Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior:
Em 2007, quando faleceu o personagem algo bufão que presidiu a Rússia na transição para o capitalismo, Bóris Yeltsin, a Folha Online concedeu-lhe um necrológio no mínimo complacente. E certamente distinto do tom com o qual a mídia, de um modo geral, marca a cobertura das eleições atuais que deram a Vladimir Putin um 3º mandato, sem necessidade de passar pelo 2º turno.
Alcoólatra assumido, Yeltsin foi responsável por um processo selvagem de entrega do patrimônio público a gangues locais, mas o texto de 23-04-2007, entre outras obsequiosidades, dizia: "Primeiro líder russo eleito democraticamente (note-se: não se questiona a isenção imaginável do pleito que o elegeu) (Yeltsin) assumiu a Presidência logo no início da era pós-comunismo, e levou ao país em direção ao pluralismo e à economia de mercado".
E segue o barco: "(Yeltsin) defendia com veemência a liberdade de imprensa (...) Em várias ocasiões ele deixou de lado os meios democráticos e recorreu ao uso de força para resolver disputas políticas, alegando que isso era 'necessário' para manter o país unido..." (ah, bom!).
Embora reconheça que o presidente neoliberal empobreceu o país, fez disparar a corrupção, reduziu em 75% a renda per capita (sim, 75%) e assinalou o feito demográfico único no século XX de criar um arrocho social de tal monta que a população russa decresceu em 2 milhões de pessoas (fenômeno biológico só observado antes em períodos de guerra ou epidemia), o necrológio arremata enfatizando o saldo líquido positivo.
Vamos ao que interessa: "Apesar das falhas" - aqui a adversativa é utilizada como recurso a favor, em geral ela deprecia conquistas de governos progressistas - "Ieltsin introduziu vários direitos democráticos na Rússia, como o direito à liberdade de imprensa e à propriedade privada, as eleições multipartidárias e a abertura das fronteiras para o livre comércio e o turismo".
É isso. Fez o trabalho: sujou um pouco a reputação mercadista, mas entregou o que prometeu. Mais do que instalar uma perfuratriz nas diferentes camadas da controvertida democracia russa, a comparação entre o noticiário de ontem e de hoje convida a refletir sobre os critérios a partir dos quais os acontecimentos políticos internacionais são reportados, recortados, editados e oferecidos à opinião pública brasileira. O exercício descortina um efeito pedagógico oportuno: é essa mesma receita de jornalismo que orienta a cobertura do noticiário político nacional.
Em 2007, quando faleceu o personagem algo bufão que presidiu a Rússia na transição para o capitalismo, Bóris Yeltsin, a Folha Online concedeu-lhe um necrológio no mínimo complacente. E certamente distinto do tom com o qual a mídia, de um modo geral, marca a cobertura das eleições atuais que deram a Vladimir Putin um 3º mandato, sem necessidade de passar pelo 2º turno.
Alcoólatra assumido, Yeltsin foi responsável por um processo selvagem de entrega do patrimônio público a gangues locais, mas o texto de 23-04-2007, entre outras obsequiosidades, dizia: "Primeiro líder russo eleito democraticamente (note-se: não se questiona a isenção imaginável do pleito que o elegeu) (Yeltsin) assumiu a Presidência logo no início da era pós-comunismo, e levou ao país em direção ao pluralismo e à economia de mercado".
E segue o barco: "(Yeltsin) defendia com veemência a liberdade de imprensa (...) Em várias ocasiões ele deixou de lado os meios democráticos e recorreu ao uso de força para resolver disputas políticas, alegando que isso era 'necessário' para manter o país unido..." (ah, bom!).
Embora reconheça que o presidente neoliberal empobreceu o país, fez disparar a corrupção, reduziu em 75% a renda per capita (sim, 75%) e assinalou o feito demográfico único no século XX de criar um arrocho social de tal monta que a população russa decresceu em 2 milhões de pessoas (fenômeno biológico só observado antes em períodos de guerra ou epidemia), o necrológio arremata enfatizando o saldo líquido positivo.
