quarta-feira, 21 de março de 2012

O fiasco da Folha na TV Cultura

Por Altamiro Borges

Apesar de toda a propaganda ufanista, a segunda edição do TV Folha, no último domingo (18), continuou registrando “traço” na sua audiência. Segundo a pesquisa do Ibope, mesmo com a presença do jogador Ronaldo e uma reportagem sobre pornografia, o programa marcou apenas 0,4 ponto – pior do que na sua estreia, quando também amargou a sexta colocação entre as tevês abertas.
No mesmo horário, o TV Folha perdeu feio para a combalida RedeTV!, que registrou 1,6 ponto no Ibope. A TV Globo liderou com 18,5 pontos contra 15,2 da Record, 8,8 do SBT e 2,2 da Band. Os leitores da Folha, porém, não souberam do fiasco. O jornal tem omitido os dados do Ibope sobre o programa e só divulga os resultados da pesquisa Datafolha, que pertence à mesma empresa.

A troca de gentilezas entre os tucanos

Como cutucou o blog de Luis Nassif, “os índices alcançados pelo TV Folha, anunciada como a esperança aos domingos da televisão aberta brasileira, devem estar causando constrangimento ao Grupo Folha, que controla o jornal Folha”. Em editoriais e colunas, a famiglia Frias sempre ironizou os índices de audiência da TV Brasil – transmitida pela televisão por assinatura. E agora, como fica?

Até o momento, o Grupo Folha não explicou direito como se deu a negociata com a TV Cultura para a concessão deste espaço no horário nobre. Segundo o jornal, em troca dos 30 minutos na tevê aberta, a Folha cede anúncios para a emissora pública. “A TV Cultura tem como ganhos um programa jornalístico de qualidade a custo zero, além de espaço de divulgação na Folha”, afirma a sua assessoria de imprensa.

TV Folha "já nasceu petulante"

Mas a gentileza entre os tucanos, que controlam a emissora, e o jornal tucano não convenceu ninguém. Até a ombudsman do diário, Suzana Singer, estranhou a falta de transparência no curioso acordo. Entre outras ponderações, ela pontuou a ausência de concorrência para definir os ocupantes do espaço e os riscos da terceirização de uma concessão pública.

Suzana também ironizou o “impulso de autopromoção” da Folha. “Sem nenhuma modéstia, a campanha publicitária do TV Folha decretou: o telespectador finalmente terá algo para ver nas noites de domingo... Para mostrar respeito pela inteligência do leitor, como prometeu na campanha publicitária, [o jornal] precisará ser duro com sua nova criação, que já nasceu petulante, desdenhando a concorrência”.

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Um comentário:

  1. Nos dois primeiros programas a TV Folha tentou parecer isenta - seria mesmo se fizesse uma reportagem sobre o livro do Amaury Ribeiro Jr., por exemplo.
    Porém, tão logo se aproximem as eleições, os Frias mostrarão a verdadeira finalidade do espaço público invadido (transacionado): ajudar a campanha de seu pupilo Zé Serra, combater tudo que exista de social, progressista, não-direitista.
    Felizmente a audiência mínima demonstra que nem os leitores do jornal querem ver a mesma propaganda ideológica nas telinhas.

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