Por Gustavo Alves, em seu blog:
Esta semana, o Facebook foi inundado pelos brilhantes comentários a favor da prisão dos estudantes da USP que ocuparam a Reitoria da Universidade e foram presos pela Polícia Militar de SP.
Ouvi e li de tudo.
Que os estudantes deveriam ser processados, apanhar, levar "borracha" e outras pérolas. Inclusive de gente que eu respeito e conheço. Gente que individualmente é tranquila e democrática, mas que na hora do estouro da boiada fascista assume posições deploráveis.
Só para esclarecer, não sou nem fui a favor da tal ocupação. Nem eu, nem a maioria dos estudantes que decidiram não realizar este tipo de protesto na sua própria assembleia. Mas daí a se "empolgar" com a criminalização dos movimentos sociais vai uma larga distância.
A presença da Polícia Militar dentro do Campus da USP é apenas mais um capítulo da postura intransigente e antidemocrática que assola a Reitoria. Mas é também fruto da postura mesquinha, conservadora e provinciana que conduz governadores do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes há muitos anos.
O senso comum, que elegeu Ademar de Barros, criou o Janismo e o Malufismo continua entranhado na sociedade paulista.
Uma postura que aceita o autoritarismo, que espera que os governantes eleitos com bandeiras morais possam aplacar esta angústia e revolta que ninguém sabe direito de onde vem, que acredita que os problemas são os outros: baianos, negros, gays ou simplesmente os pobres.
É gritante para quem mora em outras regiões do país, como um estado construído à base de migrantes e imigrantes seja berço de tanta xenofobia.
Tenho conhecidos que nasceram em outros estados, ou são filhos de migrantes que gritam contra a invasão de SP por "nordestinos".
Esta intolerância vai contaminando tudo e todos. Ela justifica os ataques na Paulista, justifica a execução pela Polícia, justifica as mensagens carregadas de preconceito contra o ex-presidente Lula, e justifica também o desrespeito pela decisão soberana de uma assembleia estudantil.
É preciso retomar o prumo e a razão.
Não é aceitável que o debate sobre o consumo de drogas se concentre apenas nos usuários, isso foi tentado há anos e só alimentou os barões do tráfico.
Não é aceitável que não haja debate democrático dentro de um ambiente universitário, afinal de contas é o contraditório que alavanca nossa democracia.
Não é aceitável que a destruição de patrimônio público seja justificada pela ausência de diálogo. Protesto é outra coisa bem diferente.
Não é aceitável que a intolerância e o fascimso se entranhem na nossa sociedade, que a democracia seja relativizada e permitida apenas aos cidadãos de bem.
Acho que a exposição desta nuvem abjeta de preconceitos, exposta de forma exemplar pelo vídeo feito na reunião de socialites de SP, ao contrário do que parece, é uma virtude das redes sociais.
O sentimento existia antes da internet e continua existindo, só que agora é mais explícito e passível de responsabilização, como foi o caso da garota que tuitou "a morte aos nordestinos".
Se não fossem as redes, não haveria a exposição dos que destilam ódio e preconceito por trás de uma roupagem gentil e moderna.
Defendem o "novo", mas exalam o cheiro fétido do velho autoritarismo.
Em tempo: sou nascido e criado na cidade de São Paulo.
Esta semana, o Facebook foi inundado pelos brilhantes comentários a favor da prisão dos estudantes da USP que ocuparam a Reitoria da Universidade e foram presos pela Polícia Militar de SP.
Ouvi e li de tudo.
Que os estudantes deveriam ser processados, apanhar, levar "borracha" e outras pérolas. Inclusive de gente que eu respeito e conheço. Gente que individualmente é tranquila e democrática, mas que na hora do estouro da boiada fascista assume posições deploráveis.
Só para esclarecer, não sou nem fui a favor da tal ocupação. Nem eu, nem a maioria dos estudantes que decidiram não realizar este tipo de protesto na sua própria assembleia. Mas daí a se "empolgar" com a criminalização dos movimentos sociais vai uma larga distância.
A presença da Polícia Militar dentro do Campus da USP é apenas mais um capítulo da postura intransigente e antidemocrática que assola a Reitoria. Mas é também fruto da postura mesquinha, conservadora e provinciana que conduz governadores do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes há muitos anos.
O senso comum, que elegeu Ademar de Barros, criou o Janismo e o Malufismo continua entranhado na sociedade paulista.
Uma postura que aceita o autoritarismo, que espera que os governantes eleitos com bandeiras morais possam aplacar esta angústia e revolta que ninguém sabe direito de onde vem, que acredita que os problemas são os outros: baianos, negros, gays ou simplesmente os pobres.
É gritante para quem mora em outras regiões do país, como um estado construído à base de migrantes e imigrantes seja berço de tanta xenofobia.
Tenho conhecidos que nasceram em outros estados, ou são filhos de migrantes que gritam contra a invasão de SP por "nordestinos".
Esta intolerância vai contaminando tudo e todos. Ela justifica os ataques na Paulista, justifica a execução pela Polícia, justifica as mensagens carregadas de preconceito contra o ex-presidente Lula, e justifica também o desrespeito pela decisão soberana de uma assembleia estudantil.
É preciso retomar o prumo e a razão.
Não é aceitável que o debate sobre o consumo de drogas se concentre apenas nos usuários, isso foi tentado há anos e só alimentou os barões do tráfico.
Não é aceitável que não haja debate democrático dentro de um ambiente universitário, afinal de contas é o contraditório que alavanca nossa democracia.
Não é aceitável que a destruição de patrimônio público seja justificada pela ausência de diálogo. Protesto é outra coisa bem diferente.
Não é aceitável que a intolerância e o fascimso se entranhem na nossa sociedade, que a democracia seja relativizada e permitida apenas aos cidadãos de bem.
Acho que a exposição desta nuvem abjeta de preconceitos, exposta de forma exemplar pelo vídeo feito na reunião de socialites de SP, ao contrário do que parece, é uma virtude das redes sociais.
O sentimento existia antes da internet e continua existindo, só que agora é mais explícito e passível de responsabilização, como foi o caso da garota que tuitou "a morte aos nordestinos".
Se não fossem as redes, não haveria a exposição dos que destilam ódio e preconceito por trás de uma roupagem gentil e moderna.
Defendem o "novo", mas exalam o cheiro fétido do velho autoritarismo.
Em tempo: sou nascido e criado na cidade de São Paulo.
O que dizer deste texto: perfeito, Miró. Concordo em gênero, número e grau. Obrigado por expor, de certa forma também,a maneira como penso. Muito obrigado! Era o que eu diria sobre isso.
ResponderExcluirAté que enfim um texto, um posicionamento, lúcido.
ResponderExcluirMuito bem.
ResponderExcluirEu sou nascido e fugido de sp há 31 anos, para onde nunca mais voltarei exatamente por isso aí. Acabo de deletar o meu perfil no facebook pelo mesmo motivo pois não quero ficar brigando com conhecidos.
Valores dos tempos do café.... minha mãe levantou essa questão quando pensou de como meus avós imigrantes chegaram e construiram sua visão de mundo nesta terra.
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