Vamos ao que interessa: "Apesar das falhas" - aqui a adversativa é utilizada como recurso a favor, em geral ela deprecia conquistas de governos progressistas - "Ieltsin introduziu vários direitos democráticos na Rússia, como o direito à liberdade de imprensa e à propriedade privada, as eleições multipartidárias e a abertura das fronteiras para o livre comércio e o turismo".
É isso. Fez o trabalho: sujou um pouco a reputação mercadista, mas entregou o que prometeu. Mais do que instalar uma perfuratriz nas diferentes camadas da controvertida democracia russa, a comparação entre o noticiário de ontem e de hoje convida a refletir sobre os critérios a partir dos quais os acontecimentos políticos internacionais são reportados, recortados, editados e oferecidos à opinião pública brasileira. O exercício descortina um efeito pedagógico oportuno: é essa mesma receita de jornalismo que orienta a cobertura do noticiário político nacional.
Enquanto os PIG's daqui e do mundo colocam em dúvida a lisura das eleições na Rússia, Irã, Venezuela, Equador e outros governos de esquerda, no Brasil a vontade popular foi fraudada na eleição de 1989 pelo número um da Globo, o Boni. Até quando vamos aturar esses golpistas? Ley de Medios já!
ResponderExcluirPutin surgiu em boa hora na Russia. Acabou com a lambança e roubalheira permitidas por Yeltsin, que vendia tudo ao desbarato. Putin, por maiores defeitos que tenha, é necessário ao Planeta neste precioso momento em que ataques bélicos contra Siria e Irã são preparados. Além disso, será que sem um Putin na Rússia teríamos os BRICS? Seria o Mundo tudo União Europeia e Otan...
ResponderExcluirSaudações
Paula Portela
ALBERTO DINES DEFENDE A REGULAÇÃO DA MÍDIA
ResponderExcluirO jornalista, com 50 anos de carreira, também reafirmou que os jornalões brasileiros (tais como Globo, Estadão e Folha) apoiaram o golpe de 1964. A exceção foi o extinto jornal Última Hora.
Criador do Observatório da Imprensa, Alberto Dines concedeu entrevista de duas páginas ao jornal "O Dia" na segunda-feira. Um dos pontos altos da entrevista foi a defesa da regulação da imprensa. Eis alguns trechos:
O DIA: O que você acha da criação de um conselho de comunicação?
DINES: - O conselho não vai fazer nada, até porque se tentar fazer será censório. Existe sim a necessidade de regulação da mídia, eu sou a favor do que o presidente Franklin Roosevelt, em 1934, criou no Estados Unidos, o Federal Communications Commission, um órgão controlador da mídia. Eu acredito nisso, a mídia eletrônica é uma concessão e não pode fazer o que quer. Vamos tentar fazer aquele mínimo que fizeram no Estados Unidos. Na Inglaterra, na Câmara dos Comuns, tramita a possibilidade de criação de um sistema de autorregulação, com poder de convocar jornalistas para depor. Seria um comitê formado não por jornalistas, mas pela sociedade.
O DIA: Esse controle seria em que sentido?
DINES - Pra evitar o que foi feito pelo Murdoch (Rupert Murdoch, dono de jornais que utilizaram meios ilegais para obter informações). O ‘The Economist’, que é super conservador, reconheceu que é preciso haver um órgão regulamentador. O Brasil começou a pisar na bola em matéria de imprensa ao criar um organismo supraempresarial que estabeleceu uma disparidade sócio-político-cultural, a ANJ (Associação Nacional de Jornais). A idéia é legítima, que as empresas tivessem uma entidade onde se encontrassem e discutissem seus problemas. Mas a entidade não poderia fazer lobby, atuando fora de seus veículos, teria que permitir o direito de discordância. A imprensa brasileira não se discute. Não precisa xingar a mãe como se fazia antes, mas tem que haver discordância entre os jornais. É isso que faz com que os aloprados digam que é preciso criar um polo contrário, acaba funcionando como pretexto. Se existe esse polo (a ANJ), eles decidem criar outro polo. A ANJ atua de forma deletéria, tem posições que anulam as posições dos jornais.
MATÉRIA COMPLETA: blog AmigosdoPresidenteLula
Acho o maximo a "esquerda" idolatrar o homem que persegue o Partido Comunista Russo.
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