domingo, 1 de janeiro de 2012

Cuba sob a ótica da Globo

Foto: Ismael Francisco, em Cuba
Do blog Colcha de Ideias:

Essa semana o Jornal Nacional apresentou uma série de reportagens sobre Cuba. Só a proposta já é desconfortável. A grande mídia brasileira voltando seus olhos para a nação socialista. É no mínimo estranho!

O primeiro capítulo da reportagem mostrou sob a ótica de uma única cidadã, que diga-se de passagem morava nos Estados Unidos (aquele do embargo econômico) as condições de vida na ilha. Primeira questão: como uma reportagem que se propõe séria julga o todo pela experiência de UM cidadão?

O segundo fator incômodo da reportagem foi a ironia jornalística. Ao tratar sobre a medicina de Cuba, mundialmente reconhecida, a dita cidadã relatou que para conseguir atendimento médico no país, precisa dar presente aos médicos, afirmação que foi tomada como verdade sem nenhum tipo de averiguação e agora milhões de pessoas estão realmente acreditando nisso! A pergunta que se faz é: será que é isso mesmo? Vejamos:

De acordo com o Relatório do Índice de Desenvolvimento Humano 2011, da Organização das Nações Unidas (baixe aqui!) A expectativa de vida na ilha é de 79 anos, relativamente alta para quem não tem assistência médica, certo? O IDH do país ocupa o 51 lugar, que de acordo com a ONU é considerado elevado, o Brasil amarga em 84. Sobre a questão de igualdade entre os gêneros, Cuba é tida como a sociedade mais igualitária da América Latina em termos de gênero. A média de filhos está em menos de dois por mulher, com 100% dos partos assistidos, e o acesso aos métodos contraceptivos é considerado fácil!

A desnutrição infantil está na casa dos 4% e a taxa de mortalidade infantil é de 6 para cada 1000 crianças nascidas vivas, na Noruega, primeiro IDH do planeta, essa proporção é de 3/1000 e nos EUA de 8/1000. Estudos sobre educação indicam que na ilha existe uma proporção de um mestre para cada 42 habitantes, o que sugere que a população, por mais pobre que seja, tem acesso à educação. De acordo com o relatório, a população com Ensino Médio chega a quase 80%.

As imagens da série de reportagem nos fazem imaginar um país fantasma, sem vida, com um governo altamente repressor. A proposta aqui não é indicar a ilha como o paraíso perdido, mas relativizar e questionar o jornalismo feito pela Globo. Olhares atentos verão que as coisas não são tanto como a Rede Globo pinta. No segundo episódio da série vimos casas bem cuidadas e pessoas elegantes dando entrevista. O que a série não destaca é que o problema do aspecto fantasmagórico da ilha está muito mais relacionado ao embargo econômico liderado pelos EUA do que no regime comunista. Pelo contrário, afirmam que a economia do país está destruída e sugerem que a culpa é do modelo social. E mais, que Raul Castro está abrindo a economia cubana dando a esperança do povo viver o sonho capitalista! Oi? Esse tipo de reportagem demonstra amadorismo e falta de responsabilidade da emissora em se basear em “achismos” na formação da opinião pública!

Há quem diga que os dados dos relatórios da ONU, por serem enviados pelos próprios países, podem ser manipulados, tudo bem, talvez até possam, mas com todas as fragilidades da ONU, creio que os índices dela sejam mais confiáveis que os de uma universidade estadunidense, tendo em vista que os EUA são os principais interessados em implodir o regime cubano.

É isso, não podia deixar o ano virar sem publicar esse artigo. Que em 2012 a prudência jornalística nasça da rede Globo! Hasta la revolución!

9 comentários:

  1. A nefasta Globo é a responsável direta pela morte cultural do Brasil e deve ser extinta sem dó nem piedade. Essa empresa promove um achaque massacrante e contínuo sobre os corações e mentes. Trata-se de um insulto criminoso. Lamentável que ainda não temos coragem para fechar essa porcaria e os governantes são coniventes e covardes.

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  2. Muito bem feito. Pena que para cada um que lê este artigo, milhares assistem, e acreditam piamente, na reportagem do JN. Mas isso não deve nos fazer esmorecer. A luta é dura, mas a cada ano que passa, o discurso alternativo à mídia ganha mais força. Valeu!

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  3. Esse pessoal não tem forma, tem uma mesma FORMA para expor suas "reportagens" sobre Estados Socialistas. Não mudam: há sempre uma pessoa que é testemunha; há sempre o pior dos mundos, mesmo quando as fotografias utilizadas são de um bairro miserável dos USA como se fora do país em tela; o governante é um ditador ou um tirano; mesmo sendo campeão de votos e nunca tenha invadido outros países; e, a expressão dos apresentadores são de pesar, como se seus familiares mais importantes estivessem prestes a falecer.
    O pior que há quem acredita nessas falácias.

