terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Ortiz, mensaleiro da mídia, é condenado

Por Altamiro Borges

Em votação unânime, a 7ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o tucano José Bernardo Ortiz ao pagamento de R$ 1,54 milhão a título de indenização aos cofres públicos do município de Taubaté. Prefeito desta cidade do interior por três vezes, ele adquiriu, sem licitação, tubos para a canalização dos córregos. O TJ considerou que houve desvio de recursos públicos.
A decisão do TJ, cujo acórdão foi publicado na semana passada, acolheu argumentos do Ministério Público Estadual que, em ação civil pública proposta em maio de 2008, atribuiu ao ex-prefeito “conduta dolosa” e violação da Lei de Improbidade Administrativa, “impondo-se a indenização do dano”. A condenação de Ortiz, totalmente ofuscada pela mídia, causa calafrios na cúpula do PSDB.

"Amigo" de Alckmin e da mídia

Afinal, ele não é um tucano qualquer. Amigo do governador Geraldo Alckmin, Ortiz é um dos seus principais “operadores políticos”. Além disso, como presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), nomeado em janeiro de 2011, ele exerce enorme “influência” sobre a mídia. Ortiz é responsável pela liberação de publicidade do FDE, que tem um orçamento de R$ 3 bilhões.

Há vários indícios de que o grão-tucano agora condenado seria o responsável pelo “mensalão da mídia”, distribuindo anúncios de publicidade para comprar o apoio dos veículos aos governos do PSDB. No ano passado, o blog NaMariaNews, que vasculha todos os editais publicados no Diário Oficial do Estado, demonstrou que o “barão de Taubaté” é um grande amigo dos barões da mídia.

R$ 9 milhões em publicidade

Os dados abaixo, sobre compras de assinaturas, talvez expliquem porque a imprensa chapa-branca e corrompida não deu maior destaque à condenação de José Bernardo Ortiz:

27/julho/2011 – Revista Época

- Contrato: 15/00628/11/04

- Empresa: Editora Globo S/A

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da "Revista Época" - 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 1.203.280,00

- Data de Assinatura: 26/07/2011

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

29/julho/2011 – Isto É

- Contrato: 15/00627/11/04

- Empresa: Editora Brasil 21 LTDA

- Objeto: Aquisição pela FDE, de 5.200 (cinco mil duzentas) assinaturas da "Revista Isto É", 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: 1.338.480,00

- Data de Assinatura: 25/07/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

3/agosto/2011 – Veja

- Contrato: 15/00626/11/04

- Empresa: Editora Abril S/A

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Veja”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo

- Projeto Sala de Leitura

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 1.203.280,00

- Data de Assinatura: 01/08/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)

6/agosto/2011 – Folha

- Contrato: 15/00625/11/04

- Empresa: Empresa Folha da Manhã S.A.

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas anuais do jornal “Folha de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 2.581.280,00

- Data de Assinatura: 01/08/2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)

17/agosto/2011 – Estadão

- Contrato: 15/00624/11/04

- Empresa: S/A. O Estado de São Paulo

- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas anuais do jornal “O Estado de São Paulo”, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - Projeto Salas de Leitura.

- Prazo: 365 dias

- Valor: R$ 2.748.616,00

- Data de Assinatura: 01-08-2011.

(*Primeiro comunicado no DO em 23/julho/2011)

Total: R$ 9.074.936,00.

2 comentários:

  1. E o Mensalão que alguns dizem que "nunca existiu"? Vão pegar só o Marcos Valério?

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  2. Trata-se de um dos homens-chaves do esquema tucano em SP: grana, empregos, falsas concorrênsias. Berbardo Ortis serve ao Geraldinho como o Paulo Preto servia ao Serra.
    Estão todos rindo de nós.

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