domingo, 13 de maio de 2012

Cachoeira também banhou Beto Richa?

Por Altamiro Borges

A Operação Monte Carlo da Polícia Federal continua causando estragos. O ex-demo Demóstenes Torres morreu politicamente. Sua cassação já é dada como certa. O governador tucano Marconi Perillo está cada vez mais enrolado. E o deputado Carlos Leréia faz ameaças ao PSDB para não ser rifado. O fato novo, agora, é o possível envolvimento do governador Beto Richa, do Paraná, com a máfia de Carlinhos Cachoeira. A revista Época desta semana traz uma reportagem que aranha a imagem do ambicioso tucano.


Os tentáculos do mafioso

Segundo a matéria, intitulada “Negócios que não param de jorrar” e assinada por Andrei Meireles, Murilo Ramos e Leonel Rocha, “o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, começou a vida no ramo de jogos ilegais. Com a ajuda de políticos e policiais e o uso de recursos do submundo, ele se tornou um homem próspero, com negócios nos ramos farmacêutico e da construção civil. Seu braço nessa área era a construtora Delta”.

Através destas empresas, Cachoeira estendeu seus tentáculos criminosos por vários estados. A revista Época não cita São Paulo, onde a Delta também firmou contratos milionários na gestão de José Serra. O motivo do esquecimento é óbvio. Mas ela menciona outros estados da região centro-oeste. Dá destaque para o Mato Grosso, onde o mafioso utilizava como fachada a Construtora Rio Tocantins (CRT). No final da reportagem, porém, ela inclui o Paraná como um dos alvos da cobiça do mafioso.

"O caboclo gosta de um jogo"

A partir do depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo, em sessão secreta da CPI do Cachoeira na semana passada, a revista Época informa que a Polícia Federal listou 81 pessoas, “que mantinham contatos com integrantes da organização criminosa ou seriam cortejados por eles. Entre os listados está o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB)”. Vale a pena conferir os trechos finais da reportagem, que podem abater mais um tucano de alta plumagem:

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Em 23 de agosto de 2011, Lenine Araújo, um dos principais colaboradores de Cachoeira, e Miguel Marrula (DEM), ex-vereador de Anápolis, em Goiás, falam da pretensão de Cachoeira de expandir sua atuação no Paraná. “Meu primo é muito… do vice-governador de lá, sabe? E quer levar o Carlinhos Cachoeira para conhecer o Beto Richa, lá, e a gente pode aproveitar alguma coisa nisso, você concorda?”, diz Marrula a Araújo. “Ele (Richa) é da família nossa. Você pensa num caboclo que gosta de um jogo...” Durante audiência na CPI, ficou claro que o primo a quem Marrula se refere é Amin Hannouche (PP), prefeito de Cornélio Procópio, no Paraná. Amin tem pretensões de ser o candidato a vice-governador de Beto Richa na eleição de 2014.

Marrula diz que, apesar de pequeno, o grupo ligado ao primo é forte. “Está com a faca e o queijo na mão porque o pessoal de lá, o secretário de Segurança, nós que colocamos… é gente da minha casa. É gente do meu primo”, afirma. O secretário de Segurança do Paraná, Reinaldo Almeida César Sobrinho, seria o personagem da conversa entre Marrula e Araújo. Sobrinho foi presidente da Associação de Delegados Federais e assessor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O delegado Sobrinho afirmou a Época que não conhece Marrula nem Cachoeira. Disse, ainda, que conheceu o prefeito de Cornélio Procópio meses depois de ter assumido a Secretaria de Segurança e nega interferência dele em sua nomeação.

Antes mesmo da Operação Monte Carlo, a cúpula da Segurança Pública no Paraná já fora atingida por suspeitas de relações com jogo ilegal. Em novembro do ano passado, o então comandante da Polícia Militar no Estado, Marcos Scheremetta, foi afastado depois de dizer que conversava com os chefões do jogo do bicho no Estado. Scheremetta disse que seu pai, que já morreu, costumava trabalhar com o jogo ilegal. Scheremetta afirmou também que nunca escondeu essas informações do governador e do secretário de Segurança.

Um comentário:

  1. Caramba, quanta gente já se banhou nessa Cachoeira!! É preciso que a CPI chame a todos para depor ou, se possível, que se faça CPIs nas Assembleias Legislativas de cada estado.

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