Por Leonardo Severo, no sítio da CUT:
Colocar o bloco na rua para garantir a liberdade de expressão como um direito de todos. Esta, segundo a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, é a síntese do Seminário realizado pela entidade nesta sexta-feira (4), na capital paulista, para debater a campanha por um novo marco regulatório para o setor.
Na avaliação de Rosane, também secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao apostar na amplitude, a nova direção do FNDC acertou e isso se refletiu em mais “diversidade e capilaridade”, colocando o movimento num novo patamar.
Com o plenário do Sindicato dos Engenheiros completamente lotado, lideranças sindicais e de movimentos sociais, estudantes, professores, cineastas, radialistas, jornalistas, intelectuais e militantes pela democratização, vindos de todas as regiões do país, dialogaram sobre a melhor forma de fazer chegar a mensagem da “comunicação como um direito” ao conjunto da população.
Consulta pública
Rosane Bertotti avaliou que a perspectiva do governo anunciar para os próximos dias uma consulta pública com 50 questões sobre o tema, “potencializa a mobilização da sociedade civil em torno de um projeto comum, que oxigene o setor”. “A bandeira da liberdade de expressão é uma bandeira dos movimentos sociais que defendem o fortalecimento do sistema público de rádio e televisão, dos que querem o florescimento das rádios e televisões comunitárias. Nossa compreensão é que se a comunicação é um direito, deve ser garantida pelo Estado, com financiamento público. Não basta apenas a pessoa ter a liberdade de expressão se não tiver o meio para a comunicação. Senão vira liberdade para quem, cara pálida? Para os grandes conglomerados", frisou.
Conforme Roseli Gofman, secretária geral do FNDC e presidente do Conselho Federal de Psicologia, embora a Constituição condene explicitamente a propriedade cruzada de redes de rádio e televisão, jornais e revistas, os números falam por si: “a Globo controla 342 veículos; o SBT, 195; a Bandeirantes, 166 e a Record, 142”. Esta ação coordenada, esclarece, acaba multiplicando o poder de influir em padrões de comportamento, afetando a subjetividade, o que é extremamente daninho para a própria democracia, já que confere a poucas famílias um poder desmedido sobre o conjunto da sociedade brasileira.
Membro da executiva do FNDC e do Coletivo Intervozes, João Brant destacou que é preciso deixar claro que “há necessidade de um processo de regulação para ampliar a liberdade e não para restringi-la”. A luta da mídia para derrubar a vinculação horária da classificação indicativa no Supremo Tribunal Federal (STF), esclareceu, demonstra a tentativa de rasgar a regra para potencializar lucros, ainda que a custo da criminosa exposição de crianças e adolescentes a programações impróprias.
Veja, Cachoeira, Demóstenes
As gravações da Polícia Federal comprovando o envolvimento da alta cúpula da revista Veja com o crime organizado, na avaliação dos presentes, estampou até onde chafurda a grande mídia, o que torna cada dia mais didática a denúncia sobre os obscuros interesses que ela representa.
Para o secretário de Questões de Mídia do PCdoB, Altamiro Borges, “o momento é muito favorável ao debate sobre o papel dos meios de comunicação”. “Pegaram a Veja, o Policarpo. Conforme a Monica Bergamo, além da Veja, há mais dois importantes órgãos de imprensa associados ao crime organizado. Se o Rupert Murdoch está sendo processado por escutas ilegais e ter corrompido autoridades na Inglaterra, o que a Veja fez aqui foi pior. Agora é preciso que os parlamentares chamem a Veja para depor”, sublinhou.
Altamiro Borges acredita que só o fato do governo concretizar a consulta pública já criará outro ambiente, “o que tornará ainda mais importante que os movimentos sociais não só incorporem o tema da comunicação na agenda, mas façam dele uma prioridade”. Também presidente do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Miro citou o alerta do professor Venício Lima de que os grandes conglomerados “tentam confundir liberdade de expressão com liberdade de empresa”, lembrando que “só eles querem falar”, e enalteceu o papel do FNDC como “grande instrumento, que joga papel protagonista na condução da campanha pela democratização”.