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  4. Miro,
    Concordo que Cuba não o que a Globo mostra. Este jornalismo bem classista e de interesses escuso.
    Ao mesmo tempo também devemos reconhecer que a situação econômica de Cuba chegou ao ponto que chegou não somente pelo embargo americano. Afinal, assistimos como ruiu a URSS. Significa que nem tudo era flores. Uma pena que somos obrigados a observar somente o "branco" ou "preto" e deixamos de ver milhares de tonalidades intermediárias, e tudo por assumir posições políticas, inclusive o JN também. O JN não ajuda nem um pouco no conhecimento da realidade cubana, estas reportagem atrapalham mais do que ajudam. Uma lástima ao que chegou o jornalismo brasileiro.
    Yuri

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  5. Jairo Teixeira Mendes Abrahão1 de janeiro de 2012 às 22:44

    Miro.
    Não posso perder esta oportunidade de lhe contar alguns fatos que aconteceram comigo em julho deste ano. Alguns amigos organizaram uma viagem à Cuba e Panamá:quatro dias em La Havana, quatro dias em Varadero e tres dias em Panamá. Saimos(Mirtes e eu)de Porto Seguro,BA, às tres horas da manhã e chegamos em La Havana à meia noite do dia 04/07, claro, cansadíssimos, ao Hotel Nacional. Tomei um banho e desci com alguns amigos para um dos bares, para espairecer e conseguir dormir.Tomamos alguns "Morritos" e por volta das 04 horas fomos dormir. Sofri uma retenção urinária que me levou ao Hospital Cira Garcia, por recomendação da médica do Hotel Nacional.Chegamos ao hospitalo onde uma equipe médica já me agurdava, alertada pela médica do hotel. Encaminhado à uma sala de emergencias fui examinado por dois médicos e duas enfermeiras. Após uma serie de procedimentos para colocar uma sonda uretral verificaram que a próstata, muito aumentada, conduzia a sonda para um falso canal, que não levava à bexiga. Decidiram que deveria ser realizada uma punção na bexiga para instalr sonda abdominal. Após exames necessários fui anestesiado e operado. Com a sonda saindo abaixo do umbigo tive imediatao alívio.Durante os príximos dias deveria voltar ao hospital para curativos e observação da efetividade da sonda. Com isto resolvi cancelar Varadero e Panamá, pois ali me sentia perfeitamente bem e seguro. Com apenas o incômodo da sonda pude passear, muito, em La Havana.Comuniquei ao Hotel Nacional que deveria permanecer mais cerca de dez dias ali. Cumpre ressaltar que a equipe do Urologista Ramiro Fragas(hoje recebi menságem de feliz ano novo dele!)se prontificou a realizar a cirurgia da próstata, o que me reteria em Cuba por pelo menos mais um mes.Motivos óbvios e alheios à minha vontade não me permitiram prolongar a estadia(bem que eu queria!!!) Nossos amigos já haviam ido para Varadero e Panamá.Pedi para saldar a conta.
    Nesse ponto sofri um choque terrível:meu cartão Itau Card Visa, Platinum(!!!) não valia nada em Cuba!!! Acontece que no dia 02/07/2011 liguei para o Itau Card para fazer o "Aviso de viagem" para solucionar qualquer problema e informar meus destinos,Cuba e Panamá.O atendente passou a detalhar as inúmeras vantagens do dito cartão, entre elas que teria livre acesso aos comércios em Cuba e Panamá! Deram-me um 0800 para que qualquer problema fosse prontamente solucionado. Comecei a me desesperar! Idoso(74 anos), recem operado, num País, embora maravilhoso, estranho e sem dinheiro!!! Tentei o tal 0800 e nada!!! Liguei para uma amiga que ficou em minha casa e lhe pedi que ligasse para o itau(sim, com minúsculas!). Disseram que só poderiam tomar atitude se eu ligasse, o que não consegui!!!! Uma noite, anndando pelos corredores do Hotel, vivivelmente perturbado, fui abordado pelo Sr. Licenciado Osvaldo, gerente noturno do Hotel que disse:"Que pasa compañero?" Expliquei o problema e ele, muito solícito,me indicou um escritório do Governo FINCIEX, que deveria resolver a questão, senão só a Embaixada!! No FINCIEX expliquei o problema. A atendente ligou ao Hospital e ao Hotel par certificar-se de que eu dizia a verdade. Após espera de cerca de meia hora fui chamado e, ela com um largo sorriso,disse-me que o Governo de Cuba havia liberado MEU cartão! Estava liberado em todo o País, enquanto lá eu estivesse! Só o meu! Porque o banco itau não é instituição grata em Cuba, em função de suas relações com os EUA!!!!
    Miro, aí estão dois fatos que mostram a excelência dos serviços médicos de Cuba e, a incompetência do banco itau!! Nem para alertar um correntista(desde 1964 quando ainda era Banco Federal)que poderia haver problemas com o cartão!!!!
    Desculpe-me pelo comentário longo, mas para mim é um desabafo!
    Abração

    Jairo

    P.S. Sabe quanto custou tudo que usei do Hospital Cira Garcia???? Operação e tudo o mais? R$400,00 !!!!!!!!!

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  6. Que tal sugerir à Record, que façam uma reportagem desmentindo esse cenário e mostrando a Cuba que existe de verdade? paulo henrique amorim poderia fazê-la. Que tal?

