUALZINHO AS TVS COMERCIAS SÓ QUE COM IMAGEM E SOM PODRES E QUE NAO ALCANCAM TODO O PAÍS, LOGO QUE O GOVERNO CONTINUE LEVANDO BASTATE CHUMBO JÁ QUE NADA INVESTE NA TV PUBLICA UNICO CANAL ONDE PODERÍAMOS VER DEBATE DE VERDADE ENTRE TODOS OS LADOS, QUE APANHEM TODO DIA E TODA NOITE, NAO TENHO PENA E ACHO QUE QUEM NAO SE DEFENDE TEM QUE APANHAR MESMO E MUITO!
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