“Quem financia a mídia são os bancos, o agronegócio e o capital estrangeiro, por isso não há liberdade do cidadão decidir. Por isso há tanta manipulação e alienação”, alertou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). “É pelo fato dos bancos dominarem grande parte dos meios de comunicação”, ressaltou, “que a mídia defende a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo”. Com esta lógica perversa, pontuou, “hoje, 46% do Orçamento vai para a rolagem da dívida, para pagar amortizações, para o pagamento de juros”. Defendendo a necessidade de por um ponto final nos desmandos da mídia, Ivan enfatizou: “Nós vamos pegar a Veja!”.
CPI da Abril
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas, lembrou que chegou a haver uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar denúncias contra o grupo Abril, que publica a revista Veja, mas que a CPI não vingou, “pois então não havia correlação de forças, mas agora tem”. Diante da “promiscuidade, intimidade e conivência com um bicheiro, criminoso e contraventor”, frisou o dirigente petista, não há escândalo nenhum em chamar a direção da empresa para se explicar. “Escândalo seria não chamar”, asseverou.
Na avaliação de André Vargas, “a mídia é hoje a grande organizadora do discurso da oposição e se estamos lutando pelo direito à verdade no processo histórico e político, nada mais justo que a sociedade saiba como trabalha a fábrica de crises dos meios de comunicação”. Depois de publicado na Veja, relatou, “repercutem no Jornal Nacional”, num processo de retroalimentação para manter o governo sob pressão, fabricando escândalos a fim de paralisar mudanças que signifiquem avanços sociais. Diante de tantos e tão reiterados abusos da mídia contra o interesse público, esclareceu, “o Partido dos Trabalhadores vai estar engajado nesta campanha pela democratização dos meios de comunicação”.
Frentecom
Presidente da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), declarou “estar com muita esperança de que o movimento vai dar um passo além”, elogiando a decisão do FNDC em fortalecer a mobilização popular. “O dia em que o povo tiver acesso à informação, podendo interagir com todos os pensamentos e ideias existentes na sociedade, ele terá força política para garantir todos os demais direitos sociais”, afirmou.
Na avaliação de Rosane, também secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao apostar na amplitude, a nova direção do FNDC acertou e isso se refletiu em mais “diversidade e capilaridade”, colocando o movimento num novo patamar.
Com o plenário do Sindicato dos Engenheiros completamente lotado, lideranças sindicais e de movimentos sociais, estudantes, professores, cineastas, radialistas, jornalistas, intelectuais e militantes pela democratização, vindos de todas as regiões do país, dialogaram sobre a melhor forma de fazer chegar a mensagem da “comunicação como um direito” ao conjunto da população.
Consulta pública
Rosane Bertotti avaliou que a perspectiva do governo anunciar para os próximos dias uma consulta pública com 50 questões sobre o tema, “potencializa a mobilização da sociedade civil em torno de um projeto comum, que oxigene o setor”. “A bandeira da liberdade de expressão é uma bandeira dos movimentos sociais que defendem o fortalecimento do sistema público de rádio e televisão, dos que querem o florescimento das rádios e televisões comunitárias. Nossa compreensão é que se a comunicação é um direito, deve ser garantida pelo Estado, com financiamento público. Não basta apenas a pessoa ter a liberdade de expressão se não tiver o meio para a comunicação. Senão vira liberdade para quem, cara pálida? Para os grandes conglomerados", frisou.
Conforme Roseli Gofman, secretária geral do FNDC e presidente do Conselho Federal de Psicologia, embora a Constituição condene explicitamente a propriedade cruzada de redes de rádio e televisão, jornais e revistas, os números falam por si: “a Globo controla 342 veículos; o SBT, 195; a Bandeirantes, 166 e a Record, 142”. Esta ação coordenada, esclarece, acaba multiplicando o poder de influir em padrões de comportamento, afetando a subjetividade, o que é extremamente daninho para a própria democracia, já que confere a poucas famílias um poder desmedido sobre o conjunto da sociedade brasileira.
Membro da executiva do FNDC e do Coletivo Intervozes, João Brant destacou que é preciso deixar claro que “há necessidade de um processo de regulação para ampliar a liberdade e não para restringi-la”. A luta da mídia para derrubar a vinculação horária da classificação indicativa no Supremo Tribunal Federal (STF), esclareceu, demonstra a tentativa de rasgar a regra para potencializar lucros, ainda que a custo da criminosa exposição de crianças e adolescentes a programações impróprias.
