Na semana passada, o Palácio do Planalto se apressou em desmentir a onda de boatos sobre o pedido de demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega. “As pessoas que espalham esses rumores prestam um desserviço ao país. Não se sabe a quais interesses inconfessáveis elas servem”, declarou a presidenta Dilma Rousseff na sexta-feira (10).
O Ministério da Fazenda também divulgou comunicado rechaçando as especulações da mídia sobre a saída do ministro. “É uma irresponsabilidade um jornalista publicar boatos dessa natureza. A informação não tem nenhum fundamento”, afirma a nota. A onda de boatos ganhou força na semana passada com a publicação de um artigo bombástico do jornalista Vicente Nunes, do Correio Braziliense.
Nos bastidores, não se fala outra coisa
Segundo especulou, “o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está com um pé fora do governo”. Ele inclusive teria se reunido com Dilma para comunicar o seu desejo de deixar o governo. “Alegou um cansaço enorme, agravado pelo seu descontentamento com a dimensão tomada pela demissão de Luiz Felipe Denucci da presidência da Casa da Moeda, sob suspeita de corrupção”.
Ainda segundo o jornalista, “Mantega fez um longo relato para a presidente do seu atual estado de espírito. Disse que já está há muito tempo no governo. Assumiu o Ministério do Planejamento em 2003, junto com o presidente Lula. Foi para a presidência do BNDES e, com a queda de Antonio Palocci, em 2006, assumiu a Fazenda, sob um tiroteio enorme do mercado financeiro”.
Além da fadiga e dos ataques da oposição, “Mantega enfrenta um drama familiar. Sua mulher, Eliane Berger, está com câncer... Dilma ouviu os argumentos do ministro. Rebateu alguns pontos. E definiu: Mantega fica onde está. Pelo menos por enquanto. No Ministério da Fazenda, a posição oficial é pelo silêncio total. Nos bastidores, porém, não se fala em outra coisa”, conclui a matéria.
Onde há fumaça, há fogo
O artigo do Correio Braziliense, que repercutiu no restante da mídia e exigiu imediato desmentido do governo, pode até ser pura especulação – o que é muito comum no jornalismo político nativo. Ele também pode servir a “interesses inconfessáveis”, como alfinetou Dilma. Os agiotas financeiros ganham fortunas ao difundir boatos sobre este ministério estratégico para a economia.
Mas, como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo. Nos últimos dias, Guido Mantega tem sido alvo de uma implacável artilharia da oposição demotucana. A mídia venal, que se jacta do sucesso da sua operação “derruba ministro” – oito já foram defenestrados – tem dado destaque a qualquer denúncia envolvendo este ministério. Alguns “calunistas” até já apostam: Guido será a próxima vitima!
Bombardeio se intensifica
Ontem (14), o bombardeio contra o ministro se intensificou. Liderados por Demóstenes Torres (DEM-GO), senadores da oposição encaminharam ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, representação contra Mantega por “indícios da prática de atos de improbidade administrativa" no sinistro episódio da Casa da Moeda. O documento é assinado por Álvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Randolph Rodrigues (PSOL-AP).
Segundo artigo de André Barrocal, na Carta Maior, o próprio ministro já percebeu que é a bola da vez. Ele, porém, não estaria disposto a ceder às pressões e gozaria “de prestígio junto à presidenta Dilma Rousseff, o que reduz as chances do bilhete azul”. Os ataques partiriam de setores do tal “mercado”, descontentes com os rumos da economia, e até de governistas, insatisfeitos com o arrocho nas emendas parlamentares. Os demotucanos se aproveitariam deste clima e a mídia amplificaria os ataques.
De qualquer forma, é bom ficar atento. A presidenta Dilma não tem se mostrado muito firme diante das pressões, principalmente das provenientes da mídia. É certo que Mantega é uma peça chave no governo. “Há seis anos na Fazenda, ele é o terceiro ministro há mais tempo no cargo. Se for até o fim com Dilma Rousseff, vai figurar na galeria de ministros da Fazenda como o mais longevo da história do Brasil República”, concluiu a reportagem do sítio Carta Maior. A conferir!
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