Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Amo São Paulo. Por isso mesmo dói ouvir certas aberrações da boca dos meus conterrâneos.
Todos os criados neste caldo e que não foram devidamente conscientizados para o contrário não estão imunes a propagar preconceitos. Acreditem, é um trabalho diário, do qual não me excluo, para garantir que nossa boca não seja mais instrumento de opressão. Pois essas frases não são coisas inofensivas ou engraçadinhas, mas ajudam a renovar a segregação.
Preconceito existe em todo o lugar, não é monopólio paulistano. Mas em cada região, há ódios que se sobressaem mais do que outros. Com a ajuda de amigos jornalistas e baseado também nos comentários dos posts deste blog – fonte inesgotável de posições bisonhas – elencamos frases carregadas de ódio, arrogância e inversão de valores que, vira e mexe, são ouvidas ou lidas na Paulicéia.
O “paulistanismo”, o nacionalismo paulista, funciona como uma espécie de seita radical para os seus adeptos. Mesmo as pessoas mais calmas viram feras, libertando uma fúria bandeirante que parecia, historicamente, reprimida dentro do peito quando se vêem diante de críticas à cidade (reflexão é algo que não faz muito sucesso por aqui). Bandeirantes, aquele pessoal que virou nome de avenida, escola, praça, escultura, Palácio de Governo, homenageados por terem dizimado gente. O fato de São Paulo tê-los escolhido como heróis diz muito sobre o espírito do nosso estado.
Neste 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, uma pergunta: somos capazes de nos desconectar do passado e construir um futuro mais justo ou vamos fica repetindo idéias e frases que carregam em si uma visão ridícula de mundo?
Qual preconceito paulistano mais te incomoda?
- É pobre, mas tem caráter. Nunca sumiu nada lá de casa
- Vagabundo que faz greve deveria ser demitido
- É tudo "baianada"
- São Paulo sustenta esse país.
- Tá com dó [de dependente químico ou sem-teto]? Leva para casa
- Agora ele vai pro hospital e a moto tem seguro. Mas quem paga meu espelho?
- Meu, o Centro agora tá cheio desse "povo da flautinha"
- Tinha que ser preto!
- Mano, cê é bicha?
- Adoro esse shopping que só tem gente bonita e selecionada
- Tire as mãos do meu carro
- Manifestantes? E minha liberdade de ir e vir? Olha o trânsito!
- Criança tinha que trabalhar para não fazer arruaça
Amo São Paulo. Por isso mesmo dói ouvir certas aberrações da boca dos meus conterrâneos.
Todos os criados neste caldo e que não foram devidamente conscientizados para o contrário não estão imunes a propagar preconceitos. Acreditem, é um trabalho diário, do qual não me excluo, para garantir que nossa boca não seja mais instrumento de opressão. Pois essas frases não são coisas inofensivas ou engraçadinhas, mas ajudam a renovar a segregação.
Preconceito existe em todo o lugar, não é monopólio paulistano. Mas em cada região, há ódios que se sobressaem mais do que outros. Com a ajuda de amigos jornalistas e baseado também nos comentários dos posts deste blog – fonte inesgotável de posições bisonhas – elencamos frases carregadas de ódio, arrogância e inversão de valores que, vira e mexe, são ouvidas ou lidas na Paulicéia.
O “paulistanismo”, o nacionalismo paulista, funciona como uma espécie de seita radical para os seus adeptos. Mesmo as pessoas mais calmas viram feras, libertando uma fúria bandeirante que parecia, historicamente, reprimida dentro do peito quando se vêem diante de críticas à cidade (reflexão é algo que não faz muito sucesso por aqui). Bandeirantes, aquele pessoal que virou nome de avenida, escola, praça, escultura, Palácio de Governo, homenageados por terem dizimado gente. O fato de São Paulo tê-los escolhido como heróis diz muito sobre o espírito do nosso estado.
Neste 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, uma pergunta: somos capazes de nos desconectar do passado e construir um futuro mais justo ou vamos fica repetindo idéias e frases que carregam em si uma visão ridícula de mundo?
Qual preconceito paulistano mais te incomoda?
- É pobre, mas tem caráter. Nunca sumiu nada lá de casa
- Vagabundo que faz greve deveria ser demitido
- É tudo "baianada"
- São Paulo sustenta esse país.
- Tá com dó [de dependente químico ou sem-teto]? Leva para casa
- Agora ele vai pro hospital e a moto tem seguro. Mas quem paga meu espelho?
- Meu, o Centro agora tá cheio desse "povo da flautinha"
- Tinha que ser preto!
- Mano, cê é bicha?
- Adoro esse shopping que só tem gente bonita e selecionada
- Tire as mãos do meu carro
- Manifestantes? E minha liberdade de ir e vir? Olha o trânsito!
- Criança tinha que trabalhar para não fazer arruaça
O conjunto da obra me incomoda. E, me parece, que esses preconceitos são mais fortes na capital que no interior.
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