Por Luís Nassif, no sítio do Observatório da Imprensa:
A propaganda médica sofre inúmeras restrições, tanto na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando dos próprios conselhos de medicina. É um risco para a saúde pública, por induzir ao aumento desmedido do consumo de medicamentos, muitas vezes sem a devida prescrição médica e, algumas vezes, podendo afetar a saúde do público.
No entanto, algumas publicações de alcance nacional tem recorrido a um expediente, provavelmente para burlar as restrições à propaganda: matérias com todos os sinais de terem sido encomendadas pelos laboratórios interessados.
É o caso do imprudente mergulho da Editora Abril em matérias médicas.
Em setembro de 2011 a revista publicou capa polêmica, recomendando o medicamento Victoza, do Laboratório Novo Nordisk, para combate à obesidade. O medicamento é para tratamento de diabetes tipo 2, não é recomendado para emagrecimento. A capa ensejou uma enorme reação dos setores médicos, a ponto da Anvisa exigir uma Nota de Esclarecimento da Editora Abril.
“Quesito crucial”
Como notou o leitor Pedro Saraiva, em meu blog, mesmo assim na semana seguinte a revista MdeMulher, da mesma Editora Abril, publicou reportagem semelhante sobre o Victoza. E, em novembro, foi a vez da revista Claudia.
Na semana passada, Veja trouxe outra capa polêmica, em que expunha um rapaz alto ao lado de um baixinho e a informação, com base em uma certa “evolução tecnofísica”, de que “Do alto tudo é melhor” (manchete de capa). “A ‘evolução tecnofísica’ explica por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem-sucedidas”, dizia o texto complementar da capa.
No blog, o leitor Hugo rebateu as pretensas afirmações científicas da revista. “Tão rasa quanto a concepção de que os mais altos se saem melhor que os baixinhos, é a explicação dada sobre tal tese, tirada sabe-se lá de onde. Sem fontes claras – fossem elas estudiosos ou mesmo uma pesquisa quantitativa das que renderam a Fogel boa parte da relevância que tem hoje – a revista limita-se a exibir um quadro intitulado “Por que alguns centímetros a mais fazem diferença”, citando relações mirabolantes entre altura e sucesso, e ao seguinte parágrafo, de autoria da própria redação da revista:
“A altura está associada também à produtividade, ao poder e ao sucesso. Pessoas mais altas são consideradas mais inteligentes e conseguem aumento de salário com maior facilidade do que as mais baixas. Medir 5 centímetros a mais do que os colegas de trabalho garante um salário 1,5% maior, ou 950 dólares suplementares no fim do ano. A altura é um quesito crucial até para a liderança. Entre 1789 e 2008, 58% dos candidatos mais altos à Presidência dos Estados Unidos ganharam as eleições. Barack Obama tem 1,85m. O republicano Mitt Romney, 1,88 metro.”
Acinte à saúde pública
O que leva uma revista com tal tiragem a montar uma capa dessa ordem?
Coube ao leitor Saraiva a suspeita final. “A empresa farmacêutica Novo Nordisk atua basicamente em apenas 3 áreas da saúde: diabetes, distúrbios da coagulação e... distúrbios do crescimento”, revela ele.
Seja qual for a motivação da Editora Abril, é um acinte que atropela todo o aparato de saúde pública, autoridades reguladoras, conselhos médicos.
No entanto, algumas publicações de alcance nacional tem recorrido a um expediente, provavelmente para burlar as restrições à propaganda: matérias com todos os sinais de terem sido encomendadas pelos laboratórios interessados.
É o caso do imprudente mergulho da Editora Abril em matérias médicas.
Em setembro de 2011 a revista publicou capa polêmica, recomendando o medicamento Victoza, do Laboratório Novo Nordisk, para combate à obesidade. O medicamento é para tratamento de diabetes tipo 2, não é recomendado para emagrecimento. A capa ensejou uma enorme reação dos setores médicos, a ponto da Anvisa exigir uma Nota de Esclarecimento da Editora Abril.
