Josetxo Ezcurra |
Duas eleições realizadas no último domingo (6) em países europeus demonstraram fortemente a rejeição popular às políticas conservadoras e neoliberais levadas a efeito por governos direitistas ou de coalizão entre a direita e a social-democracia.
Na França, François Hollande, do Partido Socialista, foi eleito presidente da República. É o segundo presidente dessa formação política eleito no período conhecido como a 5ª República, inaugurado em 1958. Ele derrota um dos mais reacionários e antipopulares chefes de Estado da França, responsável pela implementação de políticas de massacre ao mundo do trabalho, às históricas conquistas sociais, ao sistema democrático e executor de uma política externa agressiva, atlantista e intervencionista, em nome dos interesses imperialistas da França e seus aliados. Foi Sarkozy quem, ao lado do imperialismo norte-americano e de outras potências imperialistas no quadro da Otan, avocou para a França o trabalho sujo de atacar a Líbia.
O resultado da eleição presidencial na França está indissociavelmente ligado ao desempenho da Frente de Esquerda durante a campanha do primeiro turno, à própria votação obtida por esta formação e à mobilização de seus militantes e seguidores em favor de Hollande no segundo turno. Afirmando-se como corrente da esquerda transformadora, tendo o Partido Comunista como sua força propulsora, a Frente de Esquerda elevou o nível do debate eleitoral e programático, colocando na ordem do dia os agudos problemas que o país tem a resolver no curto e no médio prazos.
O Partido Comunista Francês emitiu contundente declaração saudando o triunfo dos socialistas como "uma vitória que abre uma nova esperança na França e na Europa".
O presidente eleito, por seu turno, declarou-se “orgulhoso por ter sido capaz de redespertar a esperança” e, após afirmar que será “o presidente de todos”, reiterou o seu compromisso de buscar soluções para a crise econômico-financeira pelo caminho do crescimento e da justiça social, afirmando que “a austeridade não é tudo”.
Desse modo, a derrota da direita que governava a França é fato importante, pois afasta um obstáculo aparentemente intransponível na luta por um novo caminho para enfrentar a crise.
Mirando o cenário desde a América Latina e dos interesses dos povos da região, o afastamento das forças de direita do governo de um dos países do campo imperialista é uma conquista democrática que se soma ao ambiente geral de acumulação de forças em sentido progressista. Sem nutrir ilusões, não há como negar que passos nesse mesmo sentido no continente europeu criam melhores condições para o desenvolvimento da luta por um mundo de paz, pela cooperação baseada no direito internacional, frear o intervencionismo e as agressões imperialistas contra os povos e nações.
Na Grécia, também sofreram acachapante derrota as forças comprometidas com as políticas de arrocho da União Europeia, o que é um sinal de que são fortes as exigências de mudanças, num quadro de instabilidade política e de esgotamento das saídas neoliberais e conservadoras.
Na França, a vitória do Partido Socialista, com o apoio da Frente de Esquerda, despertou fervoroso entusiasmo popular. Os povos do mundo, que sempre admiraram a audácia do povo francês, fazem votos de que o entusiasmo, as esperanças e a confiança que a vitória desperta não sejam defraudados.
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