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  7. Tudo começou nos anos 80, quando houve um jogo de basquete Brasil e Cuba e eu soube que do lado cubano, dos cinco jogadores cubanos dois eram médicos. Ainda mais, eram negros. Os anos passaram, e numa reportagem do National Geografic, ou Discovery não me lembro qual, mostrava crianças russas, vítimas do acidente de Chernobyl que eram levadas para tratamento em Cuba, que dispunha de alta tecnologia em medicina nuclear. Isto me deixou muito surpreso, como podia um pais tão pobre, dispor de tecnologia tão avançada, a ponto de socorrer a segunda maior potência mundial, a União Soviética. O tempo passou, e raramente tínhamos informações sobre Cuba, até que Jorge Roberto da Silveira foi eleito prefeito de Niterói. Assim que pode, Jorginho, como é chamado, visitou Cuba, e de lá trouxe um convênio com Cuba, e numa parceria começou a desenvolver em Niterói o sistema médico de família. Eram pequenos postos instalados em bairros periféricos, especialmente próximos à favelas. Cada posto dispunha de um ou dois médicos que inicialmente saiam em companhia de uma assistente de enfermagem e uma assistente social visitando e cadastrando as famílias. Fomos visitados pela equipe, na época só minha mãe que pela idade meu plano de saúde não cobria, foi cadastrada. Ali ela era encaminhada para geriatra, tinha pelo menos duas vezes por semana sessão de ginástica para idosos, ocasionalmente reuniões e festas. Em 2005, perdi o emprego e me aposentei, meu plano de saúde foi para o espaço, me cadastrei no posto de meu bairro, que era localizado na subida do Morro do Palácio, uma das favelas mais perigosas de Niterói. Vim descobrir que este posto foi doação do governo cubano à cidade de Niterói, e foi inaugurado pelo próprio Fidel Castro, estão lá fotos e placas da inauguração. As consultas eram marcadas, e o atendimento de acordo com a necessidade. A parte da manhã era reservada para visitas às residências de pacientes que não podiam comparecer ao posto. O médico que me atendia, tinha um forte sotaque espanhol, nunca me ocorreu perguntar-lhe a nacionalidade. Não tenho informações recentes, pois não vivo mais em Niterói, sei que o prefeito voltou a ser Jorginho, agora em final de mandato, mas Niterói ainda é uma referência de médico de família para todo Brasil.

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  8. Tentei compartilhar esse artigo no meu Facebook, mas não consegui.
    Estou desde ontem tentando. Existe alguma explicação?
    Fiz alguns compartilhamentos ontem e hoje do Tijolaço e do Escrivinhador com sucesso!

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  9. Jairo Teixeira Mendes Abrahão2 de janeiro de 2012 às 22:28

    Miro.
    Ontem, por volta das dezessete horas enviei um comentário para o post “ Cuba sob a ótica da Globo”. Ele foi recebido pelo Blog que disse que a publicação dependia do dono do Blog. Como não foi publicado e o Blog publicou bastante coisa hoje, suponho que tenha havido algum problema. Gostaria muito que você me esclarecesse. Trata-se, na realidade, de um depoimento meu sobre a utilização, por mim, de serviços médicos em La Havana entre os dias 05/07 e 10/07/2011. Sei que é apenas um caso, mas é emblemático, da qualidade dos serviços médicos daquele País. Acrescento, ainda, acontecimento, terrível, que tive lá causado pelo Banco Itau.
    Miro, gostaria de escrever diretamente a você, mas não consegui seu e-mail.
    Atenciosamente
    Jairo T. M. Abrahão
    Miro.
    Ontem, por volta das dezessete horas enviei um comentário para o post “ Cuba sob a ótica da Globo”. Ele foi recebido pelo Blog que disse que a publicação dependia do dono do Blog. Como não foi publicado e o Blog publicou bastante coisa hoje, suponho que tenha havido algum problema. Gostaria muito que você me esclarecesse. Trata-se, na realidade, de um depoimento meu sobre a utilização, por mim, de serviços médicos em La Havana entre os dias 05/07 e 10/07/2011. Sei que é apenas um caso, mas é emblemático, da qualidade dos serviços médicos daquele País. Acrescento, ainda, acontecimento, terrível, que tive lá causado pelo Banco Itau.
    Miro, gostaria de escrever diretamente a você, mas não consegui seu e-mail.
    Atenciosamente
    Jairo T. M. Abrahão
    Miro.
    Ontem, por volta das dezessete horas enviei um comentário para o post “ Cuba sob a ótica da Globo”. Ele foi recebido pelo Blog que disse que a publicação dependia do dono do Blog. Como não foi publicado e o Blog publicou bastante coisa hoje, suponho que tenha havido algum problema. Gostaria muito que você me esclarecesse. Trata-se, na realidade, de um depoimento meu sobre a utilização, por mim, de serviços médicos em La Havana entre os dias 05/07 e 10/07/2011. Sei que é apenas um caso, mas é emblemático, da qualidade dos serviços médicos daquele País. Acrescento, ainda, acontecimento, terrível, que tive lá causado pelo Banco Itau.
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    Atenciosamente
    Jairo T. M. Abrahão
    Miro.
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