“Quesito crucial”
Como notou o leitor Pedro Saraiva, em meu blog, mesmo assim na semana seguinte a revista MdeMulher, da mesma Editora Abril, publicou reportagem semelhante sobre o Victoza. E, em novembro, foi a vez da revista Claudia.
Na semana passada, Veja trouxe outra capa polêmica, em que expunha um rapaz alto ao lado de um baixinho e a informação, com base em uma certa “evolução tecnofísica”, de que “Do alto tudo é melhor” (manchete de capa). “A ‘evolução tecnofísica’ explica por que as pessoas mais altas são mais saudáveis e tendem a ser mais bem-sucedidas”, dizia o texto complementar da capa.
No blog, o leitor Hugo rebateu as pretensas afirmações científicas da revista. “Tão rasa quanto a concepção de que os mais altos se saem melhor que os baixinhos, é a explicação dada sobre tal tese, tirada sabe-se lá de onde. Sem fontes claras – fossem elas estudiosos ou mesmo uma pesquisa quantitativa das que renderam a Fogel boa parte da relevância que tem hoje – a revista limita-se a exibir um quadro intitulado “Por que alguns centímetros a mais fazem diferença”, citando relações mirabolantes entre altura e sucesso, e ao seguinte parágrafo, de autoria da própria redação da revista:
“A altura está associada também à produtividade, ao poder e ao sucesso. Pessoas mais altas são consideradas mais inteligentes e conseguem aumento de salário com maior facilidade do que as mais baixas. Medir 5 centímetros a mais do que os colegas de trabalho garante um salário 1,5% maior, ou 950 dólares suplementares no fim do ano. A altura é um quesito crucial até para a liderança. Entre 1789 e 2008, 58% dos candidatos mais altos à Presidência dos Estados Unidos ganharam as eleições. Barack Obama tem 1,85m. O republicano Mitt Romney, 1,88 metro.”
Acinte à saúde pública
O que leva uma revista com tal tiragem a montar uma capa dessa ordem?
Coube ao leitor Saraiva a suspeita final. “A empresa farmacêutica Novo Nordisk atua basicamente em apenas 3 áreas da saúde: diabetes, distúrbios da coagulação e... distúrbios do crescimento”, revela ele.
Seja qual for a motivação da Editora Abril, é um acinte que atropela todo o aparato de saúde pública, autoridades reguladoras, conselhos médicos.
Miro, li um artigo bem interessante sobre os desdobramentos do crime cometido pelo Murdoch e suas extensões. Os membros da organização “Cidadãos pela Responsabilidade e Ética em Washigton” (CREW – The Citizens for Responsibility and Ethics in Washington) enviaram uma carta ao FCC (Federal Communication Commission) exigindo a suspensão de dezenas de licenças de consessão do grupo News Corporation em território americano (incluindo afiliados da FOX).
ResponderExcluirSeguem alguns trechos da carta:
“De acordo com as leis americanas, as frequências de transmissão devem ser usadas apenas por pessoas de bom caráter, que vai servir ao interesse público e falar com sinceridade”
“Deficiências significativas de caráter são garantias de revocação da licença”.
No nosso caso brasileiro, acho que teremos um blackout nas transmissões de radio-difusão, visto a falta de caráter e cumplicidade explícitas dos “empresários” donos das emissoras (e criadoras de conteúdo) com o crime organizado em todas as esferas públicas.
http://rt.com/usa/news/fcc-corp-fox-murdoch-459/
De fato, é um acinte à saúde pública, às diferenças raciais,etc.
ResponderExcluirTirando a parte em que Obama é citado, Hitler aplaudiria, efusivamente, esse parágrafo.
Elisa
Percebe-se que a preocupação principal não é a saúde física ou emocional dos leitores, mas a saúde financeira de um grupo mais conhecido como Big Farma.
ResponderExcluirFernando.