Veja, Cachoeira, Demóstenes
As gravações da Polícia Federal comprovando o envolvimento da alta cúpula da revista Veja com o crime organizado, na avaliação dos presentes, estampou até onde chafurda a grande mídia, o que torna cada dia mais didática a denúncia sobre os obscuros interesses que ela representa.
Para o secretário de Questões de Mídia do PCdoB, Altamiro Borges, “o momento é muito favorável ao debate sobre o papel dos meios de comunicação”. “Pegaram a Veja, o Policarpo. Conforme a Monica Bergamo, além da Veja, há mais dois importantes órgãos de imprensa associados ao crime organizado. Se o Rupert Murdoch está sendo processado por escutas ilegais e ter corrompido autoridades na Inglaterra, o que a Veja fez aqui foi pior. Agora é preciso que os parlamentares chamem a Veja para depor”, sublinhou.
Altamiro Borges acredita que só o fato do governo concretizar a consulta pública já criará outro ambiente, “o que tornará ainda mais importante que os movimentos sociais não só incorporem o tema da comunicação na agenda, mas façam dele uma prioridade”. Também presidente do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Miro citou o alerta do professor Venício Lima de que os grandes conglomerados “tentam confundir liberdade de expressão com liberdade de empresa”, lembrando que “só eles querem falar”, e enalteceu o papel do FNDC como “grande instrumento, que joga papel protagonista na condução da campanha pela democratização”.
“Quem financia a mídia são os bancos, o agronegócio e o capital estrangeiro, por isso não há liberdade do cidadão decidir. Por isso há tanta manipulação e alienação”, alertou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). “É pelo fato dos bancos dominarem grande parte dos meios de comunicação”, ressaltou, “que a mídia defende a manutenção das mais altas taxas de juros do mundo”. Com esta lógica perversa, pontuou, “hoje, 46% do Orçamento vai para a rolagem da dívida, para pagar amortizações, para o pagamento de juros”. Defendendo a necessidade de por um ponto final nos desmandos da mídia, Ivan enfatizou: “Nós vamos pegar a Veja!”.
CPI da Abril
O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas, lembrou que chegou a haver uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar denúncias contra o grupo Abril, que publica a revista Veja, mas que a CPI não vingou, “pois então não havia correlação de forças, mas agora tem”. Diante da “promiscuidade, intimidade e conivência com um bicheiro, criminoso e contraventor”, frisou o dirigente petista, não há escândalo nenhum em chamar a direção da empresa para se explicar. “Escândalo seria não chamar”, asseverou.
Na avaliação de André Vargas, “a mídia é hoje a grande organizadora do discurso da oposição e se estamos lutando pelo direito à verdade no processo histórico e político, nada mais justo que a sociedade saiba como trabalha a fábrica de crises dos meios de comunicação”. Depois de publicado na Veja, relatou, “repercutem no Jornal Nacional”, num processo de retroalimentação para manter o governo sob pressão, fabricando escândalos a fim de paralisar mudanças que signifiquem avanços sociais. Diante de tantos e tão reiterados abusos da mídia contra o interesse público, esclareceu, “o Partido dos Trabalhadores vai estar engajado nesta campanha pela democratização dos meios de comunicação”.
Frentecom
Presidente da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), declarou “estar com muita esperança de que o movimento vai dar um passo além”, elogiando a decisão do FNDC em fortalecer a mobilização popular. “O dia em que o povo tiver acesso à informação, podendo interagir com todos os pensamentos e ideias existentes na sociedade, ele terá força política para garantir todos os demais direitos sociais”, afirmou.
Erundina esclareceu que “a liberdade de expressão é um direito individual e coletivo, que sem ele os demais ficam condicionados e limitados”. A deputada acredita que o governo tem agido de forma “tímida e limitada” frente à ação daninha e manipulatória dos conglomerados de mídia, o que faz também com que muitos parlamentares fiquem paralisados. “Eles precisam perder o medo. Eu que nunca tive espaço nesta mídia não tenho o que perder”, concluiu.
Cuidado, a CUT é pelega.
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