terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aécio e Serra se bicam e PSDB patina

Por Altamiro Borges

Saiu hoje na coluna de Mônica Bergamo, na Folha:

“O clima entre José Serra e Aécio Neves, do PSDB, que andava ruim há muito tempo, nos últimos dias ficou péssimo... A pesquisa Datafolha que mostrou no domingo Serra com rejeição de 35% entre os paulistanos jogou balde de gelo em publicitários historicamente ligados ao PSDB que tentavam convencer o partido de que ele seria o melhor candidato”.



Estragos disputa nacional

Realmente, a pesquisa Datafolha (ou DataSerra, devido aos vínculos da Folha com o grão-tucano) não foi nada boa para o PSDB – nacional e paulista. Para a direção nacional da sigla, que tenta escantear o ex-governador, ela criou obstáculos às manobras para forçá-lo a disputar a prefeitura paulistana, afastando-o da briga pela escolha do próximo presidenciável do partido.

Aécio Neves, concorrente de Serra, era o principal envolvido nesta operação. Na semana passada, na Bahia, ele só faltou implorar para que o paulista deixe de pentelhá-lo. Depois de bajulá-lo, num típico jogo de cena, o mineiro apelou: “Não podemos forçar ninguém a ser aquilo que não quer, mas, no fundo, há uma esperança de que ele seja o candidato à prefeitura de São Paulo”.

Guerra fratricida no PSDB

A pesquisa Datafolha, ao evidenciar a enorme rejeição do grão-tucano entre os eleitores paulistanos, pode levar o vacilante Serra a abandonar de vez a possibilidade de concorrer à prefeitura – que nunca foi o seu desejo. Com isso, ele retomaria seu projeto de disputar a presidência da República em 2014, o que acirraria ainda mais os ânimos, já bem esgarçados, no interior do PSDB.

Essa disputa pode ser fratricida, com penas voando para todos os lados – inclusive com novos rachas e deserções no partido. Na eleição de 2010, os dois quase já se mataram. Alguns detalhes dessa guerra – como o uso de arapongas ou artigo maldoso “Pó pára, Aécio”, no Estadão, insinuando que o mineiro não tem problemas só com bafômetros – estão no livro de Amaury Ribeiro.

Sinal de alerta em São Paulo

Além de embaralhar a disputa nacional no PSDB, a pesquisa Datafolha também representou um sinal de alerta aos tucanos de São Paulo. Eles hegemonizam o estado há quase 20 anos e, desde 2004, mandam na capital paulista. Serra virou prefeito naquele ano e, depois, abandonou o cargo, rasgando um compromisso assumido por escrito, para disputar o governo estadual.

Ele deixou no cargo um fiel aliado, o vice Gilberto Kassab. Reeleito em 2008, o ex-demo nunca escondeu sua dívida com Serra. Numa entrevista à tevê, este chegou a brincar que “durmo de paletó” para atender ao governador, um conhecido notívago. Por cálculo político, o demo Kassab abandonou o DEM e fundou o PSD. Mesmo assim, ele garante que nunca abandonará o grão-tucano.

Rejeição recorde de Serra

A pesquisa Datafolha mostra, porém, que nem Serra, nem Kassab e nem os outros quatro pré-candidatos do PSDB estão com essa bola toda. Apesar do chamado “recall” e da forte exposição midiática, ela revela que o ex-governador bateu recorde de rejeição – 35%. Segundo os especialistas no assunto, um índice tão alto de rejeição inviabiliza, já na largada, uma candidatura competitiva.

Para complicar ainda mais a vida dos tucanos e dos seus aliados, a pesquisa também confirma o desgaste do prefeito Kassab. Ele aparece com o pior índice de aprovação da sua gestão (apenas 20%) e 49% dos entrevistados afirmam que não votarão, de jeito nenhum, num candidato indicado por ele a sua sucessão.

Fortaleza tucana pode ruir

Fora do ninho tucano-kassabista, a pesquisa é altamente positiva. 48% dos paulistanos entrevistados afirmam que votarão num candidato à prefeitura indicado pelo ex-presidente Lula. 33% dizem que seguirão as indicações da presidenta Dilma. Dos cinco cenários da pesquisa, Celso Russomanno (PRB) e Netinho de Paula (PCdoB) surgem em primeiro lugar em quatro, tecnicamente empatados. Serra só lidera em um cenário, mas com elevado índice de rejeição.

A própria Folha tucana, constrangida, foi forçada a reconhecer as dificuldades da direita em São Paulo. “A pesquisa Datafolha traz uma série de más notícias combinadas para PSDB e PSD, que venceram as duas últimas eleições para a Prefeitura de São Paulo”. O cenário é de desalento e desespero. A eleição ainda está muito longe, mas se não houver graves erros de cálculo pode representar mais um duro golpe nas forças conservadoras – em São Paulo e no Brasil.

2 comentários:

  1. Eu estou muito mais preocupado com o domínio de Cabral Filho e de Eduardo Paes na política fluminense e carioca, respectivamente. Ambos são peemedebistas lulo-dilmistas de alma tucana, como se pode ver por inúmeras atitudes de ambos. Aliás, ambos são egressos do PSDB. Eles saíram do PSDB, mas o PSDB não saiu deles.

    Quanto aos tucanos paulistas, o tempo deles acabou. E já vai tarde!

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